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Conteudista/s
Diego dos Santos (Conteudista, 2023).
Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 – Os procedimentos auxiliares das licitações e contratações
no âmbito da Lei nº 14.133/2021
Introdução................................................................................................................. 5
Unidade 1 – Credenciamento.................................................................................. 7
1.1 O que é o Credenciamento?................................................................................. 7
1.2 Hipóteses de Utilização............................................................................................... 8
1.3 Regras .......................................................................................................................... 9
Unidade 2 – Pré-Qualificação................................................................................. 11
2.1 Conceito de Pré-Qualificação .................................................................................. 11
2.2 O que pré-qualificar?................................................................................................. 13
2.3 Principais Regras e Prazos........................................................................................ 14
Referências ............................................................................................................. 36
1
Os procedimentos auxiliares das
licitações e contratações no âmbito
da Lei nº 14.133/2021
Introdução
A Lei nº 14.133/2021 é o novo marco regulatório das licitações no Brasil. Com ela,
surgiram muitas inovações, dentre as quais estão os procedimentos auxiliares.
Esses procedimentos estão previstos no art. 78 da nova Lei e objetivam assegurar
a correta instrução de práticas já há muito adotadas pela Administração, mas que
careciam de delineamento expresso.
Ao finalizar esta unidade, espera-se que você seja capaz de compreender melhor
a finalidade e a aplicação do procedimento auxiliar denominado credenciamento,
previsto de modo pormenorizado no art. 79 da Lei nº 14.133/2021.
1.3 Regras
Para melhor compreensão das regras acima abordadas, acesse o link a seguir e
conheça processos de Credenciamento realizados pelo Ministério da Economia/
Fazenda. Assim, você conseguirá observar modelos de Edital e visualizar a aplicação
prática das questões acima abordadas.
https://www.gov.br/economia/pt-br/acesso-a-informacao/licitacoes-e-contratos/
licitacoes/credenciamentos
Em adição, importante mencionar Marçal Justen Filho (2021). Afirma o autor que
o ato de Pré-Qualificação reside na edição do ato administrativo de mesmo nome,
cujo resultado concreto poderá ser formalizado, por exemplo, por meio da emissão
de um “certificado”. Esse ato terá um duplo efeito: declaratório e constitutivo.
LEMBRE-SE:
O SEBRAE, por seu turno, vai em sentido semelhante. Sobre o SRP, assevera
tratar-se de um sistema de compras já consolidado no setor público, sobretudo
na Administração Federal, cujo objetivo é produzir um registro formal de preços
de produtos, ou de prestação de serviços, para contratações futuras. Tem como
característica não ser semelhante a nenhum outro, funcionando como um grande
cadastro de produtos e fornecedores, selecionados mediante licitação (SEBRAE,
2017).
Vê-se, portanto, que o SRP é um procedimento auxiliar repleto de nuances, mas que
serve de excelente ferramenta para a Administração Pública, proporcionando maior
agilidade, eficiência e controle nas aquisições e contratações de bens e serviços
(SEBRAE, 2017).
O novel texto legal limitou-se a esclarecer que o planejamento das compras deverá
considerar a expectativa anual de consumo e observar o processamento por meio
do SRP sempre que pertinente (art. 40, II). Como diferente não podia ser, o art. 3º do
Decreto nº 11.462, de 31 de março de 2023, seguiu a toada e definiu as hipóteses
de emprego do SRP de forma igualmente aberta. Restringiu-se a repetir a Lei,
mencionando a adoção do SRP, em especial:
E mais, quando adotado o SRP, o edital de licitação para registro de preços observará
as regras da Lei nº 14.133/2021, e disporá, obrigatoriamente, sobre:
+ Exemplificando:
O órgão gerenciador “A” assinou ata de registro de preços para aquisição de
1.000 canetas esferográficas. Logo, o limite máximo de adesões que o órgão
“A” pode conceder são 2.000 canetas esferográficas, ou seja, o dobro.
Os órgãos não participantes “B”, “C”, “D” e “E”... por seu turno, poderão,
justificadamente, desde que autorizados pelo órgão gerenciador, aceito
pelo fornecedor e mediante comprovação de compatibilidade de preços
com os valores de mercado, adquirir até 50% do quantitativo registrado, ou
seja, no máximo 500 canetas esferográficas cada. Caso o órgão “F” também
manifeste interesse em adquirir canetas, não mais haverá saldo disponível,
eis que o dobro do quantitativo inicialmente registrado foi atingido. O órgão
gerenciador “A” deverá negar o pedido de “F”.
Por outro lado, caso os órgãos não participantes “B”, “C”, “D” e “E” tenham
solicitado quantitativo inferior a 50%, o sobressalente poderá ser concedido
para outros órgãos não participantes, desde que observado o limite individual
de cada órgão, ou seja, 50%, e o limite geral, ou seja, o dobro.
+ Resumindo:
Total registrado em Ata: 1.000 canetas esferográficas.
Total disponível para adesões por órgãos não participantes: 2.000 canetas
esferográficas.
Adesões concedidas: 500 unidades para “B” + 500 unidades para “C” + 500
unidades para “D” + 500 unidades para “E” = 2.000. Limite de adesões atingido.
Adesões concedidas: 100 unidades para “B” + 400 unidades para “C” + 200
unidades para “D” + 450 unidades para “E” = 1.150. Restam, ainda, 850
unidades disponíveis para adesão até que se atinja o limite geral de adesões
possíveis, ou seja, 2.000 canetas.
Por fim, vale mencionar uma importante definição da Nova Lei de Licitações
e Contratos, qual seja, a impossibilidade de “pegar carona para baixo”. É o que
se depreende da leitura sistêmica do §3° c/c o §8º, ambos do art. 86 da Lei nº
14.133/2021, que mencionam o seguinte:
Art. 86
[…]
[…]
Mídia 7- Tabela
O art. 88 da Lei nº 14.133/2021 diz que, “ao requerer, a qualquer tempo, inscrição
no cadastro ou a sua atualização, o interessado fornecerá os elementos necessários
exigidos para habilitação previstos nesta Lei”. Assim, forçoso reconhecer que o
Registro Cadastral é composto dos mesmos documentos previstos no Capítulo VI
da Lei nº 14.133/2021. Logo, a inscrição no Registro Cadastral compreende:
Veja, como o art. 87, § 2º, veda a exigência, pelo órgão ou entidade licitante,
de registro cadastral complementar para acesso a edital e anexos e o art. 87,
§3º, permite a realização de licitação restrita a fornecedores cadastrados, este
procedimento auxiliar é medida de estímulo e de simplificação extremamente
relevante, pois fomenta a ampla participação de fornecedores que antes podiam se
sentir desencorajados a comercializar com órgãos públicos, tamanha a burocracia
e a complexidade em se atender a um sem números de cadastros e de exigências,
muitas das vezes desarrazoadas em relação ao custo/benefício.
Por ora, tudo segue como está, ou seja, os órgãos de todos os entes podem utilizar
os sistemas de registro cadastrais atualmente disponíveis para cadastramento de
fornecedores para efeito de participação nas licitações e contratações públicas,
incluindo, mas não se limitando ao Sistema de Cadastramento Unificado de
Fornecedores do Governo Federal (SICAF). É que, embora o art. 87 da Lei nº
14.133/2021 tenha estabelecido a unificação do registro cadastral, a Nova Lei de
Licitações foi omissa ao estabelecer a unificação do poder regulamentar do art.
87. Na prática, isso inviabiliza a construção de um registro cadastral unificado, pois
todos os entes podem baixar, nos termos da Lei, regulamentos próprios.
Manual Normativo
Tutorial Fornecedor
Conclusão
Pois bem caro(a) participante, cumprimos o objetivo geral, com a demonstração, um
a um, dos cinco procedimentos auxiliares previstos no art. 78 da Nova Lei de Licitações
e Contratos, o que nos direciona à conclusão do curso sobre os “Procedimentos
Auxiliares na Nova Lei de Licitações”. Importante ressaltar que a utilização plena da
Lei nº 14.133/2021, ainda é bastante recente. Desse modo, você deve estar sempre
atento e atualizado frente às discussões doutrinárias e à jurisprudência que envolve
a matéria, sobretudo às oriundas do Tribunal de Contas da União (TCU), por força
do que dispõe o art. 71 da Constituição Federal, o art. 169 da Lei nº 14.133/2021 e a
Súmula nº 222 do TCU.
Note, o grande desafio das contratações públicas agora é romper com ideários
arcaicos. A nova legislação exige aplicação à luz de práticas condizentes com o
século XXI, sem, entretanto, perder de vista que o fim é sempre a contratação mais
vantajosa, o bem comum e o interesse público. Os procedimentos auxiliares, que
agora você conhece um pouco mais a fundo, estão aí para ajudar nessa árdua tarefa.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 1993,
republicado em 06 jul.1994. Seção 1.
MEIRELLES, Hely Lopes. Aspectos Jurídicos da Licitação. 4ª ed. São Paulo: Saraiva,
1997.