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Carta de Correção (CC-e):

Tudo o que você precisa saber

A Carta de Correção eletrônica — ou apenas CC-e — é um mecanismo criado


pelo Ajuste SINIEF 01, de 30 de março 2007, para que as empresas emissoras
de notas fiscais eletrônicas possam corrigir dados lançados incorretamente
na NF-e de forma ágil e descomplicada.

As mudanças trazidas pela tecnologia impactam não só as notas fiscais, mas


alcançaram também outros documentos eletrônicos acessórios — como é o
caso das cartas de correção. Assim, desde 2012 a carta de correção em papel
não pode mais ser utilizada, sendo obrigatória a emissão da sua versão
eletrônica.

As informações trazidas neste documento são muito importantes, já que


garantem a segurança e a veracidade das informações constantes na NF-e.
Dessa forma, é importante que todos os responsáveis pela emissão e pela gestão
das notas fiscais eletrônicas da empresa saibam como funciona a CC-e e quais
são as regras para a emissão do documento.

Pensando nisso, elaboramos este artigo com as dúvidas mais comuns a respeito
do tema e suas respectivas respostas. Acompanhe a leitura e fique por dentro
das regras!

É possível alterar uma nota fiscal eletrônica emitida?

Sim! Se você identificar algum erro na nota fiscal eletrônica apenas após a sua
emissão, é possível realizar a alteração dos dados por meio da emissão da carta
de correção eletrônica. No entanto, atenção! Essa alteração não vale para
todas as informações.

Em alguns casos será necessário cancelar o documento e promover a emissão


de uma nova NF-e. Confira, a seguir, quais são as regras para emissão da CC-e e
quais informações ela pode corrigir.
O que pode ser corrigido pela Carta de Correção na NF-e?

A Carta de Correção eletrônica só pode ser utilizada em algumas situações,


conforme determina a legislação. Veja a seguir quais informações podem ser
corrigidas:

 código fiscal de operações e prestações (CFOP), desde que não altere a


natureza dos impostos já calculados;
 natureza da operação;
 descrição do produto;
 pesos (bruto e líquido);
 volume, espécie e acondicionamento;
 nome do transportador e seus dados cadastrais;
 razão social do destinatário;
 endereço do destinatário — atenção: não é permitido alterar o
endereço por completo, apenas ajustá-lo;
 dados adicionais — como, por exemplo, pedido do cliente,
transportadora para redespacho ou nome do vendedor.

Em resumo, pode-se dizer que é permitida a utilização de CC-e para


regularização de erros em campos específicos da NF-e, desde que este não
esteja relacionado aos dados que determinam o valor do imposto.

É muito importante estar atento a esses requisitos, uma vez que a emissão da
CC-e para correção de dados proibidos pode gerar problemas junto ao Fisco.
Em razão disso, é importante conhecer tanto as regras para sua emissão
quanto as regras para o cancelamento de nota fiscal eletrônica.

O que a Carta de Correção NÃO pode corrigir na NF-e?

Para elucidar qualquer dúvida quanto às proibições na emissão da CC-e, vale


conferir que dados da NF-e ela não pode corrigir:

 data de emissão;
 data de saída;
 valores fiscais;
 destaque de impostos;
 mudança completa da razão social do destinatário;
 mudança completa do endereço do destinatário;
 qualquer outra alteração de dados que modifique o total da nota ou o
valor do imposto;
 quaisquer outros dados que alterem o cálculo ou a operação do
imposto.

Ou seja, toda informação que possa impactar no cálculo do imposto não pode
ser alterada. Nos casos em que houver erro em dados desse tipo, será
necessário providenciar o cancelamento da NF-e e a consequente emissão de
um novo documento.

Quantas cartas de correção podem ser emitidas para uma NF-e?

É possível emitir até 20 cartas de correção para uma nota fiscal, no entanto,
apenas a última (mais recente) é válida. Portanto, ao consultar uma NF-e, isso
deve ser observado — quando você for o emissor da CC-e, atenha-se a replicar
as alterações caso emita mais de um documento para a mesma NF-e.

Como agir quando o erro só é notado na NF-e após a saída da mercadoria?

Muitos gestores acreditam que essa situação exige o retorno da mercadoria


para o estabelecimento emissor da NF-e. Entretanto, isso não é necessário na
prática. Se a sua mercadoria já saiu do estabelecimento e só então você
identificou a ocorrência de um erro na NF-e, basta seguir o passo a passo da
emissão da CC-e o quanto antes.

Como a nota fiscal é eletrônica, uma possível fiscalização consultará a chave de


acesso do documento e lá já estará disponível a informação a respeito da
emissão da Carta de Correção eletrônica.

Como funciona o processo de emissão da carta de correção eletrônica?

A emissão da CC-e é um processo muito simples. O passo a passo pode variar de


acordo com o sistema utilizado pela empresa para emissão do documento fiscal.
De forma geral, ela obedece ao seguinte procedimento:
1. no sistema emissor, o emitente deve acessar a listagem com as notas
fiscais emitidas;
2. na lista, identifique e selecione o documento que precisa ser corrigido;
3. em seguida, selecione a opção "corrigir nota fiscal";
4. o sistema abrirá uma tela, que permitirá a inserção dos dados que
devem ser corrigidos em um quadro único;
5. após o preenchimento e a conferência das alterações, o emitente
deverá selecionar a opção "enviar";
6. a nota fiscal será enviada para processamento e, quando esse
procedimento for realizado, o status do documento será alterado;
7. por fim, caso queira imprimir a DANFE e a respectiva CC-e, as mesmas
estarão disponíveis para impressão no sistema de pesquisa de notas
fiscais eletrônicas emitidas.

A maior parte dos sistemas que realizam a emissão de notas fiscais eletrônicas
têm a opção de emissão de Carta de Correção. Se você possui um sistema de
emissão e não está localizando a opção para emissão da correção, converse com
o seu fornecedor e solicite informações.

Além disso, a Carta de Correção eletrônica é um documento eletrônico (XML) e


não precisa ser impressa a menos que o gestor faça questão disso.

A CC-e deve ser escriturada para geração do SPED (EFD ICMS/IPI)?

Considerando que a CC-e nunca altera a NF-e a ponto de refletir na apuração do


imposto, não há que se falar em sua escrituração ou da Carta de Correção
eletrônica na EFD ICMS/IPI.

Qual é o prazo para emitir uma CC-e?

É indicado pela Nota Técnica 2011.004, item 6.2, que o prazo máximo para
emissão da Carta de Correção eletrônica é de 30 dias (720 horas) após a
autorização e uso da NF-e. A recomendação é que este limite não seja
ultrapassado.

Porém, ao analisar a legalidade da limitação desse prazo por meio da


interpretação do Art. 138, combinado com o Art. 173 do Código Tributário
Nacional, há uma divergência sobre o prazo para emissão da CC-e, que seria de
cinco anos, levando em conta que o mecanismo é uma espécie de denúncia
espontânea e permite ao contribuinte sanar eventuais irregularidades antes de
intervenção fiscal.

Também o Manual de Orientação do Contribuinte — Versão 5.0, de março de


2012 — não menciona o prazo para emissão da CC-e, podendo as divergências
(conforme descrevemos) serem sanadas a qualquer tempo. Por garantia, entre
em contato com o contador da sua empresa ou respeite o menor prazo (30 dias).

Como devo descrever as alterações na carta de correção eletrônica?

Quem nunca emitiu uma CC-e imagina que o documento deve ser alterado por
meio do preenchimento das alterações nos respectivos campos em que as
informações estão erradas. Todavia, a correção é muito mais simples que isso.

Ela deve ser feita mediante a descrição textual, em um campo específico para
isso, no qual o emissor informa quais informações devem ser alteradas. Vale
mencionar que essas informações devem estar claras para que não causem
nenhum tipo de dúvida.

Por exemplo, se você estiver alterando o peso total, uma sugestão de descrição
é: "altera-se o peso total de x para y". Não é necessário fazer uma descrição
formal — entretanto, se você optar por ela, fique atento à clareza da informação
que está sendo transmitida. O importante é que ela não gere nenhuma dúvida
para quem tiver acesso ao documento.

Como conferir a correção feita em uma nota fiscal eletrônica?

A forma como você vai verificar a correção realizada em uma nota fiscal
eletrônica varia de acordo com o sistema utilizado para emissão e correção da
NF-e. Normalmente, é possível verificar a correção na própria NF-e, em um
campo com informações adicionais/complementares.

É possível consultar a Carta de Correção de uma NF-e recebida?

Ao longo do texto, focamos na parte do emissor da nota fiscal, porém é


igualmente importante que o destinatário tenha acesso à CC-e e suas
informações. Então, sim, quem recebe a NF-e também pode (e deve) consultar
a Carta de Correção.
Ao consultar uma nota no Portal da NF-e, é possível ver também a CC-e
vinculada. Além disso, existem softwares de gestão de XML, como
da ConexãoNF-e, que trazem essa informação de forma clara e sem recorrer à
consulta manual com chave de acesso.

Como importar uma Carta de Correção no ERP?

Para importar uma carta de correção eletrônica no ERP, você pode usar
o Importador de XML da ConexãoNF-e. Por ser integrado ao Portal Cloud de
gestão de documentos fiscais, o recebimento de NF-e é feito direto da SEFAZ, e
a importação do arquivo XML e CC-e é feito automaticamente para o ERP.

Com isso, o tempo de lançamento é reduzido em até 80%, e para ERPs mais
populares do mercado, já existe também a possibilidade de lançamento
automático.

Conclusão

A Carta de Correção eletrônica não pode ser confundida com a nota fiscal
complementar, a qual abordaremos em outro post. A CC-e serve apenas para
pequenos ajustes que envolvem dados específicos da NF-e e que não estejam
relacionados a informações que possam influenciar no recolhimento de
impostos.

Ao adotar um procedimento de gestão adequado, é possível reduzir


significativamente a necessidade de emissão da CC-e. Entretanto, nos casos em
que for necessária a sua emissão, é importante conhecer as regras e saber como
agir para garantir a veracidade das informações constantes no seu documento
fiscal.

Além disso, com alguns pequenos cuidados ela pode servir para agilizar certos
processos, bastando, para isso, que os colaboradores envolvidos tenham
conhecimento de tudo o que pode e tudo o que não pode ser modificado.

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