Olá! Nessa videoaula abordaremos uma das etapas do processo licitatório.
Tradicionalmente, a doutrina classifica as etapas de uma licitação em duas: a fase interna/preparatória e a fase externa do Pregão e das demais modalidades licitatórias. A fase externa se inaugura com a publicação do aviso da licitação na imprensa oficial. Mas trataremos especificamente da fase preparatória/interna da licitação. Essa fase está prevista na Lei nº 10.520/2002 no seu art. 3º e incisos. Além disso, nos decretos que regulamentam a modalidade pregão no governo federal, o Decreto nº 3.555/2000 e o nº 10.024/2019 trazem os procedimentos a serem seguidos nesta fase do processo licitatório. No Decreto nº 3.555/2000 essa fase está disposta no seu art. 8º, enquanto que no Decreto nº 10.024/2019 a fase preparatória foi colocada em seu art. 14 e incisos. É importante destacar que essa fase preparatória é a mais complexa de todo o procedimento licitatório. É nessa etapa que será definido o sucesso de uma licitação. Uma fase preparatória bem feita trará muito mais chance de uma contratação que atenda ao interesse público. É importante abordar os principais aspectos dessa fase do processo licitatório que se inicia com a requisição do produto e termina com a entrega do processo ao pregoeiro, para que este inaugure a fase externa. Veja que essa fase, que é a de planejamento da licitação, no Decreto nº 10.024 no art. 14, inciso I foi colocado um novo documento, que na realidade não é um documento novo, mas é explicitamente colocado no decreto regulamentar do pregão eletrônico para deixar mais clara a necessidade de elaboração desse importante instrumento de planejamento que é o Estudo Técnico Preliminar. O Estudo Técnico Preliminar (ETP) é o documento que servirá de base para elaboração do Termo de Referência. Nele será verificado se, de fato, aquela contratação deverá seguir ou não. E o que deve constar nesse ETP? O documento completo deve ter desde a demonstração da necessidade de contratação, passando por uma estimativa dos quantitativos a serem comprados/adquiridos pelo órgão (o quantitativo deve ser acompanhado de memória de cálculo e documentos que dão suporte) e finaliza com a declaração de viabilidade ou não da contratação. Com base nesse documento, em determinados casos, ressalto que não é para qualquer aquisição que o órgão deverá fazer o Estudo Técnico Preliminar, mas nos casos mais complexos esse documento se faz importante. Foi apresentada, até o momento, uma tramitação e uma apertada síntese do processo nessa fase interna da licitação, começando com a requisição do produto, fazendo-se o ETP, se for o caso. Na próxima etapa, o órgão terá que fazer o Termo de Referência, que é o documento elaborado pelo setor requisitante na qual constam todas as informações que o licitante deverá ter conhecimento para poder ofertar o produto ou serviço para o órgão público. Deverá constar desde a especificação do produto, prazo de entrega, como se dará a execução do serviço, as possíveis sansões aos licitantes, bem como a estimativa para a licitação. Na etapa seguinte, o processo deverá ir para fase de cotações de preço. Essa é fase mais crítica e que gera mais dúvida para quem trabalha com licitação. Tradicionalmente na fase de pesquisa de preços, os órgãos obtinham as propostas no mercado de somente 3 preços para compor a estimativa da licitação, contudo esse procedimento evoluiu e a jurisprudência e os órgãos de controle julgaram esse procedimento não sendo mais adequado. Por quê? Quando o gestor vai ao mercado os fornecedores apresentam preços que não correspondem à realidade, então cabe ao gestor uma nova postura com relação à obtenção dos preços que vão compor a estimativa da licitação. Esse procedimento foi regulado pelo governo federal na Instrução Normativa nº 05/2014 do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. No documento ficou demonstrado e exigido que o gestor cumpra etapas anteriores, outros procedimentos até que se chegue à proposta obtida no mercado. A proposta que obtiver no mercado deve ser a última opção a ser adotada. Inicialmente deve-se tentar obter os preços nas plataformas disponíveis na internet com relação aos preços que já foram praticados por outros órgãos. Além disso, o gestor pode utilizar de publicações da internet para compor o valor estimado, porque elas podem ser combinadas. O gestor pode obter preços no portal de compras do governo federal, numa loja específica na internet e todos esses preços deverão compor o valor estimado. Os valores que são obtidos no mercado devem ter um tratamento, um olhar crítico, pois não basta obter os preços na internet e/ ou no mercado, fazer uma média e colocar como uma estimativa para a licitação. Deve-se fazer uma análise crítica com relação aos valores, por exemplo - excluir os valores mais altos e os mais baixos porque esses vão distorcer a estimativa para a licitação. O assunto é tão complexo e gera tantas dúvidas que o Tribunal de Contas do estado do Rio de Janeiro na Súmula nº 02/2018 apontou que o procedimento de estimativa de licitação somente com 3 fornecedores já não se mostrava a opção mais adequada pra uma estimativa da licitação. Após esse procedimento, a etapa a seguir será tramitar o processo para o órgão responsável para fazer o bloqueio orçamentário daquele valor estimado. As licitações, para serem , devem ter aquele valor estimado previamente bloqueado, separado no orçamento. Em ato contínuo, o órgão deve encaminhar o processo licitatório para a procuradoria jurídica do seu órgão para fazer a análise do edital e de seus anexos. Essa análise do edital se encontra prevista no art. 38, parágrafo único da Lei nº 8.666/1993 que no pregão se aplica de forma subsidiária. Feito isso cabe ainda ao gestor definir quem vai ser o servidor responsável pela condução do pregão, quem será o pregoeiro e a equipe de apoio. Em síntese, vimos que na fase interna a tramitação deve se iniciar com a requisição do produto pelo órgão requisitante, em seguida pela elaboração do ETP em determinados casos, a confecção do Termo de Referência, a cotação de preços, o bloqueio orçamentário e a análise do edital e seus anexos por parte da assessoria jurídica. Feito isso o processo estará pronto para ser encaminhado ao pregoeiro, para se inaugurar a fase externa. Não cabe ao pregoeiro elaborar a estimativa de preço ou confeccionar o Termo de Referência, isso é importante em função do atendimento ao princípio da segregação das funções. Fica o alerta para que os gestores não coloquem os pregoeiros para praticar atos que não lhe cabem conforme previsto na legislação. Até o próximo vídeo e tenha bons estudos!
Equipe Técnica Docente: André Luís da Silva Nascimento