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ANDRESSA BEZERRA DOS RA - 125111351812

SANTOS
BRUNO HENRIQUE TOTTI RA - 125111359306

CALVIN C. P. DE ALBUQUERQUE RA - 125111366450

GUSTAVO MENDES GIACOMINI RA - 125111343841

ISADORA TOTTI MONIS RA - 12522120707

MYLENA CASTRO RA -

ROSILDA SILVA FERREIRA RA -12522225697

SILVIA HELENA TAMBORIM RA - 125111364307

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – ABUSO DE SUBSTÂNCIAS NA


INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

PIRACICABA
2023
Sumário

1. INTRODUÇÃO 3
2.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA 8
2.2 RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA CONTEXT D INCLUSÃ
NO O E O
ESCOLAR DE CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
(TEA) 11
2.3 PEDAGOGIA ECOSSISTÊMICA 13
2.4. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO
INFANTIL – DCNEI 15
3. PAPEL DO PSICÓLOGO 16
4. TRANSTORNOS MENTAIS 18
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 20
6. REFERÊNCIAS 21
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar informações baseadas nas


bibliografias existentes sobre o uso de substâncias psicoativas na infância e
adolescência e seus prejuízos, bem como correlacionar este uso com o
desenvolvimento de transtornos mentais. Assunto esse que apresenta implicações
significativas na sociedade. Essa questão afeta pessoas de todas as idades, de todos os
credos e culturas, porém quando manifestada em crianças e adolescentes a situação se
torna ainda mais alarmante. O período da infância e adolescência é crucial para o
desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social, tornando-se um momento sensível
na vida de todos os seres humanos. Neste contexto, o uso de substâncias psicoativas
pode ter consequências profundas e duradouras, afetando diretamente o
desenvolvimento global dos indivíduos.

Desta maneira, a busca na literatura se torna ferramenta fundamental para explorar


de forma abrangente o uso de substâncias psicoativas entre crianças e adolescentes,
analisar fatores que contribuem para o seu início, os efeitos prejudiciais à saúde mental
e física, bem como compreender as intervenções e estratégias de prevenção existentes
que podem ser adotadas para lidar com essa questão.

Diante disso, compreender os possíveis padrões de uso de substâncias psicoativas


em crianças e adolescentes é fundamental para a atuação de profissionais da
psicologia, uma vez que essa fase da vida é crucial para a formação de hábitos e
comportamentos dos indivíduos. Além disso, a identificação precoce e a intervenção
adequada são elementos essenciais para suavizar os riscos associados ao consumo de
substâncias nessa faixa etária. Este trabalho pretende contribuir para o conhecimento
acerca do tema e para a conscientizar sobre a importância de abordagens preventivas e
terapêuticas eficazes, a fim de promover o bem-estar e o desenvolvimento saudável de
crianças e adolescentes.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 ABUSO DE SUBSTÂNCIAS NA INFÂNCIA

A infância é uma fase altamente vulnerável, pois é um período crucial para o


desenvolvimento físico e psicológico da criança, uma vez que a sua personalidade é
formada através de experiências vividas e interações ambientais. A infância é
caracterizada pela aquisição de habilidades cognitivas com relação à tomada de
decisão, inibição comportamental e memória, atribuídos à maturação de domínios
funcionais do córtex pré-frontal (CPF), possivelmente relacionada com a mielinização do
encéfalo, que não está completamente desenvolvido (Caballero et al. 2016). Assim, o
uso de substâncias com ação no sistema nervoso central (SNC) pode alterar o
desenvolvimento encefálico, afetando áreas importantes para as funções cognitivas, nas
relações, além de levar a uma adição mais grave principalmente com o início de uso
precoce (Blum et al. 2015)

Pesquisas mostram que novas conexões são formadas no cérebro adolescente,


particularmente no córtex pré-frontal, que coordena o pensamento executivo e a tomada
de decisões. Esta estrutura cerebral ajuda a explicar o comportamento peculiar dos
adolescentes. Um sistema de recompensa, estimulado por atividades de prazer, garante
a sobrevivência através da motivação. No entanto, o uso e o abuso de drogas podem
alterar este sistema, levando a efeitos nocivos no cérebro e outros órgãos. Entender os
mecanismos psicológicos individuais e sociais por trás do abuso de drogas é crucial.

Conforme conceituam Bicca, Pereira e Gambarini,“dependência é a necessidade


física ou psicológica da substância psicoativa”, sendo a compulsão uma de suas
características. Até pouco tempo atrás, pensava-se que algumas drogas causavam
apenas a dependência psíquica, situação que foi modificada com a evolução da
neuropsiquiatria. Sabe-se, hoje, que também existe um componente biológico no
desenvolvimento da dependência química. A dependência química é compreendida
como uma síndrome multifatorial, tendo fatores como o aspecto genético e
neurobiológico, estrutura psicológica, comorbidade psiquiátrica e recursos de
defesa do indivíduo, oferta e disponibilidade da droga ,histórico familiar, tipo de
substância, stress, eventos traumáticos, entre outros. Fatores intrinsecamente
envolvidos.

A experimentação de drogas tem sua prevalência na fase da adolescência, porém


esse comportamento tem ocorrido cada vez mais cedo, mesmo com o aumento
das estratégias preventivas. A infância e a adolescência são fases em que os
sujeitos experimentam vários comportamentos em busca de suas identidades e
seus papéis na sociedade, situações que podem gerar insegurança.
Dentre esses comportamentos está também o de consumir drogas.

A infância é uma fase de grande vulnerabilidade por ser um período em que a


personalidade está em formação e pela incapacidade de julgamento por parte
da criança. Sendo assim, ela usa os pais como modelo de referência para sua
formação. Quando os modelos de identificação são problemáticos, a criança pode
utilizá-lo por não ter a capacidade de julgá-los. Portanto, se os modelos apresentarem
o comportamento de uso de drogas, a criança poderá desenvolver o mesmo
comportamento.“ Crescer em uma família que possui um dependente químico é
sempre um desafio, principalmente quando falamos do contato direto de
crianças e adolescentes com essa realidade. Abarcado o tema infância, é pertinente
resgatar um breve histórico desenvolvido por Sarmento:

Bittencourt (1993) e Berendonk e Rudge (2002) destacam a dificuldade em


diagnosticar casos relacionados a drogas, particularmente a relação entre a
necessidade da droga e as fantasias e desejos do usuário. Alguns pesquisadores, como
Bergeret (1983, 1991), Hervé (1998), e Morel, Hervée e Fontaine (1997), descrevem o
funcionamento dos viciados em drogas com base na sua estrutura de personalidade,
semelhante aos encontrados nos limites. Esses indivíduos tóxicos têm personalidades
mal estruturadas, caracterizadas por afetividade, imobilidade e falta de auto-
organização. Estas personalidades são semelhantes às descrições de limites de Green,
que são indeterminadas, mas podem ser ligadas à depressão, perversidade,
toxicodependência e psicose. Sztulman (1997) observa que os mecanismos de defesa,
a natureza da ansiedade e a economia dos viciados tóxicos frequentemente se repetem
nos limites da personalidade.

Brusset (2004) também afirma que é por extensão do quadro da clínica dos estados-
limite que a adicção é explicada pelos problemas de identidade, pelo falso-self
adaptativo, pelas dificuldades de relação afetiva, pela depressividade, pela angústia,
pelo vazio e, do ponto de vista metapsicológico, pelo polimorfismo e pela ineficácia dos
mecanismos de defesa, que não impedem a angústia, a aflição, ou mesmo o desespero.
Acrescenta-se a isso a ausência aparente de ancoragem na organização edipiana, a
importância dos mecanismos de clivagem e de projeção, a destrutividade, a fragilidade
narcísica no relacionamento com os objetos que estão sempre longe demais ou perto
demais, entre o abandono e a intrusão.

Olievenstein (1985) identifica as origens desta dinâmica no desenvolvimento precoce do


"futuro tóxico" na relação entre mãe e filho, o que não é totalmente possível. Isto é
semelhante ao McDougall (2004), que enfatiza as relações materna-infantil como
determinantes de certas funções psicológicas, incluindo aquelas que procuram objetos
viciantes. A relação viva durante este tempo pode ser decisiva no desenvolvimento de
fenômenos transitórios e instilar em uma criança a crença na sua capacidade de
desenvolver suas próprias fontes psicológicas para gerenciar suas tensões afluentes. O
autor hipotetiza que a ansiedade, os medos e os desejos inconscientes de uma mãe
podem levar uma criança a criar uma relação viciante com sua mãe, o que pode impedi-
la de suportar seu estresse interno ou externo e procurar soluções paliativas.

A teoria da dependência na infância enfatiza as dificuldades relacionadas às figuras mãe


e pai, que contribuem para o processo de identificação secundária.

Os estudos sobre a família no Brasil revelam a diversidade da sua organização e


composição (Szymanski, 2002; Romanelli, 2003). Desse modo, não existiria um modelo
único de família; ao contrário, cada uma apresenta seus valores, questões culturais,
afetivas e trocas constantes com o meio social em que vive e que interfere nas suas
relações (Silva, 2011a; Silveira & Silva, 2013). Assim, no presente estudo, a família é
entendida como um grupo no qual se estabelecem os vínculos de afeto e sentimento de
pertencimento, e que possui importante papel na socialização, proteção e cuidado de
seus membros, podendo contribuir para a prevenção do uso de drogas, assim como
aumentar a vulnerabilidade frente às complexidades do tema.

Diante do exposto, verifica-se a relevância e a necessidade de melhor compreender a


família no âmbito dos usuários de drogas, especialmente daqueles que fazem uso de
crack. Portanto, este estudo tem como objetivo principal compreender a percepção dos
usuários de crack sobre suas famílias de origem durante a infância e a adolescência.
Além disso, pretende-se discutir as implicações desse contexto familiar no início e
manutenção do uso de drogas.

O Estatuto da Criança e do Adolescente conceitua infância como o período que vai


desde o nascimento até 12 anos de idade incompletos. Dentre os direitos estabelecidos
pelo ECA, está o direito de toda criança e adolescente “[...] ser criado e educado no seio
da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência
familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de
substâncias entorpecente.

2.2 ABUSO DE SUBSTÂNCIAS NA ADOLESCÊNCIA


Como será explorado neste trabalho e bem citado pelo livro Psicodiagnóstico do
Hutz as substâncias químicas “[...] são aquelas capazes de promover alterações no
funcionamento mental ou psiquismo... afetando a maneira como as pessoas que as
utilizam pensam, sentem e se comportam [...]”, e que há uma diferenciação entre as
substâncias depressoras, estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso central
(SNC).

Porém neste momento é preciso ouvir de outra posição, pois a forma orgânica e
química da mente quando observadas não são capazes de revelar toda uma realidade.
Um comportamento diz sobre um sujeito, porém não é possível compreende-lo a partir
da observação, é preciso uma posição de ouvir e observar pela via da metapsicologia.
Freud a utilizou a partir dos aspectos topográficos, dinâmicos e econômicos para a
definição do psiquismo e Lacan o releu, compreendendo o sujeito através de uma
formação de realidade, onde a realidade também é tecida pelo simbólico, ou seja, a
linguagem também cria estruturas psíquicas, e para além, a realidade está atravessada
por um imaginário, pela fantasia.

A partir deste enlace, este capítulo tentará observar pela via da metapsicologia
quais os sintomas, angústias, castrações, demandas e a história da adolescência que
podem levar ao abuso de substâncias e quais as consequências destes abusos para
esta fase.

Três autores se dedicaram a questionar a adolescência em livros específicos


sobre esta fase da vida, onde observam a posição que tomam os adultos e a da
sociedade sobre os sujeitos adolescentes e elaboram sobre as projeções direcionadas a
eles, os livros são Adolescencia Normal, de Arminda Aberatury e Mauricio Knobel e o
outro do Contardo Calligaris, A Adolescência.

A fase infantil é marcada pelo desenvolvimento do sujeito, sendo emocional,


motora, linguagem, o pensamento intuitivo e depois o pensamento lógico. Nesta fase é
muito importante a relação com os pais, uma relação que deveria ser afetiva criando
condições de desenvolvimento, também é uma fase de dependência, não só emocional,
mas inata, e é nesta troca de dependência por afeto que a adolescência se esbarra. Em
teoria na adolescência o sujeito já está com as suas capacidades bastante
desenvolvidas e não tão dependente dos adultos, desenvolvendo nesta fase o seu
pensamento abstrato, que de acordo com o Psychology Dictionary, o pensamento
abstrato é a capacidade de compreender as propriedades essenciais e comuns, ou seja,
prever e planejar o futuro, para pensar simbolicamente e tirar conclusões. Além do
desenvolvimento psíquico o adolescente passa a ter uma mudança corporal aparente,
deixando a estrutura infantil e não se identificando mais a aquela imagem dependente e
infantil encantadora.

São por estas razões que os autores do livro Adolescência Normal, dizem que a
fase da adolescência é angustiada por três lutos, o luto pela aparência infantil, o corpo
infantil, que proporciona ao sujeito um olhar do outro encantador, sem cobranças, sendo
pelos pais e para o mundo, um luto pela identidade infantil, o reconhecimento de si
como um sujeito dependente de afeto e cuidado, e um luto em relação aos pais da
infância, onde o afeto é frequentemente trocado, é um sujeito observado e acolhido na
sua dependência.

Com todas estas perdas o sujeito adolescente sem a identidade infantil é


implicado a uma busca de uma nova identidade, o que acaba por ocupar grande parte
de sua energia psíquica junto com a desidealização infantil e a perda de um amparo
inato das figuras parentais, que levam o adolescente se afundar no mais profundo
desamparo. Nesta busca identitária o adolescente se apresenta com vários
personagens seja para os pais ou para outros no mundo externo, pois estes outros
podem devolver a ele as contradições sobre sua maturidade, bondade, capacidade,
afetividade, comportamento e inclusive sobre seu aspecto físico, na flutuação de
identidade se experimentam, confrontam e solucionam suas ideias sobre diversos
assuntos, como por exemplo a existência ou não de Deus, diferente da infância que o
sujeito seria levado pelas crenças e ideologias dos pais.

Porém, apesar desta independência relativa que já é esperado do sujeito


adolescente, ambos os livros levantaram a questão da Adolescência como moratória,
uma ideia originada de Erikson , uma fase de suspensão do sujeito, onde ele já
desenvolveu suas capacidades emocionais, motoras e de linguagem, porém não é
considerado um par do adulto, ele não tem um olhar do outro como capaz.

O Contardo Calligaris em seu livro faz uma analogia a uma história para
exemplificar o sentimento dos adolescentes, nesta história a um grupo de pessoas que
aterrissam em meio a floresta amazônica e ficam presos na mata, são acolhidos por
uma tribo e lá passam 12 anos de suas vidas aprendendo a cultura, leis, regras, pesca,
caça, instrumentos musicais. Todos estão muito contentes pelas habilidades adquiridas
nos últimos 12 anos e os anciões da tribo reconhecem as suas habilidades e até falam
que eles conseguem realizar as tarefas, porém anunciam que eles deverão esperar por
mais 10 anos para realmente fazer parte da tribo e poderem ocupar seus lugares como
membros.

Nesta analogia é possível dimensionar a questão da identidade, onde o jovem


que não se sentia desenvolvido, porém contava com o apoio dos que o ensinavam, e de
repente passa a ser um sujeito desenvolvido, não integrado ao grupo dos adultos e sem
o cuidado inicial que garantia a sua aprendizagem. Uma moratória, uma suspensão, até
ser considerado um adulto. Contardo Calligaris explica:
“há um sujeito capaz, instruído e treinado por mil caminhos – pela escola, pelos
pais, pela mídia – para adotar os ideais da comunidade. Ele se torna um
adolescente quando, apesar de seu corpo e seu espirito estarem prontos para a
competição, não é reconhecido como adulto. Aprende que por volta de mais dez
anos, ficará sob a tutela dos adultos...”

O Adolescente acaba por provocar uma verdadeira revolução em seu meio


familiar e social, a dor que lhe causa abandonar o mundo anteriormente conhecido e as
mudanças incontroláveis acontecendo dentro de si levam o adolescente a buscar
satisfações exteriores, buscando satisfações em outros objetos no mundo, no qual irá
talvez se identificar e construir uma identidade própria. Além desta busca externa,
ambos os livros irão discorrer sobre uma reação e rebeldia do adolescente quanto a
esta posição em que é colocado.

2.3 SISTEMA DE RECOMPENSA

O abuso de substâncias está substancialmente apoiado na percepção do


ambiente ao qual o indivíduo está inserido, essa pulsão, ou seja, a necessidade que
demanda o desejo pela droga, parte de alguns pilares centrais na vida contemporânea,
fatores que podem ser econômicos, sociais, genéticos e de formação da personalidade.
As diferentes teorias discorrem de maneiras distintas a respeito do peso no processo de
uso crônico que cada um destes fatores podem ter.

Os aspectos que compreendem as demandas psicológicas, neurobiológicas e


psicossociais ultrapassam as bases estruturais que estão envolvidas no processo de
dependência de um usuário, em suma, não existe um cenário ideal de causa e efeito
que leva a dependência química.

O sistema de recompensa no cérebro é um dos pilares centrais para


entendermos como esses fatores designam os aspectos neurobiológicos, ao ingerir a
substância agem de maneira similar no sistema de recompensa do cérebro, as
principais áreas envolvidas são a mesolímbica e a mesocortical, porém não agem
isoladamente, como citado, os fatores psicossociais culminam para que isso aconteça
de maneira efetiva, portanto o meio ao qual este sujeito está inserido e como ele detém
suas relações interpessoais enquanto sujeito subjetivo, precedem um usuário crônico.

Cada droga tem seu mecanismo de ação específico, assim como qual receptor irá
se ligar quando houver a ingestão, porém todas têm em comum a ação na região que
chamamos de sistema de recompensa cerebral, que consiste em três grupos neurais
que trabalham em conjunto no processo de liberação da dopamina a percepção de
algum estímulo prazerosos, este sistema é responsável pelas ações reforçadas
positivamente ou negativamente, liberam no SNC (sistema nervoso central) uma parcela
deste neurotransmissor.

Normalmente existe um aumento de dopamina com estímulos prazerosos:


comida, atividade sexual, estímulos ambientais agradáveis, como olhar para
uma paisagem bonita ou escutar uma música da qual gostamos. As drogas de
abuso agem no neurônio dopaminérgico (representado na figura abaixo),
induzindo um aumento brusco e exacerbado de dopamina no núcleo
accumbens, mecanismo comum para praticamente todas as drogas de abuso.
Esse sinal é reforçador, associado a sensações de prazer, fazendo com que a
busca pela droga se torne cada vez mais provável. (FORMIGONI et al. 2017)

O estudo de 1970 feito por Bruce K. Alexander (Fiocruz ilustra perfeitamente


como a narrativa neurobiológica não pode ser analisada fora do contexto psicossocial, a
ciência moderna da época demonizava as drogas assim como seus usuários, afirmando
que por natureza as drogas eram altamente viciantes e a tese que comprova eram os
ensaios em ambiente controlado, onde os cientistas colocaram ratos em gaiolas com
duas fontes, uma de água e outra de morfina, foi observado que os ratos ao longo do
tempo começavam a preferir a fonte com morfina a comer e até mesmo acasalar. Se
apoiaram na teoria dopaminérgica do sistema de recompensa do cérebro a fim de
comprovar a hipótese do vício imediato, porém Bruce notou uma falha metódica neste
processo, então decidiu criar o que chamou de “rat park”.

Bruce criou o ambiente ideal para os ratos, de maneira onde eles não ficassem
ociosos dentro da gaiola, o rat park tinha as mesmas duas fontes usadas no primeiro
experimento citado acima, porém se diferenciava no ambiente, a ratolândia, termo
traduzido, era equipada com túneis, chafariz, grama e outros ratos, ao final do
experimento Bruce chegou a conclusão que neste ambiente propício onde forneciam
alternativas a morfina, a dependência dos ratos em relação a droga foi 19 vezes menor,
o que assegurou sua hipótese, que as drogas por si só não causam dependência,
existem fatores externos que culminam para o processo de dependência de um
indivíduo.
O valor social da droga varia conforme o ambiente o promove. Beber até cair com
os amigos é socialmente aceito, beber até cair sozinho é alcoolismo, outro ponto que
culmina para esse quadro é como o usuário tem a percepção sobre a substância e de
que forma impacta em sua vida, a droga pode ser um refúgio assim como uma forma
subversiva de rebeldia, para compreendermos este processo de maneira concisa é
preciso quebrar em partes menores, portanto ao se debruçar especificamente na
infância e adolescência podemos ter um panorama do processo de desenvolvimento de
maneira que seja possível observar as incontingencias e as variáveis do
desenvolvimento que podem acarretar em quadros de dependência química, o fator do
uso de drogas durante a gravidez tem papel fundamental em casos genéticos de
dependência ao qual passa de mãe para filho.

O fato de existir uma influência genética, uma maior vulnerabilidade, NÃO


significa que a dependência seja completamente herdada, que seja algo pré-
determinado. Entretanto, pessoas com história familiar de dependência devem ser
alertadas para o fato de que têm maior risco de desenvolverem um problema
semelhante aos pais do que a população em geral. (FORMIGONI et al. 2017)

2.4 PREJUÍZOS ACARRETADOS

Quando o assunto é o desenvolvimento na infância e adolescência, inúmeros


fatores devem ser considerados importantes na constituição desse processo. Questões
orgânicas, ambientais e sociais que partem da hereditariedade, do local em que esse
indivíduo tem acesso enquanto Ser em formação e daquilo que lhe é ensinado social e
culturalmente, respectivamente, precisam ser levadas em conta, pois fazem parte do
processo de construção desse desenvolvimento.

Existem inúmeros dados científicos que atestam os prejuízos que não só o abuso,
como também o simples uso de substâncias psicoativas podem acarretar na vida do
sujeito que as utiliza. Por essas e outras razões que a administração dessas
substâncias não é permitida e quando é, se faz necessário todo um acompanhamento
médico para controlar possíveis efeitos colaterais e minimizar os prejuízos. Andrade,
Santos & Bueno sinalizam para a importância de considerar os impactos acarretados
pelo consumo no sistema nervoso, visto que este consumo abusivo está associado aos
danos nas áreas frontais do cérebro e principalmente ao córtex pré-frontal.

Vamos citar por partes os prejuízos orgânicos no desenvolvimento da criança que


faz uso de psicoativos e posteriormente do adolescente, e num segundo momento, listar
os prejuízos sociais que esses indivíduos levarão consigo para o resto da vida.
Cada tipo de droga consumida traz consigo um dano em potencial. Para
identificá-los, é necessário mapear primeiramente as substâncias mais utilizadas e suas
possíveis consequências diretas e indiretas. A CID-11 especifica que existem 14 classes
de substâncias psicoativas que se associam a diversos transtornos. Importante elencar
que nem sempre elas são ilícitas. O jornal da USP de junho de 2019 trouxe um episódio
de grande valia pontuando a dependência que o uso dos benzodiazepínicos, uma classe
farmacológica muito utilizada nos tratamentos de insônia, ansiedade entre outros, visto
seu efeito calmante, se utilizado por muito tempo ou em quantidades além do prescrito,
pode causar dependência e, consequentemente, servir de gatilho para o
desenvolvimento de outros transtornos mentais.

Conforme mencionado anteriormente, o córtex pré-frontal é a parte do cérebro


mais afetada pelo abuso de substâncias. É nesta região que se concentra as
habilidades de tomada de decisões, que no caso do usuário, funciona como um sistema
de recompensas; habilidades atencionais, funções executivas ligadas ao planejamento e
acompanhamento das ações para atingir o objetivo traçado; memória visual e também a
parte verbal, como o planejamento e memória da fala. Outra função importante desta
área cerebral é a capacidade adaptativa, e por isso, muitas vezes o indivíduo que faz o
uso de drogas demonstra dificuldades em aceitar novas situações de maneira racional.
É importante pontuar que a habilidade cognitiva afetada pode variar de acordo com a
substância utilizada, mas de modo geral os efeitos são semelhantes, conforme listam os
manuais de classificação, DSM e CID.

Quando voltamos às pesquisas para o uso na infância, não há tantos periódicos


se comparado ao abuso de substâncias na adolescência. Um estudo feito coletando
dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS)
referente aos atendimentos realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do
Brasil, cuja queixa principal é transtornos mentais e comportamentais pelo uso de
substâncias psicoativas levantou percentuais da faixa etária relevantes para análise,
onde a faixa de 10 a 14 anos resultou em 15,2% dos casos e menores de 10 anos foram
0,8% dos casos, e a maior predominância foi do sexo masculino, com o dado de 81,2%.
Dentre as múltiplas substâncias utilizadas, a prevalência foi de canabinóides e cocaína.

Cabe destacar que os critérios para diagnóstico de transtornos mentais e


comportamentais pelo uso de substâncias psicoativas têm como referência a
população adulta, havendo limitações para sua aplicação em infantojuvenis.
Aponta-se que inconsistências nos estudos direcionados a essa população mais
jovem e divergências entre os principais manuais utilizados no diagnóstico
trazem confusão para a definição dos quadros apresentados, não existindo clara
distinção entre níveis de comprometimento da vida do indivíduo e/ou gravidade
do consumo realizado.

Ainda sim, é notório que, apesar de não ter tantos estudos atestando os prejuízos
do uso de drogas na infância, visto ser uma população bem menor e com diversas
implicações para pesquisas, com certeza e dados comprobatórios, eles existem e são
muitos. Se o uso faz mal para indivíduos já desenvolvidos fisicamente, que bem faria
para aqueles que estão no processo de desenvolvimento? Já foi descrito neste
manuscrito os danos biológicos causados no córtex pré frontal que resultam em
comportamentos mal adaptativos e prejudicam a funcionalidade do indivíduo nas tarefas
de vida diária, além de todos os malefícios que, a longo prazo, transcendem a dimensão
da saúde física e se estendem à saúde mental.

A CID-11 diz que transtornos devido ao uso de substâncias e comportamentos de


dependência são transtornos mentais e comportamentais que se desenvolvem como
resultado do uso de substâncias psicoativas predominantemente, incluindo
medicamentos, ou gratificante repetitivo específico e comportamentos de reforço.
Qualquer pessoa é passível de desenvolver transtornos mentais induzidos por
substâncias, todavia as estatísticas apontam para uma maior predisposição em
indivíduos com características depressivas ou traços esquizofrênicos. (OLIVEIRA e
TRENTINI, 2023).

Os 14 transtornos derivados pelo abuso de substâncias psicoativas que são


listados pela CID-11 incluem transtornos de dependência, abstinência e intoxicação
alcoólica, delírio e transtorno psicótico e outros induzidos por álcool. Os mesmos
transtornos aparecem para cannabis, sintéticos, opióides e cocaína, além de elencar
transtornos induzidos pelo abuso das classes farmacológicas de sedativos, hipnóticos,
ansiolíticos e estimulantes. Ainda é possível encontrar detalhadamente sobre o abuso
de cafeína, alucinógenos e muitas outras substâncias. A lista é grande e os sintomas
são variados em padrões comportamentais. Denotando explicitamente os malefícios que
o uso e abuso destas drogas trazem para o indivíduo no que tange a saúde mental.

Nos adolescentes não é diferente, todavia durante a adolescência adquirimos


maiores responsabilidades e passamos a arcar com as consequências dessas escolhas.
Antes de que o uso desenfreado se apresente como um transtorno, muitos
comportamentos disruptivos surgem no decorrer desse período como a agressividade e
apatia que vão aparecendo durante as situações da vida afetando os relacionamentos, o
trabalho, o desempenho escolar, fora os danos a saúde que precedem os sintomas de
humor e já foram mencionada neste texto. Esses padrões comportamentais se tornam
cada vez mais intensos e frequentes até que vire um transtorno desencadeado pelo uso
das substâncias.

Um estudo recente feito por pesquisadores para a Revista Mineira de


Enfermagem de 2023, com 200 usuários de substâncias do Centro de Atenção
Psicossocial do Interior Paulista citou que “a literatura aponta que o início do uso de
drogas lícitas e ilícitas se dá na adolescência, mas a procura por ajuda em razão do uso
indevido ocorre apenas na vida adulta, pois é o momento em que as pessoas
apresentam intensos prejuízos na saúde física e mental em decorrência do consumo
dessas substâncias por um longo período”. Isso denota que existem muitos preditores
na adolescência que corroboram para a busca de substâncias seja álcool, drogas ou
medicamentos e que apenas após anos de uso, com as implicações que decorrem na
vida adulta devido ao abuso dessas drogas é que os usuários buscam por tratamento.

É importante enfatizar que não só as drogas são preditoras para o


desenvolvimento de transtornos mentais, como esses também são preditores para o
abuso de drogas. No estudo mencionado no parágrafo anterior, os 200 usuários fazem
parte destes dois grupos. Nos dois casos, os prejuízos na saúde mental e psicossocial
são semelhantes. Essa pesquisa pontuou que:

A literatura aponta que pelo menos duas vezes mais homens do que mulheres
sofrem de transtornos por uso de drogas. Com exceção dos tranquilizantes, um
estudo indicou que o álcool e os transtornos por uso de cocaína, maconha e
opiáceos são mais prevalentes em homens(24). No entanto, uma vez que as
mulheres iniciaram o uso de substâncias, em particular de álcool, cannabis,
opióides e cocaína, elas tendem a aumentar sua taxa de consumo mais
rapidamente que os homens. Como resultado, as mulheres podem progredir a
transtornos por uso de drogas de forma acelerada, até porque o acesso das
mulheres ao tratamento para transtornos por uso de drogas também é mais
limitado que os homens.

Portanto, fica exposto os prejuízos acarretados pelo uso de entorpecentes. Na


saúde física, prejudicando o bom funcionamento de vários órgãos; para a saúde mental,
contribuindo com o desenvolvimento de transtornos mentais, distúrbios de humor,
ansiedade, depressão, entre outras patologias; prejudica a boa convivência familiar,
visto que muitas vezes por conta do vício, essas pessoas se tornam agressivas e
instáveis; para o bom desempenho da vida acadêmica e profissional, já que as drogas
afetam a eficácia das habilidades necessárias para desempenhar tais funções, como
raciocínio e atenção; além de ser um estigma para a sociedade, pois essas pessoas
acabam em situações de rua e muitas vezes cedem ao crime, principalmente furtando e
roubando, ficando explícito que o abuso de substâncias psicoativas não trazem nenhum
benefício para o sujeito que as utiliza, mesmo que a curto prazo.

2.5 TRANSTORNOS MENTAIS

As substâncias psicoativas têm o poder de interferir no desempenho do córtex pré


-frontal e prejudicar diversas habilidades das quais esta zona do cérebro é responsável.
Acredita-se que até aqui, este periódico foi capaz de explicar com clareza quanto aos
prejuízos que o uso de entorpecentes traz para a vida de seu usuário. Em decorrência
destes danos, somados aos problemas pessoais que qualquer indivíduo já vivencia
frequentemente como dificuldades num relacionamento, problemas familiares,
financeiros entre outros, é muito comum que esses usuários desenvolvam algum
transtorno em decorrência do abuso.

A Revista Mineira de Enfermagem (2023) cita que “Ansiedade e depressão atuam


como reforço negativo ao uso de drogas, enquanto a impulsividade e a busca por novas
sensações se relacionam ao reforço positivo”. Essa afirmação traz a reflexão de que ao
passo que o sujeito desenvolve alguma patologia em detrimento das drogas, a depender
dessa patologia, surge a necessidade de parar com o uso, pois os sintomas da patologia
misturados com os sintomas das substâncias se intensificam negativamente, causando
sensações aversivas no organismo.

Em contrapartida, existem patologias que intensificam o uso de drogas porque o


sujeito não sabe lidar com aqueles sintomas e acabam buscando uma fuga nas drogas,
criando um ciclo sem fim, se pensar que o uso das substâncias que desencadeou o
transtorno mental e o transtorno mental sustenta o uso das substâncias. Neste mesmo
estudo, os pesquisadores colocam que “alguns problemas mentais também são
considerados preditores, como os transtornos de humor, muitas vezes manifestados
pela dificuldade nas relações com os pares, o que está associado ao consumo de
substâncias". Dessa relação decorre o curso mais grave da doença, resultados piores
no tratamento e risco de suicídio”.

Conforme mencionado na introdução dos prejuízos, a CID-11 elenca que existem


14 substâncias psicoativas relacionadas aos transtornos mentais e a lista destes
transtornos é imensa. No Manual de Classificação de Doenças este tópico aparece
como Transtornos devido ao uso de substâncias psicoativas ou comportamentos de
dependência, as catorze substâncias descritas são: Álcool, cannabis, canabinóides
sintéticos, opióides, sedativos e hipnóticos ou ansiolíticos, cocaína, estimulantes como
anfetaminas, metanfetaminas ou metcatinona, catinonas sintéticas, cafeína,
alucinógenos, nicotina, MDMA, drogas dissociativos como cetamina e fenciclidina e por
ultimo, outras substâncias psicoativas.

Cada classe de entorpecentes tem espaço reservado nesse manual de


classificação e para cada uma delas, existem subtópicos quanto aos transtornos
mentais, especificando detalhadamente o que configura o subtópico mencionado
elencando os sintomas e padrões de comportamento e posteriormente a exclusão,
aquilo que não configura como o transtorno mencionado. De acordo com a CID-11,

Distúrbios devidos ao uso de álcool são caracterizados pelo padrão e


consequências do consumo de álcool. Além de intoxicação alcoólica, o álcool
tem propriedades indutores de dependência, resultando em dependência do
álcool em algumas pessoas e da retirada do álcool em que a utilização é
reduzido ou interrompido. O álcool é implicado numa ampla gama de danos que
afectem a maioria dos órgãos e sistemas do corpo, que podem ser classificados
como episódio único de uso nocivo do álcool e padrão prejudiciais do uso de
álcool. Danos a terceiros decorrentes de comportamento durante intoxicação
alcoólica está incluído nas definições de uso nocivo do álcool. Vários distúrbios
mentais induzida por álcool e formas relacionadas com o álcool de disfunção
neurocognitiva são reconhecidos. (CID-11, 2019).

Ainda neste tema, os transtornos por abuso de alcool podem incluir unico
episódio de uso nocivo de álcool, padrão nocivo do consumo, a dependência,
intoxicação alcoólica, abstinência, delírio induzido por álcool, transtorno psicótico
induzido por álcool e outras desordens como transtorno amnéstico, demência,
transtornos de humor e ansiedade induzidos por uso dessa substância.

Os transtornos devido ao uso de cannabis para a CID-11 são caracterizados pelo


padrão e consequências do consumo de cannabis”. Os transtornos incluem um unico
episódio de uso nocivo, padrão nocivo de uso (episódica, continua e não especificada),
dependência e subdivisões, intoxicação pelo uso, retirada de cannabis, delírio induzido,
perturbação psicótica induzida e outras desordens induzidas como transtorno de humor
e de ansiedade pelo uso.

A terceira substância é uma extensão da segunda. Os canabinóides sintéticos


são substâncias produzidas em laboratórios com o objetivo de “imitar” os efeitos do THC
presente na cannabis natural, com maior potencial de danificar a saúde se comparada a
sua origem vegetal. O manual de Classificação Internacional de Doenças pontua os
transtornos derivados dessa droga como episódio unico de uso nocivo, padrão nocivo
de uso, dependência, intoxicação, retirada, delírio induzido, desordem psicótica induzida
e outros transtornos induzidos como de humor e ansiedade.

Observa-se um padrão nos subtópicos para as diferentes substâncias, entretanto


o que pode variar são os sintomas, mesmo que haja muita semelhança neles. Os
transtornos mencionados como dependência, intoxicação e abstinência são um tanto
quanto obvios de surgirem. Esta primeira, a dependência, é quando o usuário não
consegue ficar sem fazer o uso contínuo da substância, uma vez que seu corpo, ao
fazer a retirada irá apresentar sintomas de abstinência que são tão aversivos ao ponto
do indivíduo utilizar novamente para cessar esses sintomas.

De acordo com o Manual MSD a intoxicação é dependente da dose, insto é,


doses excessivas em um curto período de tempo pode ocasionar os sintomas de
intoxicação. A ultima, a abstinência, é quando o indivíduo que apresenta dependência
permanece por alguns dias, a depender da substância utilizada, sem fazer o uso dela e
apresenta sintomas de

2.6 DADOS SOBRE O USO DE SUBSTÂNCIAS ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES


E PSICOPATOLOGIAS DESENCADEADAS PELO ABUSO DE SUBSTÂNCIAS

O uso excessivo e a dependência de substâncias químicas representam um


desafio significativo em todo o mundo. No Brasil, no ano de 2021, o Sistema Único de
Saúde (SUS) registrou 400.300 atendimentos a indivíduos que enfrentaram transtornos
mentais e comportamentais relacionados ao consumo de drogas e álcool. Isso
representa um aumento de 12,4% em comparação com o ano de 2020, quando foram
registrados 356.000 casos semelhantes. De acordo com o CEBRID (Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas), não só houve o aumento do uso de
substâncias psicoativas, como também o consumo tem se iniciado cada vez mais cedo,
onde a população de crianças e adolescentes que fazem o uso é cada vez mais
expressivo.

De acordo com RAMALDES, et al (2016):

Quanto ao tipo de droga consumida na faixa etária de 10 a 12 anos, pesquisa


realizada nas 27 capitais brasileiras identificou que, quanto ao uso na vida,
álcool, tabaco, maconha e solventes se destacam (CEBRID, 2005, 2006). O
álcool e o tabaco foram as drogas que apresentaram menor idade média no
início do uso, estando em torno de 12 anos. As demais apresentaram média de
idade de 13 anos, exceto a cocaína, com idade média de 14 anos (CEBRID,
2005)

As substâncias envolvidas tendem a fazer parte das dez classes de drogas que
normalmente causam transtornos por uso de substâncias:

● Álcool

● Medicamentos ansiolíticos e sedativos

● Cafeína

● Canabis (incluindo maconha e canabinoides sintéticos)

● Alucinógenos (incluindo LSD, fenciclidina, psilocibina, 3,4-


metilenodioximetanfetamina [MDMA]

● Inalantes/Solventes (solvente de tinta e alguns tipos de cola)

● Opióides (fentanil, morfina e oxicodona)

● Estimulantes (incluindo anfetaminas e cocaína)

● Tabaco

● Outros (incluindo anabolizantes esteróides e outras substâncias)

Todas essas substâncias ativam diretamente o sistema de recompensa do


cérebro e causam sensações de prazer. Essa ativação pode ser tão forte que as
pessoas sentem um desejo intenso pela substância. Elas podem negligenciar atividades
normais para adquirir e usar a droga. Essas substâncias também causam efeitos
fisiológicos diretos, como intoxicação, abstinência e transtornos de saúde mental
induzidos por substâncias.

De acordo com o artigo de CONCEIÇÃO, D. S. et all., (2018), onde apresentam


dados de características demográficas e nosológicas dos atendimentos a crianças e
adolescentes com transtornos mentais e comportamentais por uso de substâncias
psicoativas realizados em Centros de Atenção Psicossocial, Brasil, 2008-2012, “o sexo
masculino predominou entre os atendimentos: 81,2% dos registros. A faixa etária de 15
a 19 anos foi responsável por 84,0% dos atendimentos, seguida pela faixa de 10 a 14
anos, com 15,2%. Menores de 10 anos contribuíram com 0,8%.[...]”: Como mostra a
tabela 1:

Fonte: Adaptado de Conceição, D. S. et al., 2018.

Ainda de acordo com o artigo, os transtornos mentais e comportamentais


decorrentes do consumo de várias substâncias psicoativas representaram a causa de
56,7% dos casos registrados, destacando-se como a principal razão para buscar
tratamento. Em segundo lugar, os transtornos relacionados ao uso de cocaína e aos
canabinóides foram responsáveis por 15,6% das admissões. Os transtornos
relacionados ao consumo de álcool compreenderam 9,0% dos casos, enquanto os
distúrbios associados ao uso de outras substâncias psicoativas contribuíram com 3,1%
das admissões.

O abuso de substâncias psicoativas pode levar ao desenvolvimento de várias


psicopatologias e transtornos mentais. Alguns dos transtornos mais comuns associados
ao abuso de substâncias incluem:

● Transtorno de Uso de Substâncias (TUS): Este é um transtorno que envolve o


uso problemático ou abusivo de uma ou mais substâncias psicoativas, como
álcool, drogas ilícitas ou medicamentos prescritos. Inclui um determinado padrão
patológico de comportamento onde os dependentes, mesmo após vivenciarem
uma consequência negativa advinda do uso das drogas, continuam o uso.

● Transtorno de Uso de Álcool: Caracterizado pelo consumo excessivo e


problemático de álcool, levando a consequências negativas na vida da pessoa.

● Transtorno de Uso de Drogas: Semelhante ao transtorno de uso de álcool, mas


específico para o uso de drogas ilícitas ou medicamentos não prescritos.

● Transtornos de Humor: O abuso de substâncias pode desencadear transtornos


de humor, como depressão ou transtorno bipolar.

● Transtornos de Ansiedade: Pessoas que abusam de substâncias podem


experimentar transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade
generalizada ou transtorno do pânico.

● Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): O abuso de substâncias pode


aumentar o risco de desenvolver TEPT, especialmente se a pessoa passou por
experiências traumáticas relacionadas ao uso de substâncias.

● Transtornos Psicóticos: O uso de certas substâncias, como anfetaminas ou


alucinógenos, pode desencadear sintomas psicóticos, como alucinações ou
delírios.

● Transtornos de Personalidade: O abuso crônico de substâncias também pode


estar associado ao desenvolvimento de transtornos de personalidade, como o
transtorno de personalidade antissocial.

● Transtornos de Alimentação: O abuso de substâncias pode afetar o


comportamento alimentar e levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares,
como a bulimia ou a anorexia.
● Transtornos do sono: Muitas substâncias psicoativas podem interferir no sono,
levando a problemas como insônia ou sonolência excessiva.

É importante observar que o abuso de substâncias não causa necessariamente


esses transtornos em todas as pessoas, mas aumenta o risco de sua ocorrência. Além
disso, a relação entre o uso de substâncias e os transtornos mentais pode ser
complexa, com fatores genéticos, ambientais e individuais desempenhando papéis
importantes. O tratamento adequado geralmente envolve abordar tanto o abuso de
substâncias quanto os transtornos mentais associados, oferecendo apoio e terapia
especializada.

3. PAPEL DO PSICÓLOGO

Um dos principais problemas encontrados para falar sobre o uso de drogas e abuso delas é
o preconceito, especialmente quando se refere ao uso dessas substâncias na infância e na
adolescência. Por se referir a um assunto dificultoso de falar de maneira objetiva e clara devido a
intolerância, especialmente com os usuários, faz com que a política de descriminação e redução de
danos seja ainda mais necessária, visto que o acesso à informação pode contribuir para o
desenvolvimento do indivíduo.

É de suma importância evidenciar que o tema abordado em questão é uma problemática de


saúde pública e que neste contexto o psicólogo desempenha um papel crucial na identificação,
prevenção e tratamento desse grave problema.

Em primeiro plano para a construção do auxílio do psicólogo nesta circunstância, é a


identificação precoce do uso de substâncias psicoativas, visto que através de técnicas de avaliação
e entrevistas clínicas, o profissional pode identificar sinais de abuso, como mudanças de
comportamento, queda no desempenho escolar, isolamento social, entre outros.

O psicólogo pode levar informações sobre os riscos associados ao uso de substâncias


psicoativas por meio de programas de prevenção nas escolas e comunidades e promover
capacidade de tomada de decisão e resistência às pressões sociais.

A ação preventiva se faz necessária para redução da incidência do abuso de substâncias


nessa faixa etária, mesmo que no período da adolescência seja o maior índice de uso, pois se
refere ao momento de descobertas e de início as experiências de substâncias psicoativas ou drogas
psicotrópicas.
Cabe ao psicólogo utilizar as abordagens terapêuticas adequadas à idade e ao
desenvolvimento desses pacientes, auxiliando-os a compreender as causas subjacentes ao uso e
desenvolver técnicas para superar ou reduzir essa dependência.

É de responsabilidade do psicólogo amparar na reintegração social do usuário, auxiliando


em sua compreensão das dinâmicas conflituosas e das emoções que induzem ao consumo da
substância, através da consideração dos três pilares fundamentais, sendo eles: os traços pessoais
do indivíduo dependente, as características do contexto do ambiente em que ele está inserido e as
particularidades associadas à dependência, englobando tanto os tipos de substâncias consumidas
quanto a frequência de seu uso.

Desta forma é notório identificar a importância do papel desempenhado pelo psicólogo na


promoção do apoio emocional e no fortalecimento do apoio social às crianças e adolescentes em
recuperação.

Em resumo, o papel do psicólogo na atuação com abuso de substâncias psicoativas em


crianças e adolescentes é de extrema importância, visto que sua expertise na identificação,
prevenção e tratamento desse problema contribui para a promoção da saúde mental e bem-estar
dos jovens, bem como para a redução dos impactos negativos do abuso de substância em suas
vidas e na sociedade como um todo, dado que ainda estão em fase de desenvolvimento fazendo
com que haja alteração e danos ao sistema cerebral que estão sendo desenvolvidos. Portanto, é
fundamental considerar e valorizar o papel que os psicólogos desempenham nessa área e fornecer-
lhes os recursos e o apoio necessários para realizar seu trabalho de maneira eficaz

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar e escrever sobre Transtornos por Abuso de Substâncias da Infância e Adolescência


é de fato desafiador, devido a complexidade do assunto e aos impactos negativos gerados por esse
contexto de adicção nas importantes fases de desenvolvimento de uma pessoa. É uma questão de
saúde pública que pode receber diversas contribuições de muitas áreas da psicologia, como visto
nesse trabalho.

No livro das Diretrizes Gerais para Tratamento da Dependência Química, os autores


abordam o tema da seguinte maneira:

Conjugar as recentes descobertas neurocientíficas ao conjunto de conceitos psicológicos


e sociais inerentes à compreensão do comportamento humano é um desafio
contemporâneo. Esta integração de saberes é imprescindível para o entendimento,
diagnóstico e tratamento da dependência química. Os fatores determinantes interagem de
maneira tão complexa que se torna difícil determinar um agente etiológico presente em
todos os indivíduos afetados. (LEMOS et. al, 2010, p. 30)

Como visto, é essencial compreender a multifatoralidade da dependência em substâncias


psicoativas e os possíveis transtornos advindos dela, e ainda de acordo com os autores, é possível
de prever alguns conjuntos de fatores envolvidos na evolução da dependência, sendo:

os aspectos genéticos e neurobiológicos; as comorbidades psiquiátricas; a estrutura


psicológica do indivíduo e os seus recursos de defesa para o manejo de emoções e
situações desestabilizadoras; a oferta e a disponibilidade da droga; o tipo de substância e
a via de administração escolhidos; o histórico familiar e suas disfunções; a presença de
hereditariedade, de estresse e de eventos traumáticos de vida; e vários outros fatores.
(LEMOS et. al, 2010, p. 31)

Nesse complexo contexto, adiciona-se ainda a dificuldade em se encontrar bibliografia que


elucide as questões relativas à dependência química no período da infância, seja por negligência e
silêncio da comunidade científica, ou por um posicionamento da sociedade que ainda trata o tema
de maneira marginalizada. De acordo com as autoras do artigo Dependência Química na Infância:
O Silêncio da comunidade Científica, isso pode ser explicado através da seguinte ótica:

Ainda existe a negação da criança, antes como um sujeito de direito, agora como sujeito
de ação na sociedade. Parece haver um movimento de retrocesso na compreensão da
criança em sua totalidade, uma vez que não é reconhecida como protagonista do seu
desenvolvimento biopsicossocial. Esse cenário é também o reflexo do silêncio da
comunidade científica, forte indicador da necessidade de maior investimento na pesquisa
teórica referente à dependência química na infância. (REY & FREITAS, 2014, p. 4)

Fica evidente para o grupo a importância do papel do psicólogo em todo o panorama


apresentado, na promoção de saúde e na busca pela redução dos danos causados pela adicção a
substâncias psicoativas. Neste trabalho, o grupo também mostra diferentes perspectivas acerca do
tema, como a da neurpsicologia, as teraperias comportamentais e a psicanálise, evidenciando que
a construibuição da psicologia pode ser bastante ampla.
Além disso, segundo Zanini

As intervenções geralmente incluem tratamento médico, desintoxicação e psicoterapias,


requerendo abordagem multidisciplinar. Neste sentido, são válidas algumas ações
governamentais no âmbito de atenção aos usuários de álcool e outras drogas, centros de
atenção psicossocial e hospitais de alta complexidade em articulação na rede de
assistência à saúde mental. (ZANINI, 2019, p. 17).
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