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Quadrimestral
AGRIS L70
CDU 619(81)(05)
CFMV_FINAL_18-DEZ-2003 12/19/03 10:15 AM Page 1
ENTREVISTA 3
Dr. José Guilherme da Motta
PREMIAÇÃO 8
Dr. Gilvan de Almeida Maciel
agraciado com o Prêmio Paulo Dacorso Filho – 2003
TÍTULO DE ESPECIALISTA 10
Resolução dispõe sobre o Registro de Título de Especialista em
áreas da Medicina Veterinária
NOVAS TECNOLOGIAS 12
Descobertas do Dr. Marcelo Molento são destaque no Brasil e no Exterior
CÂMARA TEMÁTICA 14
Criada Câmara Temática de Ciências Agrárias
FARMACOLOGIA 15
Farmacologia Veterinária: considerações sobre farmacocinética que
contribuem para explicar as diferenças de respostas observadas entre as
espécies animais
SUPLEMENTO TÉCNICO 23
Diagnóstico e tratamento das arritmias de cães e gatos,
observadas no monitor cardíaco
Transplante renal em cães e gatos
Mecanismo de defesa uterino na fêmea bovina
Perda de qualidade do pescado, deteriora e putrefação
HISTORIOGRAFIA 67
Museus de Ciências e o Museu de Primatologia do CPRJ-FEEMA
HISTÓRIA 73
Curso de Medicina Veterinária da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Rio Grande do Sul
PUBLICAÇÕES 79
Estatística aplicada à pesquisa em ciência veterinária
Nutrição de bovinos a pasto
Anestesiologia veterinária
Dermatopatias em pequenos animais (CD-ROM)
AGENDA 81
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EDITORIAL
(61) 347 3501 - 8116 0969 Como estamos às vésperas dos festejos natalinos e de um Ano Novo que
www.medmidia.com se prenuncia como alvissareiro para a sociedade brasileira, sugerimos a
e-mail: medmidia@medmidia.com todos os leitores e aos colegas em especial, que reflitam sobre o futuro,
Divanir Jr. - MTb 4536/014/49v/DF sobre o que podemos fazer pela família, pelo próximo e por nós mesmos.
Edição Arte: Juscelino L. Reis Contra a miséria, a intolerância, a sede de poder e a falta de ética e
moral. A confraternização do Natal deve significar uma renovação das
Impressão: Impress - SP
esperanças em uma ordem social mais justa e fraterna entre os povos.
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ENTREVISTA
À sua visão de Brasil, principalmente do Nordeste, somam-se suas vivências internacionais, em viagens técnicas a
países como Argentina, Canadá, Chile, Estados Unidos, Japão, México, Inglaterra etc. Acima de tudo, o professor
José Guilherme tem sua vida atrelada às preocupações sociais, com a melhoria da qualidade de vida e na
vinculação da Medicina Veterinária com os necessários saltos qualitativos que o país precisa praticar.
Esta entrevista, portanto, apresenta-se com mais um registro histórico, um importante documento no qual se
expressa quem tem tanto a dizer, respaldado por suas inúmeras vivências.
ENTREVISTA
Revista CFMV - Onde e quando estimulavam os alunos e, portanto, cio profissional estive vinculado à
o Senhor diplomou-se em Medici- sempre serão recordados. O prof. Escola de Medicina Veterinária, ao
na Veterinária? Paulo Dacorso Filho foi o principal Instituto Biológico da Bahia, à
Dr. José Guilherme - Fiz todo desses abnegados. Ainda são lembra- Fundação Gonçalo Moniz, à Secreta-
curso de Medicina Veterinária na en- dos Bruno Alípio Lobo, Werther ria de Agricultura e finalmente ao
tão Escola Nacional de Veterinária Duque Estrada, Hugo de Souza IBAMA.
da Universidade Rural, no Rio de Lopes, Jadir Vogel, Raul Briquet Foram épocas, conhecimentos e
Janeiro, onde nasci. Junior, Franklin de Almeida, Moacyr valores diferentes.
A Universidade foi implantada na Souza, Octávio Dupont e com certe- Na Escola, como Professor Adjun-
gestão do Ministro da za, existem outros per- to, sempre acompanhando o ritmo da
Agricultura Fernando didos na memória. disciplina de Patologia e Anatomia
Muitos profes-
Costa, com um padrão sores ultrapas- Cabe ser dado desta- Patológica, aulas teóricas, necropsia
de excelência compatí- savam o dever em que especial a um Mé- e histopatologia.
vel ao interesse do país dedicação ao dico Veterinário que, Como Diretor da Escola de Medi-
para o desenvolvimen- ensino, promoven- sem ser professor, teve cina Veterinária dei prioridade à ca-
to do então mais impor- do aulas práticas grande influência e inte- pacitação dos docentes e à identifi-
tante setor de formação de campo nos fins resse no aprendizado cação e seleção de valores entre os
de riquezas, colhendo de semana, dos alunos. Trata-se de alunos para encaminhá-los a cursos
divisas e gerando em- feriados ou férias, Altamir Gonçalves de de pós-graduação e posterior ingres-
pregos tanto no campo dando exemplo e Azevedo, na época Che- so no quadro docente da Universi-
como nas cidades. modelo de condu- fe da Defesa Sanitária dade. Em 1974 firmamos o convênio
Além da beleza cê- ta que estimula- Animal do Ministério da com a Escola de Veterinária de
nica do campus, amplos vam os alunos Agricultura, cargo equi- Hannover, culminando em gestões
auditórios, laboratórios valente hoje ao de subseqüentes com a ida de vários do-
diversos, equipamentos Secretário Nacional. No centes para cursos de pós-graduação
de última geração, Hospital início da década de 50, oferecia está- na Alemanha .
Veterinário, instalações destinadas à gios nos diferentes serviços do Considero esses avanços na capa-
criação de diversas espécies, aliado Ministério, em qualquer parte do citação de pessoal como decisivos
ao real interesse empreendido pelos país, custeando passagens para a elevação da
professores catedráticos e seus assis- de avião e com direito à qualidade de ensino da
tentes. pró-labore. Graças à sua Estes últimos Escola e na formação
Lá se contava também com alo- visão de futuro, abriu ho- trabalhos profissional dos Mé-
jamentos confortáveis, ginásio de es- rizontes para inúmeros realizados com a dicos Veterinários.
portes e quadras externas para diver- colegas e beneficiou es- participação do No Instituto Bioló-
sas modalidades. Enfeixando o pa- tados da federação caren- colega José gico participei ativa-
drão, bolsa de estudos para todos e tes de assistência veteri- Augusto Gaspar mente no desenvolvi-
ainda curso pré-vestibular gratuito, nária, já que quase todos de Gouvêa, mento do Laboratório
com direito a alojamento. acabaram se fixando nes- possibilitaram a de Cultivo de Tecidos
ses locais. Foi o precur- erradicação dos e em trabalhos com ví-
Revista CFMV - Quais foram os sor do Projeto Rondon caramujos rus da febre aftosa, po-
mestres que mais marcaram a sua que apareceria 18 anos transmissores da liomielite, doença de
vida acadêmica? mais tarde. esquistossomose Newcastle e raiva.
Dr. José Guilherme - Muitos No início dos anos
professores ultrapassavam o dever Revista CFMV - Em que insti- 60 fui trabalhar na Fundação Gonçalo
em dedicação ao ensino, promoven- tuições exerceu a profissão no Moniz, órgão da Secretaria da Saúde
do aulas práticas de campo nos fins estado da Bahia e como foi a sua do Governo do Estado, projetando e
de semana, feriados ou férias, dando trajetória técnica? implantando o Biotério da Instituição
exemplo e modelo de conduta que Dr. José Guilherme - No exercí- e, paralelamente, realizando traba-
ENTREVISTA
ENTREVISTA
lhos com Esquistossomose experi- Estado; 5- Apoio e estímulo à cafei- rativismo, crédito rural, comerciali-
mental, doença de Chagas e pesqui- cultura, resultando na ampliação do zação de produtos, entre outros.
sas sobre a capacidade malacófaga parque cafeeiro em mais Nos últimos sete
de peixes e sua aplicação prática. de cinco vezes, possibi- anos e meio estive à
Estes últimos trabalhos realizados litando o aumento da ar- Vivemos a era da frente da Administração
com a participação do colega José recadação do ICM, di- geração e oferta do IBAMA, no Estado
Augusto Gaspar de Gouvêa, possi- namizando os setores da de conhecimento. da Bahia. Foi um perío-
bilitaram a erradicação dos caramu- indústria e comércio, Novos paradigmas do de muita atividade,
jos transmissores da esquistossomo- contribuindo na geração surgiram referen- participando das mudan-
se que proliferavam no Dique do de empregos e fixação tes à natureza, ças da sociedade com re-
Tororó, lagoa existente no perímetro do homem à terra, in- desenvolvimento lação aos valores am-
urbano da cidade de Salvador e que vertendo o fluxo migra- sustentável, bientais.
se constituía em fonte de infestação tório e elevando padrão trabalho,
da população humana. de tecnologia do setor; produção, Revista CFMV -
Em 1975 ascendeu ao cargo de 6- Programa de atração universidade, Tendo ocupado o car-
governador do estado da Bahia o ex- de empresários do setor empresa e espaço go de Professor e Dire-
Reitor da UFBA, Roberto Santos, agropecuário com expe- tor da Escola de Medi-
que já havia apoiado todas as inicia- riência de execução de grandes pro- cina Veterinária da UFBA durante
tivas da Escola de Veterinária, ten- jetos inovadores e oriundos de re- duas gestões, como o Senhor ana-
do me honrado com o convite para giões com tradição no setor. Empre- lisa a formação acadêmica dos
assumir o cargo de Secretário da sários do Rio Grande do Sul atende- nossos futuros colegas em relação
Agricultura. Foi um período rico em ram ao convite e lideram hoje o de- à demanda do mercado de traba-
realizações, na época do milagre senvolvimento do pólo granífero do lho?
brasileiro. Com bons projetos era Estado, na região de Barreiras (oes- Dr. José Guilherme - Compete
possível captar recursos a fundo per- te do rio São Francisco) tendo sido às Escolas cultivar a visão do futu-
dido, tanto do Governo Federal a força propulsora dessa região, com ro, estando atenta para as transfor-
como de organismos como o BID e mais de um milhão de hectares plan- mações do mercado produtor/consu-
o BIRD. tados com soja , alem da cafeicultu- midor e estimulando a criatividade
Algumas realizações ra e projetos de pecuá- para que ocorram as inovações.
importantes efetuadas ria; 7 - Dinamização do A Escola, ao ministrar conheci-
na época foram: Foi um período programa de controle mentos, deve estar atenta para formar
1- Construção do rico em realiza- das zoonoses e implan- profissionais donos do seu próprio
Parque de Exposi- ções, na época do tação de laboratórios re- destino, capazes de prescindir do pa-
ções de Animais, em milagre brasileiro. gionais de diagnóstico; ternalismo estatal e comprometidos
Salvador, considerado Com bons proje- 8 - Amplo programa de com a iniciativa de organizações e
modelar; 2- Criação da tos era possível treinamento de mão-de- empreendimentos privados, educan-
Empresa de Pesquisas captar recursos a obra rural, especialmen- do para a vida, preparando indivíduos
Agropecuárias da Ba- fundo perdido, te produtores de baixa para o uso do conhecimento em co-
hia; 3- Implantação de tanto do Governo renda; 9 - Programa de munhão com a natureza, marco do
oito Escolas para capa- Federal como de estímulo à caprinocultu- desenvolvimento sustentável.
citação em Agropecuá- organismos como ra do Estado; 10 -Im- Deve, ainda, a instituição educar
ria, de nível médio, o BID e o BIRD plantação de programas para a vida pelo trabalho, ensinando
atendendo as principais de desenvolvimento ru- como gerar as próprias oportunida-
vocações do setor em cada região; 4- ral integrado, objetivando reduzir o des de labor produtivo e digno.
Implantação de um sistema de nível de penúria das populações de Vivemos a era da geração e ofer-
Cooperativas de Pesca, atendendo os baixa renda, operando projetos de ta de conhecimento. Novos paradig-
principais núcleos de pescadores ar- pesquisas em agropecuária, assistên- mas surgiram referentes à nature-
tesanais do litoral de 980 km do cia técnica e extensão rural, coope- za, desenvolvimento sustentável,
ENTREVISTA
trabalho, produção, universidade, em- deverá agir como consultor, assumin- são. Entretanto, ainda é fundamen-
presa e espaço. do o verdadeiro papel de educador tal que o Governo mantenha sua pre-
A capacitação deve ser orientada para a vida. sença nas áreas em processo de de-
no sentido de transfor- senvolvimento.
mar o aluno em profis- Revista CFMV – A Pesquisa sempre contribuiu ati-
sional, com conheci- Nessas circuns- Historicamente, qual a vamente acompanhando os avanços
mentos e condições de tancias, tem sido sua opinião acerca das da ciência e evolução do setor, tra-
ser EMPRESÁRIO da valiosa a participa- políticas públicas ado- balhando em áreas de interesse para
sua capacidade e procu- ção dos órgãos de tadas pelo Governo o desenvolvimento, identificando e
rar fazer acontecer, ha- classe, especial- federal para a pecuá- propondo soluções para os óbices
bilitado para perceber as mente os ria brasileira? existentes.
tendências, interpretar Conselhos Dr. José Guilherme - A Assistência Técnica e Extensão
fatos, avaliar circuns- Regionais e as Defesa Sanitária, Coo- Rural atuou em todos os segmentos
tancias e contextualizar Sociedades de perativismo, Pesquisa, produtivos, transferindo conhecimen-
o conjunto. Medicina Veteri- Assistência Técnica e tos, orientando e se constituindo em
Essa é a visão da Es- nária, os quais Extensão Rural, Crédito instrumento indispensável aos traba-
cola que tem condições agregam esforços e Educação, são os prin- lhos da agropecuária.
de preparar o cidadão àqueles das cipais exemplos da pre- A política de Crédito executada
do 3º milênio, na atual próprias Escolas sença do Governo no se- pelo Governo permitiu a incorpora-
fase de desenvolvimen- tor agropecuário que ção de muitas áreas ao processo pro-
to do país. fortaleceram as atividades. dutivo, embora as ofertas tenham
Entretanto, as transformações do Tradicionalmente, a Defesa Sani- sido limitadas e a maior parte delas
mercado são mais rápidas do que as tária Animal desempenhou papel im- de curto prazo, restringindo práticas
possibilidades de formalização dos portante na evolução do setor, seja conservacionistas no passado e tam-
ajustes dos cursos de Medicina no passado com os memoráveis tra- bém sofrendo as restrições do impac-
Veterinária, havendo um hiato entre balhos no diagnóstico e controle da to do complexo inflacionário que
o conhecimento desejável e o adqui- Raiva, as ações contra a Peste Suína acompanhou o país nas ultimas dé-
rido. Nessas circunstancias, tem sido Clássica, o controle da Doença de cadas.
valiosa a participação dos órgãos de Newcastle, o início e A agropecuária ne-
classe, especialmente os Conselhos consolidação da memo- cessita de definições
A agropecuária
Regionais e as Sociedades de rável campanha contra claras e objetivas sobre
necessita de
Medicina Veterinária, os quais agre- a Febre Aftosa, o diag- as intervenções do
definições claras
gam esforços àqueles das próprias nóstico, combate e erra- e objetivas sobre Governo, que estimulem
Escolas, também ministrando cursos dicação da Peste Suína as intervenções a transferência de capi-
de extensão e atualização profissio- Africana, até o presen- do Governo, que tal dos outros setores
nal. te com aplicação de téc- estimulem a para aplicação neste
As Instituições de ensino forne- nicas atualizadas para o transferência de segmento econômico
cem a base do conhecimento, a in- diagnóstico e medidas capital dos outros produtivo, gerador de
trodução, à vida profissional, o in- de controle de enfermi- setores para empregos e riqueza para
tróito, prefacio e índice. Alguns capí- dades. aplicação neste a economia global.
tulos serão mais densos e ricos de O Cooperativismo segmento
oportunidades. Cabe ao binômio pro- participou da organiza- econômico Revista CFMV -
fessor e aluno identificar as entreli- ção do setor, congregan- produtivo Tendo o Sr. também
nhas do processo. Neste aspecto é do, potencializando e atuado na área de ges-
que será exigido do mestre o interes- assessorando as forças existentes. tão ambiental, no IBAMA, qual a
se, o conhecimento de causa o dis- Nas regiões Sul e Centro Sul a so- sua expectativa em relação ao
cernimento e orientação. O autor de ciedade produtiva assumiu o contro- desenvolvimento sustentável da
cada capitulo é o mais experiente e le dessa política com grande dimen- nossa agropecuária, considerando
ENTREVISTA
a complexidade dos nossos ecossis- me na necessidade de produzir e o tema produtivo, estando diretamente
temas? imperativo de conservar a natureza, correlacionado com todos os aspectos
Dr. José Guilherme - A agrope- de forma sustentável para as próxi- da preservação do meio ambiente, do
cuária foi a principal mas gerações. desenvolvimento sustentável, amplia-
responsável pelas trans- do e progressivo, em busca do equilí-
É necessário que a
formações socioeconô- Revista CFMV - De brio entre crescimento econômico e
relação desenvol-
micas e ambientais que maneira o Sr. vê a equidade social. É co-responsável pela
vimento - ambien-
ocorridas no Brasil, con- atuação profissional do implementação e sucesso da Agenda
te, incluindo o
tribuindo de forma efe- Médico Veterinário na 21, assimilando e aplicando seus prin-
tiva para o desenvolvi- aspecto social da execução da política cípios e valores, na dimensão possível
mento. Ainda hoje, em questão, seja ambiental no Brasil? a cada cidadão.
determinadas regiões, o considerada como Dr. José Guilherme -
aumento da produção objetivo As questões ambientais Revista CFMV - Finalizando,
ocorre com forte nexo permanente, estão muito além do exer- pediríamos que o Sr. traduzisse a sua
com a ampliação da visando atingir o cício profissional na longa e profícua experiência profis-
fronteira agrícola, como crescimento Medicina Veterinária, já sional em uma mensagem aos novos
no bioma cerrado na econômico que se situam no compro- médicos veterinários.
Bahia, com a prática de sustentável misso com a vida. Dr. José Guilherme - O mercado
queimadas e desmata- Qualquer que seja o de trabalho está em processo transi-
mentos visando a implantação de lugar onde o Médico Veterinário este- tório de retração. O desafio é a criação
projetos agropecuários, agravado, ja atuando, deve prevalecer o sentido de oportunidades de trabalho produti-
ainda, pelo uso indiscriminado de de- da preservação da natureza em todos vo, úteis às comunidades. O objetivo
fensivos e fertilizantes, produzindo os seus aspectos, pelo poder da lide- é ser sempre empresário do seu co-
riquezas mas degradando e poluindo rança e participação, construindo uma nhecimento, de sua experiência e com-
o solo e as águas. proposta que contemple os interesses petência.
A sociedade brasileira evolui, ain- econômicos, sociais, culturais e am- Sua remuneração será proporcio-
da que lentamente, de um conceito bientais. nal à produtividade. Você será dono
de conflito da economia com a eco- É, fundamental e indispensável que do seu destino. Seja o que fizer, deve-
logia, em direção ao desenvolvimen- o Médico Veterinário incorpore o co- rá ser transformado em centro de ex-
to sustentável. Realmente, o compor- nhecimento que os recur- celência e competência.
tamento dos empresários do setor sos naturais só estarão Há um mundo de coisas
vem sendo modificado positivamen- disponíveis para a atual e Você será dono para fazer.
te no sentido da adoção de práticas futura gerações se utiliza- do seu destino. O sucesso profissio-
ambientalmente corretas. dos de modo racional, Seja o que fizer, nal, aspiração legitima
Lamentavelmente, ainda existem compatível com a preser- deverá ser dos futuros colegas, é
produtores que infringem a legisla- vação e o tempo da rege- transformado em sempre possível e as
ção e muitos são penalizados pelos neração e recuperação do centro de oportunidades estão
órgãos governamentais, criticados bem utilizado. excelência e correlacionadas à visão
pela sociedade, sofrendo as conse- A Agenda 21 brasilei- de futuro, criatividade
competência. Há
qüências da própria degradação pra- ra é o instrumento básico e capacidade para ino-
ticada. para a construção do mo- um mundo de vações.
É necessário que a relação desen- delo de desenvolvimento coisas para fazer O aprendizado é um
volvimento - ambiente, incluindo o que otimiza as possibili- processo permanente e irá
aspecto social da questão, seja consi- dades de produção, reduzindo os im- perdurar durante toda a vida.
derada como objetivo permanente, pactos negativos. Finalmente, vale a lembrança de que
visando atingir o crescimento econô- O Médico Veterinário é um partici- as cidades de pequeno porte irão rece-
mico sustentável. pante indispensável na execução da po- ber os pioneiros, dispostos a crescer e
Basicamente, a questão se resu- lítica ambiental por sua inserção no sis- viver uma vida mais humana.
PREMIAÇÃO
Q
ções pela vida docente, atividades
científicas, literárias e artísticas, des-
uando graduou-se, em 1957, tacando-se sempre sua dedicação à
na Escola Superior de Veterinária da Medicina Veterinária.
Universidade Rural de Pernambuco, o Nascido na turística cidade de
jovem Gilvan de Almeida Maciel não Pesqueira, distante pouco mais de du-
poderia imaginar uma trajetória de zentos quilômetros do Recife, no agres-
vida tão rica e variada, com ramifica- te pernambucano, cidade conhecida
PREMIAÇÃO
como a terra do doce, da renda e da Diretoria Estadual do Ministério da notável educador, homem ligado à so-
devoção, Dr. Gilvan Maciel desenvol- Agricultura, em Pernambuco, passan- ciabilização dos seus conhecimentos,
veu esforços no sentido de melhor se do, em 1976, a coordenar o Grupo ao ensino daquilo que a vida, a pesqui-
aperfeiçoar, ampliando seus conheci- Implantador da Federalização da sa e os estudos lhe oportunizaram.
mentos em nível de extensão univer- Inspeção de Carnes, em Pernambuco. Recentemente, aposentou-se como
sitária. Assim, ao correr do tempo, em As atividades ligadas à fiscalização Professor Adjunto 4, do Departamento
vários cursos no Brasil, foi apreenden- de produtos de origem animal, na ver- de Tecnologia Rural da Universidade
do conteúdos como: educação sanitária, dade, tornaram o Dr. Gilvan um espe- Federal Rural de Pernambuco. Sua par-
tecnologia de alimentos, imunologia cialista no assunto, respeitado em todo ticipação em Comissões e Bancas
das parasitoses, tecnologia do pesca- o país pelos seus conhecimentos em to- Examinadoras foi vasta, assim como
do, inspeção de carnes e inspeção e tec- das as suas particularidades. Por isso, teve significativa atuação na supervi-
nologia de alimentos utilizados em nu- credenciado para exercer a fiscaliza- são e ou orientação, tendo sido respon-
trição animal etc. ção das atividades que tratavam de leis sável, diretamente, por dezenas delas.
A trajetória de atividades profissio- específicas, por quase três décadas, Foi Consultor ‘Ad Hoc’ do Conselho
nais cumprida pelo Dr.Gilvan de Al- ocupou a chefia ou coordenação de Nacional de Desenvolvimento Cien-
meida Maciel não se limitou ao seu vários setores vinculados à fiscaliza- tífico e Tecnológico – CNPq, de 1983
querido estado de Pernambuco. No iní- ção de produtos de origem animal. Em a 1988, tendo relatado diversos proje-
cio da década de 60, era admitido como 1984, destacou-se na Coordenação do tos na área de Tecnologia de Alimentos.
Zoopatologista, na Divisão de Inspeção curso de Fiscalização de Alimentos Enunciamos aqui alguns dos prin-
de Produtos de Origem Animal, Animais, patrocinado pela DIFISA, sob cipais momentos deste notável homem
Inspetoria de São Paulo. Em 1963, por os auspícios da Comissão Permanente público que é o Dr. Gilvan de Almeida
designação, participava da Comissão de Treinamento do Ministério da Agri- Maciel. Sua vida e seus feitos são bem
de levantamento das condições dos es- cultura, em Recife. maiores do que aqui relatamos. Em seu
tabelecimentos abatedores do Estado A Medicina Veterinária, em toda essa pronunciamento, quando da sessão so-
de São Paulo. trajetória de vida, têm merecido aten- lene na qual lhe foi conferido o prêmio,
No período de 1967 a l971, por de- ção especial do Dr. Gilvan. Em 1992, o homenageado fez questão de desta-
signação do SIPAMA, respondeu pela foi o Presidente da Assembléia Eleitoral car a relevância para a Medicina Vete-
chefia da Inspetoria Regional do SIPA- para renovação da Diretoria e Corpo de rinária do saudoso Dr. Paulo Dacorso
MA, com sede em Recife e tendo como Conselheiros do CRMV/Alagoas, de- Filho, destacando ainda que saía de sua
jurisdição todos os estados das regiões signado pelo Presidente do CFMV, de- condição de homenageado para fazer
Norte e Nordeste. monstrando seu permanente interesse duas homenagens pessoais. Falou en-
Em 1974, na Faculdade de Medi- pela valorização profissional dos tão de sua admiração em relação ao Dr.
cina Veterinária da USP, em São Paulo, Médicos Veterinários e Zootecnistas bra- Benedito Fortes Arruda, presidente do
ministrou cursos de Inspeção e Tec- sileiros. Devido a isso, galgou os mais CFMV e do Dr. Gerson Harrop Filho,
nologia de Aves, já mesclando suas ati- relevantes postos, como: Presidente do presidente do CRMV/PE, para os quais
vidades práticas de Medicina CRMV/PE, Presidente da Sociedade citou palavras do então deputado Ulis-
Veterinária com o ensino superior. Ain- Pernambucana de Medicina Veterinária, ses Guimarães: “cumpriu-se o magis-
da em 1974, era designado Coordena- Conselheiro do CFMV e Conselheiro tério do filósofo: o segredo da felicida-
dor do Grupo de Levantamento de do Colégio Brasileiro de Médicos Vete- de é fazer o seu dever e o seu fazer”.
Matadouros de Aves e Coelhos, em São rinários Higienistas de Alimentos. Ser agraciado com o Prêmio Paulo
Paulo, com vistas à implantação da fe- Cumpre destacar também sua passagem, Dacorso Filho foi uma justa homena-
deralização dos serviços de Inspeção. 1992/94, como Presidente da Associação gem a este homem que tem pautado
Em seguida, cumprindo a alternância dos Professores da UFRPE. Atualmente sua vida em fazer bem, com humilda-
de estar em outros estados, sempre vol- é Presidente da Academia Pernam- de, o que pode fazer de melhor. Pelo
tado a seu estado de origem, passou a bucana de Medicina Veterinária, reeleito que tem feito e pelo que é, o Prêmio
ser o Assessor de Carnes e Derivados para um novo mandato. está em boas mãos.
do Grupo Executivo de Inspeção de Cumpre destacar também o Dr. Parabéns, Dr. Gilvan de Almeida
Produtos de Origem Animal, da Gilvan de Almeida Maciel como um Maciel!
TÍTULO DE ESPECIALISTA
TÍTULO DE ESPECIALISTA
e) Os cursos deverão ter uma carga possa comprovar que o requerente desen- fissional nela qualificado, descartada a pos-
horária mínima de 500 h, das quais 80% na volve atividades na área da especialidade sibilidade de enquadramento em área de
área específica, a serem cumpridas no requerida por mais de 03 (três) anos. especialização correspondente ou afim.
máximo em 36 meses. Art. 8º Os títulos de mestre e doutor § 1º A alteração da lista que trata o
f) critérios para revalidação do título de obtidos no exterior somente serão aceitos caput deste artigo fica sujeita à aprovação
especialista a cada cinco anos. após haverem sido revalidados em institui- do Plenário do CFMV, devendo-se levar
§ 2º Só será permitido habilitar-se uma ção de ensino superior nacional, atendidas em conta a fundamentação da necessidade
sociedade, associação ou colégio, por espe- as exigências da Coordenação de desta alteração.
cialidade. Aperfeiçoamento de Pessoal Nível § 2º Os pedidos de alteração na lista de
§ 3º A habilitação se efetivará por meio Superior - CAPES/MEC. especialidades poderão ser subscritos por
de resolução do CFMV, após apreciação do Art. 9º O médico veterinário dirigirá o entidades que já estejam habilitadas a con-
processo devidamente instruído. seu requerimento ao Conselho Regional no ferir título de especialista ou aquelas cujos
Art. 6º É vedado o registro de título de qual se encontra com inscrição principal, processos de habilitação estejam em trâmi-
especialista por entidade que não tenha instruindo-o com cópias das peças de docu- te no CFMV, com parecer preliminar de
obtido do CFMV a homologação dos crité- mentos que houverem feito parte do pro- uma Comissão Mista de Especialidades
rios para a concessão destes títulos. cesso que dera origem ao título junto à instituída pelo Conselho Federal.
Art. 7º Os critérios para concessão de sociedade, associação e colégio de âmbito Art. 12. O título de especialista regis-
títulos de especialista por uma determinada nacional, qual seja, o Certificado conferido trado no Conselho Regional terá validade
sociedade, associação ou colégio somente pela entidade, o memorial, eventuais atas pelo período de 05 (cinco) anos, contados
poderão contar com a homologação do de julgamento e/ou resultados de exames da data do seu registro no CRMV, após o
CFMV quando o título conferido estiver prestados junto às entidades citadas, certifi- que o especialista deverá encaminhar ao
condicionado aos seguintes instrumentos: cados conferidos por instituição de ensino Conselho Regional, através da entidade de
I - título de doutor na área específica, superior ou qualquer outra entidade minis- especialistas pertinente, a comprovação de
conferido por instituição de ensino superior trante de cursos de especialização, mestra- que está atuando na área, mediante a apre-
reconhecida pela CAPES/ MEC; do ou doutorado. sentação de certificados pela realização de
II - título de mestre na área específica, § 1º O Conselho Regional após a análi- palestras, cursos, participação em concla-
conferido por instituição de ensino superior se da documentação apresentada e consta- ves técnicos e publicação de trabalhos.
reconhecida pela CAPES/MEC; tada a autenticidade, emitirá um parecer Parágrafo único. O não atendimento ao
III - certificado de curso de especializa- conclusivo sobre a concessão do título de que estabelece o caput deste artigo implica-
ção na área específica, conferido por insti- Médico Veterinário Especialista, e subme- rá no cancelamento do registro do título de
tuição de ensino superior reconhecida pelo terá à homologação do Plenário do CFMV; especialista.
CNE/MEC ou entidades de especialistas, § 2º O ato de homologação de que trata Art. 13. Ficam convalidados os títulos
cujo curso atenda aos requisitos desta o parágrafo anterior constará de resolução de especialistas registrados sob a égide da
Resolução; exarada pelo CFMV e ensejará o retorno do Resolução CFMV nº 625, de 16 de março
IV - certificado de conclusão de processo ao Conselho Regional de origem; de 1995, embora sujeitos a reavaliação de
Programa de Residência em Medicina § 3º O Conselho Regional procederá ao que trata o art. 12 desta Resolução.
Veterinária (R1 e/ou R2), desde que atenda pertinente registro de concessão do título, Art. 14. Esta Resolução entra em vigor
às exigências previstas na Resolução fazendo constar na Cédula de Identidade na data de sua publicação e revoga as dis-
CFMV nº 752, de 17 de outubro de 2003; Profissional a especialidade correspon- posições em contrário, especificamente a
V - resultado de prova de conhecimen- dente. Resolução nº 625 de 16 de março de 1995.
to específico fornecido pela sociedade, Art. 10. A lista das especialidades e
associação ou colégio credenciado pelo áreas de atuação, objeto de registro junto Méd. Vet. Benedito Fortes de Arruda
CFMV sempre que o requerente não for aos Conselhos Regionais, é a que consta do Presidente - CRMV-GO Nº 0272
portador de qualquer dos títulos menciona- Anexo à presente Resolução.
dos nos incisos I e II deste parágrafo; Art. 11. A lista das especialidades e Méd. Vet. André Luiz de Carvalho
Parágrafo único. É obrigatório em áreas de atuação de que trata o art.10 pode- Secretário-Geral - CFMV Nº 0622
todos os casos previstos nos incisos deste rá ser alterada sempre que novas áreas do
artigo a apresentação de memorial onde se conhecimento passarem a contar com pro-
TÍTULO DE ESPECIALISTA
ANEXO
NOVAS TECNOLOGIAS
O
da descoberta com grandes laborató- Nas palavras do Dr. Marcelo
rios quanto ao uso dos resultados da Molento: “Trata-se de uma descober-
pesquisador e professor de pesquisa na elaboração de medica- ta extremamente importante devido ao
Medicina Veterinária da Universidade mentos antiparasitários. fato de que, agora, com essa nova tec-
Paranaense (Unipar), Marcelo Beltrão Partindo do princípio de que moscas nologia, podemos aumentar a eficácia
Molento, tem merecido destaque no do chifre, vermes e demais moscas são das drogas antiparasitárias contra or-
Brasil e em países como Canadá e os principais causadores de significati- ganismos resistentes. Descobrimos
Estados Unidos, graças a sua partici- vas perdas na pecuária – porque redu- que, quando drogas do grupo das aver-
pação em descobertas no campo do zem a produção de leite e carne, além mectinas/milbemicinas são utilizadas
controle de parasitas. A pesquisa par- de prejudicar a qualidade do produto associadas com drogas moduladoras,
tiu de um estudo sobre o uso do vera- – buscou-se criar uma alternativa a elas podem ter um aumento significa-
pimil que, combinado com outras mais, de maior eficácia, no combate tivo em sua eficácia”.
drogas, no tratamento de determina- de tais pragas. O estudo da Universi- O Dr. Marcelo Molento é PhD em
dos tipos de câncer, alcançava melho- dade McGill, confirmou o papel da gli- parasitologia, título recebido este ano
res resultados. O Dr. Marcelo, em tra- coproteina-P, uma estrutura de defesa pela renomada McGill University,
balho de equipe que vem sendo reali- presente na parede celular, como fator Montreal – Canadá. Dentre seus princi-
zado há mais de seis anos na universi- responsável pelo desenvolvimento da pais objetivos estão os de ampliar seus
dade canadense McGill, chegou a resistência dos parasitos a determinadas conhecimentos neste tema de interesse
resultados bastante animadores. O drogas. O verapamil bloqueia a protei- médico, paralelamente, aplicar e socia-
grupo patenteou a descoberta nos na, permitindo a ação da droga antipa- bilizar tais avanços com outros estudio-
EEUU e está negociando a aplicação rasitária. sos e alunos de medicina veterinária.
CÂMARA
RETRANCA
TEMÁTICA
Criada
Câmara Temática de Ciências Agrárias
E
Ciências Agrárias. Segundo informou
o Dr. Alexander Estermann, represen-
m dois de novembro último, tante do CFMV na Câmara: “ é preci-
em Belo Horizonte, quando da reali- so saber quem somos e quantos
zação do XXIII Congresso Brasileiro somos”. A partir disso se poderá fazer
de Agronomia, foi oficialmente insta- um planejamento mais realista da
lada a Câmara Temática em Ciências absorção de todos os técninos que
Agrárias que, dentre seus propósitos, atuam no segmento agrícola, nas suas
está o de promover uma maior inte- diversas categorias.
gração da Pesquisa, Ensino e O Dr. Alexander Estermann é médi-
Extensão para que o importante seg- co veterinário formado na 1a. turma da
mento agrícola brasileiro, incluindo aí UFV - Viçosa/MG, em Dez/81 com atu-
o agronegócio, aprimore-se e amplie ação no Mato Grosso e representante do
sua já destacada participação no cená- CFMV na Câmara Temática. Para ele,
rio mundial. uma das razões da presença do CFMV
A primeira reunião da Câmara na Câmara se deve ao fato de ser o
aconteceu no dia 29/10/03, sendo ins- Médico Veterinário um dos atores do
talada pelo Ministro da Agricultura, processo, ocupando importante espaço
Pecuária e Abastecimento para atender no Agronegócio, atuando no campo, no
as questões relativas aos profissionais gerenciamento agroindustrial, na saúde
de Ciências Agrárias, visando seu apri- pública, na fiscalização de produtos de
moramento, valorização profissional, origem animal, na nutrição animal, na
geração de empregos e renda, bem sanidade animal e no controle das zoo-
estar social e responsabilidade am- noses. Frisa o Dr. Estermann: “Somos
biental. O tema é amplo, porém são profissionais inseridos no contexto das
esses profissionais que estão fazenda a Ciências Agrárias e ocupando importan-
diferença no campo e na lavoura, alia- tes espaços no desenvolvimento e na
dos aos empresários empreendedores e consolidação de posições do Agro-
a natural vocação do homem rural. negócio Brasileiro. Muito já se falou do
Para seus membros, a Câmara papel desbravador e de ocupação da
Temática de Ciências Agrária têm fronteira agrícola da pecuária de corte
uma longa jornada de trabalho pela na expansão do Agronegócio. Pois bem,
frente, uma vez que os objetivos serão onde está a pecuária, lá está o Médico
estabelecidos ao longo das dis- Veterinário, pioneiro e empreendedor,
cussões, mas o primeiro deles já foi dando suporte técnico e garantindo o
designado na reunião, que é o de se sucesso da atividade.”
fazer o diagnóstico do perfil e quanti- Com a participação do Dr.
dade de profissionais das Ciências Alexander Estermann, o Conselho
Agrárias que atuam no país. O objeti- Federal de Medicina Veterinária está
vo é conhecer o número de cursos téc- representado à altura na Câmara
nicos e superiores existentes, sua dis- Temática de Ciências Agrárias e,
tribuição geográfica, o número anual principalmente, em nossa revista,
de formandos e o número de profis- procurar-se-á divulgar os encaminha-
sionais registrados nos diferentes mentos e resultados alcançados no
Conselhos Regionais da área de âmbito da Câmara.
FARMACOLOGIA
FARMACOLOGIA
necessitam, de maneira geral, de sagem” no fígado, ou seja, parte deste ção da maioria dos medicamentos
maiores doses por unidade de peso medicamento já pode sofrer biotrans- administrados por via oral, em função
corporal. Assim, via de regra, a meia- formação, antes mesmo de atuar em de sua extensa área e rica vasculariza-
vida de uma substância que é bio- seu sítio de ação. Neste caso a biodis- ção. No entanto, pode haver uma
transformada e eliminada pelo orga- ponibilidade pode diminuir substan- absorção bastante significativa em
nismo decai, quando a taxa de bio- cialmente. outros locais do TGI, como, por
transformação aumenta. Considerando que uma das vias exemplo, no rúmen - retículo, onde a
O conhecimento da farmacocinéti- mais comuns de administração de capacidade de volumétrica é ao redor
ca é a maneira mais segura, e de medicamentos é a oral para as dife- de 100 – 225 L em bovinos adultos.
menor custo, para responder aos rentes espécies de animais domésti- Portanto, pode haver diferenças
questionamentos relativos à posolo- cos, e que as maiores discrepâncias importantes na absorção de medica-
gia (dose, freqüência e via de admi- no que se refere à absorção, são mentos quando se compara animais
nistração e duração do tratamento), encontradas quando se administra o mono e poligástricos.
influência da dieta quando da admi- medicamento por esta via, a seguir Deve ser ressaltado também que
nistração por via oral, adaptação da será dada ênfase à administração por mesmo entre os monogástricos exis-
posologia frente a certas patologias via oral. tem consideráveis discrepâncias en-
que acometem o animal etc. De maneira geral, pode-se afirmar tre espécies, no que se refere ao TGI.
Considerando estes aspectos, este que a biodisponibilidade de um medi- Os eqüinos, por exemplo, são mono-
artigo pretende comentar como algu- camento administrado por via oral gástricos herbívoros com reservató-
mas características farmacocinéticas, decresce de acordo com a sua apre- rio gástrico relativamente pequeno e
ou seja, como a absorção, a distribui- sentação, na seguinte ordem: solução, grande comprimento do ceco - cólon,
ção, a biotransformação e a excreção suspensão, cápsulas, comprimidos e onde a participação da microbiota é
das substâncias podem causar gran- drágeas. importante. Cães, ao contrário, têm
des disparidades de respostas, nas Em relação às espécies animais, a uma extensão estomacal relativa-
diferentes espécies animais, aos disposição anatômica do trato gas- mente grande e pequeno tamanho do
medicamentos. trointestinal e a sua fisiologia digesti- ceco - cólon; enquanto os suínos
va determinam a característica de ocupam uma posição intermediária
I - ABSORÇÃO absorção do medicamento. Para que (Quadro 1). Outro importante fator
ocorra a absorção de um medicamen- díspar entre monogástricos herbívo-
A absorção descreve a taxa pela to no trato gastrointestinal (TGI) é ros e os carnívoros/ omnívoros é o
qual o medicamento deixa o seu sítio necessário que este seja liberado de pH estomacal. O pH do estômago de
de administração e adentra a corrente sua forma farmacêutica e tenha a eqüinos é bem menos acídico (ao
sangüinea, e em que extensão isso capacidade de atravessar as barreiras redor de 5,5) do que o de cães, gatos
ocorre. Por outro lado, para o Médico celulares, atingindo a circulação san- (aproximadamente 3 - 4) e, depen-
Veterinário o que interessa é a biodis- güínea. Ressalte-se que o intestino dendo da dieta, também dos omnívo-
ponibilidade deste medicamento, delgado é o principal local de absor- ros.
mais do que sua taxa de absorção. O
termo biodisponibilidade se refere à Quadro 1 - Capacidade relativa de compartimentos do sistema digestivo de
quantidade de um medicamento, con- algumas espécies animais domésticas monogástricas
tido em determinada forma farmacêu-
Capacidade Relativa (%)
tica, que, ao ser administrada, atinge
Compartimento Eqüino Suíno Cão
o local de ação. Por exemplo, um
medicamento administrado por via Estômago 8,5 29,2 62,3
oral atinge o trato gastrointestinal, Intestino delgado 30,2 33,5 23,3
atravessa as barreiras celulares, ganha Ceco 15,9 5,6 1,3
a circulação sangüínea, em particular Cólon ascendente 38,4 31,5 13,1
a veia porta hepática, ocorrendo o Cólon descendente e reto 7,0
denominado “efeito de primeira pas- Fonte: Baggot (2002).
FARMACOLOGIA
Deve-se, também, considerar os Ainda neste contexto, deve se consi- deravelmente a disponibilidade de
contrastes entre os herbívoros e os derar que a velocidade de esvazia- medicamentos lipossolúveis que
carnívoros/omnívoros. Assim, ao mento gástrico representa um dos sofrem biotransformação intensa no
contrário dos carnívoros, os herbívo- fatores fisiológicos de grande impor- fígado, como, por exemplo, o diaze-
ros possuem complexa biota anaeró- tância no controle da velocidade de pam.
bica no rúmen - retículo ou no ceco – absorção de um medicamento, já que Merece destaque, ainda, a admi-
cólon. Desta maneira, esta microbiota esta se faz, principal- nistração oral de medica-
pode promover a degradação de mente, no intestino del- mentos às aves, tanto em
De fato, os
medicamentos, de maneira significa- gado, quando se consi- função desta ser a via
microrganismos
tiva, já no TGI destas espécies herbí- deram os carnívoros/ mais comum de adminis-
do rúmen têm a
voras. De fato, os microrganismos do omnívoros. Por outro capacidade de tração de medicamentos
rúmen têm a capacidade de biotrans- lado, em herbívoros ru- biotransformar, nestes animais (é bastan-
formar, por hidrólise ou redução, minantes os fatores que por hidrólise ou te rara a administração
vários medicamentos, inativando-os, determinam a absorção redução, vários por outras vias), como
como, por exemplo, o trimetoprim, o não incluem o esvazia- medicamentos, também devido as suas
cloranfenicol e o nitroxinil. Por outro mento estomacal, já que inativando-os, particularidades anatô-
lado, deve-se considerar que a utiliza- dificilmente os compar- como, por micas e fisiológicas, bas-
ção de alguns medicamentos por via timentos gástricos ficam exemplo, o tante peculiares. Assim,
oral, como alguns antibióticos, pode vazios. Ainda, em rela- trimetoprim, o quanto ao papo, a absor-
causar a morte de parte da fauna e ção ao rúmen, como o cloranfenicol e o ção neste compartimento
flora ruminal ou do ceco – cólon e, alimento fica retido (e, nitroxinil parece ser mínima ou au-
consequentemente, inibir a quebra da consequentemente, o sente. Por outro lado,
celulose, causando, assim, um pro- medicamento) neste local de 16 – 48 h, deve-se considerar o papo como um
fundo dano no ecossistema do TGI. O é importante considerar o pK (que é local de “depósito”, sendo que os ali-
exemplo marcante deste efeito é o uso definido como o logaritmo negativo mentos secos ficam ai armazenados
de lincosamidas em eqüinos. A admi- da constante de ionização, ou de dis- por maior período de tempo que os
nistração deste antimicrobiano acar- sociação do medicamento.) O rúmen alimentos úmidos. Considerando-se
reta a morte de parte da flora normal possui um pH que varia entre 5,8 – este fato, deve ser ressaltado que,
do cólon, favorecendo a proliferação 6,4, portanto, substâncias de caráter dependendo do tipo de alimento
de cepas de Clostridia resistentes às básico neste compartimento estarão administrado junto com a medicação,
lincosamidas, que levam o animal a na sua forma ionizada, tendo maior o papo pode retardar a biodisponibili-
apresentar um quadro de colite dificuldade para serem absorvidas e, dade do mesmo. Exemplificando, em
hemorrágica e diarréia, que pode cul- consequentemente, poderão ficar aí um estudo no qual administrou-se aos
minar com a morte do animal. retidas. Deve-se, finalmente, conside- frangos amoxicilina em tabletes, veri-
O tamanho relativo do TGI é, rar o efeito da primeira passagem que, ficou-se que o tempo de biodisponibi-
ainda, outro fator relevante quando se como citado anteriormente, se aplica lidade deste medicamento variou
considera a absorção de um medica- a todas as espécies animais e, neste entre 0,5 – 6,0 h, dependendo da com-
mento no TGI de herbívoros e de car- particular, as espécies herbívoras têm posição do alimento ingerido pelo
nívoros/omnívoros. Neste sentido, maior capacidade de biotransforma- animal. Ainda em relação ao papo das
sabe-se que o TGI de herbívoros ção de substâncias, podendo-se con- aves, deve-se considerar o pH, que
ocupa uma porcentagem relativamen- cluir que a biodisponibilidade de um está ao redor de 4,3; portanto, depen-
te grande do organismo do animal; determinado medicamento adminis- dendo do pK do medicamento, este
portanto, pode-se supor que as intera- trado pela via oral deverá ocorrer, poderá se precipitar neste segmento
ções físico – químicas com a “massa como regra geral, em menor extensão do TGI, ficando aderido a partículas
digestiva” e a cinética do fluxo diges- nos herbívoros, quando comparado de comida ou da mucosa. Não deve
tivo afetam sobremaneira a taxa de com os não herbívoros. Assim, em ser esquecida, também, a flora exis-
passagem do medicamento, bem herbívoros, o efeito da primeira pas- tente no papo. Neste sentido, verifi-
como influenciam a sua absorção. sagem pelo fígado pode reduzir consi- cou-se que o tratamento de galinhas
FARMACOLOGIA
com antibióticos macrolídeos ficou então, se na molécula existir grupos cessos estão diretamente relacionados
comprometido, devido à ação de Lac- funcionais passíveis para sofrer ao conceito de meia–vida, a qual é
tobacillus existentes na flora do papo, hidrólise ou redução, estas podem ser definida como o tempo necessário
causando a inativação de grande parte parcialmente inativadas por microrga- para que a concentração (geralmente
do medicamento administrado. nismos ruminais. expressa em mg/ml) de uma determi-
As características anatômicas do Embora a ligação de proteínas nada substância no sangue se reduza à
estômago e dos intestinos das aves plasmáticas com o medicamento varie metade. O conhecimento deste con-
também devem ser consideradas. entre as diferentes espécies animais, a ceito é fundamental para se preconi-
Assim, em relação ao estômago, este extensão de variação é relativamente zar a posologia.
se apresenta como duas câmaras, o pequena, não apresentando, usual- A meia-vida é o parâmetro farma-
proventrículo (porção glandular) e a mente, diferenças clínicas significan- cocinético utilizado para avaliar a
moela (ou ventrículo). A moela pode tes entre elas. Por outro lado, pode taxa de eliminação do medicamento.
ser comparada a uma máquina tritura- haver diferenças na ligação às proteí- É importante ressaltar que a maioria
dora; portanto, se o medicamento for nas plasmáticas com medicamentos dos medicamentos, que são primaria-
administrado em forma sólida junta- de caráter acídico, sendo este fato, de mente eliminados pela biotransforma-
mente com o alimento particulado, a maneira geral, relacionado à albumina ção hepática, tem grande variação
ação mecânica da moela irá moer efi- plasmática. Assim, a menor concen- neste parâmetro, entre as diferentes
cientemente a forma medicamentosa, tração de albumina nas aves, quando espécies de animais domésticas. O
facilitando a absorção. Quanto aos comparada a de mamíferos, faz com Quadro 2 apresenta alguns exemplos
intestinos, deve-se também conside- que haja menor ligação de medica- de medicamentos e suas respectivas
rar que, neste compartimento, existe mentos de caráter acídico em aves e, meia-vida em algumas espécies ani-
uma flora exuberante que pode produ- consequentemente, pode-se supor que mais e no homem. De maneira geral,
zir a inativação de certos medicamen- estes medicamentos de caráter acídico pode-se dizer que a meia vida das
tos, por meio de biotransformação são mais eficientemente distribuídos substâncias é menor em espécies her-
(hidrólise ou redução). nas aves do que em mamíferos. bívoras do que em carnívoras, en-
quanto que no ser humano as substân-
II – DISTRIBUIÇÃO III – BIOTRANSFORMAÇÃO cias têm meia vida maior do que nos
animais domésticos. Por outro lado,
Uma vez absorvido o medicamen- Antes de tecer alguns comentários deve-se salientar que há várias exce-
to, este pode permanecer sob a forma sobre a biotransformação, deve-se ções a esta regra, como as metilxanti-
livre no sangue, ligar-se a proteínas definir meia–vida de um medicamen- nas (por exemplo, a teofilina) em
plasmáticas ou, então, ser seqüestrado to. A eliminação dos medicamentos eqüinos e a fenilbutazona em bovinos.
para depósitos no organismo. Deve consiste na sua perda irreversível do A biotransformação consiste na
ser ressaltado que somente o medica- organismo. Este efeito ocorre por transformação química de substâncias
mento na forma livre é distribuído meio de dois processos: a biotransfor- (por exemplo, medicamentos), dentro
para os tecidos. mação e a excreção. Estes dois pro- do organismo vivo, visando favorecer
Existem diferenças significantes
na distribuição de medicamentos, par- Quadro 2 - Variação na meia vida (em horas) entre as espécies de alguns
ticularmente as bases orgânicas lipos- medicamentos
solúveis, entre ruminantes e mono-
Medicamentos Bovino Eqüino Cão Homem
gástricos. De fato, após a administra-
Pentobarbital 0,8 1,5 4,5 22,3
ção parenteral, as bases lipofílicas
difundem-se passivamente da circula- Salicilatos 0,8 1,0 8,6 12,0
ção sistêmica para o fluxo ruminal Trimetoprim 1,25 3,2 4,6 10,6
(onde o pH está ao redor de 5,8 – 6,4), Enrofloxacina 3,8 18,2 4,25 4,9
dissociando-se e, desta forma, ficam Teofilina 6,9 14,8 5,5 9,0
retidas neste compartimento e, apenas Fenilbutazona 42 - 66 4,1 - 4,7 2,5 - 6,0 72,0
lentamente são reabsorvidas, ou Fonte: Baggot (2002).
FARMACOLOGIA
a sua eliminação. Este processo permi- Quadro 3 - Defeitos em reações de conjugação verificados em algumas
te a formação de metabólitos que são espécies animais domésticas
habitualmente mais polares e menos
Espécie Reação de conjugação Grupo – alvo Característica da
lipossolúveis do que a molécula origi-
reação
nal, favorecendo, portanto, a elimina-
ção da mesma. Usualmente, a bio- Gato Glicuronidação - OH, -COOH, -NH2 presente, mas em
pequena extensão
transformação, além de promover a
eliminação, pode também inativar far- Cão Acetilação =NH, -SH Ausente
macologicamente o medicamento; Suíno Conjugação com sulfato Ar-OH, Ar – NH2 presente, mas em
contudo, esta regra também possui pequena extensão
várias exceções, pois existem metabó-
Fonte: Baggot (1977).
litos de medicamentos que apresentam
atividade farmacológica, os quais, em
alguns casos, são responsáveis pelos As reações de biotransformação certas espécies animais. O Quadro 3
efeitos tóxicos observados após a são divididas em duas fases: fase I e apresenta alguns exemplos de altera-
administração dos medicamentos. fase II. Na fase I, ocorre a conversão ções na conjugação de medicamentos
Além disto, há os “pró-medicamen- do medicamento original em um em algumas espécies animais. Este
tos”, como o anti-helmíntico triclanbe- metabólito mais polar, por meio de fato tem importante implicação no
dazole que, somente quando biotrans- oxidação, redução ou hidrólise. Estas uso de determinados medicamentos
formado (metabólito sulfóxido), se reações acontecem, geralmente, no em Medicina Veterinária, uma vez
converte em substância com atividade sistema microssomal hepático, no que a ausência de conjugação do
anti-helmíntica. A quase totalidade da interior do retículo endoplasmático medicamento com uma determinada
biotransformação ocorre no fígado, no liso e, para que as mesmas ocorram, é substância endógena poderá levar o
entanto, este processo pode também necessária a participação do sistema animal a um quadro tóxico grave,
ocorrer em outros tecidos, como intes- P–450. Este sistema compreende uma conduzindo até mesmo ao óbito. Um
tino, rim, pulmão e sangue, além do grande família (superfamília) de enzi- exemplo disto é o uso do acetamino-
rúmen, como citado anteriormente. mas relacionadas, porém distintas, feno (paraminofenol ou parecetamol)
A composição da dieta pode cau- que diferem uma das outras na em felinos. Este analgésico-antitérmi-
sar um profundo impacto na biotrans- seqüência de aminoácidos, na regula- co sofre a biotransformação, pelas
formação de substâncias. Neste senti- ção por inibidores e por agentes indu- enzimas denominadas de oxidases de
do, deve-se considerar que os carní- tores e, ainda, na especificidade da função mista, sendo o produto conju-
voros não tiveram a necessidade de reação que catalizam. A fase I ocorre gado principalmente com o ácido gli-
desenvolver um sistema microssomal de maneira ubiquitária e são quantita- curônico. Como os felinos têm defi-
de enzimas muito sofisticado, já que, tivamente similares em mamíferos, ciência da enzima glicuroniltransfera-
de maneira geral, há pequena varia- aves e peixes, porém diferem signifi- se, o acetaminofeno passa, então, a
ção de compostos estranhos (xeno- cativamente na velocidade e extensão sofrer a biotransformação apenas
bióticos) na sua dieta. Por outro lado, com que ocorrem. pelas oxidases de função mista, sendo
os herbívoros precisaram desenvolver As reações de fase II, denomina- o metabólito produzido nesta reação
um sofisticado sistema, pois na sua das também de reações sintéticas ou extremamente tóxico. Uma parte
dieta há uma gama variada de xeno- de conjugação, envolvem a ligação do deste metabólito tóxico é conjugado
bióticos, o que exigiu o desenvolvi- medicamento ou seu metabólito a um com a glutationa e excretado, porém a
mento de inúmeras enzimas. Por- substrato endógeno, como o ácido gli- maior parte liga-se à nucleófilos, cau-
tanto, pode-se considerar que, de curônico, radicais sulfatos, acetatos sando a toxicidade hepática.
maneira geral, tomando-se como ou aminoácidos. Ao contrário do que
parâmetro a biotransformação, a ocorre na fase I, as reações de fase II IV – EXCREÇÃO
meia-vida de eliminação de substân- diferem substancialmente entre as
cias no organismo de herbívoros é espécies, sendo que estas reações Os medicamentos podem ser
menor que em carnívoros/omnívoros. podem ser deficientes ou ausentes em excretados após a biotransformação
FARMACOLOGIA
ou mesmo na sua forma inalterada. Quadro 4 - Valores do clearance renal da inulina, de animais adultos,
Embora o rim seja a via mais impor- em algumas espécies
tante de excreção, alguns medicamen-
Espécie animal Valores médios (ml/min/kg)
tos podem também ser eliminados
pela bile. Outras vias de eliminação Eqüinos 1,66 (1,00 – 2,32)a
que também devem ser consideradas Bovinos 1,84 (1,02 – 1,90)
são: saliva, suor, glândulas mamárias,
Suínos 2,10 (1,80 – 2,50)
ovos e pulmões.
Cães 3,77 (1,74 – 5,86)
Excreção pelos rins
a
os limites da variação são apresentados entre parêntesis.
Fonte: Baggot (1977).
A excreção renal é a principal via
de eliminação de medicamentos que
têm como características serem alta- mento de caráter básico, na qual a estas características acima citadas.
mente ionizados e com baixa liposso- reabsorção da substância é bem maior Portanto, o clearence da inulina mede
lubilidade. Pode haver uma grande na urina de herbívoros do que de car- o volume de plasma filtrado no glo-
variação no tempo de eliminação des- nívoros. Exemplificando: a aspirina mérulo por minuto. O Quadro 4 mos-
tas substâncias, sendo que este fato se (pK 3,0) e o sulfisoxazol (pK 5,0) têm tra o clearence da inulina para algu-
deve, principalmente, a dois fatores: o excreção bem mais lenta em cão que mas espécies de animais domésticos.
pH urinário e o clearence (depuração) no eqüino; por outro lado, substâncias Assim, este Quadro mostra, por
renal. As moléculas do medicamento de caráter básico, como a anfetamina exemplo, que cães têm uma alta taxa
e/ou seus metabólitos, passam do (pK 9,0) têm meia-vida de eliminação de filtração, enquanto eqüinos a pos-
capilar glomerular para o lúmen tubu- maior em herbívoros que em carnívo- suem baixa. Este fato pode ter impor-
lar. A quantidade de substância que ros. Em relação às espécies omnívo- tância para a avaliação da meia-vida
irá adentrar ao túbulo renal é depen- ras, o pH da urina irá variar conforme de alguns medicamentos, como gen-
dente da taxa de filtração glomerular. a dieta, mas, de maneira geral, o pH tamicina, ampicilina, carbenicilina,
Uma vez que há o aumento da con- da urina é ácido, comportando-se, benzilpenicilina, cefaloridina, oxite-
centração da substância ao longo do portanto, da mesma maneira do que traciclina e furosemida que sofrem
néfron, vai se estabelecendo um gra- nos carnívoros. pouca biotransformação no organis-
diente favorável para a sua reabsor- Outro parâmetro também muito mo, sendo a taxa de eliminação renal
ção. Por outro lado, deve ser conside- utilizado para avaliar a eliminação de o principal fator que determina a
rado também que o epitélio tubular é substâncias via renal, é o clearence duração de sua ação. Portanto, com-
permeável somente a moléculas (ou depuração) renal. Este parâmetro parativamente aos cães, os eqüinos
lipossolúveis e que o grau de ioniza- varia de maneira acentuada entre os devem apresentar maior meia–vida de
ção é determinado pelo pK da subs- medicamentos, e também entre as eliminação desses medicamentos.
tância e o pH urinário. Assim, saben- diferentes espécies animais. O clea-
do-se que a urina de carnívoros tem rence é definido como o volume de Excreção pela bile
caráter acídico (pH 5,5 – 7,0) e a de plasma que é completamente depura-
herbívoros é alcalina (pH 7,2 – 8,4), do pelos rins por unidade de tempo, A excreção biliar pode, para um
substâncias de caráter acídico na sendo expresso por ml/min. Esta taxa determinado medicamento, ter ou não
urina de carnívoros formam maior de filtração pode ser determinada, importância, dependendo da espécie
quantidade de moléculas lipossolú- medindo-se o clearence renal de animal. Cães e aves são consideradas
veis do que se fosse em herbívoros; substâncias que são filtráveis pelos espécies boas excretoras; já os felinos
consequentemente, medicamentos de capilares renais, mas não são secreta- e ovinos são animais que apresentam
caráter acídico são reabsorvidos mais das nem absorvidas, nem tampouco como característica serem moderada-
eficazmente da urina de carnívoros do exercem qualquer função no túbulo mente excretores. Por outro lado, os
que de herbívoros. O mesmo raciocí- renal. Usualmente se mede o clearen- leporinos, macacos e o ser humano
nio é feito em relação a um medica- ce renal com a inulina, que apresenta são espécies animais consideradas
FARMACOLOGIA
más excretoras. No entanto, esta clas- local da infecção. Portanto, na escolha das substâncias se faz em camadas. A
sificação leva em consideração subs- de um medicamento de uso sistêmico quantidade absoluta do medicamento
tâncias com peso molecular ao redor para o tratamento de mastites, deve-se e/ou metabólitos a ser depositado na
de 300 a 500 daltons; para moléculas levar em consideração, não só a suscep- gema vai depender da fase de forma-
maiores, a via biliar é sempre consi- tibilidade do agente infeccioso, mas ção do ovo (estágio de desenvolvi-
derada de excreção, para qualquer também a concentração do medicamen- mento do oócito), da concentração da
espécie animal. to no úbere. substância no plasma e das proprieda-
Deve-se ressaltar que algumas Em relação à deposição de medi- des físicas e químicas da substância
substâncias eliminadas pela bile, ao camentos no ovo, vários estudos vêm (solubilidade em lipídeos e valor do
alcançarem o intestino, podem ser mostrando que, de fato, há grande pK). A deposição reversa, isto é, a
reabsorvidas (ciclo êntero–hepático), possibilidade de deposição de subs- saída do medicamento do oócito para
acarretando num retardo da excreção tâncias, tanto na clara como na gema. a membrana plasmática e daí para o
total desta substância. Por exemplo, o Em relação à clara, deve ser ressalta- sistema vascular é pouco provável;
antiinflamatório ibuprofeno, apresen- do que esta consiste de duas frações, portanto, uma vez que a substância se
ta este ciclo êntero–hepático, acarre- uma fina aquosa e escorregadia, e depositou na gema, esta permanece
tando uma meia–vida bastante longa, outra fina e gelatinosa, sendo secreta- lá. Quanto maior a lipossolubilidade
sendo, portanto, desaconselhável o das principalmente no magnum, antes do medicamento, melhor a penetração
seu uso nesta espécie animal. da formação da casca. A oxitetracicli- na gema. Observa-se a máxima con-
na e as sulfas e seus metabólitos são centração de medicamento deposita-
Excreção pelo leite e ovos exemplos de substâncias que podem do na gema, quando a postura do ovo
difundir-se rapidamente através des- ocorrer 3 dias após a máxima concen-
Sem dúvidas, o Médico Veteriná- tas membranas. Quanto à deposição tração plasmática deste medicamento.
rio deve estar sempre atento ao uso de de substâncias na gema, parece que
medicamentos e à possibilidade des- esta se faz no período final (últimos 8 Conclusão
tes e/ou de seus metabólitos serem a 11 dias antes da postura), quando os
excretados pelo leite ou ovos. O fato oócitos tornam-se altamente vascula- Concluindo, o sucesso de um tra-
de medicamentos se difundirem para rizados e crescem exponencialmente, tamento pode ser resumido, de manei-
o leite e ovos ganha relevância quan- de 8 para 35 mm de diâmetro. Neste ra singela, nesta frase: “que o medica-
do se considera a possibilidade de período, junto com a deposição de mento seja capaz de induzir os efeitos
atingirem a espécie humana. nutrientes, vários tipos de substâncias específicos desejados, com o mínimo
O epitélio secretor da glândula lipofílicas são também depositadas. O de efeitos colaterais”. Desta maneira,
mamária tem característica de uma transporte de material (nutrientes, a prescrição e a administração de me-
membrana lipídica e separa o sangue do medicamentos, metabólitos) para o dicamentos de maneira racional, sem
leite. O leite tem pH levemente inferior oócito ocorre através de vesículas que acarretar em riscos para o animal,
ao do sangue, variando entre 6,4 a 6,8, sofrem sucessivas fusões, originando nem para os consumidores de alimen-
em animais sadios. Assim, há maior o aumento do ovo. Todo este proces- tos de origem animal tem sido o desa-
facilidade para que substâncias de cará- so ocorre em uma estreita zona na fio principal da Farmacologia Veteri-
ter básico, sejam excretadas pelo leite. periferia da célula, sendo que estas nária e, sem dúvida, o conhecimento e
Vale também lembrar que nas mastites, esferas tornam-se fortemente compri- o aprimoramento dos estudos em far-
o pH do leite freqüentemente varia, midas e compactas (como as estrutu- macocinética, realizados nas diferen-
podendo influenciar na concentração de ras da cebola), formando camadas tes espécies animais, são indispensá-
um determinado antimicrobiano no concêntricas; portanto, a deposição veis para atingir estas metas.
FARMACOLOGIA
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CONSELHO FEDERAL
DE MEDICINA
VETERINÁRIA Diagnóstico e tratamento das Arritmias de
Cães e Gatos, observadas no Monitor Cardíaco 25
SCS - Quadra 1 - Bloco “E”
nº 30 - Ed. Ceará - 14º andar Eduardo Alberto Tudury, Aparecido Antônio Camacho,
Brasília-DF - Cep: 70303-900 Ilvio Mendes Vidal; Cynthia Mary Gomes Lagêdo;
Fone: (61) 322 7708 Pedro Paulo Vissotto de Paiva Diniz
Fax: (61) 226 1326
www.cfmv.org.br
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COMITÊ CIENTÍFICO
Elisabeth Gonzales
CRMV-SP 1427
Perda de qualidade do pescado,
Presidente deteriora e putrefação 59
Aurino Alves Simplício Glênio Cavalcanti de Barros
CRMV-CE 1282
Rômulo José Vieira
CRMV-PI 0080
José Luiz Laus
CRMV-SP 3375
Mônica Maria O. Pinho
Cerqueira
CRMV-MG 30511
Angela Maria Vieira Batista
CRMV/Z-PE 0035
CFMV_FINAL_18-DEZ-2003 12/19/03 10:15 AM Page 24
ERRATA
Na Revista CFMV tem-se buscado, a cada número, alcançar
um grau de qualidade editorial que satisfaça os pradrões de
excelência que os nossos leitores exigem e merecem. Por
problemas técnicos que escaparam ao nosso controle – no
processo de pré-impressão de responsabilidade da MedMídia
Associados, na conversão do PostScript para PDF, ocorreu uma
falha de leitura, ocasionando mudanças no arquivo original,
fazendo com que a matéria Diagnóstico e tratamento das
Arritmias de Cães e Gatos, observadas no Monitor Cardíaco,
publicada na edição anterior deste Suplemento Técnico,
aparecesse com uma série de erros e alterações de ordem de
alguns gráficos, inviabilizando o perfeito entendimento do artigo.
Com nossas excusas e em respeito aos conceituados autores e a
todos os nossos leitores, estamos republicando a matéria, na íntegra.
1992; Tilley, 1992; Massone, 1994; Os gráficos eletrocardiográficos in- Campus de Jaboticabal, de publicações
Miller & Tilley, 1995; Labato, 1997; seridos no trabalho foram disponibi- científicas (Severin, 1992; Tilley, 1992;
Kittleson & Kienle, 1998; Muir & lizados pelo Serviço de Cardiologia do Tyers et al., 1998) e através da inter-
Bonagura, 1998; Smith et al., 1998; Hospital Veterinário “Governador net (GE Marquette, 1999; KU Medical
Tyers et al., 1998; Fox et al., 1999; Laudo Natel” da Faculdade de Ciências Center, 1999; The Online Journal of
Ferreira, 2000). Agrárias e Veterinárias – Unesp – Cardiology, 1999).
Taquicardia Atrial (FC ≥ 220 bpm Filhotes de Cães e FC ≥240 bpm Gatos)
Ritmo rápido originado de um foco no átrio em direção ao nodo Sino-Atrial
“Flutter” Atrial (FC ≥ 300 bpm) e Fibrilação Atrial (FC ≥ 300 bpm)
Alta freqüência de ondas P sucessivas e/ou intercalando-se aos complexos QRS-T
Causas Tratamento
Anestesia geral; Taquicardia Atrial:
Alterações atriais patológicas; Diferenciar de taquicardia sinusal, pressionando os globos oculares ou o seio
Hipocalemia; carotídeo (a freqüência cardíaca não reduz nos casos de taquicardia atrial);
Digitálicos; Digoxina: 0,02mg/kg IV (observação: rápida digitalização não é recomendada,
exceto em emergências);
Quinidina;
Propanolol (0,2 a 1mg/kg TID ou Atenolol (0,25 a 1mg/kg BID);
Trauma cardíaco;
Procainamida (8 a 20mg/kg IM).
Dirofilariose;
“Flutter” Atrial e Fibrilação Atrial:
Defeitos valvulares;
Cães:
Cardiomiopatias
Digoxina (0,01 a 0,02mg/kg BID PO no primeiro dia, depois 5 a 8µg/kg BID PO).
Se a freqüência cardíaca permanecer >160bpm depois de 5 dias, pode-se
administrar Diltiazem (0,5 a 1,5mg/kg TID PO);
Propanolol (0,2 a 1mg/kg TID PO) ou Atenolol (0,25 a 1mg/kg BID PO).
Gatos:
Diltiazem (1 a 2,5 mg/kg TID PO) ou Atenolol (6,25 a 12,5mg/kg SID PO) se a
freqüência cardíaca permanecer elevada, acrescentar Digoxina (0,005mg/kg PO,
cada 24 a 48 horas).
Causas Tratamento
Qualquer afecção atrial: Identificar e retirar a causa de base quando possível;
defeitos congênitos cardíacos, Tratamento antiarrítmico usualmente não é necessário caso o animal é
tumores metastáticos, assintomático;
endocardiose de vávulas Em casos graves: Digoxina (0,0055 a 0,011mg/kg PO ou 0,02mg/kg IV) se houver
atrioventriculares. ICC ou Beta-bloqueadores (Propanolol 0,02 a 0,06mg/kg em 5 a 10min IV) se não
Alargamento atrial secundário à houver ICC;
cardiomiopatia hipertrófica; Quinidina (6 a 20mg/kg VO) ou Procainamida (20 a 50µg/kg/min IV),
Toxicidade Digitálica; podem ser utilizados como segunda escolha;
Anestesia Geral. Propanolol em gatos com cardiomiopatia hipertrófica
normalmente é efetivo (2,5 a 5mg/gato TID PO).
Causas Tratamento
Cães braquiocefálicos (normal); Determinar a causa e retirá-la, se possível;
Compressão ocular ou do seio carotídeo; Atropina (0,022mg/kg a 0,22mg/kg IV);
Manipulação do nervo vago; Isoproterenol (0,04 a 0,09µg/kg/min IV até efeito).
Xilazina;
Patologias atriais;
Intoxicação digitálica em gatos;
Neoplasias cervicais ou torácicas.
Causas Tratamento
Pode acontecer em cães saudáveis; Não necessita de terapia específica,
Normal em cães geriátricos, principalmente Cocker Spaniel e Dachshunds; mas deve-se determinar as causas e
Associada à intoxicação digitálica ou beta-bloqueadores; corrigi-las.
Desequilíbrio eletrolítico (hiper ou hipocalemia).
Bloqueio Átrio-Ventricular de 2º Grau – Mobitz tipo I (Velocidade = 50mm/s) HVGLN - FCAV - UNESP
Bloqueio Atrio-Ventricular do 2º grau – Mobitz tipo II (Velocidade = 50mm/s) HVGLN - FCAV - UNESP
Causas Tratamento
Normal em cães jovens; Para BAV 2ºGrau - Mobitz tipo I:
Associada à arritmias sinusais Geralmente não necessita de tratamento;
e aumento do tônus vagal; Em casos de intoxicação digitálica, suspender o fármaco;
Intoxicação digitálica; Atropina (0,01 a 0,04mg/kg IV, IM) freqüentemente anula a arritmia;
Intoxicação por Quinidina; Corrigir o balanço eletrolítico, se presente.
Baixas doses de atropina; Para BAV 2ºGrau - Mobitz tipo II:
Xilazina e outros anestésicos; Atropina (0,01 a 0,04mg/kg IV, IM) ou Glicopirrolato (0,005 a 0,01mg/kg IV, IM) em
Desequilíbrio eletrolítico. curta terapia da bradicardia;
Isoproterenol (0,04 a 0,09µg/kg/min IV até efeito) ou Dopamina (2 a 20µg/kg/min
até efeito) podem ser usados em quadros emergenciais.
Causas Tratamento
Bloqueio átrio-ventricular congênito; Tratamento com fármacos geralmente é ineficaz:
Cardiomiopatia hipertrófica; Atropina (0,01 a 0,04mg/kg IV), se não efetivo Dopamina
Infarto do miocárdio; (2 a 20µg/kg/min em infusão constante IV);
Endocardite bacteriana; Isoproterenol (0,04 a 0,09µg/kg/min até efeito) pode auxiliar no aumento
Hipercalemia e hipocalemia; da frequência cardíaca ventricular;
Doença de Lyme; Epinefrina (0,02 a 0,2mg/kg IV).
Intoxicação por digitálicos;
Cardiomiopatias infiltrativas ou fibróticas.
T
R
R
P T
S
Três Complexos Ventriculares Prematuros (Velocidade = 50mm/s) HVGLN - FCAV - UNESP
Causas Tratamento
Hipoxia; Corrigir distúrbios ácido-basicos e eletrolíticos (hipocalemia, hipomagnesemia,
Anemia; etc), oxigenação e
Parvovirose; repor sangue caso necessário.
Piometra; Terapia em Cães:
Uremia; Lidocaína 2% (2 a 8mg/kg IV lento; 25 a 75µg/kg/min em infusão contínua);
Dilatação gástrica; Procainamida (2 mg/kg IV ao longo de 3 a 5 minutos; 20 a 50µg/kg/min em
Epinefrina; infusão);
Anestésicos; Quinidina (5 a 10mg/kg IV lentamente; 6 a 20mg/kg IM);
Atropina; Propanolol (0,02 a 0,06mg/kg IV acima de 5 a 10 minutos);
Insuficiência cardíaca congestiva; Amiodarona como último recurso (7,5 a 10mg/kg IV lento).
Pericardite; Terapia em Gatos:
Infarto do miocárdio; Raramente necessitam de terapia agressiva, pois geralmente tendem a
Cardiomiopatias; diminuir e desaparecer espontaneamente;
Neoplasias cardíacas. Propanolol (0,02 a 0,06mg/kg IV ao longo de 5 a 10 minutos).
Taquicardia Ventricular
Grupos seriados de 3 ou mais complexos ventriculares prematuros
Q
T
Causas Tratamento
Hipoxia; Corrigir distúrbios ácido-básicos e eletrolíticos.
Anemia; Terapia em Cães:
Parvovirose; Batida no peito;
Piometra; Lidocaína 2% (2 a 8mg/kg IV lento; 25 a 75µg/kg/min em infusão contínua);
Uremia; Procainamida (2 mg/kg IV ao longo de 3 a 5 minutos; 20 a 50µg/kg/min em
Dilatação vólvulo-gástrica; infusão);
Epinefrina; Quinidina (5 a 10mg/kg IV lentamente; 6 a 20mg/kg IM);
Anestésicos; Se a arritmia persistir, combinar fármacos citados com Propanolol (0,02 a
0,06mg/kg IV acima de 5 a 10 minutos);
Atropina;
Cardioversão elétrica nos casos refratários e emergenciais.
Insuficiência cardíaca congestiva;
Terapia em Gatos:
Pericardite;
Usar Lidocaína (0,2mg/kg IV lento chegando até 0,8mg/kg total) com cautela,
Cardiomiopatias;
pelos efeitos e neurotoxicidade;
Infarto do miocárdio; Propanolol (0,02 a 0,06mg/kg IV ao longo de 5 a 10 minutos) Corrigir
Neoplasias cardíacas. distúrbios ácido-básicos e eletrolíticos.
Fibrilação Ventricular
Eletrocardiograma exibindo deflexões irregulares, caóticas e deformadas com amplitudes: altas ou baixas; e formas variadas,
levando a contrações ventriculares fracas e desordenadas, com rendimento cardíaco nulo, levando rapidamente à parada cardíaca.
Causas Tratamento
Choque; Iniciar o ABC da ressuscitação cárdio-pulmonar (vide algoritmo em anexo)
Anoxia; Intubação do paciente;
Anestésicos como halotano e Ventilação mecânica;
barbitúricos; Massagem cardíaca;
Intoxicação por digitálicos; Desfibrilador elétrico:
Cirurgia cardíaca; 2 Joules/kg para animais < 7kg;
Catecolaminas endógenas e 5 Joules/kg para animais entre 8 e 40 kg;
exógenas; 5 a 10 Joules/kg se >40 kg.
Hipotermia; Epinefrina (0,02 a 0,2mg/kg IV) para conversão da fibrilação fina em fibrilação
Hipocalemia; larga e logo após utilizar o desfibrilador;
Hipocalcemia; Lidocaina 2%: 2 a 8 mg/kg IV lentamente e em seguida usar o desfibrilador;
Alcalose; Bicarbonato de sódio (1mEq/kg) deve ser dado para cada 10 minutos de
Infarto do miocárdio; parada cardíaca;
Miocardite. Pode instituir pancada pré-cordial ou cardioversão química caso não haja
desfibrilador elétrico. Cloridrato de potásio (1mEq/kg) e 6mg por kg de acetil
colina IC
Causas Tratamento
Fibrilação ventricular; Iniciar o ABC da ressuscitação cárdio-pulmonar (vide algoritmo em anexo)
Bloqueio AV completo; Intubação do paciente;
Severa acidose; Ventilação mecânica;
Hipocalemia Massagem cardíaca.;
Epinefrina (0,02 a 0,2mg/kg IV) para conversão da fibrilação fina em fibrilação larga e
logo após utilizar o desfibrilador;
Bicarbonato de sódio (1mEq/kg) deve ser dado para cada 10 minutos de parada
cardíaca;
Em Bradicardia sinusal severa associada ou não à bloqueio atrio-ventricular usar
Atropina (0,02 a 0,05mg/kg IV) ou Isoproterenol (infusão contínua de 0,04 a
0,09µg/kg/min IV);
As causas da assistolia devem ser identificadas e tratadas após a reversão inicial do
quadro;
Dopamina (2 a 20µg/kg/min até atingir efeito) nos casos de dissociação eletromecânica.
Manipulação vagal: Bradicardia, bloqueio AV, assistolia cardíaca, taquicardia ou fibrilação ventricular.
Intubação: Estimulação vagal (gerando as mesmas alterações da manipulação vagal).
Manipulação do coração: Arritmias diversas.
Recuperação anestésica: 30% dos cães apresentam arritmias.
Acepromazina: Bradicardia e hipotensão.
Diazepam e Midazolam: Sem alterações.
Droperidol + Fentanil (Innovar-Vet): Bradicardia e baixo rendimento cardíaco.
Quetamina: Taquiarritmia sinusal, taquicardia e hipertensão.
Tiletamina + Zolazepam (Zoletil): Taquiarritmia sinusal.
Xilazina: ↓FC, ° ou ↓PA, ↓débito cardíaco, arritmias como: bradicardia, bloqueio sino-atrial e bloqueio átrio-ventricular,
arritmias ventriculares em presença de epinefrina ou halotano.
Tiopental: ° FC, ↓PA, ↓débito cardíaco, arritmias ventriculares persistindo durante a anestesia, complexo ventricular
prematuro.
Halotano: ↓FC, arritmias ventriculares severas frente a catecolaminas; utilizar na MPA tranqüilizantes fenotiazínicos do
tipo adrenolíticos.
Adrenalina: ° FC, taquicardia sinusal, taquicardia atrial, fibrilação ventricular junto ao halotano.
Atropina: 1° bradicardia e 2° taquicardia; dar como MPA em animais com FC ≤ 140 bpm.
Legenda: ° = Aumento; ↓ = Diminuição; MPA = Medicação Pré-Anestésica; FC = Freqüência Cardíaca; PA = Pressão Arterial
Procedimentos Emergenciais
Ressuscitação Cárdio-Pulmonar
Procedimento na Parada Cardiopulmonar
Falta de responsividade
Ausência de pulso ou sons cardíacos
Apnea ou respiração inefetiva
Avaliar as
Vias Respiratórias
Aberta Obstruída
SIM NÃO
Manter via aérea (esticar o pescoço e deitar cabeça mais baixa) Respiração boca-boca ou boca-nariz
Monitorar o paciente Intubação endotraqueal e ventilaçào com oxigênio a 100%
Estabilizar as causas da parada cardiopulmonar
Tratamento apropriado
Presente Ausente
Continuar Ventilação a 12-20 rpm Compressão cardíaca externa e continuar respiração artificial -
até observação de respiração espontânea paciente intubado (60-80 compressões/min - 1 resp / 5 compr.
ou uma insuflação simultânea com a compressão a cada
3 compressões e comprimir o abdômen alternado com o tórax)
Continuar ventilação e
massagem cardíaca se
continuar assitolia
Atropina 0,05mg/kg
(repetir após 3-5 min)
Continuar ventilação e
massagem cardíaca se
continuar assitolia
Continuar ventilação e
massagem cardíaca se
continuar assitolia
Fibrilação Ventricular
Fibrilação Ventricular
Desfibrilar a 1,5 x Lidocaína 2% sem epinefrina 2 mg/kg (bolus) Checar os eletrodos Lidocaína 2% sem epinefrina 2 mg/kg (bolus)
da energia inicial e 50 microgramas/kg/min (1,6 ml/100ml soro) Testar uma derivação e 50 microgramas/kg/min (1,6 ml/100 ml soro)
ou Procainamida 10-20 mg/kg e 25-50 perpendicular a anterior
microgramas/kg/min (0,8-1,6 ml/100ml soro)
Considerar:
Bicarbonato de Sódio 8,4% 1 ml/kg
Lidocalilna 2% sem epinefrina 2 mg/kg (bolus) e
50 microgramas/kg/min (1,6 ml/100 ml soro)
Algoritmo para desfibrilação ventricular (Tilley, 1999)
Desfibrilar novamente
Dissociação Eletro-Mecânica
Dissociação Eletromecânica
Gluconato de Cálcio 10 mg/kg Bicarbonato de Sódio 8,4% 1 ml/kg Aquecimento Peritoneal Atropina 0,05 mg/kg
Aquecer Fluidos Administrados
Colchão Térmico
DEM (apresenta complexo QRS, mas sem pulso nem pressão arterial)
Observar: Epinefrina 0,05 mg/kg*
Tramponamento cardíaco
Hipovolemia profunda
Hipoxia
Hipercalemia
Hipocalemia
Acidose
Hipotermia
Pneumotórax de tensão Algoritmo para identificação de dissociação eletro-mecânica (Tilley, 1999)
Considerações Finais rência do próprio estado orgânico do díaco, nos períodos trans e pós-anes-
paciente, acrescido a efeitos provo- tésicos, identificar essas anormalida-
Distúrbios do ritmo, freqüência cados pelos fármacos administrados des, implementando as medidas tera-
e/ou funcionamento cardíaco pode- previamente à anestesia. O Médico pêuticas necessárias à preservação da
rão ocorrer durante os procedimentos Veterinário Anestesista deve estar ca- vida dos animais colocados sob a sua
cirúrgicos dos cães e gatos, em decor- pacitado para, através do monitor car- responsabilidade.
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Transplante renal
em cães e gatos
Simone Domit Guérios INTRODUÇÃO
CRMV-PR nº 4044
Professora do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do O êxito alcançado nas técnicas de
Paraná – Campus Curitiba transplantes de órgãos em humanos
Rua dos Funcionários, 1540, Curitiba/PR
possibilitou que o transplante renal
Fone: (41) 350-5724
e-mail: domitsi@hotmail.com em cães e gatos fosse considerado
como uma recente opção no tratamen-
Gisele Sprea to da Insuficiência Renal Crônica
CRMV-PR nº 4968 (IRC), o qual não só prolonga a vida
Médica Veterinária, Pós-graduanda da UFPR. do paciente, mas também permite que
e-mail: gica79@hotmail.com
este retorne às suas atividades nor-
mais (Gregory et al., 1993). O suces-
so do transplante renal na Medicina
RESUMO
Veterinária depende de uma combina-
O transplante renal em cães e gatos é considerado uma excelente opção para o trata- ção de fatores que envolvem o uso de
mento de insuficiência renal crônica, pois promove qualidade de vida aos pacientes e agentes imunossupressores, aperfei-
tempo de sobrevida entre 1 a 3 anos. Fatores como os rigorosos critérios na seleção
çoamento das técnicas microcirúrgi-
dos doadores e receptores, aprimoramento na técnica cirúrgica, uso de agentes
imunossupressores e a rápida identificação e instituição de tratamento das compli- cas, melhor conhecimento da resposta
cações pós-transplantes, contribuíram para o sucesso que tem sido alcançado neste imune frente a tecidos e órgãos enxer-
tratamento. A presente revisão descreve os conceitos práticos relevantes sobre o tados, seleção do paciente que recebe-
transplante renal em cães e gatos. rá o transplante, seleção do doador,
identificação precoce da doença e a
Palavras chaves: insuficiência renal crônica, transplante, pequenos animais. correta escolha do protocolo anestési-
co (Gregory et al., 1992).
A utilização de agentes imunossu-
pressores deu início à nova era de
ABSTRACT
transplantes renais, sendo que, a
RENAL TRANSPLANTATION IN DOGS AND CATS ciclosporina foi o primeiro agente que
demonstrou grandes resultados frente
Renal transplantation in dogs and cats is now a proven treatment for chronic renal fail- a rejeição de órgãos e tecidos. O meca-
ure. It allows patient to return to normal activity and survival time of 1 to 3 years.
Factors as criteria of recipient and donor selection, improvement in surgical thec- nismo primário da rejeição de tecidos
niques, methods of immunosuppression and early identification and treatment of com- consiste em estimulação de linfócitos
plications that occur after renal transplantation, have helped to obtain success in these T, que são citotóxicos ao enxerto, e em
treatment. These review describes the practical relevant knowledges on renal trans- ação direta ou indireta de outros
plantation in dogs and cats. mediadores celulares como os linfóci-
tos B, células plasmáticas, macrófa-
Key words: chronic renal failure, transplantation, small animals.
gos, plaquetas e leucócitos (Gregory et
al., 1993). O mecanismo de ação da
ciclosporina consiste em bloqueio de
interleucina-2, que é liberada das célu-
las T-auxiliares, prevenindo a ação das
células T-citotóxicas, células-B e
macrófagos. A ciclosporina também
apresenta ação inibitória sobre a libe-
ração do °-interferon, fator de diferen-
ciação citotóxica, fator de diferencia- 2001). Outros fatores relacionados teinúria leve a moderada e sedimento
ção das células–B, porém não inibe a com a etiologia da IRC são as neopla- urinário inativo. Os valores séricos da
ação dos linfócitos T-supressores sias, amiloidose, processos inflamató- fosfatase alcalina podem estar
(Gregory e Gourley, 1992). A predini- rios ou infecciosos, como a pielone- aumentados em pacientes com osteo-
sona, outro agente amplamente utiliza- frite, glomerulonefrite, nefrite tubu- distrofia renal (Shaw e Hihle, 1997).
do nos protocolos imunossupressores, lointersticial, nefrolitíase, obstrução O tratamento adotado para pacien-
age por inibição da produção de diver- do trato urinário, nefrotoxinas como o te com insuficiência renal varia con-
sas citocinas essenciais como a IL-1, etilenoglicol, antibióticos aminogli- forme a condição clínica do animal e a
IL-2 e o °-interferon, que são essen- cosídios, insuficiência renal aguda e causa primária da doença. O tratamen-
ciais para a geração e função das célu- isquemia renal (Brown, 1997). to conservativo visa minimizar as
las T (Mathews et al., 2000). O diagnóstico da IRC geralmente conseqüências clínicas e fisiopatoló-
se baseia numa associação de fatores, gicas da função renal reduzida, atra-
Insuficiência Renal Crônica os quais englobam a história, o exame vés do controle nos sinais da uremia,
clínico e as alterações histopatológicas manutenção do equilíbrio hídro-ele-
A Insuficiência renal é uma condi- (Nelson e Couto, 1998). Os sinais clí- trolítico e ácido-básico e fornecimen-
ção patológica decorrente da perda de nicos da IRC variam com o grau de to nutricional adequado (Elliot, 2000).
3/ ou mais da capacidade funcional A fluidoterapia deve ser instituída
4 insuficiência renal e sua causa. No his-
dos néfrons em ambos os rins; pode tórico pode ser relatado poliúria, poli- nos casos em que há poliúria e quando
ser causada por anormalidades funcio- dipsia, emaciação, apetite seletivo ou o consumo de água não for suficiente
nais e/ou orgânicas, que são classifi- ausente, letargia, náuseas, vômito, para manter a hidratação do animal,
cadas em aguda ou crônica, reversível diarréia e fraqueza (Coelho et al., pela administração de solução de rin-
ou irreversível (Ducrocq e Biourge, 2001). Ao exame físico pode-se obser- ger-lactato, por via intravenosa ou subcu-
1998). A IRC é definida como insufi- var úlceras na cavidade oral, halitose, tânea (Forrester e Less, 1998). A hipo-
ciência renal primária irreversível e mucosa pálida, desidratação, depres- calemia pode ocorrer devido a redução
progressiva que persiste por longo são, condição corpórea ruim, letargia e do consumo e/ou pelo aumento nas per-
período de tempo, geralmente meses conjuntivas injetadas (Brown, 1997). das de potássio urinário, que deve ser
ou anos (Forrester e Less, 1998). As Em muitos casos pode-se observar suplementado com cloreto de potássio
alterações fisiopatológicas na IRC osteodistrofia renal, ou seja, osteofi- diluído em ringer-lactato, por via intra-
resultam na incapacidade dos rins em brose devido ao hiperparatiroidismo venosa (Nelson e Couto, 1998).
realizar a função excretora promoven- secundário renal (Shaw e Hihle, 1997). Os pacientes renais devem receber
do o acúmulo de substâncias nitroge- A palpação abdominal geralmente dietas com restrição de fósforo, sódio
nadas (creatinina e uréia) que seriam revela rins pequenos e com forma irre- e proteínas, com o objetivo de reduzir
eliminadas através da filtração glome- gular, mas as dimensões renais podem a quantidade de resíduos nitrogenados,
rular, a função reguladora que resulta estar normais ou mesmo aumentadas, que se traduzem em azotemia e
em alterações nos equilíbrios hidro- dependendo da causa da IRC. As cau- aumento na pressão arterial. Os níveis
eletrolítico e ácido-básico, e a função sas responsáveis pelo aumento nos protéicos recomendados para cães
de síntese de eritropoetina, causando contornos renais incluem rim policísti- com IRC são de 2 a 2,5g/kg/dia e para
anemia não regenerativa e redução na co, obstrução urinária crônica ou neo- gatos de 3,8 a 4,5g/kg/dia, sendo que a
conversão de vitamina D, causando plasia renal, e as dimensões renais ingestão de calorias deve ser ajustada
alterações na absorção de cálcio e diminuídas refletem a perda de néfrons para a otimização do anabolismo pro-
hiperparatiroidismo secundário renal e sua subseqüente substituição por téico (Polzin et al., 1992). A hiperfos-
(Osborne et al., 1972). tecido conjuntivo (Polzin et al., 1992). fatemia no início da IRC é controlada
O fator etiológico da IRC é de As alterações laboratoriais obser- com a restrição de fósforo na dieta,
difícil determinação; dentre as possí- vadas freqüentemente na IRC são porém com a progressão da doença é
veis causas estão as alterações heredi- azotemia, hiperfosfatemia, acidose necessário a administração oral de
tárias ou congênitas como displasia metabólica, hipermagnesemia, hipo- conjugadores de fosfato intestinal,
ou hipoplasia renal, rim policístico e calemia, hiper ou hipocalcemia e ane- para diminuir a absorção de fósforo
nefropatias familiais, alterações imu- mia não-regenerativa, normocítica e pelo intestino (Shaw e Hihle, 1997).
nológicas como lúpus eritematoso e normocrômica (Polzin et al., 1992). A O tratamento da acidose metabóli-
glomerulonefrite (Coelho et al., urinálise revela densidade baixa, pro- ca tem por objetivo manter os valores
normais do pH sangüíneo (> 7,2), do transplantes entre indivíduos sem como as cardiomiopatias. A condição
bicarbonato (> 14mmol/L) e do CO2 parentesco genético não foram possí- corporal é um fator importante na
total (> 15 mmol/L) (Forrester e Less, veis até o aparecimento da azatiopri- escolha do candidato, pois, se o animal
1998). Quando estes valores estive- na no início de 1960, e em 1969, pela apresentar perda de peso crônico o
rem alterados administra-se bicarbo- primeira vez, realizou-se o transplan- transplante só é considerado como
nato de sódio via oral, na dose de te renal em cães com o uso da imu- opção de tratamento quando a perda
15mg/kg a cada 8 horas, exceto em nossupressão. A azatioprina e os cor- for no máximo de 10 a 20% do peso
pacientes com hipertensão ou insufi- ticosteróides serviram de amparo à corporal. Esta perda permite que o
ciência cardíaca congestiva (Brown, imunossupressão até o início de 1980, paciente suporte o estresse anestésico
1997). quando surgiu a ciclosporina que e cirúrgico, sendo que as perdas acima
Quando o hematócrito de pacien- revolucionou o transplante de órgãos de 20% do peso corporal predispõem
tes renais estiver <25% nos gatos e devido sua ação de inibição seletiva ao choque e à insuficiência cardíaca
< 30% nos cães faz-se necessário a sobre os linfócitos T, responsáveis (Nèmeth et al., 1997). Para evitar a
transfusão sangüínea ou a administra- pela rejeição do tecido transplantado descompensação renal e a deterioriza-
ção de eritropoetina humana recombi- (Nèmeth et al., 1997). ção corporal, deve-se fornecer alimen-
nante (EPOHur). Os animais que Em Medicina Veterinária, o suces- tação enteral e parenteral antes do pro-
apresentam sinais típicos de anemia so do transplante renal clínico foi cedimento cirúrgico. A presença de
como, fraqueza, letargia e dispnéia, obtido em um gato persa em 1984, na outras doenças como infecções do
devem receber sangue total fresco ou Escola de Medicina Veterinária da trato urinário, diabete, leucemia felina,
papa de hemáceas (Polzin et al., Universidade da Califórnia, Davis, disfunções cardíacas, neoplasias, oxa-
1992). relatado por Gregory et al. em 1987. lúria ou gastrenterites impossibilitam
Até há pouco tempo atrás, o trata- O gato sobreviveu por 2 anos com que o transplante renal seja realizado.
mento conservativo era a única opção função renal normal e foi à óbito Para detecção desses problemas, é
para os casos de insuficiência renal devido Insuficiência Cardíaca necessário a execução de exames clí-
irreversível e progressiva, mas com o Congestiva (Gregory, 1993). nicos pré-operatórios que incluem
sucesso alcançado no transplante de hemograma, perfil bioquímico, uriná-
órgãos em humanos, o transplante Seleção do Paciente lise, cultura urinária, radiografia torá-
renal em cães e gatos se tornou uma cica, ECG, ultra-sonografia, teste de
excelente opção de tratamento na IRC O paciente ideal para a realização Elisa para detecção de Felv e a imuno-
(Gregory, 1993). do transplante renal apresenta insufi- florescência indireta contra Fiv
ciência renal crônica descompensada, (Mathews et al., 2000). Os parâmetros
Histórico decorrente de nefropatia bilateral sangüíneos que caracterizam as
refratária ao tratamento de rotina. condições da função renal devem
O primeiro experimento com Dentre as doenças que justificam a se apresentar abaixo dos limites críti-
transplante renal em animais foi rela- realização do transplante estão a glo- cos, como exemplo, a uréia sangüínea
tado por Imre Ullmann, em Viena, merulonefrite ou pielonefrite crônica, < 25-30mmol/L, creatinina sérica
1902. A partir de 1905, nos Estados fibrose renal, doença renal policística < 500-600mmol/L e fósforo < 4-
Unidos, a técnica cirúrgica do trans- e displasia renal (Nèmeth et al., 5mmol/L. As funções hepáticas tam-
plante renal foi aperfeiçoada por 1997). O transplante renal não deve bém são averiguadas, principalmente,
Alexis Carrel, sendo esta utilizada até ser realizado nos casos de emergência devido ao uso de fármacos imunossu-
os dias atuais. O fenômeno de rejei- ou como o último tratamento para sal- pressores no período pós-operatório
ção ao tecido transplantado foi docu- var a vida de pacientes terminais ou (Gregory, 1993).
mentado pela primeira vez por Carl severamente doentes (Gregory, 1993). Com os resultados desses exames
Williamson (1923), o qual indicou a O paciente nefropata que recebe obtém-se consciência das condições
realização de transplante renal entre como indicação de tratamento o trans- clínicas do paciente para ultrapassar
indivíduos aparentados, sendo que em plante renal, só será encaminhado para com sucesso o trans-operátorio, supe-
Boston (1954), Merryl e Murray rea- este procedimento se estiver enquadra- rar possíveis complicações pós-ope-
lizaram, com sucesso, o primeiro do em determinados critérios de sele- ratórias e atingir o objetivo do trata-
transplante renal humano entre ção, que envolvem a condição corpó- mento, que consiste num maior tempo
gêmeos idênticos (Gregory, 1993). Os rea e a ausência de doenças sistêmicas, e em melhor qualidade de vida. É
Figura 5
Ureteroneocistostomia. (Adaptado do GOURLEY, M.I.; GREGORY C.R. Atlas of Small Animal Surgery).
remove-se sua porção final e 3 a 4mm plante com o objetivo de minimizar as kg/12 h) continuam sendo administra-
do tecido peri-ureteral (Figura 5c). A chances de hipertensão sistêmica ou das no pós-operatório por tempo inde-
artéria ureteral, se possível, é isolada são mantidos a fim de servir como terminado (Mishina et al., 1996).
e ligada com fio absorvível sintético reserva, caso o rim do doador apre- A avaliação do hemograma, pro-
nº 5-0 ou 6-0, com o objetivo de pre- sente alguma falha ou atraso funcio- teína plasmática total, creatinina séri-
venir hemorragias (Figura 5d). O ure- nal. Nestes casos, 3 meses após o ca e a concentração de ciclosporina
ter é cateterizado com fio de polipro- transplante os rins são removidos, no sangue são mensurados a interva-
pileno nº 5-0, que auxilia a sutura do para evitar infecções recorrentes do los de 2 a 4 dias, enquanto a densida-
ureter à mucosa vesical que é realiza- trato urinário, rins policísticos e sen- de de urina é verificada diariamente.
da com a aplicação de dois pontos sibilidade dolorosa no local (Gregory, Normalmente, até o terceiro dia de
interrompidos simples com náilon nº 1993). pós-operatório, observa-se aumento
8-0, distanciados um do outro em gradativo da densidade urinária, redu-
120º (Figura 5e). Realiza-se a síntese Pós-operatório ção das concentrações séricas de crea-
da parede da bexiga e o ureter é anco- tinina e o paciente demonstra aumen-
rado na camada serosa por meio de Após o transplante renal o pacien- to no apetite e comportamento normal
dois pontos interrompidos simples e te recebe solução hidro-eletrolítica (Gregory e Gourley, 1992). Quando o
fio de náilon nº 8-0 (Figura 5f/g) balanceada (50mL/kg/24 horas, IV), transplante falha, o animal se apre-
(Gregory, 1993). antibioticoterapia e agentes imunos- senta apático, anoréxico e isostenúri-
Os rins naturais do paciente supressores. A ciclosporina (7,5mg/ co. Após a alta hospitalar as avalia-
podem ser removidos durante o trans- kg/12 h) e a prednisolona (0,25mg/ ções clínicas e laboratoriais passam a
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Mecanismo
de defesa uterino na fêmea bovina
INTRODUÇÃO
Angelita Silva Dias Galindo
Médica Veterinária, CRMV-GO nº 2949, M.Sc., DFA - Ministério da Agricultura
Praça Cívica – Goiânia/GO - e-mail: angeldia@bol.com.br Para que se consiga maximizar a
Tiago Luiz Kunz eficiência reprodutiva de qualquer
Médico Veterinário, CRMV-GO nº 2653 - M.Sc., Escola de Veterinária / CAJ / sistema de produção animal, é
UFG - Centro de Ciências Agrárias – Jataí/GO - e-mail: tiagolk@hotmail.com necessário trabalhar no sentido de se
Maria Lúcia Gambarini
Médica Veterinária, CRMV-SP nº 3648 - Departamento de Produção Animal, buscar a obtenção de um produto por
Escola de Veterinária da UFG – Goiânia/GO - e-mail: mlgambarim@hotmail.com ano de todas as vacas do rebanho, e
Benedito Dias de Oliveira Filho para isto é necessária uma integração
Médico Veterinário, CRMV-GO nº 438 - Dr., Departamento de Produção Animal, entre aspectos fisiológicos, nutricio-
Escola de Veterinária – UFG - Cx. P. 131, Goiânia – GO - e-mail: bene@vet.ufg.br
nais e de manejo.
Apesar de toda a evolução que a
reprodução animal tem experimenta-
RESUMO do, especialmente na biotecnologia,
Apesar de toda a evolução ocorrida nos últimos anos, na área da reprodução animal, as desordens uterinas continuam tra-
as desordens uterinas continuam trazendo graves prejuízos, pois influenciam a ativi- zendo grandes prejuízos, pois, o tra-
dade ovariana, taxa de concepção, número de serviços por concepção e sobrevivên- tamento é um assunto controverso. A
cia embrionária, aumentando, assim, o intervalo de partos e os custos com tratamen- maioria destas desordens tem efeito
tos, sendo que pouca atenção é dispensada ao mecanismo natural com que o útero
responde às agressões. O mecanismo de defesa do útero envolve uma interação deletério sobre a atividade ovariana,
entre componentes da resposta imunológica celular e humoral, além da atuação do taxa de concepção, número de servi-
mecanismo físico, tendo sido relatado como a mais importante forma de combate às ços por concepção e sobrevivência
infecções. O conhecimento dos fatores que atuam neste complexo mecanismo é embrionária, provocando aumento
muito importante para o estabelecimento de estratégias de controle e tratamento das no intervalo entre partos, além de
infecções uterinas.
aumentar os gastos com tratamentos,
muita vezes insatisfatórios, e risco
Unitermos: Vaca, infecções uterinas, mecanismo de defesa uterina.
de descarte de animais de alta produ-
ção.
ABSTRACT Segundo Lewis (1997) há pouca
Uterine defense mechamism in the cow concordância entre os especialistas
sobre os métodos adequados de tra-
Despite all evolution occurred in the last years in the animal reproduction area, the tamento, porque atenção insuficiente
uterine disorders are still one of the most important causes of low fertility rates in dairy é dada para o processo normal de
cattle, because of the influence on ovarian activity, conception rate, number of servic- defesa uterina, principalmente,
es per conception and embryonic survival, increasing the parturition interval and the durante o período pós-parto, quando
costs with treatments, and by the risk of discards of animal of high production. A bet-
ter understanding of the natural mechanism through which the uterus responses to o animal se encontra mais susceptí-
aggressions could be profitable, since the uterine defense mechanism involves an vel a contrair infecções. O mecanis-
interaction between cellular immunological response and humoral components, mo de defesa uterino tem sido relata-
besides the physical mechanism performance, which could be consider the most do como a mais importante forma de
important factor for proper uterine defense during infections. The knowledge of facts combater infecções, pois o uso de
involved in this complex mechanism may help in the design of improved measures to
prevent or to control uterine infections.
antibióticos, anti-sépticos e hormô-
nios pode ser antieconômico, tanto
Key words: Cow uterine infections, uterine defense mechanism. pela necessidade de descarte do
leite, como também pelo comporta-
Com a alteração da permeabilida- quimiotaxia foi utilizado para avaliar Segundo Holt et al. (1989) os
de vascular, a saída do fluido reduz a aquela função, verificando que a neutrófilos são as primeiras células
pressão osmótica dos vasos. Este quimiotaxia foi menor nos animais que migram para a área de infecção
fato impulsiona as células brancas de que apresentaram algum tipo de e os linfócitos aparecem mais tarde,
defesa para a periferia do endotélio. desordem no periparto, indicando sendo que a presença destes é indica-
A partir dessa posição, as células que um defeito na função neutrofíli- tivo de condição crônica.
podem migrar para os tecidos. A ca pode predispor à apresentação
migração é composta cronologica- mais severa destas desordens. Mecanismo humoral
mente por marginação vascular, ade- O aumento fisiológico no número
são à superfície endotelial e diapede- de leucócitos polimorfonucleares O mecanismo humoral da res-
se, que representa a transposição da (PMN) no lúmen uterino, em fase posta imune contribui na defesa ute-
parede capilar e a mobilização dos precoce do puerpério, tem sido rina através das imunoglobulinas
neutrófilos para o local da lesão demonstrado por muitos autores, (Ig). No início do processo inflama-
(Figura 1). A migração dos neutrófi- mas pouco é sabido sobre a regula- tório, a permeabilidade do endotélio
los é direcionada pela quimiotaxia, ção da migração e suas propriedades da circulação local está alterada,
locomoção orientada através de um funcionais. O útero, portanto, parece permitindo a saída de fluidos do sis-
gradiente químico (Tizard, 1985). ser altamente capaz de responder a tema vascular para os tecidos e cavi-
Os neutrófilos presentes no tecido uma infecção com liberação de dades. As imunoglobulinas são anti-
atuam, na maior parte, englobando os mediadores quimiotáticos, resultan- corpos produzidos a partir de deter-
agentes invasores pelo processo de do em uma rápida migração dos neu- minados antígenos e são constituí-
fagocitose, conforme pode ser obser- trófilos no lúmen uterino (Barros, das basicamente por proteínas, as
vado nas Figuras 2 e 3. A seguir, o an- 1997). Produtos bactericidas especí- globulinas (Soncini, 1988). O fluido
tígeno é decomposto através da libera- ficos, além de vários mediadores uterino é composto basicamente de
ção de grânulos presentes no citoplas- inflamatórios, também são conside- imunoglobulinas, proteínas plasmá-
ma do neutrófilo e seus subprodutos rados fatores quimiotáticos para neu- ticas e células inflamatórias (Barros,
são apresentados a um tipo especial de trófilos. 1997).
leucócito responsável pelo reconheci-
mento e pela intensificação da respos- Figura 2
ta imunológica, o linfócito T4, que
produz e libera moléculas que funcio-
nam como mediadores químicos, esti-
mulando linfócitos B, T8 e macrófagos
em repouso (Soncini, 1988).
Kaneko et al. (1997) analisaram o
percentual de neutrófilos e linfócitos
presentes no fluido uterino de vacas
com retenção dos envoltórios fetais e
com puerpério normal, verificando
que houve aumento significativo na
taxa de neutrófilos, 30 dias após o
parto, nas vacas com retenção dos
envoltórios fetais comparadas às do
grupo controle, sendo que aos 60
dias pós-parto estes valores não tive-
ram diferença significativa.
Cai et al. (1994) estudaram a
associação entre as funções neutrofí-
licas no periparto em casos de desor-
Severa infiltração neutrofílica observada no tecido uterino por meio da coloração H&E
dens como retenção de envoltórios 40x (Fonte: Galindo, 2002) (indicação pela seta)
fetais, metrites e mastites. O teste da
como retenção dos envoltórios fetais, Após o estabelecimento da gesta- Nas últimas três semanas antes
metrites, cervicites e vaginites ção, segue-se um período de domi- do parto ocorre elevação dos níveis
(Grunert e Birgel, 1989). nância hormonal da progesterona estrogênicos até a expulsão do feto,
Segundo Paisley et al. (1986), o secretada pelo corpo lúteo. As con- quando os níveis são máximos
mecanismo de defesa uterino é baixo centrações séricas são elevadas até (Grunert e Birgel, 1989). Gambarini
na fase progesterônica porque: aproximadamente 250 dias após a (1989) observou que os estrógenos
O pH uterino é baixo, sendo favo- fecundação, quando ocorrerá um têm papel decisivo no período pós-
rável ao crescimento bacteriano; declínio pelos efeitos desencadeado- parto imediato. Vacas com altera-
O epitélio uterino é menos per- res do parto (Hafez, 1988). ções patológicas durante as 48 horas
meável, impedindo estimulação do subseqüentes ao parto mostraram
sistema leucocitário; Estrógenos diminuição na concentração sangüí-
O aparecimento dos leucócitos na nea deste hormônio mais lentamente
luz uterina é atrasado; e Os estrógenos, também esterói- do que vacas com condições de par-
A secreção uterina não tem efeito des, são hormônios responsáveis tos normais. Segundo Paisley et al.
detoxicante. pela fase proliferativa do útero. Este (1986), a utilização dos estrógenos
Kennedy e Miller (1993) afirma- hormônio tem sido associado à ele- para aumentar a atividade miome-
ram a partir de seus estudos que o vação da resposta de defesa do útero trial, fagocitose e resposta imune do
útero gestante, por sua alta concen- e demais órgãos adjacentes por pro- útero tem sido muito usada.
tração de progesterona associada à mover aumento da circulação na Paisley et al. (1986) demonstra-
inibição leucocitária por substâncias musculatura uterina e espessura das ram a correlação entre a função de
imunodepressivas, é mais susceptí- fibras musculares, causando aumen- leucócitos PMN e os níveis séricos
vel a contrair infecções, ao contrário to na motilidade uterina, capacidade de estrógenos e progesterona. Altos
do útero não gestante que tem uma de resposta a ocitocina e favorecen- valores de estrógenos não alteraram
grande resistência às infecções ines- do a migração leucocitária (Viveiros, a função dos PMN, os quais estavam
pecíficas (Figura 4). 1997). diretamente correlacionados com
atividade bacteriana, mas níveis
Figura 4 fisiológicos de progesterona inibi-
Influência da progesterona ram consideravelmente a função dos
sobre o mecanismo de defesa uterino PMN. Os autores sugeriram que a
resistência aumentada do útero a
Alta concentração infecções, quando os valores de
Útero gestante
de progesterona estrógenos são altos, pode estar rela-
cionada ao fato de que os níveis de
progesterona são baixos neste
momento. Sugeriram, ainda, que o
Inibição leucocitária desenvolvimento da piometra pode
estar relacionado à presença de altos
níveis de progesterona coincidindo
com a invasão do útero por patóge-
nos, tais como Actinomyces pyoge-
liberação de
substâncias imunodepressivas nes e outras bactérias Gram-negati-
vas, o que é geralmente observado
durante as duas primeiras semanas
pós-parto. Estes microorganismos
Maior susceptibilidade à contrair infecções
causam danos no reparo do endomé-
trio, diminuindo a liberação de pros-
taglandinas (PGF2α) e, portanto,
favorecendo a persistência do corpo
Representação esquemática da influência da progesterona sobre o mecanismo lúteo e conseqüentemente prolon-
de defesa uterino
gando a produção de progesterona.
O efeito esperado quando os dos, Paisley et al. (1986) relataram mente na capacidade do útero em
níveis estrogênicos prevalecem que vacas com puerpério normal e eliminar infecções bacterianas pela
sobre os progesterônicos é a ativação que completam involução em tempo ação dos estrógenos.
da quimiotaxia local pelo aumento mais curto têm maior liberação pós- A restauração da função ovariana
de afluxo sangüíneo uterino, tornan- parto de PGF2α, sugerindo que a após o parto tem estreita relação com
do mais eficiente a resposta miome- liberação deste hormônio reflete o os mecanismos de defesa uterina,
trial à ação da ocitocina (Chebel, grau de lesão e/ou reparo endome- principalmente por desencadear os
1989). trial, sendo que vacas com placenta mecanismos estrogênicos, provocan-
retida ou função uterina anormal têm do a reabilitação do tecido endome-
Prostaglandinas uma liberação prolongada deste hor- trial. A partir do 10º dia pós-parto
mônio, devido à necessidade de pode-se observar folículos com mais
A prostaglandina F2alpha reparos extensivos no útero ou à de 10 mm de diâmetro, capazes de
(PGF2α) é uma substância derivada ação de toxinas bacterianas que esti- liberar estrógenos, que atuarão no
do ácido araquidônico, sendo um mulam liberação de PGF2α. mecanismo de defesa uterino
hormônio tecidual que é metaboliza- De fato, um aumento na secreção (Cupps, 1991). O estímulo estrogê-
do muito rapidamente. É sintetizada de PGF2α ocorre na época do parto, nico proveniente dos primeiros folí-
pelo endométrio, sendo o hormônio promovendo a regressão do corpo culos que cresceram auxilia na defe-
de maior responsabilidade na redu- lúteo, persistindo ainda por 10-20 sa uterina promovendo a eliminação
ção do corpo lúteo. Nas vacas com dias no pós-parto (Lindell et al., de infecções persistentes, o que
parto normal o aumento da concen- 1982). Os autores também assinalam favorece em muitos casos, a cura
tração de PGF2α coincide com a que vacas com liberação prolongada espontânea do processo (Hussain,
redução dos níveis séricos de pro- de PGF2α apresentam involução Daniel, 1992).
gesterona e aumento nos valores mais rápida, através do aumento do
sangüíneos de estrógeno. Após o tônus uterino. O pico de liberação CONSIDERAÇÕES FINAIS
parto e a expulsão dos envoltórios deste hormônio ocorre durante a
fetais, essas concentrações vão redu- luteólise (Hafez, 1988). O mecanismo pelo qual o útero
zindo rapidamente, a menos que De acordo com Paisley et al. responde aos agentes agressores
ocorram complicações decorrentes (1986) a atividade ovariana tem envolve uma interação entre compo-
de retenção de placenta ou de insta- atuação direta na habilidade do útero nentes da resposta imunológica celu-
lações de processos infecciosos em resistir ou eliminar infecções, lar e humoral, mecanismos físicos e
(Gambarini, 1989, Wischral, 1999). sendo que o útero é altamente sus- relações hormonais entre estrógeno,
As concentrações da PGF2α ceptível na fase progesterônica e progesterona e PGF2α.
durante os primeiros dias pós-parto muito resistente na fase estrogênica, A defesa inicial contra infecções
são elevadas. A maior concentração fato confirmado por Faundez et al. é a fagocitose, realizada principal-
ocorre logo após o parto e decai com (1994) que observaram significante mente por neutrófilos, os quais exer-
o decorrer do período, até dez dias migração de células PMN para o cem um papel crucial, impedindo o
após o parto. A supressão parcial da lúmen da tuba uterina durante os pri- estabelecimento de infecções, prin-
síntese de PGF2α logo após o parto meiros dias depois da ovulação. cipalmente no pós-parto.
reduziu a atividade ovariana em O retorno da atividade ovariana O puerpério envolve um processo
ambos ovários, por 60 dias pós- no pós-parto é bastante complexo e que é quase sempre séptico, mas sob
parto, em vacas da raça Pardo Suíça regido por fatores hormonais (Zerbe condições normais, o útero através
(Saturnino, 1989). et al. 1996, Deaver, 1997). Assim dos mecanismos de defesa é capaz
A PGF2α está associada à regula- sendo, o tempo para que os ovários de eliminar as infecções, desde que a
ção do aporte sangüíneo para o útero retornem à sua atividade plena, com agressão não seja severa o suficiente
e placenta, podendo ter um efeito alternância entre fase folicular e fase para fragilizar esta linha de defesa.
estimulatório sobre a fagocitose pro- lútea, é variável (Marques e Horta, O conhecimento exato das modi-
movida pelos leucócitos uterinos, 1987). Nogueira et al. (1993) obser- ficações fisiológicas, ou ainda, das
além disso estimula contrações mio- varam que a involução uterina não alterações patológicas é de funda-
metriais que auxiliam na expulsão está diretamente ligada à atividade mental importância para a adoção de
do conteúdo uterino. Em seus estu- ovariana, mas esta influencia direta- procedimentos corretos que visem o
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bioquímicos: a autólise e a degrada- maior quantidade de glicogênio e de cetofosfato e ao ácido a-glicerofosfó-
ção do ATP (adenosinatrifosfato) que, proteção da musculatura e menor rico (NAD, NADH como intermediá-
mesmo ocorrendo simultaneamente, valor de pH e de substâncias extrati- rios). O dihidroxiacetofosfato por
permite diferenciação. vas nitrogenadas. ação de aldolases e da triasefosfatoi-
Segundo Ogawa e Maia (1999), o Assim, as considerações sobre somerase (também por ação simultâ-
peixe vivo, composto de músculo perda de qualidade e deteriora de pei- nea) dá origem ao gliceroaldeido-3-
ordinário (branco) e escuro (sanguí- xes, objeto do presente trabalho, fosfato. Este, por ação do gliceraldei-
neo), pela ótica bioquímica apresenta poderá contribuir para um melhor do-3-fosfatodesidrogenase (NAD a
diferenças significativas. O músculo entendimento das diferentes fases que NADH) passa a 1,3-difosforoglicera-
ordinário é composto de fibras mus- o peixe passa, desde a captura até a to que, passa a 3-fosfogliceroquinase
culares grandes, se apresenta multian- putrefação. (quando o ADP ganha uma molécula
gular ao corte histológico transversal, de fósforo e passa a ATP). O 3-fosfo-
a proporção miofíbrila/sarcoplasma é Pré – “rigor mortis” glicerato por ação da gliceromutase
grande, a quantidade de membranas passa a 2-fosfoglicerato que, por ação
(externas e internas) é relativamente Dois fenômenos caracterizam esta da enolase passa a ácido fosfoenolpi-
pequena e a distribuição de vasos san- fase: a autólise e a degradação do ATP. rúvico, que, pela ação da piruvatoqui-
guíneos é dispersa ou de pequena irri- No peixe vivo as células utilizando o nase (ADP a ATP) passa a ácido pirú-
gação, mas o músculo escuro, deno- oxigênio, realizam simultaneamente: vico e este finalmente a ácido lático
minado de “superficialis lateralis decomposição e biosíntese, mas após (NADH a NAD). Portanto, em condi-
trunci ou de Vogt”, denominado na a morte a glicólise anaeróbica e a ções anaeróbias a glucólise passa a
literatura inglesa de “dark muscle”, degradação do ATP, precedem o “rigor ácido lático que, abaixando o pH per-
apresenta maior proporção de proteí- mortis”e, após o “rigor-mortis”, a mite a liberação de enzimas que esta-
nas sarcoplasmáticas (glicolítica, par- decomposição de aminoácidos e a vam contidas pelo equilíbrio do meta-
valbumina, mioglobina) e do estroma rancificação devido a alta insaturação bolismo em organelas próprias, pas-
(colágeno, elastina, elastoidina, dos seus ácidos graxos conduzem aos sando estes a atuarem em seus subs-
conectina). O músculo escuro possui radicais finais que, em conjunto, reve- tratos próprios.
maior conteúdo de glicogênio, mais lam o estado putrefativo.
rico em lipídeos, aminoácido sulfôni- Degradação do ATP
co, ferro, nitrogênio extrativo e histi- Glucólise
dina. Caracteriza a musculatura escu- O ATP após a morte do peixe é
ra, o teor de hemoproteinas e o teor de Muito embora exista elevada dife- decomposto, através da ação de enzi-
vitaminas lipossolúveis, principal- renciação entre espécies quanto ao mas, quando a passagem do ATP a
mente A e D, hidrossolúveis B1, B2, conteúdo de glicogênio, nos peixes, ADP perdendo uma molécula de fos-
B12 e ácido pantotênico. depende essencialmente do método foro por ação da adenosina-trifosfata-
Ocorrem variações na carne do utilizado na sua captura. A degrada- se e este (ADP) passa a AMP por ação
pescado em função do estado fisioló- ção da glicose até ácido lático sofre, da mioquinase. O AMP passa a IMP
gico, da época do ano, da salinidade e inicialmente, a ação de dois enzimas: por ação da AMPdeaminase (onde já
da temperatura da água, da alimenta- a amilase e a hexoquinase. A amilase ocorre a produção de NH3). O IMP
ção e das alterações metabólicas atuando sobre o glicogênio por ação para hipoxantina por ação da IMPfos-
durante o processo de desenvolvi- da fosforilase passa a glucosilfosfato, fatase, e esta, por ação da nucleosídeo
mento do peixe até a maturação este por ação da fosfoglucomutase, hidrolase proporciona a hipoxantina e
sexual. passa a glucose-6-fosfato, para, por ribose, e também por ação da nucleo-
Se compararmos as causas da rápi- ação da fosfoglucoisomerase passar a sídeo fosforilase proporciona a hipo-
da decomposição do peixe frente a transformá-lo em frutose-6-fosfato. xantina e a ribose-1-fosfato (Bertullo,
carne bovina, verificamos que: no Nesta fase, o ATP passa a ADP por 1975).
peixe existe menos quantidade de ação da hexoquinase, passando a glu- As reações até IMP se processam
tecido conjuntivo, maior quantidade cose-6-fosfato e a frutose 1,6 difosfa- rapidamente, mas quando o pH se tor-
de água, de ácidos graxos insaturados, to (ação simultânea e reversível). A na mais estável, a transformação da
catepsinas e a degradação do ATP é frutose, também por ação reversível e IMP a hipoxantina é mais demorada,
Pós-“rigor mortis”
sível, aumenta-se consideravelmente refrigeração (±5ºC), ainda atua a aminoácido dá origem a uma amina
o tempo de vida útil (comercial) dos Shewanella putrefaciens, as Aero- correspondente e CO2, independente
peixes. monas sp. e outras bactérias, depen- do pH (neutro ou alcalino).
Entre os extrativos nitrogenados, dendo da temperatura. Por exemplo,
não proteicos, o óxido de trimetilami- em águas temperadas, Pseudomonas, Exemplo:
CH2.NH2.COOH ––––––––––––––––––– CH3NH2 + CO2
na (OTMA) alem de participar do Moraxella e Flavobacterium, podem Glicina Glicina-descarboxilase Metilamina
odor dos peixes marinhos é um esti- contribuir para a deteriora. Em tem-
mulante seletivo. peraturas da faixa mesofílica (20 a Assim, sucessivamente temos o
O elevado teor de proteínas e 30ºC) as Aeromonas e principalmente aminoácido que por ação da sua des-
nitrogenados não protéicos (OTMA, a A. hidrophyla participam mais ati- carboxilase própria produz, a amina
creatinina etc) e o baixo teor de hidra- vamente do processo de deteriora, correspondente: Alanina (Etilamina);
tos de carbono (pH alto >6,0) que mas outros autores citam os gêneros Leucina (Isoamilamina); Arginina
caracterizam o tecido muscular do Flavobacterium e Micrococcus como (Agmatina); Lisina (cadaverina); Gli-
peixe, aliado aos lipídeos de cadeia participantes. cina (Metilamina); Serina (Hidro-
longa, com elevada insaturação, prin- Na degradação inicial das ptoteí- xetilamina); Metionina (°-metiltiol-
cipalmente em peixes gordos (pelági- nas dos peixes, após o “rigor mortis”, propilamina); Cistina (Tioltilamina);
cos), são os elementos que causam a o número de bactérias aumenta consi- Treonina (b – hidroxipropilamina);
rápida deteriora dos peixes proporcio- deravelmente e como conseqüência Colina (Trimetilamina); Oritina (Pu-
nam: odores e sabores desagradáveis, suas enzimas. triscina); Tirosina (Tiramina); Histi-
formação de muco, produção de Considerando que as proteínas e dina (Histamina); Triptifano (Tripta-
gases, coloração anormal e alterações suas primeiras frações, como as pro- mina); Ac. Glutâmico (°-Amino buti-
significativas na textura. teoses, não se constituem fontes de rato).
As reações bioquímicas que ocor- nitrogênio e carbono assimiláveis, A mais importante de todas as
rem nos peixes após o “rigor mortis”, necessário se faz quebrar as macro- aminas é a histamina por provocar
e que sucedem aos principais fenôme- moléculas da proteína através de enzi- intoxicações de natureza alérgica,
nos do pré-“rigor mortis”, autólise e mas específicas (endopeptidase, exo- quando do consumo de peixes de
degradação de ATP, são proporciona- peptidases, carboxipeptidases e ami- carne vermelha (atum, sardinha, boni-
das pelo desenvolvimento bacteriano, nopeptidases) para que a atuação das to, cavalinha etc.). Bactérias como
fenômenos químicos e físicos (Huss, bactérias possam reduzí-las a aminoá- Proteus morganii, Proteus vulgaris,
1997). cidos livres, peptídeos (di e tripeptí- Hafnia alvei, Photobacterium phos-
A flora inicial dos peixes é muito deos). phorium, entre outras são produtores
diversificada, geralmente dominada O valor nutritivo do peixe degra- da histidina – descarboxilase.
por bactérias psicrotróficas, Gram- dado até aminoácidos, ainda perma- Posteriormente, estas aminas são
negativas e halofílicas. Os peixes cap- nece, mas a partir da degradação des- decompostas em NH3 + CO2 + H2O,
turados em áreas tropicais, via de ses aminoácidos até os radicais finais como conseqüência da ação da ami-
regra, apresentam uma carga micro- que, em conjunto denunciam o estado noxidase de origem bacteriana
biana discretamente mais elevada. de putrefação, não existe mais valor Ogawa e Maia (1999).
Durante a armazenagem, parte dessa nutritivo. A desaminação de aminoácidos
flora contribui para o processo de Segundo Sale (1975), as reações segue vários cursos, segundo as enzi-
deteriora. de degradação, as ptomaínas (aminas mas presentes nos microrganismos e
As bactérias que participam da e diaminas básicas) resultam da ação as condições do ambiente.
deteriora do peixe fresco em tempera- de bactérias putrefativas sobre ami-
tura baixa (0ºC) são: Shewanella noácidos e bases orgânicas, com- 1 - A desaminação oxidativa dá ori-
putrefaciens e Pseudomonas sp, preendendo: descarboxilação, desa- gem a um a – cetoácido.
sendo a S. putrefaciens em condições minações e transaminação. Exemplo:
HC.CH3.NH2.COOH + 1/2O2 –––– CH3.CO.COOH + NH3
aeróbias produtora de TMA e H2S e A descarboxilação de aminoácidos Alanina Acido pirúvico
outros sulfuretos voláteis (Dalgaard resulta da ação de enzimas específicas
et al., 1993; Ogawa e Maia, 1999; de cada aminoácido (Ex: valina- vali- Podendo alguns microrganismos
Donald e Gibson, 1992; Jorgensen e na-descarboxilase – Isobutilamina) produzir desaminação oxidativa
Huss, 1989). Em temperaturas de que, reagindo com a carboxila do dos ácidos dicarboxílicos (aspárti-
Exemplo:
HC.CH3.NH2.COOH + 2H –––––– HC2CH3.COOH + NH3
transfere um grupo amínico de N
N
carboxilação, forma um álcool aminoácidos, como alamina, vali- CH3.CH3.CH3.N=O –––– CH3.CH3CH3.N
OTMA TMA
primário com um átomo de carbo- na, leucina e fenilalanina, podem
no a menos. oxidar-se ao atuar em como doa- A uréia produzida a partir da
Exemplo: dores de hidrogênio, e outros, decomposição da arginina, degradada
HC. CH3.NH2.COOH + H2O ––– CH2CH3.OH + CO2 + NH3
Alanina Álcool etílico
como glicina, prolina, hidroxipro- a NH3 e CO2, como resultado da ação
lina, ornitina e arginina, se redu- da urease produzida por Pseudomo-
6 - A descarboxilação ou eliminação zem, servindo como receptores de nas, Proteus, Bacillus, Micrococcus.
do dióxido de carbono, com for- hidrogênio. Estas reações ocor- Os elasmobrânquios (tubarões, ar-
mação de uma amina com um rem em condições anaeróbicas. raias) apresentam forte odor de amô-
Exemplo:
átomo de carbono a menos. CH2 CH3 nia quando perdem qualidade.
Exemplo:
HC. CH3.NH2.COOH –––– CH2.CH3.NH2 + CO2 NH +CH2.CH.NH3.COOH + H2O –––– Exemplo:
Alanina Amina com um átomo a menos 2NH2(CH2)4.COOH + CO(NH2)2 + H2O –––––– 2NH3 + CO2
de carbono CH3.COOH + NH3 + CO2 Uréia Amônia
Alanina Ác. d- aminovalérico
As descarboxilases geralmente são + Ác. acético
produzidas em cultivos de bacté- CH2 CH.COOH
Prolina
rias com pH baixo utilizando no
meio carboidrato fermentável.
11 - A decomposição de aminoácidos
que contem enxôfre (metionina,
7 - A decomposição anaeróbica, com
cistina e cisteína) ocorre por ação
liberação de hidrogênio
Exemplo:
de Pseudomonas, Alteromonas,
5COOH.(CH2)2.CH.NH2.COOH + 6H2O –– 6CH3.COOH entre outros gêneros, produzindo
Ác. Glutâmico + 2CH3(CH2)3.COOH
+ 5CO2 + 5NH3 + H2
como radical final o H2S, metil-
Ácido acético mercaptana, etilmercaptana etc.
+ Ác. Butirico Exemplo:
CH2.S.CH3.CH2.CH.NH2.COOH + H2O ––––
Metionina CH3SH + CH3CH2CO.COOH + NH3
Metilmercaptana + a-Ác. cetobutirico
Considerações finais sumidor, quando entende que, o con- A importância social e econômica
junto dos radicais finais, provenientes da função, legal e privativa, do
O Médico Veterinário, atuando na da decomposição de aminoácidos, Médico Veterinário, no que tange aos
Inspeção de Pescado, conhecedor das através dessas reações e de outras ori- produtos da pesca de um modo geral
modificações bioquímicas que carac- ginadas de componentes nitrogenados é significativa sob o ponto de vista de
terizam as diferentes fases que os pei- não protêicos, conferem ao pescado o Saúde Pública.
xes atravessam, desde a sua captura até odor pútrido inconfundível, tornando-
a putrefação, defende a saúde do con- o impróprio para o consumo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERTULLO, V. Tecnologia de los produtos y subprodutos de Le GALL, Y. Le fumage da poisson. Rev. Trav.Péches Marit.
pescados, moluscos e crustáceos. Hemisfério Sur: Buenos XI. v.41, n.1, p. 59-106, 1950.
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Nova Fronteira AS. 1975. 1499p. organoleptic method. Ibid. Fisher, Leaflet, n.94, 1944.
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Museus de Ciências
e o Museu de Primatologia do CPRJ-FEEMA
O interesse pelas belezas naturais, com que a fauna nos atinge, fato tra-
Alcides Pissinatti pela fauna e flora, sempre esteve pre- duzido através das esculturas e pintu-
Médico Veterinário – CRMV-RJ 0702
Doutor em Biologia Animal – UFRRJ sente entre os povos e nas suas cultu- ras, realizadas por artistas notáveis
Diretor do Centro de Primatologia do Rio ras. Já havia sido enfatizado por desde a pré-história.
de Janeiro – CPRJ-DEP/FEEMA Aristóteles e Galeno em estudos ana- Considerando essa importância, é
Prof. Titular de Ecologia Aplicada e
Animais Selvagens – Centro Universitário tômicos, e cultuado entre outros imenso o pragmatismo dos Museus de
Plínio Leite – UNIPLI e Fundação povos, por egípcios e indianos, em Ciências como promissora fonte de
Educacional Serra dos Órgãos – FESO
e-mail: pissinatticprj@terra.com.br
cujas culturas aparecem de modo des- desenvolvimento cultural e de oportu-
Lorenzo Pissinatti tacado em escritos e até nos seus nidades nos mais diversos campos da
Médico Veterinário – CRMV-RJ 6891 monumentos. pesquisa científica.
e-mail: pissinatticprj@terra.com.br O grande viajante Marco Pólo des- Os Museus de Ciências tiveram
Carlos Henrique Freitas Burity creveu em detalhe as maravilhas seu surgimento em 1980, tendo em
Biólogo CRB-RJ 21556-02
Doutor em Biociências Nucleares – UERJ observadas nas andanças pela ampla vista difundir a cultura científica para
Prof. Adjunto e Coordenador da Disciplina região oriental, destacando os par- público diverso e amplo. No contexto
Morfologia I e II – UNIGRANRIO ques, jardins e criatórios de animais internacional a idéia desses museus
Prof. Assistente da Disciplina Morfologia I
e II na Faculdade de Odontologia da selvagens mantidos pelo grande con- teve início nos primórdios de 1960,
Universidade Estácio de Sá quistador Kublai Kahn. Admirável principalmente nos Estados Unidos,
e-mail: burity.rlk@terra.com.br
era também a coleção de animais sel- onde adquiriu caráter multidisciplinar
vagens do Califa de Bagdá, Harum Al através da integração das ciências,
Rashid, ao tempo de Alexandre tecnologia e da arte, com recursos
Magno. interativos de caráter experimental,
Não há dúvidas sobre o fascínio com a denominação de “Science
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principalmente entre os Estados de total entre a natureza e as comunida- geral e dos humanos em particular,
São Paulo e do Rio de Janeiro, e ainda des técnico-científica e entidades divulgando também aspectos etnográ-
assim, REDUZIDA A CERCA DE organizadas, com o intuito de aumen- ficos específicos de tribos indígenas
MENOS DE 1% (um por cento) DO tar a cultura científica do povo brasi- que outrora habitaram o território flu-
TOTAL DE SUA ÁREA PRIMITI- leiro em geral. minense, e também sobre a contribui-
VA; Distando cerca de 100 Km do cen- ção do negro e do branco na cultura
O Estado do Rio de Janeiro fora tro da Cidade do Rio de Janeiro, a brasileira.
outrora inteiramente coberto pela implantação do Parque Primatológico A apresentação museológica
Mata Atlântica, RESTANDO HOJE deverá vir a ser importante iniciativa moderna será organizada e montada
APENAS CERCA DE 10% DE SUA de grande alcance educativo e cultural em salas apropriadas para divulgar
ÁREA ORIGINAL; além de total- além de, por outro lado, ampliar objetivamente aspectos da biologia
mente alterada quanto à sua estrutura sobremaneira o turismo nacional e dos símios brasileiros e do que se
e composição. internacional. conhece da etnografia dos indígenas
O CENTRO DE PRIMATOLO- Além de inédita no mundo, a idéia que habitavam esse Estado.
GIA DO RIO DE JANEIRO quanto começa a ser comentada no exterior,
às suas atividades é uma Instituição sendo a concretização desse Parque EXEMPLOS:
modelar, que goza de ótimo conceito motivo de marcante reconhecimento
nacional e internacional, devendo o internacional na área da moderna con- 1º Salão
Estado apoiá-lo como iniciativa histó- servação da natureza. 1.1 – Origem da vida, há aproxi-
rica e de grande significado para a Na formação desse parque serão madamente 3,5 bilhões de
ciência do Brasil e para o benefício da planejados: anos. Frisar quão longo foi o
humanidade. início do processo vital, a
A proposta de viabilizar na área da a) Viveiros ecológicos evolução dos animais e das
Estação Ecológica Estadual do Serão construídos 80 viveiros, dis- plantas superiores, que ape-
Paraíso, criada pelo Decreto tribuídos de acordo com critério filo- nas apareceram após muitos
Estadual Nº 9.803 de 12 de março genético, onde serão alojados os milhões de anos.
de 1987, o Museu de Primatologia e o símios que ocorrem no território bra-
Parque Primatológico do CPRJ, con- sileiro (cerca de 100 formas). Os alo- 2º Salão
figuraria extraordinária conquista jamentos serão de arquitetura funcio- 2.1 – O homem atual (Homo
conservacionista do Governo do nal e integrados à paisagem e cuja sapiens) e seus ancestrais:
Estado do Rio de Janeiro, fato que construção em parte do CPRJ, será das formas menos evoluídas
denota cuidado da administração feita em área desprovida de vegetação até os primeiros hominí-
estadual na manutenção e no reconhe- natural. dios.
cimento da valiosa biodiversidade 2.2 – Classificação dos Primatas
regional, mantendo-a para a atual e b) Museu de Primatologia do atuais: prossímios, símios e
para as futuras gerações humanas. É Rio de Janeiro antropóides.
portanto dever de todos lutar pela A implantação do Museu de 2.3 – A separação de massa conti-
concretização da idéia, pois, trata-se Primatologia objetiva organizar uma nental única nos atuais conti-
de realização ímpar em todo o amostra pedagógica, com base em nentes. A Teoria de Wegener
mundo! material iconográfico dos primatas da separação da América do
que ocorrem naturalmente no territó- Sul da África e a origem dos
Parque Primatológico do Rio de rio brasileiro, o mais rico em espécies primatas Neotrópicos.
Janeiro primatas em todo o mundo. 2.4 – As modernas classificações
Através de recursos pouco dispen- dos Primatas. A classificação
A implantação de um Parque diosos pretende o CPRJ-FEEMA básica de Simpson em três
Primatológico no Estado do Rio de apresentar os fundamentos básicos da super-famílias: Ceboidea,
Janeiro, que se constituirá em unidade origem da vida e do processo evoluti- Cercopitecoidea e Homi-
do CPRJ, deverá manter integração vo dos primatas não-humanos em noidea.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Smithsonian Institution Press, 2001. 350p.
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VIII Simpósio em
Bovinocultura de Leite da Região Sul
12 a 14 de Maio de 2004
Auditório da Faculdade de Agronomia da UFPel
Informações: (53) 227.6603 - www.vetesul.com.br
vetesul@terra.com.br
XXV Congresso Brasileiro
de Clínicos Veterinárias de Pequenos Animais
De 20 a 23 de maio de 2004
Expogramado – Gramado – Rio Grande do Sul
Informações: www.anclivepa-rs.com.br
Fone: (51) 3330-3082
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VI Congresso Internacional de Zootecnia;
XIV Congresso Nacional de Zootecnia;
X Reunião Nacional de Ensino em Zootecnia
XVII Fórum de Entidades de Zootecnistas
De 28 a 31 de maio de 2004
Local: Blue Tree Park, em Brasília-DF.
Informações: www.upis.br/zootec2004 e acesse a
programação, inscrições dos trabalhos científicos
e outras informações.