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FASE RECURSAL

André Luís do Nascimento

Olá! Nessa videoaula estudaremos de forma resumida a fase recursal do pregão. A fase
recursal está prevista na Lei nº 10.520/2002, no seu art. 4, incisos XIII a XXI. Esses incisos
estabelecem um procedimento a ser observado pelo pregoeiro - o momento de apresentação do
recurso ou da manifestação da intenção de recurso - que acontece a partir do momento que o
pregoeiro declara a empresa vencedora.
Transcorrendo todas as etapas da fase externa e declarada a empresa vencedora, abre-
se nesse momento a possibilidade de todas as empresas participantes manifestarem sua intenção
de recurso. Sobre esse ponto destacarei que só poderá manifestar intenção de recurso as empresas
participantes, ou seja, se algum cidadão que estiver assistindo a sessão desejar manifestar intenção
de recurso não poderá fazer. E a sistemática do pregão prevista na Lei nº 10.520/2002 se aplica
tanto no pregão presencial quanto no eletrônico, com algumas diferenças: no pregão presencial, a
empresa vai manifestar de forma imediata e motivada sua intenção de recorrer e no pregão
eletrônico essa manifestação se dará de forma eletrônica pelo sistema.
Vamos observar e analisar alguns aspectos importantes que o pregoeiro deve observar
com relação ao recurso! O primeiro ponto a se destacar é que o recurso do pregão deve ser
manifestado em intenção de recorrer de forma imediata e motivada. O que isso significa? Que os
licitantes, a partir do momento da declaração de vencedor, devem manifestar a sua intenção de
recurso. O pregoeiro deve perguntar se alguma empresa deseja recorrer e assim analisar os
pressupostos de admissibilidade. Outro aspecto com relação ao recurso é que o pregoeiro não deve
analisar o mérito do recurso, cabe a ele apenas analisar os pressupostos de admissibilidade. A lei
estabelece alguns pressupostos que as empresas deverão observar: que o recurso deve ser
imediato e ser motivado, não basta à empresa, após a declaração de vencedor, manifestar sua
intenção de recurso e indagada pelo pregoeiro sobre qual é a razão, somente se manifestar dizendo
que não está satisfeita com o resultado ou que simplesmente não concorda com a habilitação da
empresa vencedora. Ela deve esclarecer e apresentar os motivos mínimos da sua intenção de
recurso.
O recurso nada mais é que uma insurgência, uma indignação do licitante com relação a
algum ato praticado pelo pregoeiro. Os pressupostos de admissibilidade que o pregoeiro deverá
analisar serão:
• A sucumbência, ou seja, somente poderá apresentar a manifestação de recorrer a
empresa que perdeu;

• A tempestividade: a lei estabelece que o motivo deve ser apresentado de forma


imediata;

• A admissibilidade que se refere à legitimidade, ou seja, só os licitantes podem


recorrer e não qualquer pessoa que estiver assistindo a sessão.

• Além disso, a empresa deve mostrar legitimidade, interesse em agir, bem como a
motivação.

Quanto aos aspectos processuais, cabe trazer alguns esclarecimentos: feita a manifestação
da intenção de recurso, a lei estabelece 03 dias para as empresas apresentarem as suas razões a
partir da data da sessão. Terminado esse prazo, começa o prazo das contrarrazões das demais
empresas.
Vamos recapitular! O pregoeiro declarou a empresa vencedora. Nesse momento, uma
determinada empresa manifesta a sua intenção de recorrer e apresenta de forma imediata os
motivos da sua insatisfação. O pregoeiro vai registrar em ata, e ao notar que foram cumpridos os
requisitos de admissibilidade, será dado então o prazo de 03 dias para a empresa apresentar suas
razões de recurso. Fim deste prazo, inicia-se o prazo para as contrarrazões das demais empresas,
ou seja, o prazo para as demais empresas apresentarem outros argumentos rebatendo o que a
empresa apresentou no recurso.
É importante observar o que pode acontecer na sessão: imagine que uma empresa tenha
apresentado na sessão uma insatisfação alegando que a empresa vencedora não poderia ser
habilitada porque o documento de qualificação técnica não atende ao exigido pelo edital. Motivou?
Motivou! Foi dado o prazo de 03 dias e durante esse prazo algumas situações podem acontecer -
cabe esclarecer que a doutrina tem mais de uma interpretação sobre o que poderá acontecer
durante esses 03 dias. Primeira hipótese - a empresa apresentou a manifestação e durante o prazo
de 03 dias não apresentou razões nenhuma. Como o pregoeiro deve proceder? Deve conhecer o
recurso ou não deve? Temos duas correntes! A primeira corrente afirma que no prazo de 03 dias se
a empresa não apresentar suas razões, é como se o recurso não existisse, então o pregoeiro não
reconhece o recurso, encaminha para a autoridade competente se manifestar e vai sugerir pelo não
conhecimento. Uma outra corrente entende que o prazo de 03 dias para apresentar razões de
defesa é uma mera faculdade, ou seja, se durante a sessão quando a empresa manifestou de forma
imediata os seus motivos e apresentou todas as razões, não há necessidade de no prazo de 03 dias
ela apresentar as mesmas razões.
Como boa prática, sugiro a leitura das duas súmulas do Supremo Tribunal Federal (STF), a
súmula 346 e a 473 que podem ajudar na solução do problema. Essas súmulas em síntese
estabelecem que a administração pública poderá anular seus atos quando verificada alguma
ilegalidade. Como sugestão - se no prazo de 03 dias a empresa não tenha apresentado as suas
razões, cabe ao pregoeiro analisar o que foi apresentado na sessão, pois a administração tem a
obrigação de rever seus atos quando identificada alguma ilegalidade. Nesse caso o pregoeiro irá
fazer uma manifestação e encaminhar à autoridade competente, cabendo a ela decidir o mérito do
recurso. O pregoeiro deverá fazer um arrazoado se defendendo do ato que praticou, pois a empresa
está se insurgindo contra um ato praticado por ele. Tecnicamente ele poderá sugerir o não
conhecimento do recurso. Uma vez que, durante o prazo de 03 dias, não foi apresentada as razões
exigidas pela Lei nº 10.520/2002, mas de ofício, deve analisar o mérito e encaminhar para a
autoridade competente uma sugestão pelo provimento ou não provimento, dependendo dos
argumentados apresentados. Segunda hipótese - pode acontecer que no dia da sessão a segunda
colocada manifeste sua intenção de recurso porque a primeira colocada no seu atestado de
qualificação técnica não atendeu aos requisitos estabelecidos no edital, e no prazo de 03 dias a
empresa quando apresentou suas razões, além desse motivo, apresentou novos motivos, ou seja,
durante o prazo de 03 dias apresentou alegações que ela não motivou durante a sessão. Nesse caso,
sugiro a mesma ação com relação aos motivos que ela apresentou na sessão - o pregoeiro vai sugerir
à autoridade competente o provimento ou o não provimento de acordo com a análise do mérito e
aos demais argumentos apresentados que não foram apresentados durante a sessão, e deverá
sugerir que a autoridade competente não conheça, mas de ofício, analise o mérito. Essa será uma
boa prática para a solução do problema!
A Lei nº 10.520/2002 não estabeleceu um prazo para o pregoeiro se manifestar, tão
pouco para a autoridade competente. Somente estabeleceu o prazo para apresentação das razões
(03 dias) e o prazo para as contrarrazões (03 dias), e diz também que a manifestação da intenção de
recorrer se dá após a declaração de vencedor de forma imediata e motivada. Contudo, a lei não
estabeleceu o prazo para o pregoeiro se manifestar e nem para a autoridade competente. Nesse
caso, aplica-se de forma subsidiária o disposto do art. 109, parágrafo 4º da Lei nº 8.666/1993 que
estabelece um prazo de 5 dias úteis para o pregoeiro se manifestar (no caso não será o pregoeiro
porque é a aplicação da lei nº 8.666 de forma subsidiária) e mais 5 dias úteis para a autoridade
competente se manifestar.
Em resumo, a fase recursal se dá após a declaração do licitante vencedor, as demais
licitantes podem manifestar sua intenção de recorrer de forma imediata e motivada tendo um prazo
de 03 dias para apresentar suas razões, e em sequência um prazo de 03 dias para as demais licitantes
contrarrazoar os argumentos apresentados pela empresa recorrente.
Muito obrigado e até o próximo vídeo!

Equipe Técnica
Docente: André Luís da Silva Nascimento

Equipe Técnico - Pedagógica


Marcia Araujo Calçada
Dalva Stella pinheiro da Cruz
Máira Conceição Alves Pereira
Erick Santana Raymundo (estagiário)
Juliana de Almeida Gomes (estagiária)

Gestão de Projetos Educacionais


Rachel Constant Vergara Mann

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