Você está na página 1de 3

FASE INTERNA E PREPARATÓRIA DO PREGÃO

André Luís do Nascimento

Olá! Nessa videoaula abordaremos uma das etapas do processo licitatório.


Tradicionalmente, a doutrina classifica as etapas de uma licitação em duas: a fase
interna/preparatória e a fase externa do Pregão e das demais modalidades licitatórias.
A fase externa se inaugura com a publicação do aviso da licitação na imprensa oficial. Mas
trataremos especificamente da fase preparatória/interna da licitação. Essa fase está prevista na Lei
nº 10.520/2002 no seu art. 3º e incisos. Além disso, nos decretos que regulamentam a modalidade
pregão no governo federal, o Decreto nº 3.555/2000 e o nº 10.024/2019 trazem os procedimentos
a serem seguidos nesta fase do processo licitatório. No Decreto nº 3.555/2000 essa fase está
disposta no seu art. 8º, enquanto que no Decreto nº 10.024/2019 a fase preparatória foi colocada
em seu art. 14 e incisos. É importante destacar que essa fase preparatória é a mais complexa de
todo o procedimento licitatório. É nessa etapa que será definido o sucesso de uma licitação. Uma
fase preparatória bem feita trará muito mais chance de uma contratação que atenda ao interesse
público. É importante abordar os principais aspectos dessa fase do processo licitatório que se inicia
com a requisição do produto e termina com a entrega do processo ao pregoeiro, para que este
inaugure a fase externa.
Veja que essa fase, que é a de planejamento da licitação, no Decreto nº 10.024 no art. 14,
inciso I foi colocado um novo documento, que na realidade não é um documento novo, mas é
explicitamente colocado no decreto regulamentar do pregão eletrônico para deixar mais clara a
necessidade de elaboração desse importante instrumento de planejamento que é o Estudo Técnico
Preliminar. O Estudo Técnico Preliminar (ETP) é o documento que servirá de base para elaboração
do Termo de Referência. Nele será verificado se, de fato, aquela contratação deverá seguir ou não.
E o que deve constar nesse ETP? O documento completo deve ter desde a demonstração da
necessidade de contratação, passando por uma estimativa dos quantitativos a serem
comprados/adquiridos pelo órgão (o quantitativo deve ser acompanhado de memória de cálculo e
documentos que dão suporte) e finaliza com a declaração de viabilidade ou não da contratação.
Com base nesse documento, em determinados casos, ressalto que não é para qualquer aquisição
que o órgão deverá fazer o Estudo Técnico Preliminar, mas nos casos mais complexos esse
documento se faz importante.
Foi apresentada, até o momento, uma tramitação e uma apertada síntese do processo
nessa fase interna da licitação, começando com a requisição do produto, fazendo-se o ETP, se for o
caso.
Na próxima etapa, o órgão terá que fazer o Termo de Referência, que é o documento
elaborado pelo setor requisitante na qual constam todas as informações que o licitante deverá ter
conhecimento para poder ofertar o produto ou serviço para o órgão público. Deverá constar desde
a especificação do produto, prazo de entrega, como se dará a execução do serviço, as possíveis
sansões aos licitantes, bem como a estimativa para a licitação.
Na etapa seguinte, o processo deverá ir para fase de cotações de preço. Essa é fase mais crítica e
que gera mais dúvida para quem trabalha com licitação. Tradicionalmente na fase de pesquisa de
preços, os órgãos obtinham as propostas no mercado de somente 3 preços para compor a
estimativa da licitação, contudo esse procedimento evoluiu e a jurisprudência e os órgãos de
controle julgaram esse procedimento não sendo mais adequado. Por quê? Quando o gestor vai ao
mercado os fornecedores apresentam preços que não correspondem à realidade, então cabe ao
gestor uma nova postura com relação à obtenção dos preços que vão compor a estimativa da
licitação. Esse procedimento foi regulado pelo governo federal na Instrução Normativa nº 05/2014
do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. No documento ficou demonstrado e exigido
que o gestor cumpra etapas anteriores, outros procedimentos até que se chegue à proposta obtida
no mercado. A proposta que obtiver no mercado deve ser a última opção a ser adotada. Inicialmente
deve-se tentar obter os preços nas plataformas disponíveis na internet com relação aos preços que
já foram praticados por outros órgãos. Além disso, o gestor pode utilizar de publicações da internet
para compor o valor estimado, porque elas podem ser combinadas. O gestor pode obter preços no
portal de compras do governo federal, numa loja específica na internet e todos esses preços deverão
compor o valor estimado. Os valores que são obtidos no mercado devem ter um tratamento, um
olhar crítico, pois não basta obter os preços na internet e/ ou no mercado, fazer uma média e colocar
como uma estimativa para a licitação. Deve-se fazer uma análise crítica com relação aos valores, por
exemplo - excluir os valores mais altos e os mais baixos porque esses vão distorcer a estimativa para
a licitação.
O assunto é tão complexo e gera tantas dúvidas que o Tribunal de Contas do estado do
Rio de Janeiro na Súmula nº 02/2018 apontou que o procedimento de estimativa de licitação
somente com 3 fornecedores já não se mostrava a opção mais adequada pra uma estimativa da
licitação.
Após esse procedimento, a etapa a seguir será tramitar o processo para o órgão
responsável para fazer o bloqueio orçamentário daquele valor estimado. As licitações, para serem ,
devem ter aquele valor estimado previamente bloqueado, separado no orçamento. Em ato
contínuo, o órgão deve encaminhar o processo licitatório para a procuradoria jurídica do seu órgão
para fazer a análise do edital e de seus anexos. Essa análise do edital se encontra prevista no art.
38, parágrafo único da Lei nº 8.666/1993 que no pregão se aplica de forma subsidiária. Feito isso
cabe ainda ao gestor definir quem vai ser o servidor responsável pela condução do pregão, quem
será o pregoeiro e a equipe de apoio.
Em síntese, vimos que na fase interna a tramitação deve se iniciar com a requisição do
produto pelo órgão requisitante, em seguida pela elaboração do ETP em determinados casos, a
confecção do Termo de Referência, a cotação de preços, o bloqueio orçamentário e a análise do
edital e seus anexos por parte da assessoria jurídica. Feito isso o processo estará pronto para ser
encaminhado ao pregoeiro, para se inaugurar a fase externa. Não cabe ao pregoeiro elaborar a
estimativa de preço ou confeccionar o Termo de Referência, isso é importante em função do
atendimento ao princípio da segregação das funções. Fica o alerta para que os gestores não
coloquem os pregoeiros para praticar atos que não lhe cabem conforme previsto na legislação. Até
o próximo vídeo e tenha bons estudos!

Equipe Técnica
Docente: André Luís da Silva Nascimento

Equipe Técnico - Pedagógica


Marcia Araujo Calçada
Dalva Stella pinheiro da Cruz
Máira Conceição Alves Pereira
Erick Santana Raymundo (estagiário)
Juliana de Almeida Gomes (estagiária)

Gestão de Projetos Educacionais


Rachel Constant Vergara Mann

Você também pode gostar