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Essa padronização internacional (os seis primeiros dígitos sempre coincidem, podendo os dois
últimos ser desdobrados) permite um melhor controle do fluxo do comércio internacional,
melhor interpretação das barreiras tarifárias e não tarifárias e a troca de informações comerciais
e fiscais entre as aduanas.
No âmbito interno, a NCM define os desdobramentos do NVE, que são detalhes exigidos de
determinadas mercadorias para melhor identificação e fiscalização, o tratamento tributário para
o imposto de importação e demais tributos e contribuições, o tratamento administrativo,
definindo qual ou quais órgãos anuentes precisam autorizar a importação ou fiscalizá-la após a
liberação aduaneira e, diga-se de passagem, define as tributações subsequentes no mercado
nacional, principalmente nos casos de revenda, portanto, até mesmo quem não importa ou
exporta deve estar atento à classificação fiscal, pois, embora não exista uma fiscalização mais
rigorosa como no comércio exterior, as consequências de uma revisão de classificação fiscal nas
operações internas, tanto pelo fisco estadual quanto pelo federal, podem ser catastróficas e,
infelizmente, não são incomuns (nas operações internas utiliza-se a TIPI, mas, a codificação e as
regras são as mesmas).
A classificação deve receber toda a atenção e foco das empresas, os melhores profissionais e
ferramentas devem ser designados para esta tarefa, deve existir um procedimento rigoroso para
a inserção de novos itens no banco de dados, onde cada classificação seja analisada e
homologada por um comitê multidisciplinar, que inclua profissionais da área fiscal, de
engenharia, de comércio exterior, entre outras, que a característica de cada empresa possa
demandar.
Um bom início para a análise é questionar o exportador, principalmente quando ele também é
o fabricante, mas não deve ser o único parâmetro, há que se analisar se o sistema de
classificação usado no país é de fato vinculado ao SH CODE, o nível de rigor que se aplica à
classificação fiscal, porque, como há países muito liberais no controle do comércio exterior,
tributando as mercadorias por grupos de produtos, onde o detalhe da classificação tem baixa
relevância, este aspecto acaba sendo deixado em segundo plano, mas, uma vez definida a NCM,
o ideal é que essa informação seja compartilhada com o exportador para que os documentos de
exportação e as declarações aduaneiras dele não sejam conflitantes.
Por outro lado, o pior início é olhar a alíquota dos tributos no momento da análise da
classificação, o ideal é que esta informação seja conhecida depois da classificação definida, o
nível de tributação e do tratamento administrativo jamais deve interferir na interpretação das
regras de classificação.
Aliás, falando em regras de interpretação, esta é uma das principais ferramentas para a
classificação, a própria NCM possui estas regras, que inclusive tem valor legal, elas devem ser
estudadas, os profissionais envolvidos devem conhecê-las profundamente, existem muitos
cursos com boa reputação disponíveis no mercado sobre este tema.
Outra boa fonte de informações são as “soluções de consultas” publicadas pela Receita Federal,
que são respostas aos contribuintes que perguntam qual seria a correta NCM para seus
produtos, estas consultas estão disponíveis gratuitamente no site da RFB e no Portal Único do
Comércio Exterior, dessa forma, se o produto for semelhante, este será um parâmetro muito
seguro, mas, também não deve ser o único, há que se comparar as características do produto,
o uso e, principalmente, se não existem respostas de consultas divergentes entre si, o que é
muito comum.
É importante ressaltar que quando uma importação tem sua NCM alterada pela RFB no curso
do despacho aduaneiro, o importador está sujeito ao pagamento de 1% sobre o valor da
mercadoria, ao pagamento da eventual diferença de tributos apurada em razão da eventual
nova tributação, acrescida de multas e juros, mas, o pior pode acontecer, a mercadoria poderá
ser reclassificada para uma nova NCM que tenha exigência da anuência de algum órgão, que
resultará no pagamento de uma multa de 30% sobre o valor da mercadoria, ou até mesmo a
apreensão, se a Licença de Importação depender do cumprimento de regras e requisitos que o
importador não possa cumprir.
DOUGLAS BRITO
Diretor - Ônix Assessoria Aduaneira