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Guia para Classificação

Fiscal de Mercadorias
Cristopher George Abarca Padilla
Cristopher George Abarca Padilla

Guia para Classificação


Fiscal de Mercadorias
1ª edição

Curitiba, 2022
Direção editorial: Elisabete Ranciaro (Diretora da Fiscal e Comex)
Gestão: Rafael Mexia
Coordenação editorial: Arthur Cruz
Preparação e revisão: Ruane Santos
Diagramação: Bruno Fortunato e Giovana Zulatto
Capa: Bruno Fortunato

Comissão técnica:
Cristopher George Abarca Padilla

Ficha catalográfica

Padilha, Cristopher George Abarca

P123 Guia para classificação fiscal de mercadorias / Cristopher

George Abarca Padilha [Livro eletrônico]/ 1ª ed. Curitiba:

ECONET, 2023.

23 p.; E-book PDF

1. Classificação fiscal. 2. Mercadorias. 3. Sistema

harmonizado. I. T.

CDD: 338.91

Ficha Catalográfica Elaborada por Maria Luzia Fernandes Bertholino dos Santos – CRB9/986

Econet Editora
Todos os direitos estão reservados à Econet Editora
Empresarial Ltda
R. Gago Coutinho, 553 - Bacacheri
Curitiba - PR, 82510-230
(41) 3016-8006
http://www.econeteditora.com.br/
Cristopher George Abarca Padilla

Guia para Classificação


Fiscal de Mercadorias
1ª edição
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3
2. CONTEXTUALIZAÇÃO 4
2.1 A importância do Sistema Harmonizado na prática 4

3. LÓGICA DA CLASSIFICAÇÃO 6
4. ESTRUTURA DO SISTEMA HARMONIZADO 7
4.1 Relembrando a importância do Sistema Harmonizado na prática 8
5. LEGISLAÇÃO 9

5.1. Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI) 9

5.2. Regras Gerais de Interpretação na prática 11


5.3. Demais regras gerais 11

5.4. Estrutura dos códigos do Sistema Harmonizado 12

5.5. Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH) 13


5.5.1. E o tecido que será exportado para os Estados Unidos? 13
6. NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) 15

7. DIFICULDADES NA CLASSIFICAÇÃO 17
7.1. Atualização do Sistema Harmonizado 17

8. OS BENEFÍCIOS DA CLASSIFICAÇÃO 18
9. CONCLUSÃO 19
GUIA PARA CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS 3

1. INTRODUÇÃO

O Guia para Classificação Fiscal de Mercadorias reúne tudo o que você precisa
saber para realizar o enquadramento de produtos correto para sua classificação
na Nomenclatura Comum Mercosul (NCM). Esse processo deve ser feito com
bastante perícia pelos contribuintes, observando-se que, com base na
classificação atribuída, o produto terá sua tributação definida.

O uso de um código incorreto pode acarretar diversos problemas para os


contribuintes, dentre os quais podemos citar as penalidades pela emissão de
documentos com incorreção ou o recolhimento indevido ou incompleto de um
tributo.

Neste e-book, serão abordados os seguintes temas:

Contextualização do Sistema Harmonizado;

Classificação na prática;

Passo a passo observado na identificação da NCM;

Regras aplicadas na classificação dos produtos;

Vantagens de uma classificação bem-feita.


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2. CONTEXTUALIZAÇÃO

Considerando que vivemos em um mundo no qual o comércio é uma potência e


que há mais de sete mil idiomas vivos, os processos de importação e exportação
tiveram que se tornar mais dinâmicos e assertivos.

Por isso, a padronização de linguagens que são mundialmente praticadas é


imperativa na elaboração de documentos, recibos e certidões para agilizar e
facilitar a comunicação.

Nessa linha de raciocínio, o Conselho de Cooperação Aduaneira (CCA) vislumbrou


a possibilidade de adotar um sistema único de codificação que assegurasse aos
comerciantes uma classificação única. No ano de 1994, o CCA adotou o nome de
trabalho de Organização Mundial das Aduanas (OMA).

A partir do ano de 1988, a OMA desenvolveu o Sistema Harmonizado de


Designação e Codificação de Mercadorias (SH). Trata-se de um código de seis
dígitos que visa romper a barreira dos idiomas no mercado internacional.

Essa codificação foi desenvolvida para que os remetentes de mercadorias


informem esse dado na sua documentação. Com base nesse código, o adquirente
não precisa proceder com a tradução da descrição do produto, basta que ele
observe nas tabelas oficiais publicadas em seu país qual a tradução oficial da
descrição da mercadoria adquirida, com base no código recebido.

2.1. A importância do Sistema Harmonizado na prática

Vamos pensar em uma operação de venda de tecido de algodão, produzido


no Brasil com destino aos Estados Unidos. Posteriormente a essa operação, a
empresa americana revenderá esse mesmo tecido para a Espanha.

Sendo assim, a documentação deverá conter o máximo de informações relativas


ao produto para o cumprimento das respectivas obrigações relacionadas com a
exportação. Sua descrição na documentação de exportação será:
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“Tecidos de algodão que contenham 70%, em peso, de algodão, combinados,

a 200 g/m, crus, em ponto tafetá”.

Se não fosse pela codificação, a empresa americana precisaria traduzir essa


descrição para o inglês, chegando, aproximadamente, no seguinte resultado:

“Woven fabrics of cotton, 70% cotton by weight, mixed mainly with

raw, plain weave”.

Ao chegar na Espanha, o adquirente também precisaria traduzir essa descrição


para o seu idioma pátrio:

“Tejidos de algodón con un contenido de algodón de 70% en peso, mezclado

de 200 g/m², crudo, ligamento tafetán”.

E assim seria a saga de traduções e novas traduções em todas as etapas de


consumo desses materiais entre as mais diversas línguas ao redor do mundo.

Contudo, as três nações participantes dessa operação hipotética são integrantes


da OMA. Com isso, seus países adotam tabelas de classificação de mercadorias
baseadas no SH.

Isso quer dizer que os remetentes e adquirentes das operações citadas


anteriormente não precisarão sof rer com as traduções dos termos técnicos da
descrição do produto, pois seus países já dispõem de uma lista oficial com essas
traduções, baseada no SH.
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3. LÓGICA DA CLASSIFICAÇÃO

O sistema de numeração com o uso dos algarismos arábicos é amplamente


difundido ao redor do mundo. A contagem de algarismos que vai de 0 a 9 teve sua
aplicação disseminada especialmente pelo avanço das ciências (Matemática,
F ísica, Química etc.) ao longo de nossa história.

Assim, o uso desses algarismos na classificação fiscal das mercadorias se tornou


fundamental. Por isso, veio a necessidade de organizar, em um padrão lógico,
os produtos de uma maneira sistemática de identificar em qual posição caberia
sua identificação pelo Sistema Harmonizado.

Foi adotado um esquema em que a classificação se inicia desde o produto


menos industrializado/processado, de todas as espécies (mineral, animal, vegetal
etc.), passando pelos produtos manufaturados obtidos pelo emprego desses
insumos e chegando aos produtos obtidos com os mais tecnológicos processos
de fabricação/industrialização.

Portanto, ao iniciar os passos para a classificação de um produto, o responsável


deve identificar em que ponto de industrialização se pode entender que aquele
item esteja. Diante disso, tem-se um início para a busca das classificações fiscais.
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4. ESTRUTURA DO SISTEMA HARMONIZADO

O Sistema Harmonizado abrange a Nomenclatura, as Regras Gerais de


Interpretação e as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado, as quais veremos
a seguir.

Nomenclatura: compreende as 21 seções de classificação dos


produtos. Essas seções são compostas por 96 capítulos, além das
notas de seção, de capítulo e subposição.

Apresentamos a seguir a estrutura de divisão das seções:

Seção I Animais vivos e produtos do reino animal


Seção II Produtos do reino vegetal
Seção III Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras
alimentícias elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal
Seção IV Produtos das indústrias alimentares; bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres; tabaco e
seus sucedâneos manufaturados
Seção V Produtos minerais
Seção VI Produtos das indústrias químicas ou das indústrias conexas
Seção VII Plástico e suas obras; borracha e suas obras
Seção VIII Peles, couros, peles com pelo e obras destas matérias; artigos de correeiro ou de
seleiro; artigos de viagem, bolsas e artigos semelhantes; obras de tripa
Seção IX Madeira, carvão vegetal e obras de madeira; cortiça e suas obras; obras de espartaria
ou de cestaria
Seção X Pastas de madeira ou de outras matérias fibrosas celulósicas; papel ou cartão para
reciclar (desperdícios e aparas); papel ou cartão e suas obras
Seção XI Matérias têxteis e suas obras
Seção XII Calçado, chapéus e artigos de uso semelhante, guarda-chuvas, guarda-sóis, bengalas,
chicotes, e suas partes; penas preparadas e suas obras; flores artificiais; obras de cabelo
Seção XIII Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou de matérias semelhantes; produtos
cerâmicos; vidro e suas obras
Seção XIV Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas, ou semipreciosas e semelhantes,
metais preciosos, metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê), e
suas obras; bijuterias; moedas
Seção XV Metais comuns e suas obras
Seção XVI Máquinas e aparelhos, material elétrico, e suas partes; aparelhos de gravação ou de
reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som
em televisão, e suas partes e acessórios
Seção XVII Material de transporte
Seção XVIII Instrumentos e aparelhos de óptica, e fotografia de cinematografia, de medida, de
controle ou de precisão; instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos; artigos de
relojoaria; instrumentos musicais; suas partes e acessórios
Seção XIX Armas e munições; suas partes e acessórios
Seção XX Mercadorias e produtos diversos
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O capítulo 77 se encontra reservado para uso futuro pelo Sistema


Harmonizado, ou seja, a nomenclatura ainda não possui itens classificados
nesse capítulo.

Além disso, os capítulos 98 e 99 ficaram reservados para usos especiais pelas


Partes Contratantes. No Brasil, por exemplo, o capítulo 99 é usado para o
registro de operações sob regimes aduaneiros especiais de exportação.

Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI):


direcionam o responsável pela classificação fiscal na forma
de escolher a melhor codificação para o produto.

Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH):


fornecem informações subsidiárias sobre o alcance de
classificação da Nomenclatura. Elas detalham os produtos
que se incluem ou excluem de cada uma das classificações.

Sobre RGI e NESH, as particularidades serão indicadas adiante.

4.1. Relembrando a importância do Sistema Harmonizado


na prática

No caso da classificação do tecido a ser exportado para os Estados Unidos, basta


concluirmos que um tecido é um produto manufaturado da indústria têxtil.
Portanto, não faz sentido que ele esteja classificado nem no começo nem no
final da tabela.

Ao analisar as seções transcritas anteriormente, identificamos que os tecidos


ficam perfeitamente classificados na Seção XI, a qual abrange “Matérias têxteis
e suas obras”.
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5. LEGISLAÇÃO

Com base nessa padronização, adotada para a classificação fiscal das


mercadorias, foi necessário desenvolver uma disciplina para guiar os
responsáveis em estabelecer os códigos para os produtos.

Mesmo com a codificação alcançando um tamanho generoso de


milhares de códigos, é impossível rastrear, listar e catalogar a infinidade
de produtos disponibilizados nos mercados ao redor de todo o mundo.

Sendo assim, algumas denominações acabam ficando genéricas demais


na tabela disponibilizada pela OMA. Isso pode gerar dúvidas e conflitos
quanto à classificação dos produtos. Por exemplo, um técnico
responsável pela linha produtiva em uma indústria na Suíça com a
mesma formação e expertise.

Pensando em direcionar esses profissionais para chegar à mesma


conclusão, o SH dispõe de normativas auxiliares no processo de
interpretação de suas tabelas.

As normativas auxiliares devem ser profundamente estudadas e analisadas por


esses profissionais para evitar qualquer equívoco no enquadramento dos
produtos.

Vamos começar o estudo dessa legislação?

5.1. Regras Gerais de Interpretação do Sistema


Harmonizado (RGI)

Também conhecidas como RGI, as Regras Gerais para Interpretação do Sistema


Harmonizado trazem um padrão generalista de condução dos trabalhos de
classificação do produto.

Essas regras demonstram como o responsável pela classificação deve descartar


ou direcionar a classificação do produto dentre os inúmeros capítulos e
posições da tabela.
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A primeira diretriz que deve ser adotada é a verificação de todas


1 as possibilidades de classificação dentro das tabelas.

As descrições contidas na nomenclatura são meramente


iindicativas. É necessário estudar profundamente o produto, as
2 regras internacionais de classificação e as diversas normativas de
classificação indicadas pelo país.

As normativas não podem ser contraditórias, respeitando-se,

3 sobretudo, o Sistema Harmonizado.

Em seguida, o responsável deve descartar os códigos que sejam


menos específicos em relação ao produto. As classificações
específicas prevalecem sobre as genéricas. Se uma classificação

4 possui a descrição exata do item, essa deverá ser adotada em


detrimento das demais que não lhe caibam com tanta
assertividade.

Deve-se considerar que uma posição específica irá prevalecer


também nos casos de produtos que se apresentem desmontados

5 ou por montar. Essa regra se aplica quando esse item


desmontado já possua os elementos característicos primordiais
do produto finalizado.
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5.2. Regras Gerais de Interpretação na prática

Vamos pensar na venda de uma bicicleta. Sob uma ótica logística, é muito mais
fácil transportar e armazenar bicicletas desmontadas dentro de uma caixa,
ainda que o formato anatômico da bicicleta não seja compatível com uma caixa
para transporte.

Nesse caso, é mais vantajoso comercializar a bicicleta desmontada. As caixas


podem ser empilhadas e transportadas com muito mais facilidade e com
menos exposição a riscos ou avarias no produto.

Contudo, quando vamos comprar uma bicicleta, compramos o produto


“bicicleta” e não o conjunto de suas peças. Sendo assim, mesmo que o produto
“bicicleta” esteja desmontado dentro da caixa, será conferida a ele a
classificação do produto acabado, montado e pronto para uso.

5.3. Demais regras gerais

Se após a aplicação dessas regras, ainda houver dificuldade em identificar o


código de classificação do produto, devem ser verificados produtos
semelhantes e suas possíveis classificações.

Nesse ponto, fica evidente a necessidade de conhecimento técnico sobre o


produto que está sendo classificado. Se não for possível classificar pelas
singularidades do produto, é necessário conhecer os concorrentes e quais
produtos oferecidos no mercado podem ser entendidos como “semelhantes”.
Assim que constatada essa semelhança, fica atribuída a mesma classificação
para os dois produtos.

Por fim, as RGI dispõem sobre a classificação de caixas, envoltórios e artigos de


transporte e proteção de produtos. Esses itens ficam igualmente classificados
no código do item que protegem. São exemplos dessa condição os estojos de
joias e instrumentos musicais.
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5.4. Estrutura dos códigos do Sistema Harmonizado

Antes de nos direcionarmos à efetiva classificação do produto, é necessário


conhecer o padrão da tabela do SH. Os códigos de classificação dos itens são
compostos por seis dígitos, dos quais são feitos alguns desdobramentos de
nomenclatura.

O código composto por dois dígitos corresponde ao capítulo de classificação do


item. Os capítulos abrangem os grandes grupos de classificação em que
inúmeros itens semelhantes são classificados.

As posições do SH correspondem aos primeiros quatro dígitos do código. Isso


quer dizer que são agregados mais dois dígitos ao capítulo para se chegar na
posição. Esse degrau da classificação já traz características mais específicas
quanto ao produto que se está classificando.

Para finalizar, ao adicionarmos mais dois dígitos à posição do SH, obtém-se a


subposição. Esse é o último degrau de classificação de um produto perante o
Sistema Harmonizado. Nesse patamar, chegamos ao produto propriamente
dito em questões de classificação internacional.

Em resumo:

XX XX . XX

6 dígitos - Subposição do SH
4 dígitos - Posição do SH
2 dígitos - Capítulo do SH

Fonte: Econet Editora


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5.5. Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH)

A NESH constitui a interpretação oficial do Sistema Harmonizado em nível


internacional. Além disso, as notas direcionam a aplicabilidade das Regras
Gerais de Interpretação, de forma que essas normativas se complementam na
análise do SH.

Somam-se a esse combo as notas de seção, capítulo e subposições que


ampliam o alcance da interpretação da nomenclatura, facilitando a atribuição
do código ao produto. Essas notas trazem características de composição,
aparência, funcionamento, aplicação e usabilidade dos produtos, além de
descrições técnicas e direcionamentos internacionalmente aceitos quanto à
classificação.

Devido à infinidade de produtos oferecidos nos mercados ao redor do mundo,


as regras de classificação implementadas pela NESH devem ser analisadas
individualmente para cada item que se deseja classificar.

Para tanto, é fundamental se atentar às características principais do produto


para direcionar a classificação, bem como às inclusões e exclusões de produtos
de cada posição/subposição disponibilizadas pelas notas explicativas. Esse
cuidado na análise servirá para uma correlação “SH x Produto” coerente.

5.5.1. E o tecido que será exportado para os Estados Unidos?

Bem, agora já sabemos como direcionar a busca pelo código do SH de forma


assertiva. Já havíamos identificado também que o tecido estaria classificado na
Seção XI da Nomenclatura.

Além disso, temos a informação de que o tecido é de algodão. A NESH explica


que o capítulo 52 abrange as fibras de algodão em qualquer etapa de
transformação (algodão bruto, linhas e tecido, por exemplo), compreendendo
também os produtos de manufatura têxtil misturados que sejam semelhantes
ao algodão.

Agora, é necessário analisar a posição de classificação do tecido. Neste ponto, a


discussão fica mais técnica e específica. As posições 5201, 5202 e 5203 ainda
tratam do algodão em formas primitivas (material bruto), então, já podem ser
descartadas. As posições 5204, 5205, 5206 e 5207 abrangem as linhas de
algodão que também podem ser descartadas, pois já estamos tentando
classificar um tecido.
GUIA PARA CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS 14

As posições 5208 a 5212 tratam de tecidos de algodão. Então, já conseguimos


direcionar as posições para busca do código. O tecido que buscamos classificar
possui 70% de peso de algodão. Com essa informação, excluem-se as posições
5208 e 5209.

Depois de verificar o percentual de algodão que constitui a fibra, verificamos o


peso do tecido. De acordo com a descrição oferecida pelo fornecedor, o peso
não é superior a 200 g/m. Com esse detalhe da composição do tecido,
conseguimos chegar a duas possibilidades dentro da nomenclatura:

5210 – Tecidos de algodão


que contenham menos de
85%, em peso, de algodão,
combinados, principal ou
unicamente, com fibras 5212 – Outros tecidos de
sintéticas ou artificiais, de algodão.
peso não superior a 200
g/m2.

Sendo assim, adota-se a posição 5210.

Dentro dessa posição, localiza-se o código que trata do tecido cru, em ponto
tafetá.

Nesse caso, tem-se a correspondência com a subposição 5210.11.

Pronto! O tecido poderá ser exportado sob o código 5210.11.


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6. NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)

É importante frisar que a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), sistema de


classificação fiscal de mercadorias, usado no Brasil, tem como base o SH. No
caso dos códigos brasileiros, são adicionados mais dois dígitos ao SH,
obtendo-se uma codificação de oito dígitos no total.

Trata-se de uma nomenclatura regional. Portanto, sua aplicação não é global.


Somente os países participantes do Mercosul adotam sua estrutura e, portanto,
têm sua interpretação equivalente.

Desde 1995, em todas as operações de comércio exterior, essa codificação é


usada pelos seguintes países:

Brasil Paraguai

Argentina Uruguai

Pela menção da NCM em legislação, são concedidos benefícios e incentivos


fiscais, instituídos regimes especiais de tributação, regimes aduaneiros,
regimes de substituição tributária e outros institutos fiscais nas esferas federal
e estadual.

Como o seu modelo está pautado no Sistema Harmonizado, a NCM também


está organizada em forma progressiva de processamento dos materiais,
conforme o grau de elaboração dos bens.
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A Econet Editora disponibiliza para seus assinantes uma ferramenta exclusiva


que auxilia no processo de identificação da NCM correta para os produtos. É a
ferramenta NCM – Classificação Fiscal. Através de busca por palavras-chave, é
possível verificar se a TIPI cita o produto do contribuinte sob o termo buscado.

Além disso, dentre suas funcionalidades, o contribuinte poderá:

Verificar se a Receita Federal do Brasil já publicou Solução de


Consulta sobre seu produto;

Verificar se a Organização Mundial das Aduanas fez alguma


publicação correlata;

Consultar as Regras Gerais de Interpretação e as Notas Explicativas


do Sistema Harmonizado, separadas por capítulos, que possam
tratar do produto pesquisado;

Consultar as Notas da TIPI sobre possíveis interpretações da


Nomenclatura que possam direcionar a classificação do produto.
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7. DIFICULDADES NA CLASSIFICAÇÃO

Se o responsável pela classificação do produto não conseguir determinar uma


linha de raciocínio que defina o código a ser usado, não há com o que se
preocupar.

A Receita Federal do Brasil (RFB) é designada pelo Ministério da Economia


como o organismo responsável por dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e
executar as atividades relacionadas à nomenclatura de produtos no país.

Outra atribuição da Receita Federal, no que tange à Classificação Fiscal, é a


representação do Brasil em eventos internacionais sobre o tema.

Sendo assim, será possível formular um processo administrativo de consulta


pública perante esse órgão para a designação do código correto a ser usado.
Essa pesquisa será publicada por meio de Solução de Consulta no site da
Imprensa Nacional nas edições do Diário Oficial da União.

Cumpre frisar que as Soluções de Consulta relativas à classificação fiscal de


produtos têm efeitos vinculantes. Isso quer dizer que qualquer outra pessoa
que precise classificar um produto similar ao tratado na solução de consulta
poderá usar a resposta dada pela RFB como parâmetro para sua classificação.

7.1. Atualização do Sistema Harmonizado

Considerando a velocidade com a qual a tecnologia avança e, por


consequência, novos produtos são colocados à disposição no mercado, a
nomenclatura sofre atualizações constantes.

Essas atualizações são previstas para cada cinco anos de vigência de cada
tabela. Consequentemente, as tabelas regionais de classificação fiscal de
mercadorias também sofrem modificações.

No Brasil, as principais tabelas que servem de parâmetro para as codificações


dos produtos são a Tarifa Externa Comum (TEC), que trata das alíquotas do
Imposto de Importação, e a Tabela de Incidência do Imposto Sobre Produtos
Industrializados (TIPI), que trata das alíquotas do Imposto sobre Produtos
Industrializados.
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8. OS BENEFÍCIOS DA CLASSIFICAÇÃO

Com todas as mercadorias classificadas sob uma codificação padrão, há uma


facilidade nas transações e negociações em âmbito internacional. Essa
simplificação favorece o crescimento de mercados e o fortalecimento de
economias, além da introdução de novos compradores e fornecedores nas
concorrências.

Além disso, a documentação que certifica a origem do produto passa maior


confiabilidade e facilita a sua interpretação. A presença do código permite que
os países saibam do que se trata a operação retratada na respectiva
documentação, sem grandes esforços.

Outra relação comumente ligada às classificações dos produtos são os meios


logísticos usados para o transporte de determinadas mercadorias que exigem
um cuidado maior ou uma fiscalização mais acirrada.

A codificação permite também a avaliação de índices em âmbito internacional.


Com base em informações estatísticas geradas pelos governos, é possível
verificar e estabelecer métricas das condições do mercado internacional. Esses
dados permitem estabelecer padrões de oferta e de demanda, caracterização
de necessidade e urgências, bem como excessos produtivos ou áreas com
desabastecimento de determinados produtos.

Esse conhecimento permite a tomada de decisão para a implantação de


políticas econômicas e tratados internacionais de comercialização. Tais acordos
podem caracterizar incentivos ou benefícios tarifários na importação e
exportação de bens e mercadorias.
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9. CONCLUSÃO

Devido à constante atualização da legislação tributária, é fundamental que os


contribuintes se mantenham atentos às novidades. A classificação fiscal das
mercadorias é uma das rotinas que devem ser realizadas com muita cautela e
precisão.

Qualquer descuido no processo de identificação da NCM pode acarretar


grandes prejuízos. A partir do momento em que o contribuinte interpreta a
legislação corretamente e conta com parceiros de confiança no processo de
enquadramento dos produtos, fica mais fácil evitar problemas futuros.

Além da ferramenta NCM – Classificação Fiscal, o assinante da Econet Editora


poderá conferir o compêndio de publicações feitas pela RFB na área especial de
Comissão Consultiva. Por esse link, é possível acessar uma ferramenta de busca
que procura as palavras-chave digitadas pelo consulente. Por ela, é feita uma
varredura nas diversas Soluções de Consulta de classificação fiscal
disponibilizadas pela RFB e publicadas em nosso site.

Outra solução disponibilizada aos consulentes é o Revisor Tributário Econet –


RTE. Por ele, o assinante poderá buscar a NCM correlacionada à descrição que a
legislação tributária traz e facilitar a identificação da tributação sofrida em suas
operações. Basta pesquisar o produto na barra de busca que a ferramenta irá
sugerir possíveis enquadramentos.

Por fim, se mesmo depois de todas essas facilidades oferecidas pela Econet
Editora ainda houver dúvidas quanto à NCM do produto, caberá a verificação
junto à RFB.

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