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CURSO

INTENSIVO
PARA RESIDÊNCIAS

FARMÁCIA

ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA
PROFESSORES
Cinara Vasconcelos da Silva Jorge Felipe Melo Oliveira
Farmacêutica pela Universidade Federal Farmacêutico pela Universidade do Estado
da Bahia (UFBA). Mestra em Química pela da Bahia (2013). Especialista em Farmácia
Universidade Federal da Bahia (UFBA). Hospitalar e Farmácia Clínica. Atualmente
Especialista em Manipulação pelo Institu- é docente de Graduação e Pós-graduação.
to Racine. Doutora em Engenharia Indus-
trial pela Universidade Federal da Bahia
(UFBA).

ORGANIZADORA REVISÃO TÉCNICA


Thassila Nogueira Pitanga Valeska Franco Ribeiro
Farmacêutica graduada pela Universida- Mestrando em saúde coletiva (ISC - UFBA) /
de Federal da Bahia. Mestre e Doutora em especialista em saúde coletiva e sociedade
Patologia Humana pelo Instituto Gonçalo (UNINTER) e Residência multiprofissional
Moniz (IGM, Fiocruz-Ba). Pós doutora com em cardiologia (UFBA) / Graduação em Far-
ênfase em Farmacodinâmica e Biologia mácia (UFBA).
Molecular (IGM, Fiocruz-Ba). Professora e
pesquisadora da Universidade Católica do
Salvador. Presidente da Comissão de Pes-
quisa do Conselho Regional de Farmácia
(CRF-BA). Pesquisadora colaboradora nos
Laboratórios de Investigação em Genética
e Hematologia Translacional (LIGHT/IGM)
e de Pesquisa Experimental (LAPEX/IGM).
Supervisora Técnica do Núcleo de Farmácia
na Editora Sanar.
2021 ©
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610,
de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste
livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia
ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características
gráficas, sem permissão expressa da Editora.

Título | Intensivo para residências em farmácia: Assistência Farmacêutica


Editor | Karen Nina Nolasco
Projeto gráfico e diagramação| Fabrício Sawczen
Capa | Fabrício Sawczen
Revisor Ortográfico | Microart Design Editorial
Conselho Editorial | Caio Vinicius Menezes Nunes
Paulo Costa Lima
Sandra de Quadros Uzêda
Silvio José Albergaria da Silva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)

V331if Silva, Cinara Vasconcelos da.


Intensivo para residências em Farmácia: Assistência Farmacêutica / Cinara Vasconcelos da
Silva.- 1. ed.- Salvador, BA : Editora Sanar, 2020.
91 p.; il..
E-Book: PDF.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-86246-78-0
1. Assistência Farmacêutica. 2. Farmácia. 3. Medicina. 4. Residências. I. Título. II. Assunto. III.
Vasconcelos, Cinara.
CDD 615
CDU 615

ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO


1. Farmácia.
2. Farmácia.
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SILVA, Cinara Vasconcelos da. Intensivo para residências em Farmácia: Assistência Farmacêutica. 1.
ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2020. EBook (PDF). ISBN 978-65-86246-78-0.

Editora Sanar S.A


R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office &
Pool, 3ro Andar - Caminho das Árvores
CEP 41820-770, Salvador - BA
Tel.: 0800 337 6262
atendimento@sanar.com
www.sanarsaude.com
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ciclo de Assistência Farmacêutica com as principais etapas
Figura 2 - Ciclo de Assistência Farmacêutica completo
Figura 3 - Ciclo de Assistência Farmacêutica
Figura 4 - Fluxo de Aquisição de Medicamentos
Figura 5 - Indicações que devem constar nos rótulos dos medicamentos
Figura 6 - Tipos de planejamento
Figura 7 - Dimensões do PES
Figura 8 - Modelo lógico-conceitual da assistência farmacêutica integrada ao
processo de cuidado em saúde

LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Cronologia dos marcos da Assistência Farmacêutica no Brasil
Quadro 2 - Ações prioritárias da PNM
Quadro 3 - Descrição da figura 2 (Ciclo de Assistência Farmacêutica Completo)
Quadro 4 - Objetivos e importância da seleção de medicamentos
Quadro 5 - Funções da CFT
Quadro 6 - Métodos de programação
Quadro 7 - Modalidades de Licitação
Quadro 8 - Financiamento de Componentes da Assistência Farmacêutica
Quadro 9 - Problemas com Prescrições
SUMÁRIO
Apresentação..................................................................................... 6

1. Assistência farmacêutica geral................................................... 7


2. Políticas farmacêuticas................................................................ 13
3. Ciclo da assistência farmacêutica.............................................. 27
4. Planejamento da assistência farmacêutica.............................. 74

Gabarito.............................................................................................. 88
Referências........................................................................................ 89
APRESENTAÇÃO
Olá, futuro (a) residente!
Seja bem– vindo à aula sobre Assistência Farmacêutica. Esta aula abran-
ge o entendimento sobre o tema, cuja compreensão e prática são essen-
ciais para o bom funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Os
subtemas incluídos na Assistência Farmacêutica compõem os conteúdos
mais prevalentes nas provas de residência.

Aqui você poderá reforçar o conhecimento sobre os pontos mais impor-


tantes, a partir de uma leitura fácil e com dicas para você gabaritar sua
prova. No decorrer do texto, poderá testar seu aprendizado com ques-
tões de provas anteriores e assistir a pocket vídeos com aquele conteúdo
que você não pode deixar de saber para realizar com excelência as provas
da sua tão sonhada residência!

Não esqueça de que ao final do curso você poderá revisar todo o conteúdo
desta disciplina com uma vídeoaula, além de aulas com questões comen-
tadas das provas anteriores e simulados, para você colocar em prática
tudo o que aprendeu.

BONS ESTUDOS!

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a apresentação gravada.
1. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA GERAL
Uma política é “o conjunto de diretrizes, objetivos, intenções e decisões
que dão forma a determinado programa de ação governamental e condi-
cionam a sua execução”. O estabelecimento de uma política para deter-
minada área funciona como um guia para direcionar o planejamento e a
elaboração de estratégias, definindo prioridades de ações no âmbito de
atuação, cujo desdobramento é um plano de ação, programas e projetos,
para sua efetiva implementação.

O estabelecimento de políticas tem por objetivo planejar, executar, acom-


panhar e avaliar, criando espaço para debates e discussões pertinentes à
área.

Para concretização dos objetivos da saúde, a exemplo da Assistência Far-


macêutica, foram estabelecidas Políticas Farmacêuticas (Política Nacio-
nal de Medicamentos e a Política Nacional de Assistência Farmacêutica).

A Assistência Farmacêutica foi definida pela Política Nacional de Medica-


mentos (PNM) em 1998, como um grupo de atividades relacionadas com
o medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por
uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos, a conserva-
ção e o controle de qualidade, a segurança e eficácia terapêutica, acom-
panhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e difusão de informa-
ção, assim como a educação permanente dos profissionais de saúde, do
paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos.

Baseada na I Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Far-


macêutica realizada em 2003, a Política Nacional de Assistência Farma-
cêutica (PNAF) estabeleceu uma definição mais elaborada sobre Assis-
tência Farmacêutica: “Conjunto de ações voltadas à promoção, proteção

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e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medica-
mento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racional.
Esse conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de
medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisi-
ção, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e ser-
viços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da
obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da
população”.

No entanto, não se pode tratar de Assistência Farmacêutica sem falar do


Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, faremos, a seguir, um breve his-
tórico sobre a Assistência Farmacêutica no SUS e abordaremos os prin-
cipais pontos sobre as políticas nacionais voltadas ao Medicamento e à
Assistência Farmacêutica.

HISTÓRICO

A Assistência Farmacêutica como política pública teve início em 1971 com


a criação da Central de Medicamentos (CEME). A CEME funcionava como
reguladora da produção e distribuição de medicamentos dos laboratórios
farmacêuticos brasileiros24.

Em 1988, a Constituição Brasileira estabeleceu a saúde como direito so-


cial e se tornou o marco legal da criação do SUS, determinando que:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas


sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua pro-
moção, proteção e recuperação.

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A criação do SUS foi regulamentada pela Lei Orgânica da Saúde nº
8.080/90, que determinou a universalidade e igualdade no atendimen-
to da população, além da integralidade das ações e serviços de saúde. A
Lei 8.080/90 abordou a Assistência Farmacêutica como uma das ações
a serem exercidas pelo SUS, bem como a regulamentação das políticas
nacionais voltadas ao medicamento, que foram publicadas depois de qua-
se uma década da publicação da Lei 8.080/ 90 e serão vistas com mais
detalhes a seguir.

Foram identificadas deficiências na atuação da CEME, tais como: denún-


cias de corrupção, desmonte da estrutura técnico-organizacional, desar-
ticulação com estados e municípios, deficiência da rede de distribuição e
descontinuidades no abastecimento25.

Em 1997, a CEME foi extinta e, a partir da sua extinção, iniciou-se um amplo


processo de discussão com todos os setores nacionais interessados e, de
forma crescente, foram sendo definidas as responsabilidades pela gestão
e financiamento da assistência farmacêutica nas três esferas do SUS.

O Sistema Único de Saúde, pela sua complexidade e características, neces-


sita de uma Assistência Farmacêutica estruturada, de pessoal qualificado
para suporte técnico às ações de saúde e do alcance de bons resultados.

A compreensão do processo de construção e implementação são


de fundamental importância para o entendimento da Assistência
Farmacêutica no contexto da Política Nacional de Saúde, Política Nacio-
nal de Medicamentos e Política Nacional de Assistência Farmacêutica.

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O quadro seguinte apresenta a cronologia dos marcos da Assistência Far-
macêutica no Brasil:

Quadro 1 - Cronologia dos marcos da Assistência Farmacêutica no Brasil


1971 Criação da CEME.

1988 Constituição Federal – Criação do SUS.

1990 Lei Orgânica 8080/90 – Regulamentação do SUS.

Política Nacional de Medicamentos – voltada para a segurança dos medicamen-


1998
tos e promoção do uso racional.

1999 Lei dos Genéricos – 9.787/99.

2003 I Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica.

2004 Política Nacional de Assistência Farmacêutica.

Fonte: Adaptado de http://www.ccates.org.br/areas-tematicas/assistencia-


farmaceutica/

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Aula sobre a Assistência
Farmacêutica Geral clicando
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01. Considerando os marcos legais das políticas farmacêuticas
contemporâneas, analise as seguintes afirmativas:

I. A Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF),


aprovada em 2004, substitui e revoga a Política Nacional de
Medicamentos (PNM), de 1998, considerada desatualizada à
época.
II. Tanto a PNM quanto a PNAF seguem as recomendações da
Organização Mundial da Saúde que apontam para a necessi-
dade de constituir estratégias e diretrizes intersetoriais.
III. As iniciativas regulatórias e a produção normativa sobre me-
dicamentos e sua importância no setor saúde vem sofrendo
retração nas últimas décadas, configurando iniciativas pon-
tuais e sem continuidade.
A opção correta é:
🅐 I e II.
🅑 II.
🅒 III.
🅓 I e III.

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

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ANOTAÇÕES

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2. POLÍTICAS FARMACÊUTICAS

POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

A Política Nacional de Medicamentos foi publicada em 1998, por meio da


Portaria GM /MS nº 3.916/98, tendo como finalidade:
• Garantir a segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos;
• Promover o uso racional dos medicamentos;
• Garantir o acesso da população aos medicamentos considerados es-
senciais.

As justificativas dadas para a implantação da PNM foram: problemas de


acesso da população aos medicamentos, a elevação da demanda nos ser-
viços públicos de saúde, o aumento da expectativa de vida da população
brasileira, a modificação do perfil epidemiológico da população (morbida-
de e mortalidade), a desarticulação da assistência farmacêutica, a desor-
ganização dos serviços farmacêuticos, o uso irracional de medicamentos
e a automedicação.

Com o objetivo de assegurar o acesso da população a medicamentos se-


guros, eficazes e de qualidade ao menor custo possível, foram estabeleci-
das as seguintes diretrizes na PNM:
• Adoção da Relação de Medicamentos Essenciais (RENAME);
• Regulamentação Sanitária dos medicamentos;
• Reorientação da Assistência Farmacêutica;
• Promoção do uso racional de medicamentos;
• Desenvolvimento científico e tecnológico;

Medicamentos essenciais: medicamentos que atendem as necessidades prioritárias de uma população.

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• Promoção da produção de medicamentos;
• Garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos;
• Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos.

Dessas diretrizes, são consideradas prioritárias:

Quadro 2 - Ações prioritárias da PNM

AÇÕES PRIORITÁRIAS –
CARACTERÍSTICAS
PNM

• Baseada em prioridades nacionais, segurança, eficácia


terapêutica, qualidade e disponibilidade;
• Organizada por patologias e agravos mais relevantes e
Revisão permanente da RENAME prevalentes, respeitando as diferenças regionais;
• As apresentações dos produtos devem assegurar formas
farmacêuticas e dosagens adequadas para crianças e
idosos.

• Descentralização da Assistência Farmacêutica;


• Promoção do uso racional dos medicamentos;
Reorientação da Assistência Far-
• Otimização e eficácia do sistema de distribuição e de-
macêutica
senvolvimento de iniciativas que possibilitem a redução
de preços com recursos assegurados pelos três níveis de
governo.

• Campanhas educativas;
• Registro e uso de medicamentos genéricos;
Promoção do uso racional de me-
• Formulário Terapêutico Nacional;
dicamentos
• Farmacoepidemiologia e Ações de farmacovigilância;
• Educação continuada aos profissionais de saúde.

• Desenvolvimento e Elaboração de Procedimentos Opera-


cionais Sistematizados;
Organização das atividades de • Treinamento de Pessoal do Sistema de Vigilância Sanitá-
Vigilância Sanitária ria;
• Consolidação do Sistema de Informação em Vigilância
Sanitária.

Fonte: Autoria Própria, 2020.

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A Política Nacional de Medicamentos estabelece, ainda, as responsabili-
dades para cada uma das três esferas de gestão no âmbito do SUS.

Caberá à Gestão Federal por meio do Ministério da Saúde:


a. prestar cooperação técnica e financeira às demais instâncias do SUS
no desenvolvimento das atividades relativas à PNM;
b. estabelecer normas e promover a assistência farmacêutica nas três
esferas de Governo;
c. apoiar a organização de consórcios destinados à prestação da assis-
tência farmacêutica ou estimular a inclusão desse tipo de assistência
como objeto de consórcios de saúde;
d. promover o uso racional de medicamentos junto à população, aos pres-
critores e aos dispensadores;
e. incentivar a revisão das tecnologias de formulação farmacêutica;
f. promover a dinamização de pesquisas na área farmacêutica, principal-
mente para as áreas estratégicas para a capacitação e o desenvolvi-
mento tecnológico;
g. promover a disseminação de experiências e de informações técnico-
-científicas;
h. implementar programa específico de capacitação de recursos humanos;
i. coordenar e monitorar os sistemas nacionais básicos: Vigilância Sani-
tária, Vigilância Epidemiológica e Rede de Laboratórios de Saúde Pú-
blica;
j. promover a reestruturação da Secretaria de Vigilância Sanitária, do-
tando-a das condições necessárias ao cumprimento das responsabili-
dades, especialmente no tocante à garantia da segurança e qualidade
dos medicamentos;
k. promover a sistematização do arcabouço legal da vigilância sanitária,
adequando-o aos princípios e diretrizes do SUS;

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l. promover a atualização da legislação de vigilância sanitária;
m. implementar atividades de controle da qualidade de medicamentos;
n. promover a revisão periódica e a atualização contínua da RENAME e a
sua divulgação, inclusive via Internet;
o. promover a elaboração, a divulgação e a utilização do Formulário Tera-
pêutico Nacional;
p. promover a atualização permanente da Farmacopeia Brasileira;
q. acompanhar e divulgar o preço dos medicamentos, em especial daque-
les constantes da RENAME;
r. destinar recursos para a aquisição de medicamentos, mediante o re-
passe fundo a fundo para estados e municípios, definindo, para tanto,
critérios básicos para o mesmo;
s. criar mecanismos que vinculem a transferência de recursos ao desen-
volvimento de um modelo adequado de atenção à saúde;
t. promover a revisão, atualização e ajuste diferenciado do grupo de me-
dicamentos incluídos na composição dos custos dos procedimentos
relativos à assistência hospitalar e ambulatorial faturados segundo ta-
bela;
u. adquirir e distribuir produtos em situações especiais, identificadas por
ocasião das programações;
v. orientar e assessorar os estados e municípios em processos de aquisi-
ção de medicamentos essenciais, contribuindo para que esta aquisição
esteja consoante à realidade epidemiológica e para que seja assegura-
do o abastecimento de forma oportuna, regular e com menor custo;
w. orientar e assessorar os estados e os municípios em seus processos
relativos à dispensação de medicamentos.

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Compete a Gestão Estadual:
a. coordenar o processo de articulação intersetorial no seu âmbito;
b. promover a formulação da política estadual de medicamentos;
c. prestar cooperação técnica e financeira aos municípios no desenvolvi-
mento das suas atividades e ações relativas à assistência farmacêuti-
ca;
d. coordenar e executar a assistência farmacêutica no seu âmbito;
e. apoiar a organização de consórcios intermunicipais de saúde destina-
dos à prestação da assistência farmacêutica;
f. promover o uso racional de medicamentos junto à população, aos pres-
critores e aos dispensadores;
g. assegurar a adequada dispensação dos medicamentos, promovendo o
treinamento dos recursos humanos e a aplicação das normas pertinen-
tes;
h. participar da promoção de pesquisas na área farmacêutica, em especial
aquelas consideradas estratégicas para a capacitação e o desenvolvi-
mento tecnológico, bem como do incentivo à revisão das tecnologias
de formulação farmacêuticas;
i. investir no desenvolvimento de recursos humanos para a gestão da as-
sistência farmacêutica;
j. coordenar e monitorar o componente estadual de sistemas nacionais
básicos para a Política de Medicamentos;
k. implementar as ações de vigilância sanitária sob a sua responsabilida-
de;
l. definir a relação estadual de medicamentos, com base na RENAME, e
em conformidade com o perfil epidemiológico do estado;
m. definir elenco de medicamentos que serão adquiridos diretamente
pelo estado, inclusive os de dispensação em caráter excepcional, e
destinando orçamento adequado à sua aquisição;

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n. utilizar, prioritariamente, a capacidade instalada dos laboratórios ofi-
ciais para o suprimento das necessidades de medicamentos do estado;
o. investir em infraestrutura das centrais farmacêuticas, visando garantir
a qualidade dos produtos até a sua distribuição;
p. receber, armazenar e distribuir adequadamente os medicamentos sob
sua guarda;
q. orientar e assessorar os municípios em seus processos de aquisição de
medicamentos essenciais, contribuindo para que esta aquisição este-
ja consoante à realidade epidemiológica e para que seja assegurado o
abastecimento de forma oportuna, regular e com menor custo;
r. coordenar o processo de aquisição de medicamentos pelos municípios,
visando assegurar o contido no item anterior e, prioritariamente, que
seja utilizada a capacidade instalada dos laboratórios oficiais.

A Gestão Municipal se encarregará de:


a. coordenar e executar a assistência farmacêutica no seu respectivo âm-
bito;
b. associar-se a outros municípios, por intermédio da organização de con-
sórcios, tendo em vista a execução da assistência farmacêutica;
c. promover o uso racional de medicamentos junto à população, aos pres-
critores e aos dispensadores;
d. treinar e capacitar os recursos humanos para o cumprimento das res-
ponsabilidades do município no que se refere a esta Política;
e. coordenar e monitorar o componente municipal de sistemas nacionais
básicos para a Política de Medicamentos;
f. implementar as ações de vigilância sanitária sob sua responsabilidade;
g. assegurar a dispensação adequada dos medicamentos;
h. definir a relação municipal de medicamentos essenciais, com base na
RENAME, a partir das necessidades decorrentes do perfil nosológico
da população;

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i. assegurar o suprimento dos medicamentos destinados à atenção bási-
ca à saúde de sua população, integrando sua programação à do estado,
visando garantir o abastecimento de forma permanente e oportuna;
j. adquirir, além dos produtos destinados à atenção básica, outros medi-
camentos essenciais que estejam definidos no Plano Municipal de Saú-
de como responsabilidade concorrente do município;
k. utilizar, prioritariamente, a capacidade dos laboratórios oficiais para o
suprimento das necessidades de medicamentos do município;
l. investir na infraestrutura de centrais farmacêuticas e das farmácias
dos serviços de saúde, visando assegurar a qualidade dos medicamen-
tos;
m. receber, armazenar e distribuir adequadamente os medicamentos sob
sua guarda.
Estabelece-se que a avaliação da PNM será contínua e de responsabilida-
de dos gestores do SUS (Lei nº 8.080/90) em articulação com os demais
órgãos governamentais (PNM). A principal finalidade da avaliação é co-
nhecer a repercussão da Política de Medicamentos na saúde da popula-
ção, dentro de uma visão sistêmica e intersetorial, verificando, também,
em que medida estão sendo consolidados os princípios e diretrizes do
SUS.

Para essa avaliação, deverão ser definidos parâmetros e indicadores que


serão periodicamente monitorados, cujos resultados orientarão a adoção
das medidas corretivas necessárias, tanto em relação às linhas gerais da
própria Política quanto em termos de redirecionamento de ações a ela
vinculadas.

Os resultados auferidos pelos programas, projetos e atividades consti-


tuirão os principais insumos básicos para o processo de acompanhamen-
to e avaliação dessa Política.

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De acordo com PNM e sendo a Assistência Farmacêutica uma prioridade,
foi necessário que esta fosse regulamentada.

POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA


FARMACÊUTICA

A Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) foi publicada por


meio da Resolução CNS nº 388/2004, na perspectiva de integralidade
das ações, como uma política norteadora para formulação de políticas se-
toriais, tais como: políticas de medicamentos, ciência e tecnologia, desen-
volvimento industrial, formação de recursos humanos, entre outras, ga-
rantindo a intersetorialidade inerente ao SUS, envolvendo tanto o setor
público como o privado de atenção à saúde. É parte integrante da Política
Nacional de Saúde. Na PNAF, a Assistência Farmacêutica (AF) engloba as
atividades de Atenção Farmacêutica e os seguintes eixos estratégicos:

I. a garantia de acesso e equidade às ações de saúde, incluindo a AF;


II. manutenção de serviços de assistência farmacêutica na rede públi-
ca de saúde nos diferentes níveis de atenção, considerando a neces-
sária articulação e a observância das prioridades regionais definidas
nas instâncias gestoras do SUS;
III. qualificação dos serviços de assistência farmacêutica existentes
em articulação com os demais gestores nos diferentes níveis de
atenção;
IV. descentralização das ações, com definição das responsabilidades
das diferentes instâncias gestoras, de forma pactuada e visando à
superação da fragmentação em programas desarticulados;
V. desenvolvimento, valorização, formação, fixação e capacitação de
recursos humanos;

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 20


VI. modernização e ampliação da capacidade instalada e de produção
dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais, visando ao suprimento
do SUS e ao cumprimento de seu papel como referências de custo
e qualidade da produção de medicamentos, incluindo-se a produção
de fitoterápicos;
VII. utilização da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENA-
ME), atualizada periodicamente, como instrumento racionalizador
das ações de AF;
VIII. pactuação de ações intersetoriais e desenvolvimento de tecnolo-
gias que atendam às necessidades do SUS nos diferentes níveis de
atenção;
IX. implementação de política de desenvolvimento científico e tecnoló-
gico, envolvendo os centros de pesquisa e as universidades brasilei-
ras, com o objetivo do desenvolvimento de inovações tecnológicas
que atendam aos interesses nacionais e às necessidades e priorida-
des do SUS;
X. definição e pactuação de ações intersetoriais que visem à utilização
das plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos no processo
de atenção à saúde;
XI. construção de uma Política de Vigilância Sanitária que garanta o
acesso da população a serviços e produtos seguros, eficazes e com
qualidade;
XII. estabelecimento de mecanismos de regulação e monitoração do
mercado de insumos e produtos estratégicos para a saúde, incluindo
medicamentos;
XIII. promoção do uso racional de medicamentos.

Agora que vimos a PNAF e já definimos o termo Assistência Farmacêuti-


ca, vamos nos aprofundar um pouco mais nesse assunto.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 21


A Assistência Farmacêutica tem por objetivo apoiar ações de saúde na
promoção do acesso aos medicamentos essenciais e promover o seu uso
e tem como finalidade contribuir para a melhoria da qualidade de vida da
população, integrando ações de promoção, prevenção, recuperação e re-
abilitação da saúde.

As funções da Assistência Farmacêutica são:


• Planejar, coordenar, executar, acompanhar e avaliar as ações;
• Articular a integração com os serviços, profissionais de saúde, áreas
interfaces, coordenação dos programas, entre outras;
• Elaborar normas e procedimentos técnicos e administrativos;
• Elaborar instrumentos de controle e avaliação;
• Selecionar e estimar necessidades de medicamentos;
• Gerenciar o processo de aquisição de medicamentos;
• Garantir condições adequadas para o armazenamento de medicamentos;
• Gestão de estoques;
• Distribuir e dispensar medicamentos;
• Manter cadastro atualizado dos usuários, unidades e profissionais de
saúde;
• Organizar e estruturar os serviços de AF nos três níveis de atenção à
saúde no âmbito local e regional;
• Desenvolver sistema de informação e comunicação;
• Desenvolver e capacitar recursos humanos;
• Participar de comissões técnicas;
• Promover o uso racional de medicamentos;
• Promover ações educativas para prescritores, usuários de medicamen-
tos, gestores e profissionais da saúde;
• Desenvolver estudos e pesquisa em serviço;

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 22


• Elaborar material técnico, informativo e educativo;
• Prestar cooperação técnica;
• Assegurar qualidade de produtos, processos e resultados.

A Assistência Farmacêutica é uma atividade multidisciplinar. A produção


de conhecimento é considerada estratégica para o seu desenvolvimen-
to, bem como o desenvolvimento dos recursos humanos e serviços. Isso
exige uma articulação permanente com áreas técnicas, administrativas,
coordenações de programas estratégicos de saúde – Hanseníase, Tuber-
culose, Saúde Mental, Programa Saúde da Família (PSF), Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS), Vigilância Sanitária, Epidemioló-
gica, área administrativa financeira, planejamento, material e patrimônio,
licitação, auditoria, Ministério Público, órgãos de controles, Conselho de
Saúde, profissionais de saúde, entidades de classe, universidades, forne-
cedores e setores de comunicação da Secretaria, entre outros segmentos
da sociedade, para melhor execução, divulgação e apoio às suas ações.

Como vimos anteriormente, a Assistência Farmacêutica é uma atividade


prioritária na assistência à saúde e para sua efetiva implantação, é funda-
mental ter por princípio norteador o Ciclo de Assistência Farmacêutica,
que nos aprofundaremos no próximo tópico.

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Aula sobre Políticas
Farmacêuticas clicando no
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02. Uma das principais diretrizes da Política Nacional de Medica-
mentos (PNM) é a reorientação da assistência farmacêutica no
Brasil, visando adequar as políticas farmacêuticas aos princípios
e diretrizes do SUS. Foram prioridades na reorientação da assis-
tência farmacêutica no Brasil:
🅐 Capacitação de recursos humanos; aprimoramento da regula-
mentação sanitária e da regulação ética; garantia de segurança,
eficácia e qualidade dos medicamentos.
🅑 Descentralização da gestão e da aquisição de medicamentos;
garantia de recursos financeiros das três esferas de gestão para
distribuição de medicamentos; financiamento específico para
atenção básica.
🅒 Campanhas educativas; introdução e atualização do Formu-
lário Terapêutico Nacional; estabelecimento das Boas Práticas
Farmacêuticas.
🅓 Redução da dependência comercial e tecnológica externa do
país na área de medicamentos; transferência de tecnologia para
laboratórios nacionais e laboratórios públicos; promoção dos ge-
néricos.

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

03. A Resolução nº 388, de 06 de maio de 2004, do Conselho Na-


cional de Saúde, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, aprovou
a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), consi-
derando as deliberações da 1ª Conferência Nacional de Medica-
mentos e Assistência Farmacêutica realizada no ano de 2003.
Sobre a PNAF, analise as assertivas e identifique com V as verda-
deiras e com F as falsas.
̣ ] A PNAF define a Assistência Farmacêutica como um conjunto
de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde,
tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo
essencial e visando ao acesso e ao seu uso racional.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 24


̣ ] A PNAF, como parte integrante e essencial da Política Nacional
de Medicamentos (PNM), envolve um conjunto de ações voltadas
à promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como garante
os princípios da universalidade, integralidade e equidade.
̣ ] A Assistência Farmacêutica é compreendida como política
pública norteadora para a formulação de políticas setoriais, ga-
rantindo a intersetorialidade inerente ao sistema de saúde do
país (SUS) e cuja implantação envolve apenas o setor público de
atenção à saúde.
🅐 V, F, V.
🅑 V, V, F.
🅒 V, F, F.
🅓 F, V, F.
🅔 F, F, V.

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gabarito da questão.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 25


ANOTAÇÕES

26
3. CICLO DA ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA
O ciclo de Assistência Farmacêutica é um sistema constituído pelas eta-
pas de seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e
dispensação de medicamentos com suas interfaces nas ações de atenção
à saúde. Seu objetivo principal é apoiar as ações de saúde promovendo o
acesso da população aos medicamentos e seu uso racional.

No ciclo, o resultado de uma atividade é o ponto de partida para outra, e a


ausência ou a execução de forma inadequada de uma acaba impedindo o
correto funcionamento de todo o ciclo.

As etapas principais do ciclo são: Seleção, Programação, Aquisição, Ar-


mazenamento, Distribuição e Dispensação, conforme Figura 1. Alguns
autores incluem na etapa de Dispensação, a prescrição e o uso racional de
medicamentos e outros incluem ainda mais etapas.

As Figuras 2 e 3 são outros exemplos de ciclos de Assistência Farmacêu-


tica. Embora o Ciclo de AF da Figura 2 esteja mais completo e seja breve-
mente descrito no Quadro 3, utilizaremos a Figura 3 proposta por Marin et
al. (2003), por ser o modelo mais usado, discutido e encontrado no Brasil.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 27


Figura 1 - Ciclo de Assistência Farmacêutica com as principais etapas

Seleção

Dispensação Programação

Distribuição Aquisição

Armazenamento

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Figura 2 - Ciclo de Assistência Farmacêutica completo


Pesquisa &
Desenvolvimento
Descarte e
Logística Reversa Registro
Sanitário

Utilização,
Seguimento e
Farmacovigilância
Produção

Dispensação Gestão
Informação
Uso Racional Seleção

Prescrição

Programação

Distribuição

Aquisição
Armazenamento

Fonte: Remondi, F.A.; Grochocki,M.H.(Org)., 2015.

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Quadro 3 - Descrição da figura 2 (Ciclo de Assistência Farmacêutica Completo)

ETAPA DO CICLO DESCRIÇÃO DA ETAPA

Pesquisa & Identificação de novas substâncias e desenvolvimento de medica-


Desenvolvimento mentos a serem utilizados para o tratamento de seres humanos.

Aprovação dos órgãos de controle sanitário para a produção e co-


Registro Sanitário mercialização de novos medicamentos, atentando-se para a garantia
da segurança de pacientes

Como o próprio nome diz, esta etapa refere-se à produção industrial


Produção
e comercialização dos medicamentos, novos ou não.

Escolha dos medicamentos a serem ofertados e financiados pelo


Seleção SUS, de acordo com dados científicos e necessidade de saúde da
população.

Definição das quantidades a serem ofertadas de cada medicamento


Programação
para atendimento da população em tempo oportuno.

Compra dos medicamentos conforme a programação para oferta no


Aquisição
SUS.

Garantia do adequado armazenamento para preservar a qualidade


Armazenamento
do produto adquirido até sua utilização.

Distribuição de medicamentos para as unidades assistenciais de


Distribuição modo a abastecê-las visando possibilitar o acesso do usuário ao
medicamento.

Definição do tratamento pelo prescritor com base na história clínica


Prescrição
e necessidades do paciente.

Ato farmacêutico que consiste na checagem da prescrição, entrega


Dispensação dos medicamentos e, o mais importante, prestar as orientações para
garantir seu uso correto e seguro.

Acompanhamento do uso do medicamento conforme a prescrição


Utilização, Seguimento médica para obter os melhores resultados. A ocorrência de eventos
e Farmacovigilância adversos e queixas técnicas deve ser notificada à Vigilância Sanitá-
ria com vistas a minimização dos riscos.

Destinação correta dos resíduos e medicamentos inutilizados de


Descarte e Logística
forma a não ocasionar contaminação do meio ambiente e danos à
Reversa
saúde da população.

Fonte: Remondi, F.A.; Grochocki,M.H.(Org)., 2015.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 29


Figura 3 - Ciclo de Assistência Farmacêutica

Seleção

Utilização:
Prescrição, Programação
Dispensação e Uso Gerenciamento
Financiamento
Recursos Humanos
Sistemas de Informação
Controle e Avaliação
Distribuição Aquisição

Armazenamento

Fonte: Marin et al., 2003.

SELEÇÃO

A Seleção é o processo de escolha de medicamentos seguros, eficazes e


custo-efetivo por critérios epidemiológicos, técnicos e econômicos. É a
atividade mais importante da Assistência Farmacêutica, pois é a partir da
seleção que são desenvolvidas as demais atividades. Deve ser acompa-
nhada da elaboração de formulário terapêutico.

A seleção de medicamentos em conjunto com o formulário terapêuti-


co proporcionam várias vantagens: adéqua a relação de medicamentos
disponíveis às reais necessidades sanitárias; disponibiliza medicamen-
tos com eficácia e segurança comprovadas, propiciando maior resoluti-
vidade para os tratamentos; contribui para a promoção do uso racional
de medicamentos, na medida em que restringe o uso de medicamentos

Formulário terapêutico: documento que reúne informações técnico-científicas relevantes e atualizadas sobre os medicamentos
selecionados, servindo de subsídio fundamental aos prescritores. É instrumento complementar a RENAME.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 30


ineficazes e desnecessários; racionaliza custos e, assim, possibilita maior
otimização dos recursos disponíveis, com a consequente ampliação do
acesso aos medicamentos essenciais; uniformiza condutas terapêuticas,
baseando-as em evidências científicas, tornando impessoais as decisões
na escolha dos medicamentos utilizados; auxilia o gerenciamento técni-
co-administrativo do Ciclo da Assistência Farmacêutica, melhorando a
sua eficiência; facilita o desenvolvimento de um trabalho de educação
continuada aos prescritores, dispensadores e usuários de medicamen-
tos; promove o uso da Denominação Comum Brasileira ou Internacional
(DCB ou DCI); auxilia as ações de farmacovigilância, visto que, com um nú-
mero mais restrito de medicamentos, possibilita aumentar a experiência
e o nível de conhecimento dos prescritores e dispensadores, facilitando o
monitoramento e a identificação de reações adversas; facilita o processo
de controle de qualidade pelas mesmas razões apresentadas.

O quadro a seguir apresenta os objetivos e a importância da seleção de


medicamentos.

Quadro 4 - Objetivos e importância da seleção de medicamentos

Objetivos Importância

• Reduzir o número de especialidades farmacêuticas.


• Uniformizar condutas terapêuticas com elaboração de
formulário terapêutico*.
• Avanços tecnológicos.
• Melhorar o acesso aos medicamentos.
• Diversidade e multiplicidade de al-
• Contribuir para promoção do uso racional de medica-
ternativas terapêuticas disponíveis
mentos.
no mercado.
• Racionalizar custos e possibilitar maior otimização dos
• Limite dos recursos financeiros e
recursos.
demandas cada vez mais crescen-
• Facilitar a integração multidisciplinar na tomada de tes.
decisões.
• Necessidade de garantir medica-
• Favorecer a educação continuada e atualização dos mentos de qualidade, seguros e
profissionais. eficazes.
• Melhorar a qualidade da farmacoterapia e facilitar o • Necessidade de manutenção da
seu monitoramento. regularidade do suprimento.
• Otimizar a gestão administrativa e financeira, simplifi-
cando a rotina de aquisição, armazenamento, controles
e gestão de estoques.

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 31


Alguns critérios técnicos precisam ser observados na seleção de medi-
camentos: eficácia, segurança comprovada, conveniência, custo do trata-
mento, disponibilidade no mercado; menor risco-benefício; melhor cus-
to-efetividade; maior estabilidade e propriedade farmacocinética mais
favorável; apresentação de melhor comodidade de uso para o paciente.

Os medicamentos devem ser padronizados pelo nome do princípio ativo:


Denominação Comum Brasileira (DCB) ou a Denominação Comum Inter-
nacional (DCI), de preferência, com um único princípio ativo. Só aceitar
associações de fármacos que apresentem significativa vantagem tera-
pêutica sobre o uso dos produtos isolados e deve-se evitar o número ex-
cessivo de inclusões.

Para a seleção de medicamentos são utilizadas duas estratégias de oti-


mização: a farmacoepidemiologia (farmacovigilância e estudos de uti-
lização de medicamentos) e a farmacoeconomia (análise econômica no
campo da Assistência Farmacêutica).

Além disso, algumas proposições publicadas pela Sociedade Americana


de Farmácia Hospitalar (ASHP) podem ser seguidas para auxiliar os estu-
dos específicos e comparativos entre os medicamentos:
• Dados necessários para avaliar e comparar medicamentos: identifica-
ção; DCI ou DCB; nomes comerciais mais comuns (opcional); formas far-
macêuticas; fornecedores (opcional).
• Classificação farmacológica do produto: indicações terapêuticas em
função do registro do produto, no próprio país e em outro país de refe-
rência; biodisponibilidade e farmacocinética: lista de biodisponibilida-
de e farmacocinética em todas as suas vias, posologia e administração
em todas as vias e em casos especiais como geriatria e pediatria; efei-
tos adversos e toxicidade; precauções especiais para o uso.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 32


• Comparações:
» avaliação da utilização do medicamento em comparação com ou-
tras terapêuticas semelhantes e o aporte de estudos clínicos rele-
vantes;
» comparação de custos por tratamento em relação a outros medi-
camentos.

Dois métodos de seleção merecem destaque: o qualitativo ou clássico, e o


quantitativo ou farmacoeconômico. São métodos complementares.
a. Método qualitativo: busca demonstrar e comparar as características
farmacológicas e terapêuticas dos medicamentos, de acordo com os
critérios:
1. eficácia e segurança comprovadas, devidamente registradas e publi-
cadas em literatura fidedigna. Preferencialmente que tenham sido
adotados ensaios clínicos controlados, com adequado delineamento
experimental e relevância clínica, dentro do paradigma da prática ba-
seada em evidências;
2. menor custo por tratamento;
3. farmacocinética mais favorável;
4. facilidade de administração e maior comodidade para o paciente;
5. disponibilidade no mercado;
6. indicação para mais de uma enfermidade;
7. maior estabilidade e facilidade de armazenagem;
8. medicamentos com um único princípio ativo – monodrogas ou mono-
fármacos –, exceto quando a análise de custo-efetividade indicar uma
significativa superioridade da associação sobre o uso dos fármacos
isolados.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 33


b. Método quantitativo: Com frequência, há necessidade de escolhas en-
tre medicamentos que aparentemente se equivalem para os critérios
citados. Nessas situações, a seleção ocorre em função da avaliação
dos custos econômicos, que se realizada de maneira apenas contábil e
empírica, pode acarretar escolhas inadequadas. No sentido de melhor
subsidiar tais escolhas, os estudos quantitativos têm avançado bas-
tante, sendo importante seguir algumas orientações:
• quando os medicamentos apresentarem propriedades terapêuticas
completamente diferentes não é pertinente o uso dos critérios econô-
micos;
• quando apresentarem propriedades terapêuticas semelhantes, devem
ser utilizados, adicionalmente, os critérios econômicos para as esco-
lhas.

Na área econômica, mais do que na terapêutica, houve grandes esforços,


viabilizando estudos que incluem, além dos custos com aquisição, os cus-
tos com o armazenamento, com a preparação, com a administração dos
medicamentos, assim como custos indiretos e intangíveis relacionados
aos pacientes, como horas de trabalho perdidas e desconforto ou dor, res-
pectivamente. Porém, resguardada a importância e aplicabilidade desses
estudos mais aprofundados, a avaliação deverá realizar-se de maneira a
valorizar em especial a efetividade alcançada como resultado final de um
tratamento, ao menor custo possível, priorizando assim os medicamen-
tos mais custo-efetivos.

Para escolher as melhores alternativas entre os medicamentos disponí-


veis para cada tratamento, devem ser realizados estudos farmacoeconô-
micos, como instrumentos de auxílio à tomada de decisão. Esses estudos
objetivam comparar opções terapêuticas em termos de seus respectivos
custos e resultados.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 34


A seleção de medicamentos é realizada pela Comissão de Farmácia e Te-
rapêutica (CFT) federal, estadual ou municipal, que deve ser constituída
com a finalidade de elaborar e/ou atualizar a relação de medicamentos
essenciais – REME (RENAME – Relação Nacional, que serve de base para
a relação estadual (RESME) e relação municipal – REMUME), definindo os
medicamentos a serem disponibilizados para os três níveis de atenção:
básica, média ou para a alta complexidade.

A CFT é uma comissão multidisciplinar com representantes da saúde, com


destacado conhecimento farmacológico, terapêutico, de clínica médica,
entre outros. O número de participantes deve abranger o maior número
de especialidades médicas, para maior representatividade. Se necessá-
rio, devem ser formadas subcomissões e participação de especialistas
para assessorar a comissão em questões gerais e/ou específicas. A CFT
é responsável pela elaboração/atualização do formulário terapêutico e
por outras funções como:

Quadro 5 - Funções da CFT

Assessoramento Investigação Ações Educativas

• Apoiar a Gerência de Assis- • Incentivar e utilizar a pes- • Incentivar e participar de


tência Farmacêutica quisa sobre o uso de medi- ações de educação conti-
camentos para as outras nuada
• Definir critérios para uso de
funções
medicamentos e afins • Desenvolver e Incentivar
• Contribuir com ações de ações para promoção do
• Elaborar normas para pres-
farmacovigilância uso racional de medicamen-
crição e dispensação de
tos
medicamentos novos e de
uso restrito • Elaborar e divulgar informa-
ções sobre medicamentos
• Elaborar protocolos e dire-
para profissionais e usuá-
trizes terapêuticas
rios
• Avaliar pedidos de inclusão
e exclusão de medicamen-
tos na REME

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 35


04. A Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) é uma instância
colegiada, de caráter consultivo e deliberativo. Ela faz parte de
uma atividade importante do ciclo da Assistência Farmacêutica.
A essa etapa denomina-se:
🅐 Programação.
🅑 Aquisição
🅒 Seleção
🅓 Dispensação.
🅔 Prescrição.

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gabarito da questão.

PROGRAMAÇÃO

A Programação é a segunda etapa do ciclo de Assistência Farmacêutica


e representa um dos pontos cruciais do ciclo, pois consiste em identificar
as quantidades necessárias de medicamentos previamente selecionadas
para atender às demandas da população, por determinado período de
tempo. Tem como objetivos evitar aquisições desnecessárias, perdas e
descontinuidade no abastecimento, definindo as prioridades e quantida-
des a serem adquiridas, diante da disponibilidade de recursos. Uma pro-
gramação inadequada traz como consequências o desabastecimento e a
falta de acesso ao medicamento.

A programação é uma atividade associada ao planejamento. O planeja-


mento é elemento essencial, pois a disponibilidade de medicamentos é
um dos indicadores da qualidade dos serviços de saúde. Consiste a base
para definir prioridades, garantir a oferta de medicamentos e assegurar
a efetividade das intervenções em saúde. Antes de prover é necessário

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 36


prever todos os fatores que possam implicar numa falha de planejamento
e comprometer a credibilidade dos serviços no que se refere às ativida-
des de programação e aquisição de medicamentos. Nesse sentido, o pla-
nejamento como orientador para o desenvolvimento dessas atividades
deve abranger os seguintes aspectos:
• Informações Epidemiológicas – para que se possam conhecer as doen-
ças prevalentes e avaliar as necessidades de medicamentos. Em rela-
ção aos dados epidemiológicos devem ser contemplados, entre outros
– a mortalidade por grupo de causas segundo raça, sexo e idade; a mor-
bidade segundo raça, sexo e idade e identificação de grupos vulnerá-
veis ou de necessidade que demandam intervenções específicas como
a população indígena, quilombolas, acidente, violências;
• Organização dos Serviços – a organização dos serviços tem como obje-
tivo garantir o acesso aos medicamentos com qualidade e uso racional,
o que implica: conhecer realidade e funcionalidade; identificar proble-
mas e demandas; atividades, execução, processos; fluxo e sistema de
informação; métodos de controle e avaliação; articulação; comunica-
ção e informação e recursos disponíveis;
• Financiamento – o planejamento da assistência farmacêutica deve es-
tabelecer o recurso com previsão detalhada dos gastos de acordo com
as necessidades para garantir o fornecimento de medicamentos com
qualidade e na quantidade requerida. No âmbito do SUS, o instrumento
utilizado para este fim é a Programação Anual de Saúde (PAS);
• Padronização de medicamentos – a RENAME é a lista de medicamen-
tos selecionados e padronizados, que orienta o ciclo. É importante fri-
sar que para ser incluído na relação, é necessário que o medicamento
atenda critérios de segurança e eficácia;
• Gestão de Estoque – deve estabelecer um fluxo que possibilite o aten-
dimento ao menor custo possível, sem faltas, excedentes ou perdas por
erros de projeção. Deve-se identificar o histórico de entradas e saídas,
dos níveis de estoque (mínimo, máximo, ponto de ressuprimento), da-

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 37


dos de consumo, da demanda atendida e não atendida de cada medica-
mento, medicamentos de aquisição crítica (fornecedor exclusivo e os
importados) e sazonalidade que provoca flutuação de consumo e pode
comprometer a previsão;
• Infraestrutura, capacidade instalada e recursos humanos.

É imprescindível a implantação de um sistema de informações e gestão


de estoque eficiente para que a programação possa ser realizada, execu-
tada e se fazer o controle e acompanhamento.

Os principais métodos de programação estão relacionados a seguir. Re-


comenda-se a combinação dos diversos métodos, para uma programação
mais ajustada:

Quadro 6 - Métodos de programação

• Estima-se com base na população


• Aplica-se: falta de dados de consumo, estimativas de progra-
mas novos e situações emergenciais, avaliar consumo, funda-
mentar necessidades de recursos
Perfil Epidemiológico • Requer dados demográficos, morbidade, mortalidade, esque-
mas terapêuticos padronizados, oferta de serviços, cobertura e
estimativa de custos
• Limitações: dificuldade de obtenção de dados, falta de adesão
aos protocolos terapêuticos

• Estima-se com base nos serviços ofertados


• Aplica-se: falta de dados, avaliar consumo, fundamentar neces-
sidades de recursos
• Requer dados sobre serviços existentes; diagnósticos frequen-
Oferta de Serviços tes, estimativa de evolução da oferta de serviços, esquemas
terapêuticos padronizados
• Limitações: dificuldade de obtenção de dados, falta de adesão
aos protocolos terapêuticos, baixa articulação da programação
com a oferta de serviços

Fonte: Adaptada de Manzini, F. ; Leite, S.N., 2015.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 38


Continuação Quadro 6 - Métodos de programação

• Estima-se com base no consumo em uma série histórica


• Aplica-se quando há dados de demanda confiáveis, para estimar
consumo futuro
Consumo Histórico • Requer registros de consumo e inventário, determinação do
tempo de entrega e estimativa de custos
• Limitações: dados nem sempre confiáveis, pode perpetuar uso
irracional, pode não refletir as prioridades

• Estima-se nas taxas de consumo, a partir da extrapolação de


dados de outras regiões
• Requer dados demográficos, morbidade, mortalidade, consumo
Consumo Ajustado de medicamentos per capita, oferta de serviços, cobertura
• Limitações: comparabilidade questionável, morbidade e práti-
cas assistenciais

Fonte: Adaptada de Manzini, F. ; Leite, S.N., 2015.

Além dos métodos supracitados, há também o Consumo Médio Mensal


(CMM), que consiste na soma dos consumos de medicamentos utilizados
por determinado período de tempo, dividido pelo número de meses em
que cada produto foi utilizado, Ele é usado para calcular o consumo histó-
rico e não devem ser incluídos perdas, empréstimos e outras saídas.

AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS

A aquisição de medicamentos consiste em um conjunto de procedimen-


tos pelos quais se efetua o processo de compra dos medicamentos es-
tabelecidos pela programação, com o objetivo de suprir a necessidade
de medicamentos em quantidade, qualidade e menor custo/efetividade,
visando manter a regularidade e funcionamento do sistema de abasteci-
mento.

O processo de aquisição para ser bem executado deve contar com uma
política de aquisição clara, permanentemente qualificada, considerando
os aspectos jurídicos (cumprimento das formalidades legais), técnicos

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 39


(cumprimento das especificações técnicas), administrativos (cumpri-
mento dos prazos de entrega) e financeiros (disponibilidade orçamentá-
ria e financeira e avaliação do mercado). É imprescindível a avaliação do
desempenho dos fornecedores no cumprimento das exigências técnicas
e administrativas.

A programação da aquisição deve responder: O que comprar? (medica-


mentos da REME) Para quem? (metas definidas, programas, serviços de
saúde) Modo de comprar? (formas de compras públicas – licitação) Quan-
to e quando? (quantidade mensal, trimestral, semestral com entregas
programadas) Como comprar?

Ao contrário da programação, cujo processo deve ser descentralizado e


ascendente (começa pelas unidades de saúde e, após avaliação, segue
para o nível municipal, estadual ou federal, quando for o caso), para que a
aquisição de medicamentos seja atrativa, com diminuição dos preços pra-
ticados, normalmente realizam-se compras anuais consolidadas e cen-
tralizadas, podendo formar consórcios entre secretarias. Deve ser consi-
derada a alternativa mais adequada a cada situação. Quanto mais forem
levadas em consideração as observações e as experiências dos atores
que executam as atividades, maior será a consistência das decisões.

Comprar exige planejamento. As quantidades a serem adquiridas devem


estar em conformidade com as necessidades programadas e prioridades
estabelecidas no Plano de Saúde e no Pacto de Gestão, previamente dis-
cutidas com o gestor da saúde e os setores envolvidos no processo de
aquisição de medicamentos: planejamento, orçamento, finanças entre
outros.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 40


O fluxo para compra de medicamentos encontra-se a seguir:

Figura 4 - Fluxo de Aquisição de Medicamentos

Estabelecer Identificar
requisitos técnicos necessidades, Efetuar pesquisa de
e administrativos recursos e preços no mercado
do edital prioridades

Acompanhar
Elaborar pedido de Acompanhar
entrega de
compras processo licitatório
medicamentos

Avaliar processo
e desempenho de
fornecedores

Fonte: Adaptada de Marin et al., 2003.

Dois conceitos que permeiam a aquisição de qualquer material, inclusive


medicamentos pelo poder público, merecem nosso destaque:

Edital – é o ato pelo qual a Administração dá início ao procedimento licita-


tório, oferecendo informações sobre a Licitação, condições de participa-
ção, descrição do objeto, data de abertura e encerramento de entrega de
propostas. O Edital é o instrumento que rege a Licitação e dele constam
obrigações da Administração e dos licitantes. Nada poderá ser exigido
quando não estiver definido.

Para aquisição de medicamentos, o Edital deve ser diferenciado dos de-


mais tipos de aquisição. É preciso adequar requisitos e critérios específi-
cos de ordem técnica e administrativa, que garantam a qualidade do pro-
cesso de compra e dos produtos a serem adquiridos. O edital deve conter:

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 41


medicamentos por DCB ou DCI, com forma farmacêutica, concentração,
apresentação, quantidades, especificação técnica (qualificação do pro-
duto) e exigências quanto aos fornecedores dos produtos.

Licitação – É um conjunto de procedimentos formais que devem ser re-


gistrados em processo próprio, observando os princípios da legalidade,
igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao Edital e
do julgamento objetivo, entre outros. A Licitação destina-se a garantir a
observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a pro-
posta mais vantajosa para a Administração. Está prevista na Constituição
Federal e nas Leis nºs 8.666, de 1993 e 10.520/2002 (Modalidade Pregão).

As principais modalidades de Licitação são: Concorrência, Tomada de


Preços, Convite, Pregão e Registro de Preços. O que diferencia as moda-
lidades de Licitação é o valor estimado da licitação/aquisição. Para cada
modalidade de licitação há valores limites estabelecidos, exigências es-
pecíficas de procedimentos, formalização do processo e prazos.

a. Convite – modalidade com número mínimo de 3 (três) participantes ca-


dastrados ou não, com prazo de divulgação de no mínimo 5 (cinco) dias
úteis e divulgado por convocação escrita afixada no quadro de avisos
da Instituição. O fornecedor com menor preço e que atender aos requi-
sitos será selecionado.
b. Tomada de Preços – Licitação com interessados cadastrados ou que
atendem às condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária
qualificação. São entregues dois envelopes à Comissão de Licitação, um
com os documentos para habilitação à participação e um com a propos-
ta de preços. Tem prazo de divulgação: no mínimo 15 (quinze) dias e é di-
vulgada no Diário Oficial da União (DOU) e jornal de grande circulação.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 42


c. Concorrência – Licitação com interessados que, na fase inicial de habi-
litação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de quali-
ficação exigidos no edital para execução de seu objeto. Vence a concor-
rência quem apresentar valores mais atrativos. Prazo de divulgação:
no mínimo 30 (trinta) dias. Meios de divulgação: Diário Oficial da União
(DOU) e jornal de grande circulação.
d. Pregão – pode ser realizado com a presença dos representantes legais
das empresas (Pregão Presencial) ou utilizando meios eletrônicos (Pre-
gão Eletrônico). Neste último caso, deve haver regulamentação própria
do estado ou município. Destina-se a aquisições de qualquer valor. Fun-
ciona como um leilão ao contrário, começa-se com um valor máximo de
referência e ganha quem der o menor lance e for qualificado. Prazo de
divulgação do Pregão: mínimo de 8 (oito) dias úteis. Meios de divulga-
ção: Diário Oficial da União (DOU), internet, jornal de grande circulação
local.
e. Registro de Preços – tipo especial de Licitação, realizada obrigatoria-
mente nas modalidades de Concorrência ou Pregão, em que é firmada
uma Ata de Registro de Preços, em que são averbados os bens, os pre-
ços, os fornecedores e as condições das futuras contratações. O Re-
gistro de Preço tem por finalidade agilizar a aquisição e evitar novos
processos de aquisição. Tem validade de 12 meses, contados a partir da
data da publicação no Diário Oficial. Os quantitativos exigidos são es-
timados para aquisição pelo período de vigência da Ata de Registro de
Preços. A fase de aquisição propriamente dita é simplificada e rápida,
porque elimina etapa de Licitação, etapa esta já realizada para o Regis-
tro de Preços. Basta a formalização do processo de aquisição, com o
pedido de aquisição devidamente instruído, a reserva orçamentária, a
assinatura do contrato e a consequente emissão da ordem de forneci-
mento e nota de empenho. Periodicamente deve ser realizada pesquisa
de mercado para verificar se o preço registrado ainda está compatível
com aquele praticado no mercado. Caso o preço do item registrado es-

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 43


teja maior que o praticado no mercado, o fornecedor deve ser comuni-
cado e o preço deve ser reduzido, sob pena de ser cancelado.
O Pregão e o Registro de preços são atualmente as modalidades mais uti-
lizadas para compras públicas por não dependerem de limites de valores
estabelecidos de aquisição. Compra-se em qualquer quantidade e valor.

Quadro 7 - Modalidades de Licitação

Modalidade de Valores de Prazo de Forma de


Participação
Licitação aquisição divulgação divulgação

Dispensa Até R$ 8.000,00 - - -

Entre
Cadastrado ou
Convite R$8.000,00 e 05 dias úteis Instituição
convidado
80.000,00

Entre
Mínimo de 15
Tomada de preços R$ 80.000,00 e Cadastrados Diário Oficial
dias
R$650.000,00

Acima de Mínimo de 30
Concorrência Cadastrados Diário Oficial
R$650.000,00 dias

Mínimo de 8 Diário Oficial


Pregão Qualquer valor Cadastrados
dias úteis Internet

Fonte: Pereira, R.M., 2016.

Apenas duas modalidades de aquisição podem ocorrer sem a necessida-


de de licitação:

Dispensa de Licitação – ocorre em situações de calamidade pública ou


quando apresenta até 10% do valor da aquisição por Convite, necessitan-
do de no mínimo três orçamentos de fornecedores distintos.

Inexigibilidade – ocorre para materiais que só possam ser fornecidos por


produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, é vedada a pre-
ferência de marca e deve ter comprovação de exclusividade. Como a lei
veda a preferência por marca, o atestado de exclusividade deve citar que
o medicamento (nomenclatura genérica) somente é fabricado e comer-
cializado por aquela empresa.

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05. Assinale a alternativa correta com relação à aquisição de me-
dicamentos os serviços públicos de saúde:
🅐 São modalidades de licitação: concorrência pública, tomada de
pregão e pregão eletrônico.
🅑 São modalidades de licitação: convite, tomada de preço e pre-
gão eletrônico.
🅒 São modalidades de licitação: competição, tomada de preço e
pregão eletrônico.
🅓 Não pode ser aplicada a dispensa para aquisição de medica-
mentos por pessoa jurídica de direito público interno.
🅔 O convite é a modalidade mais simples, utilizada para compras
de R$ 5.000,00 até R$ 50.000,00, com prazo para recebimento de
propostas de 15 dias úteis.

Clique aqui para ver o Acesse aqui o comentário das cinco


gabarito da questão. questões anteriores

FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA


Com a Portaria GM/MS nº 204/2007, o financiamento e a transferência
dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde foram regu-
lamentados na forma de cinco blocos de financiamento específicos, no
âmbito do SUS: Atenção Básica; Atenção de Média e Alta Complexidade
Ambulatorial e Hospitalar; Vigilância em Saúde; Assistência Farmacêuti-
ca; e Gestão do SUS. Os recursos financeiros do Ministério da Saúde são
transferidos do Fundo Nacional de Saúde para os fundos municipais, es-
taduais e do Distrito Federal, com base nos valores e critérios estabele-
cidos.

Fundos de Saúde: contas bancárias especiais, existentes nas três esferas de governo, para recebimento e movimentação finan-
ceira. Nessas contas são depositados todos os recursos destinados à saúde, que só podem ser utilizados em ações e serviços de
saúde.

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Dessa forma, a partir de 2007, o financiamento para a Assistência Farma-
cêutica passou a ser constituído por três componentes:

I. Componente Básico da Assistência Farmacêutica;


II. Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica; e
III. Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional (a
partir da Portaria GM/MS nº 2.981/2009 passou a ser denominado
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica).

Com a descentralização, a responsabilidade pela garantia de acesso aos


medicamentos considerados essenciais foi dividida entre as esferas de
governo, de acordo com os Componentes da Assistência Farmacêutica.

Abaixo encontra-se um quadro resumido das formas de financiamento.

Quadro 8 - Financiamento de Componentes da Assistência Farmacêutica

Forma de
Componente Financiamento Regulamentação
Financiamento

Portaria Ministerial
Valor per capita/ano investi-
Básico Tripartite e Deliberações CIB-
do por cada ente federado
-SUS

Portarias ministe-
Aquisição centralizada pelo
Estratégico Federal riais específicas por
Governo Federal.
Programa

Aquisição centralizada pelo


Governo Federal - Grupo 1A,
por transferência de recur-
sos às Secretarias de Estado
Especializado Bipartite Portaria Ministerial
– Grupo 1B, Secretarias de
saúde dos Estados – Grupo
2 e Grupo 3 – componente
básico

Fonte: Manzini, F. ; Leite, S. N., 2015.

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Em 2017, a Portaria de Consolidação nº 02 determinou que os recursos
destinados a despesas com ações e serviços de saúde seriam organiza-
dos e transferidos na forma de:
I. Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde; e
II. Bloco de Investimento na Rede de Serviços Públicos de Saúde.

Os recursos que compõem cada Bloco de Financiamento devem ser aplica-


dos em ações e serviços públicos de saúde relacionados ao próprio bloco.

Os recursos financeiros referentes ao Bloco de Custeio serão destinados à


manutenção da prestação das ações e serviços públicos de saúde e ao fun-
cionamento dos estabelecimentos responsáveis pela implementação das
ações e serviços, sendo vedada a utilização para o pagamento de: servidores
inativos; servidores ativos e gratificação de função de cargos comissiona-
dos, exceto aqueles diretamente ligados às funções relacionadas aos ser-
viços previstos no respectivo Plano de Saúde; pagamento de assessorias
ou consultorias prestadas por servidores públicos e obras de construções
novas, bem como de ampliações e adequações de imóveis já existentes.

Os recursos financeiros referentes ao Bloco de Investimento serão desti-


nados à: aquisição de equipamentos voltados para a realização de ações e
serviços públicos de saúde; obras de construções novas e obras de refor-
ma e/ou adequações de imóveis já existentes utilizados para a realização
de ações e serviços públicos de saúde, sendo vedada a utilização de recur-
sos financeiros referentes ao Bloco de Investimento em órgãos e unida-
des voltados, exclusivamente, à realização de atividades administrativas.

A seguir, serão melhor descritos os componentes da Assistência Farma-


cêutica da forma como estão descritos na RENAME 2020.

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COMPONENTE BÁSICO
O Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF) destina-se à
aquisição de medicamentos e insumos, incluindo-se aqueles relacionados
a agravos e programas de saúde específicos, no âmbito da atenção básica
à saúde. É regulamentado pela Portaria nº 1.555, de 30 de julho de 2013,
que dispõe sobre as normas de financiamento e de execução no âmbito do
SUS. O financiamento do CBAF é tripartite, ou seja, responsabilidade da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, com aplicação
de valores mínimos pactuados na CIT. Os valores investidos são pactua-
dos, considerando o censo da população feito pelo IBGE de cada municí-
pio e redefinidos, por novas pactuações entre as três esferas de gestão,
periodicamente.

O repasse financeiro foi regulamentado pelo artigo 537 da Portaria de


Consolidação GM/MS nº 6/2017 e define que o Governo Federal deve re-
alizar o repasse de recursos financeiros com base no Índice de Desenvol-
vimento Humano Municipal (IDHM), conforme classificação dos municí-
pios nos seguintes grupos: IDHM muito baixo: R$ 6,05 por habitante/ano;
IDHM baixo: R$ 6,00 por habitante/ano; IDHM médio: R$ 5,95 por habi-
tante/ano; IDHM alto: R$ 5,90 por habitante/ano; e IDHM muito alto: R$
5,85 por habitante/ano, e as contrapartidas estadual e municipal devem
ser de, no mínimo, R$ 2,36 por habitante/ano, cada.

Esse recurso pode ser utilizado somente para aquisição de itens do com-
ponente básico dos anexos I e IV, incluindo fitoterápicos. A responsabili-
dade pela aquisição e pelo fornecimento dos itens fica com o município,
ressalvadas as variações de organização pactuadas por estados e regi-
ões de saúde.

Pactuação: São compromissos assumidos pelos gestores em relação à garantia da aplicação dos recursos para realização das
ações e execução de serviços de saúde.

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O Ministério da Saúde é responsável pela aquisição e distribuição dos
medicamentos: insulina humana NPH, insulina humana regular, clindami-
cina 300 mg e rifampicina 300 mg exclusivamente para tratamento de
hidradenite supurativa moderada, e dos itens que compõem o Programa
Saúde da Mulher: contraceptivos orais e injetáveis, dispositivo intrauteri-
no (DIU) e diafragma.

COMPONENTE ESTRATÉGICO
O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica (CESAF) desti-
na-se à garantia do acesso a medicamentos (Anexo II) e insumos (Anexo
IV) para controle de doenças e agravos específicos com potencial impac-
to endêmico, muitas vezes ligadas a situações de vulnerabilidade social
e pobreza. O financiamento é destinado à aquisição de medicamentos e
insumos relacionados em programas estratégicos de saúde do SUS, para
o atendimento de pessoas acometidas por tuberculose, hanseníase, ma-
lária, leishmanioses, doença de Chagas, cólera, esquistossomose, filario-
se, meningite, tracoma, micoses sistêmicas, bem como outras doenças
decorrentes e perpetuadoras da pobreza. Também são garantidos an-
tivirais para o combate à influenza, antirretrovirais para tratamento de
pessoas vivendo com HIV/Aids, hemoderivados e pró-coagulantes para
pessoas com doenças hematológicas, vacinas, soros e imunoglobulinas,
além de medicamentos e insumos destinados ao combate do tabagismo e
ao programa de alimentação e nutrição. O Ministério da Saúde adquire e
distribui esses itens aos estados e ao Distrito Federal, cabendo a esses o
recebimento, o armazenamento e a distribuição aos municípios.

COMPONENTE ESPECIALIZADO
O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) é uma
das estratégias de acesso aos medicamentos no âmbito do SUS que bus-
ca garantir a integralidade do tratamento em nível ambulatorial, para

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algumas situações clínicas como agravos crônicos, com custos de trata-
mento mais elevados ou de maior complexidade. No CEAF, o acesso aos
medicamentos ocorre de acordo com critérios definidos em protocolos
clínicos e diretrizes terapêuticas (PCDTs) publicados pelo Ministério da
Saúde. Os PCDTs definem as linhas de cuidado para cada condição clínica,
indicando a melhor abordagem terapêutica em cada situação, com base
nas melhores evidências disponíveis. Os medicamentos que fazem parte
do elenco do CEAF são descritos no Sistema de Gerenciamento da Tabela
de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Espe-
ciais (OPM) do SUS (SIGTAP) e possuem atributos específicos que garan-
tem a gestão do componente por meio de sistemas de informação, bem
como, o cumprimento dos critérios definidos nos PCDTs.

A Portaria de Consolidação nº 02/2017, dispõe sobre as regras de finan-


ciamento e execução do CEAF no âmbito do SUS, apresenta a divisão do
elenco de medicamentos em três grupos e define as responsabilidades
de financiamento:

• Grupo 1: medicamentos sob responsabilidade de financiamento pelo


Ministério da Saúde, subdividido em: – Grupo 1A: medicamentos de
aquisição centralizada pelo Ministério da Saúde e fornecidos às secre-
tarias de Saúde dos estados e do Distrito Federal; – Grupo 1B: medica-
mentos financiados pelo Ministério da Saúde mediante transferência
de recursos para aquisição pelas secretarias de Saúde dos estados e
do Distrito Federal;
• Grupo 2: medicamentos financiados e adquiridos pelas secretarias de
Saúde dos estados e do Distrito Federal;
• Grupo 3: medicamentos financiados de acordo com as normativas do
Componente Básico da Assistência Farmacêutica e indicados pelos
PCDTs como a primeira linha de cuidado para o tratamento das doen-
ças contempladas no CEAF.

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FARMÁCIA POPULAR
Outra estratégia de financiamento da Assistência Farmacêutica foi o Pro-
grama Farmácia Popular do Brasil (PFPB). Instituído em 2004, por meio
do Decreto nº 5.090, que regulamentou a Lei nº 10.858/2004, o programa
surgiu como uma alternativa para ampliar o acesso aos medicamentos no
país, constituindo-se como a primeira iniciativa federal de copagamento
de medicamentos. O foco inicial era universalizar o acesso da população
aos medicamentos e assegurar medicamentos essenciais a baixo custo à
população assistida pela rede privada, buscando diminuir o impacto cau-
sado pelos gastos com medicamentos no orçamento familiar.

O PFPB era composto por duas estratégias, caracterizadas pelas dife-


rentes formas de gestão e elenco disponibilizado: a rede própria e a rede
conveniada. No modelo de rede própria, as unidades eram estabelecidas
por meio de parcerias da Fiocruz com estados, municípios e o Distrito
Federal. O outro modelo, denominado “Aqui tem Farmácia Popular”, sob a
gestão direta do Ministério da Saúde, é estabelecido pelo credenciamen-
to de farmácias privadas e drogarias, onde convivem o sistema de forne-
cimento gratuito e de copagamento. Em 2017, o modelo de rede própria
foi extinto, fechando mais de 400 unidades e deixando de atender cerca
de 6 milhões de pessoas.

Após vermos o processo de aquisição, vamos à 4ª etapa do ciclo: o arma-


zenamento.

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06. Ao longo de 30 anos, o financiamento das políticas de Assis-
tência Farmacêutica (AF) passou por importantes mudanças. So-
bre a mudança mais recente nos mecanismos de financiamento
da AF é possível afirmar que:
🅐 Foi marcada pela extinção da Central de Medicamentos (CEME),
pela descentralização da gestão e pela garantia de recursos oriun-
dos das três esferas de gestão.
🅑 Foram estabelecidos blocos de financiamento para o SUS, sendo
a assistência farmacêutica um deles. Foram criados os componentes
básico, estratégico e especializado, com vinculação dos recursos
transferidos à aplicação na assistência farmacêutica.
🅒 Foi marcada pelo estabelecimento do co-pagamento no Pro-
grama Farmácia Popular e pela introdução de subsídio direto às
farmácias privadas para dispensação de medicamentos no Aqui
Têm Farmácia Popular.
🅓 Foram extintos os blocos de financiamento para o SUS, in-
cluindo a assistência farmacêutica. São substituídos por custeio
e investimento, desvinculando a transferência dos recursos da
obrigatoriedade de aplicação nas áreas dos antigos blocos.

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

ARMAZENAMENTO

O Armazenamento consiste em um conjunto de procedimentos técnicos


e administrativos que tem por finalidade assegurar as condições adequa-
das de conservação dos produtos. O armazenamento envolve atividades
de recepção, estocagem e guarda, conservação e controle de estoque.

A recepção de medicamentos verifica a compatibilidade dos produtos


solicitados e recebidos, conforme as condições estabelecidas em Edital.

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Para tanto, normas e procedimentos técnico-administrativos devem ser
elaborados, bem como instrumentos de controle para o registro das in-
formações.

O recebimento deve ser realizado em local adequado, sendo feitas confe-


rências de especificações técnicas e administrativas.

• Conferência de Especificações técnicas: verificam-se as especifica-


ções do produto: nome da substância (DCB ou DCI), forma farmacêuti-
ca, concentração, apresentação e condições de conservação e inviolabi-
lidade, registro do produto, certificado de análise ou laudo de Controle
de Qualidade, responsável técnico, embalagem/rotulagem, número do
lote, validade e condições de Transporte.
• Conferência de Especificações administrativas: são verificados docu-
mentação fiscal, nome do produto por denominação genérica, prazo de
entrega, quantidade, preço unitário e total.

O armazenamento consiste em ordenar adequadamente os produtos em


áreas apropriadas, de acordo com suas características específicas e con-
dições de conservação exigidas (termolábeis, psicofármacos, inflamá-
veis, material médico-hospitalar etc.).

Os medicamentos são estocados em uma área física exclusiva denomina-


da Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), que deve apresentar
as seguintes características: ser bem localizada, de fácil acesso, dispor
de espaço suficiente, ter identificação externa, sinalização interna e apre-
sentar condições adequadas de limpeza, temperatura, umidade, luminosi-
dade e ventilação.

Para a estocagem adequada de diferentes tipos de produtos a serem ar-


mazenados, deve-se dispor de área física, instalações apropriadas, equi-
pamentos, acessórios, normas e procedimentos, pessoal treinado.

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As áreas de estocagem devem estar bem sinalizadas, de forma que per-
mitam sua fácil visualização. A circulação, nessa área, deve ser restrita
aos funcionários do setor. São elas:
• Área de recepção – área de recebimento e conferência de produtos.
Obrigatoriamente deverá situar-se junto à porta principal e constar de
normas e procedimentos escritos para recebimento de medicamentos;
• Área de expedição – local destinado à organização, preparação, confe-
rência e liberação dos produtos;
• Área para grandes volumes – armazenamento de soluções de grandes
volumes: soros, solução de ringer lactato, solução polieletrolítica;
• Área para medicamentos de controle especial – exige cuidados espe-
ciais. Em razão da especificidade e custos financeiros envolvidos, es-
ses medicamentos não devem ficar na área de estocagem geral. O local
deve ter controle exclusivo do farmacêutico e somente permissão do
acesso de pessoas autorizadas;
• Área para termolábeis – área reservada aos medicamentos sensíveis
à temperatura, sendo indispensável o controle ambiental nos locais de
estocagem;
• Área para estocagem geral – local onde ficam os medicamentos que
não exigem condições especiais, porém, os mesmos cuidados para ma-
nutenção da estabilidade.

As condições para o armazenamento de medicamentos deverão ser esta-


belecidas por critérios técnicos e procedimentos operacionais:

• Os medicamentos devem ser organizados de forma lógica que permita


fácil visualização dos produtos, em ordem alfabética do nome genéri-
co, por forma farmacêutica; da esquerda para a direita; rotulagem de
frente para facilitar a visualização e rapidez na entrega;

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• Deve-se manter distância entre os produtos e entre produtos e pare-
des, piso, teto e empilhamentos, a fim de facilitar a circulação interna
de ar. Manter distância mínima de 50 cm, para evitar formação de zonas
de calor. Não se devem encostar medicamentos junto às paredes, ao
teto, ou em contato com o chão, por causa da umidade;
• As caixas de medicamentos não devem ficar próximas de condiciona-
dores de ar, estufas, sobre geladeiras ou freezers;
• Os medicamentos devem ser conservados nas embalagens originais.
Além da proteção, isso facilita a identificação e a verificação dos lo-
tes e validades. Ao serem retirados da caixa, as embalagens devem ser
identificadas;
• As caixas que forem abertas devem ser sinalizadas, indicando a viola-
ção e a quantidade retirada. Devem ser lacradas posteriormente. Os
medicamentos deteriorados, vencidos, cuja embalagem esteja danifi-
cada ou suspeita de contaminação devem ser retirados dos estoques,
mantidos em área separada, até que as providências necessárias sejam
tomadas;
• Devem-se seguir as recomendações do fabricante em relação às condi-
ções de armazenamento, que figuram no rótulo, para conservação dos
produtos. Na ausência de instruções específicas, o produto deve ser
armazenado em temperatura ambiente controlada;
• Os produtos devem ser organizados por ordem de prazo de validade: os
que vão vencer primeiro devem ser armazenados à esquerda e na fren-
te. A observância dos prazos de validade deve ser monitorada rigoro-
samente, para evitar perdas. Os medicamentos devem ser distribuídos
por ordem cronológica de validade, sempre pela validade mais antiga;
• Nas áreas de estocagem de medicamentos não podem ser armazena-
dos outros insumos, principalmente material de limpeza e de consumo.
Deve existir sistema de controle de entradas e saídas, com o número do
lote, que possibilite identificar e rastrear os produtos, além de procedi-
mentos para essa situação.

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Conservar medicamentos é mantê-los em condições apropriadas para
assegurar sua estabilidade e integridade durante sua vida útil, para isso
procedimentos técnicos e administrativos devem ser adotados.

A estabilidade pode ser classificada em:


• Física – as propriedades físicas originais, incluindo aparência, sabor,
uniformidade e dissolução deverão permanecer praticamente inaltera-
das;
• Química – cada ingrediente ativo deverá reter sua integridade e sua po-
tência declarada no rótulo dentro de limites especificados;
• Microbiológica – a esterilidade ou resistência ao crescimento de mi-
croorganismos deverá permanecer dentro dos limites estabelecidos.
Agentes antimicrobianos presentes devem manter sua eficácia dentro
dos limites especificados;
• Terapêutica – a atividade terapêutica deverá permanecer inalterada;
• Toxicológica – não deverá ocorrer aumento significativo de toxicidade.

Existem fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a estabilidade dos


medicamentos e sua ação natural do tempo já está considerada na atri-
buição do prazo de validade dos medicamentos. Estes fatores se distri-
buem da seguinte forma:

• “Fatores Intrínsecos” – ligados à tecnologia de fabricação: interação en-


tre fármacos e os solventes ou adjuvantes, pH; qualidade do recipiente;
presença de impurezas.
• “Fatores Extrínsecos” – fatores ambientais, ligados às condições de
transporte e estocagem: ligados à temperatura, luminosidade, ar (oxi-
gênio, gás carbônico e vapor d’água) e umidade.

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Os fatores extrínsecos influenciam a estabilidade no armazenamento e
estocagem e são principalmente: elevadas temperaturas, umidade, lumi-
nosidade e má ventilação, sendo contraindicadas porque podem acelerar
a indução de reações químicas e ocasionar decomposição dos produtos,
alterando a sua eficácia. Para o controle da temperatura e umidade, é ne-
cessária a utilização de termohigrômetro nas áreas de estocagem, com
registros diários em mapa de controle. Nos rótulos dos medicamentos
podem aparecer as seguintes indicações para a melhor conservação dos
medicamentos no armazenamento e guarda:

Figura 5 - Indicações que devem constar nos rótulos dos medicamentos

Faixas de temperaturas encontradas nas embalagens


de medicamentos
Temperatura Ambiente - 15 a 30°C (20° recomendada)
Quente – Acima de 30°C
Fria ou Refrigerada – entre 2 e 8° C (termolábeis)
Baixa Temperatura – 10 -20°C (temperatura controlada)
Ambiente fresco – 8 e 15°C
Congelados – entre 0 e -20°C

Fonte: Própria Autora, 2020.

A umidade deve ser controlada e a umidade relativa ficar entre 40 e 70%.

Deve-se evitar a incidência direta de raios solares sobre os medicamen-


tos. O local de estocagem deve possuir iluminação natural adequada ou
iluminação artificial (luz fria).

Uma boa circulação interna de ar deve ser mantida para conservação dos
produtos. Elementos vazados nas janelas facilitam a ventilação natural,
no entanto, devem impedir a entrada de insetos e roedores.

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Outro ponto a ser visto no armazenamento, é o controle de estoque para
manter os níveis de estoques necessários, evitando-se excessos ou de-
sabastecimento do sistema. Há fatores que são condicionantes de um
controle de estoque eficiente: padronização dos itens, procedimentos
operacionais da rotina, adequação de registros de dados, periodicidade
de compras, cumprimento dos prazos de entrega pelos fornecedores,
precisão da informação com objetividade, rapidez e dados atualizados e
organizados de consumo e demanda, permitindo a visualização do histó-
rico e dos níveis de estoque (estoque mínimo, máximo e tempo de ressu-
primento).

07. O armazenamento é a etapa do ciclo da assistência farma-


cêutica que tem por objetivo principal assegurar a qualidade dos
medicamentos e outros insumos. Atividades relacionadas a pro-
cedimentos técnicos e administrativos podem definir o armaze-
namento. Marque a alternativa CORRETA sobre tais atividades.
🅐 O controle de estoque reflete na organização dos produtos em
áreas previamente definidas, visando otimização do espaço físico
e da movimentação, permitindo rapidez e segurança.
🅑 A entrega ou distribuição é o ato de examinar e conferir os
produtos quanto à quantidade e documentação.
🅒 Segurança é a proteção dos produtos contra roubos, perdas e
danos.
🅓 Estocagem ou guarda é o monitoramento das movimentações
e registros de entrada e saída dos produtos.
🅔 Recepção/recebimento é a entrega dos produtos de acordo
com as necessidades dos solicitantes ou pacientes

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

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DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

Após todo o processo de estocagem, os medicamentos precisam ser dis-


tribuídos às unidades de saúde, em quantidade, qualidade e tempo opor-
tuno. A distribuição de medicamentos deve garantir rapidez e segurança
na entrega, eficiência no controle e informação. É necessária a formaliza-
ção de um cronograma de distribuição, estabelecendo os fluxos, os pra-
zos para a execução e a periodicidade das entregas de medicamentos.

Um fator crítico da distribuição é o transporte, que deve apresentar con-


dições adequadas de segurança, tempo da entrega e os custos financei-
ros: medicamentos devem ser transportados em veículos com isolamen-
to térmico e os medicamentos termolábeis em veículos com conforto
térmico.

A periodicidade com que os medicamentos são distribuídos às unidades


de saúde varia em função da programação, da capacidade de armazena-
mento, da demanda local, do tempo de aquisição, da disponibilidade de
transporte e de recursos humanos. O intervalo de tempo entre as distri-
buições deve ser cuidadosamente observado, evitando-se o desabaste-
cimento na rede. Quanto menor a periodicidade, maiores os custos com a
distribuição.

Após serem distribuídos, os medicamentos serão dispensados, comple-


tando a sexta etapa do ciclo.

DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS

A dispensação é o ato profissional farmacêutico que tem como objetivo


garantir a entrega do medicamento correto ao usuário, na dosagem e

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 59


quantidade, conforme prescrição feita por um profissional autorizado,
com instruções suficientes para seu uso correto e seu acondicionamento,
de modo a assegurar a qualidade do produto. É um dos elementos vitais
para o uso racional de medicamentos. Cabe ao dispensador a responsa-
bilidade pelo entendimento do usuário sobre o modo correto de uso do
medicamento.

O ato de dispensar compreende: análise técnica da prescrição e orienta-


ção ao paciente. Os objetivos da dispensação são: Garantir o cumprimento
da prescrição e o uso correto do medicamento; Contribuir para adesão ao
tratamento e o cumprimento da prescrição médica; Minimizar erros de
prescrição; Proporcionar atenção farmacêutica de qualidade; Garantir o
cumprimento da prescrição médica, no fornecimento do medicamento
correto e em quantidade adequada; Informar sobre o uso correto do me-
dicamento.

São requisitos necessários para uma dispensação adequada: uma pres-


crição racional, orientação ao paciente padronizada com informações
corretas/simples, objetivas e compreensíveis, com possibilidade de usar
instrumentos que facilitem a orientação para que haja adesão pelo pa-
ciente ao tratamento.

São responsabilidades do farmacêutico na dispensação:

• Analisar a prescrição médica;


• Identificar as necessidades do paciente em relação ao uso dos medica-
mentos e prover as informações necessárias;
• Manter-se atualizado para uma adequada prestação de serviços de
qualidade;
Prescrição: É o instrumento que apoia a dispensação, deve ser escrita de modo legível e sem rasuras. São observados a nomen-
clatura, forma farmacêutica, dosagem e modo de usar. Deve constar nome e endereço residencial do paciente, data e assinatura
do profissional, endereço do consultório ou da residência e número de inscrição do respectivo Conselho profissional.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 60


• Conhecer, interpretar e estabelecer condições para o cumprimento da
legislação pertinente;
• Manter atualizados os registros referentes à dispensação;
• Coletar e registrar ocorrências de reações adversas e efeitos colaterais
relativos ao uso de medicamento, informando à autoridade sanitária local;
• Orientar o usuário sobre os cuidados e guarda dos medicamentos, es-
pecialmente os termolábeis e aqueles sob controle especial (psicotró-
picos e entorpecentes);
• Acompanhar e avaliar as tarefas do pessoal de apoio.

A orientação farmacêutica é um processo informativo referente ao trata-


mento, acompanhamento e avaliação farmacoterapêutica da prescrição.

Para a execução do serviço é preciso ter conhecimentos, habilidades, téc-


nicas de comunicação, metodologia para elaboração de programas. São
importantes o comportamento, ética e postura profissional para passar
imagem de credibilidade nos serviços prestados.

A falta de informação ao paciente sobre o uso correto dos medicamentos


(indicação, contraindicações, interações, tempo do tratamento, posolo-
gia, dosagem, cuidados no uso etc.) é uma das principais causas da não
adesão ao tratamento.

A orientação baseia-se num processo de informação e educação funda-


mental para o êxito da terapêutica indicada. Informar é dotar o indivíduo
de conhecimentos a respeito do medicamento a ser utilizado. Educar é
motivar e induzir mudanças para a prática de estilos de vida saudável,
conscientizando o usuário da responsabilidade pela sua saúde.

A informação deve ser prestada de forma clara, simples, compreensiva,


em função das necessidades de cada indivíduo, do nível socioeconômico
e cultural e do tipo de medicamento prescrito.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 61


São elementos importantes da orientação ao paciente:
• Ênfase no cumprimento da dosagem;
• Influência dos alimentos;
• Interação com outros medicamentos;
• Reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de
conservação dos produtos;
• Condições de conservação dos produtos.

Principais causas de não adesão ao tratamento:


• Efeitos não esperados;
• Medo da farmacodependência;
• Não confiança no médico;
• Não confiança no medicamento;
• Não consciência da gravidade da enfermidade;
• Uso demasiado de medicamentos;
• Conselhos para abandono do tratamento;
• Informações inadequadas.

Aconselhamento é um processo de escuta ativa, individualizado e cen-


trado no cliente. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de
confiança entre os interlocutores, visando ao resgate dos recursos inter-
nos do cliente para que ele mesmo tenha possibilidade de reconhecer-se
como sujeito de sua própria saúde e transformação.

O aconselhamento pauta-se em uma relação de confiança entre profissio-


nal e cliente, por meio de uma atitude de escuta e de uma comunicação
clara e objetiva.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 62


a. Objetivos:
• Apoiar emocionalmente o paciente;
• Auxiliar a lidar com o problema de saúde;
• Prover informações sobre as doenças;
• Desenvolver a capacidade individual para reconhecer e tomar decisões
sobre sua saúde, perceber os riscos e adotar práticas mais seguras.

No contexto da Assistência Farmacêutica, uma estratégia para assegurar


a qualificação e a humanização do atendimento dos usuários é a Atenção
Farmacêutica, definida como modelo de prática farmacêutica que com-
preende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compro-
missos e corresponsabilidades na prevenção de doenças, promoção e re-
cuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação
direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racio-
nal e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a
melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as
concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biop-
sicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde.

Os componentes da prática da Atenção Farmacêutica são: educação em


saúde, incluindo promoção do uso racional de medicamentos; orientação
farmacêutica; dispensação; atendimento farmacêutico; acompanhamen-
to/seguimento farmacoterapêutico; registro sistemático das atividades,
mensuração e avaliação dos resultados.

Alguns conceitos estão relacionados à prática da Atenção Farmacêutica


e precisam ser um pouco mais trabalhados como:
• Problema Relacionado aos Medicamentos (PRM) – É um problema de
saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia,
que interfere ou pode interferir nos resultados terapêuticos e na quali-
dade de vida do usuário. A identificação dos PRM’s segue os princípios

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de necessidade, efetividade e segurança, próprios da farmacoterapia.
Segundo o Consenso de Granada, os PRM’s relacionados à necessidade
de farmacoterapia são por falta de uso ou por uso desnecessário, os
PRM’s relacionados com a efetividade são a falta de resposta ao trata-
mento, subdose ou frequência de tomada inferior à necessária e os pro-
blemas relacionados à segurança são a sobredosagem ou o surgimento
de reações adversas ao medicamento. Além desses problemas, pode-
-se incluir a falta de adesão à terapia relacionada ao comportamento do
paciente, ao serviço prestado, as condições socioeconômicas, caracte-
rísticas do tratamento, a evolução da doença e o surgimento de outras
patologias. Outros problemas relacionados ao medicamento são: erros
de prescrição, automedicação, interações medicamentosas e reações
adversas ao medicamento (RAMs);
• Acompanhamento/Seguimento Farmacoterapêutico – processo no
qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do usuário
relacionadas ao medicamento, por meio da detecção, prevenção e re-
solução de Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM’s), de
forma sistemática, contínua e documentada, com o objetivo de alcan-
çar resultados definidos, buscando a melhoria da qualidade de vida do
usuário. A promoção da saúde está associada com o acompanhamento
e entende-se por resultado do seguimento a cura, o controle ou o retar-
damento de uma enfermidade, compreendendo os aspectos referen-
tes à efetividade e à segurança;
• Atendimento Farmacêutico – É o ato em que o farmacêutico interage
e responde às demandas dos usuários do sistema de saúde, buscando
a resolução de problemas de saúde, que envolvam ou não o uso de me-
dicamentos. Este processo pode compreender escuta ativa, identifica-
ção de necessidades, análise da situação, tomada de decisões, defini-
ção de condutas, documentação e avaliação, entre outros;

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• Intervenção Farmacêutica – É um ato planejado, documentado e rea-
lizado junto ao usuário e profissionais de saúde, que visa resolver ou
prevenir problemas que interferem ou podem interferir na farmacote-
rapia, sendo parte integrante do processo de acompanhamento/segui-
mento farmacoterapêutico.

A Atenção Farmacêutica é peça chave para o sistema de Farmacovigilân-


cia, pois por meio do segmento farmacêutico pode-se identificar e ava-
liar problemas/riscos relacionados à segurança, efetividade e desvios da
qualidade de medicamentos, gerando notificações e novos dados para o
Sistema, por meio de estudos complementares, que, por sua vez, forne-
cem aos profissionais alertas e informes técnicos, informações sobre me-
dicamentos e intercâmbio de informações, potencializando as ações clí-
nicas e outras atividades de Atenção e Assistência Farmacêutica. Dessa
forma, obtém-se a melhora da capacidade de avaliação da relação benefí-
cio/risco, otimizando os resultados da terapêutica e contribuindo para a
melhoria da qualidade de vida e adequação do arsenal terapêutico.

A Lei nº 13.021/2014 transformou a farmácia em um Estabelecimento de


Saúde e não um simples comércio, que deve prestar assistência farma-
cêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva,
na qual se processe a manipulação e/ou dispensação de medicamentos
magistrais, oficinais, farmacopeicos ou industrializados, cosméticos, in-
sumos farmacêuticos, produtos farmacêuticos e correlatos, ou seja, é um
local para a promoção do uso racional de medicamentos. Antes da Lei nº
13.021/2014, a Lei nº 5.991/1973 definia farmácias e drogarias como esta-
belecimentos que dispensavam e comercializavam medicamentos e dro-
gas, não autorizando as farmácias a prestarem tais serviços.

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O Uso Racional de Medicamentos

O uso racional ocorre quando o paciente recebe o medicamento apropria-


do à sua necessidade clínica, na dose e posologia corretas, por um período
de tempo adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. Dessa
forma, o uso racional de medicamentos inclui:
• escolha terapêutica adequada (é necessário o uso de terapêutica me-
dicamentosa);
• indicação apropriada, ou seja, a razão para prescrever está baseada em
evidências clínicas;
• medicamento apropriado, considerando eficácia, segurança, conveni-
ência para o paciente e custo;
• dose, administração e duração do tratamento apropriados;
• paciente apropriado, isto é, inexistência de contraindicação e mínima
probabilidade de reações adversas;
• dispensação correta, incluindo informação apropriada sobre os medi-
camentos prescritos;
• adesão ao tratamento pelo paciente;
• seguimento dos efeitos desejados e de possíveis eventos adversos
consequentes do tratamento.

O uso irracional de medicamentos é um importante problema de saúde


pública em todo o mundo, com grandes consequências econômicas. Os
principais problemas quanto ao uso de medicamentos são: sobreuso
de medicamentos, polimedicação ou polifarmácia; uso incorreto de
medicamentos.

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Há também o problema das prescrições:

Quadro 9 - Problemas com Prescrições

PROBLEMAS DE
EXEMPLOS
PRESCRIÇÃO

• Medicamento mais caro em lugar de um mais barato e tão eficiente e


seguro
Prescrição
• Recursos para sintomas severos utilizados para tratamento de sinto-
Extravagante
mas leves
• Medicamentos de marca utilizados em lugar de genéricos mais baratos

• Medicamento desnecessário
• Dose exagerada
Sobreprescrição
• Período de tratamento longo demais
• Quantidade dispensada exagerada em relação ao que será utilizado

• Medicamento prescrito para diagnóstico incorreto


• Medicamento errado para determinada doença
Prescrição
• Prescrição redigida de forma inapropriada
Incorreta
• Prescrição sem ajustes para fatores coexistentes (clínicos, genéticos,
ambientais)

• Mais medicamentos do que seriam necessários para o mesmo efeito


Prescrição Múltipla
• Trata-se os sintomas e não as causas ou condições primárias

• Não são prescritos os medicamentos necessários


Subprescrição • Dose insuficiente
• Duração de tratamento é curta para a doença

Fonte: MSH, 1997.

O uso inapropriado de medicamentos pode ter consequências como:


• eventos adversos, incluindo os letais. Exemplo: uso indevido de antibió-
ticos, autoprescrição1 ou uso inapropriado de automedicação;
• eficácia limitada. Exemplo: quando não se obtém o efeito esperado de-
vido ao uso de dose subterapêutica;
• resistência a antibióticos. Exemplo: o sobreuso ou o uso em doses sub-
terapêuticas;
• farmacodependência. Exemplo: abuso de certos medicamentos, tais
como os tranquilizantes;
• risco de infecção. Exemplo: uso inapropriado de injetáveis.

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Todos os componentes do ciclo da Assistência Farmacêutica podem e de-
vem contribuir para a promoção do uso racional de medicamentos, o que
tentaremos rapidamente exemplificar:

“Seleção e formulário terapêutico”: orienta as escolhas terapêuticas para


medicamentos eficazes, seguros e custo-efetivos, bem como orienta
quanto às abordagens terapêuticas mais adequadas, inclusive, destacan-
do as situações onde a abordagem não medicamentosa pode ser mais
apropriada. No Brasil, foi elaborado o Formulário Terapêutico Nacional,
baseado nos medicamentos contidos na Relação Nacional de Medica-
mentos Essenciais (Rename) e disponível na Biblioteca Virtual em Saúde.

“Gerenciamento da Assistência farmacêutica”: o bom gerenciamento da As-


sistência Farmacêutica deve ter como resultado a disponibilidade de medi-
camentos de qualidade, adquiridos com agilidade satisfatória, baixo preço,
armazenados e distribuídos de forma a preservar suas características.

“Dispensação e uso”: garante o acesso a medicamentos adequadamente


envasados e rotulados, o bom entendimento do uso do medicamento pelo
paciente, bem como intervém junto ao prescritor ou demais membros da
equipe de saúde para assegurar a correta prescrição.

Chegamos ao fim do ciclo de Assistência Farmacêutica e vimos que a As-


sistência Farmacêutica compreende um conjunto de atividades que en-
volvem o medicamento e que devem ser realizadas de forma sistêmica,
ou seja, articuladas e sincronizadas, tendo, como beneficiário maior, o pa-
ciente. É o resultado da combinação de estrutura, pessoas e tecnologias
para o desenvolvimento dos serviços em determinado contexto social.

Por este motivo, o ciclo não estaria completo sem que fossem incluídas as
ações de gerenciamento, controle e avaliação do sistema e as ferramen-
tas imprescindíveis para estas ações – os sistemas de informação. Adicio-
nam-se a isto, os recursos humanos e financeiros para que a Assistência
Farmacêutica atinja seu objetivo de melhorar o acesso da população aos
medicamentos, garantir a qualidade, segurança e sua eficácia, promoven-
do seu uso racional.

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GERENCIAMENTO

A Assistência Farmacêutica representa hoje um dos setores de maior


impacto financeiro e a tendência de demanda por medicamentos é cres-
cente. A ausência de um gerenciamento efetivo pode acarretar grandes
desperdícios, sendo considerado recurso crucial.

Gerenciar é alcançar resultados por meio de pessoas, utilizando eficien-


temente os recursos limitados. Um bom gerenciamento é fruto de co-
nhecimento, habilidades e atitudes. Abrange ações de planejamento, de
execução, de acompanhamento e de avaliação dos resultados. Esta é per-
manente, pois a avaliação dos resultados incorrerá em novo planejamen-
to, nova execução, novo acompanhamento e nova avaliação.

Uma ferramenta essencial para a otimização da Assistência Farmacêu-


tica, em toda a sua extensão é a utilização dos sistemas de informação,
que devem fornecer informações gerenciais específicas para acompa-
nhamento das ações desenvolvidas e que possam subsidiar os gestores,
tanto no planejamento das ações como na tomada de decisões.

Devido à importância do planejamento em Assistência Farmacêutica


como instrumento de gerenciamento, este será comentado com mais de-
talhes na seção 4.

Assista agora a Pocket Aula


sobre Ciclo da Assistência
Farmacêutica clicando no
ícone ao lado

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08. Segundo a Resolução nº 338 de 06.05.2004, do Conselho
Nacional de Saúde, as ações de Assistência Farmacêutica que
envolvem a atenção farmacêutica, considerada como um mo-
delo de prática farmacêutica, compreendem atitudes, valores,
comportamentos, habilidades, compromissos e corresponsabili-
dades na prevenção de doenças, na promoção e na recuperação
da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. Compreendem
também a interação direta do farmacêutico com o usuário, visan-
do a uma farmacoterapia racional e à obtenção de resultados de-
finidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de
vida. Essa interação deve envolver ainda as concepções de seus
sujeitos, respeitadas suas especificidades biopsicossociais, sob
a óptica da integralidade das ações de saúde. Com base nessas
características da Assistência Farmacêutica, é correto afirmar:
🅐 Um modelo de prática farmacêutica exige que os controles
de qualidade dos processos de produção de medicamentos e de
estudos de biodisponibilidade sejam avaliados no momento da
indicação de um medicamento genérico ou similar na drogaria ou
no posto de medicamentos pelo médico e pelo farmacêutico.
🅑 Atitudes, valores, comportamentos e compromissos são con-
ceitos amplamente difundidos pelo código de ética da profissão
farmacêutica, único respaldo necessário ao farmacêutico para o
desempenho de suas funções junto ao usuário dos serviços de saúde.
🅒 A interação direta do farmacêutico com o usuário tem o papel
de fazer uma intermediação entre o paciente e sua adesão à farma-
coterapia, para que os resultados mensuráveis sempre conduzam
à diminuição de gastos com a saúde individual e coletiva.
🅓 A óptica da integralidade dos serviços de saúde garante que o
funcionário público esteja inserido no mesmo contexto social do
paciente e deu origem ao art. 331 do Decreto Lei nº 2841, segundo
o qual “Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
razão dela gera ao agressor a pena de detenção, de seis meses a
dois anos, ou multa”.
🅔 Respeito às condições biopsicossociais do indivíduo significa
levar em conta que as condições físicas, psicológicas e sociais são
fatores determinantes à sua saúde.

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

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09. Bernardo e Hoepfner (2015) afirmam que, na dispensação de
medicamentos, o farmacêutico deve desenvolver algumas com-
petências específicas na escuta: saber perguntar, saber informar
e saber responder às necessidades do outro.
Dentre as ações relacionadas à escuta adequada, estão:
1. Descrever e discutir a informação relevante, usando lingua-
gem simples e termos que tenham significado para o outro.
2. Evitar julgar o outro pela sua aparência, forma de se expres-
sar, ou mesmo pelos seus hábitos e comportamentos.
3. Iniciar o diálogo com perguntas fechadas, diretas.
4. Evitar explorar opiniões do outro sobre os temas da conver-
sa.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


🅐 São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
🅑 São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
🅒 São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
🅓 São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
🅔 São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

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ANOTAÇÕES

72
4. PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA
Para o alcance de bons resultados em qualquer atividade é preciso esta-
belecer objetivos claros, identificar onde e como estamos, aonde preten-
demos chegar.

Só a partir de uma análise situacional, de uma referência de partida, po-


de-se intervir na realidade e avançar para processos de melhoria.O plane-
jamento é um processo sistematizado, dinâmico, contínuo, racional, parti-
cipativo, realista, pragmático, de se conhecer e intervir na realidade local,
para o alcance de uma situação desejada.

O produto do planejamento é o plano de ação, que, de forma simplificada,


pode-se dizer que é um documento elaborado a partir da identificação de
problemas, para os quais, elaboram-se objetivos, ações/atividades com
o fim de resolvê-los, em conformidade com um cronograma de execução,
que responda às seguintes questões: como, quem, quando e quanto.

O planejar implica um conhecimento profundo da realidade que se procu-


ra melhorar. Quem mais conhece a realidade é quem dela participa. Logo,
o planejamento deve ser feito pela equipe de trabalho, privilegiando a
composição multiprofissional.

Quando planejamos alcançar objetivos complexos e queremos fazê-lo de


forma participativa, compartilhando diferentes saberes (interdisciplina-
ridade) e diferentes ações (intersetorialidade), necessariamente precisa-
mos trabalhar com um método de planejamento.O planejamento deve ser
um cálculo situacional e sistemático capaz de articular o imediato (pre-
sente) com o futuro. O plano, como um cálculo, não é nem puramente téc-
nico, nem puramente político e muito menos único. Devemos considerar

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tanto as propostas dos especialistas (ou o ponto de vista técnico-científi-
co) como também as diferentes visões ou pontos de vistas dos políticos,
que captam a realidade buscando realizar seus projetos ou compromis-
sos, assim como propostas oriundas da própria comunidade que, em últi-
ma análise, é que sofre com os problemas que o planejamento pretende
resolver.

O primeiro método de planejamento em saúde ocorrido na América La-


tina foi CENDES-OPAS (1965), cujo raciocínio básico era o da eficiência,
evidenciado pela proposta de programação de recursos, que visava a au-
mentar as atividades e, simultaneamente, reduzir os custos, por meio de
uma atuação sobre a composição quantitativa dos instrumentos ou sobre
a combinação de recursos que compõem os instrumentos. O método teve
vários méritos, como a priorização de danos à prevenção; a proposta de
uma atuação integrada, sistêmica e o estímulo à formulação de sistemas
de custos, mas, a sua possibilidade de aplicação revelou-se precária devi-
do ao baixo poder de interferência do Estado sobre o setor. Essa propos-
ta foi considerada tecnocrática, normativa e economicista, em que a nor-
ma tem como fundamento principal a relação custo-benefício. Por ser um
método normativo, considera-se que apenas um ator planeja com plenos
poderes, supondo-se sempre que existe o consenso ou o quase consenso.
Desconsideram-se, então, os conflitos e os diferentes interesses existen-
tes e, ao fazê-lo, não se consideram a variabilidade e a complexidade da
realidade. Dessa forma, como a análise da realidade é incompleta, sua uti-
lização para elaboração de intervenções é limitada.

Na década de 1970, surgiram, na América Latina, as diferentes correntes


do planejamento estratégico.

Uma comparação entre o método normativo e estratégico encontra-se a


seguir.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 74


Figura 6 - Tipos de planejamento

Planejamento Tradicional Planejamento Estratégico


Considera-se apenas os recursos econômicos Considera vários aspectos
Trabalha com cenário único, sem contexto Trabalha com cenários alternativos,
contextualizado
Desconsidera atores sociais
Considera os atores sociais
Proposta de ação com resultados previstos
Trabalha com vários planos de ação para
diferentes cenários

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Um tipo de planejamento estratégico denominado Planejamento Estraté-


gico Situacional (PES) foi desenvolvido por Matus, que propôs que plane-
jar é como preparar-se para a ação e, para agir, é fundamental investir no
aumento da capacidade de governar. Para tanto, o autor propõe a forma-
ção de técnicos políticos, os quais devem ser capazes de viabilizar, com
competência, um modo de governo. O governo aqui tem dois sentidos:
• Governar (maiúsculo) tem o significado de estar no poder em exercício
de algum cargo do Estado;
• governar (minúsculo) tem o significado de que todas as forças sociais
governam, ou seja, podem e devem planejar intervenções inteligentes
sobre os fatos sociais.

Outros três aspectos enfocados por Matus são também importantes


para a melhor compreensão dos fundamentos teóricos do PES. São eles:
• O projeto de governo – refere-se ao plano que uma equipe se propõe
para alcançar seus objetivos;
• A governabilidade – diz respeito às variáveis ou recursos que a equipe
controla ou não e que são necessários para implementar seu plano;

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• A capacidade de governo – diz respeito à experiência e acúmulo de co-
nhecimentos que uma equipe domina e que são necessários para a im-
plementação de seu plano.

Esses três pontos estão inter-relacionados de forma dinâmica e depen-


dente, que pode ser representado graficamente por um triângulo, cujos
vértices são: o projeto de governo, a governabilidade e a capacidade de
governo.

A análise sobre o “equilíbrio” entre os três vértices do triângulo permite


avaliar quais são os “pontos fracos” de um processo de gestão, orientan-
do, com mais clareza, o processo de tomada de decisões sobre as inter-
venções necessárias. Isto é, se é preciso definir melhor o projeto e/ou se
é preciso aumentar a governabilidade e/ou a capacidade de governo.

Alguns conceitos são importantes para entender o PES:

Estratégia – é uma maneira de construir viabilidade para um plano elabo-


rado, visando alcançar determinados objetivos. Pode ser longo, médio e
curto prazo, a depender da urgência.

Situação – é um espaço socialmente produzido onde os atores desempe-


nham seus papéis e intervêm igualmente.

Análise Situacional – é o conhecimento sobre o modo como é produzida de-


terminada situação. Essa explicação ou análise é sempre parcial e múltipla.

Ator social – Um ator social é definido como um coletivo de pessoas ou,


no seu extremo uma personalidade que, atuando em determinada situa-
ção, é capaz de transformá-la. Para tanto, é fundamental que o ator te-
nha: um projeto de intervenção, o controle ou capacidade de mobilizar os
recursos necessários ao plano e uma organização minimamente estável
para executá-lo.

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O planejamento estratégico é um método capaz de verificar a coerência
das proposições possíveis em relação ao objetivo. Esse método busca de-
finir um conjunto de operações que devem ser realizadas com a finalidade
de mudar a realidade, permitindo:
• apostar em um futuro que se deseja, considerando outros atores e va-
riáveis em jogo;
• minimizar o efeito surpresa por meio de ações planejadas;
• orientar a ação do presente, considerando a mediação entre passado,
presente e futuro;
• valorizar as habilidades existentes visando a melhorar a resolutividade
ou a eficácia das ações propostas.

Esses processos podem ser realizados em diferentes níveis da organiza-


ção resultando em planos, programas ou projetos. A figura 7 esquematiza
as principais diferenças entre os distintos níveis no “planejamento estra-
tégico”: estratégica, tática e operacional.

A dimensão estratégica se refere à condução do planejamento, à sua de-


terminação no espaço da política. Contempla os processos que se rela-
cionam com as mudanças estruturais ou organizacionais de médio e longo
prazo. À medida que o horizonte temporal se distancia do presente, au-
menta o grau de incerteza, as metas perdem precisão e os objetivos são
mais qualitativos do que quantitativos.

Para determinar quais as ações estratégicas, é necessário que exista um


diagnóstico acerca da situação a ser enfrentada; que seja identificado um
conjunto de problemas relevantes; determinar prioridades; monitorar e
avaliar a condução do processo, de modo a introduzir mudanças, se ne-
cessário.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 77


A dimensão tática se refere ao planejamento de mais curto prazo que a
estratégica (programação). O objetivo é determinar o conjunto de ações
que permitam concretizar os objetivos fixados no momento estratégico,
ou criar as condições necessárias para que esses objetivos sejam viáveis
no futuro. O objetivo principal da programação é determinar as ações
que maximizem o rendimento dos recursos para o alcance dos objetivos
estratégicos. A programação é mais limitada por contornos legais e nor-
mativos, trabalha com maior grau de detalhamento de modo a orientar a
implementação.

A dimensão operacional se refere à execução propriamente dita, em es-


sência no âmbito da gestão. Os prazos com que se trabalha a este nível
são muito mais curtos, da ordem de meses, semanas ou mesmo de dias.
As decisões são tomadas com base nos problemas cotidianos e geral-
mente sob muita pressão. Exatamente por isso, há a necessidade de que
as direções mais gerais ligadas à definição estratégica e tática estejam
discutidas, clareadas e incorporadas, de modo a orientar e dar direciona-
lidade ao trabalho do dia a dia.

Segue resumo das dimensões do Planejamento estratégico:


Figura 7 - Dimensões do PES

Estratégica – longo prazo, focado na


missão e objetivos. Plano estratégico.

Tática – médio prazo, foco em objetivos


e resultados. Programas.

Operacional – curto prazo, focado em


atividades. Planos de trabalho.

Fonte: Autoria Própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 78


Para área pública, o PES se constitui a ferramenta desenvolvida para tra-
balhar o conceito de situação, ou seja, a realidade explicada por um ator
dentro da situação.

O PES propõe o desenvolvimento do planejamento como um processo


participativo. Sendo assim, possibilita a incorporação dos pontos de vis-
ta dos vários setores sociais, incluindo a população, e que os diferentes
atores sociais explicitem suas demandas, propostas e estratégias de so-
lução, numa perspectiva de negociação dos diversos interesses em jogo.
Essa participação enriquece o processo de planejamento, criando corres-
ponsabilidade dos atores com a efetivação do plano de ação, dando mais
legitimidade e, mesmo, viabilidade política ao plano.

Portanto, o conceito de ator social é muito importante. Ter clareza de


quem é o ator que planeja e de quais outros atores que estão também en-
volvidos na situação é fundamental para o “sucesso” do plano. É também
fundamental considerar que cada ator vê e atua sobre a realidade a partir
de percepções diferentes, o que torna necessária uma ação central (não
centralizadora, mas aglutinadora) capaz de construir uma coerência glo-
bal entre as ações parciais dos diversos atores sociais.

Todo método de planejamento apresenta, no seu desenvolvimento, pas-


sos ou etapas como uma sequência lógica de ações ou atividades. Matus
propôs o termo “momento” porque representa instâncias que se repetem
constantemente e em ordem variável, durante todo o processo de plane-
jamento porque o momento explicativo se move no plano do como é, como
tende a ser a realidade e como chegamos a ela. Por isso, é também um
momento dinâmico contrapondo-se às etapas adotadas no planejamento
tradicional e compreendidas como fases estanques, numa sequência rígi-
da. Os “momentos” são apresentados a seguir:

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• Momento explicativo: busca-se conhecer a situação atual, procurando
identificar, priorizar e analisar seus problemas. Apesar das semelhan-
ças desse momento com o chamado “diagnóstico tradicional” aqui se
considera a existência de outros atores, que têm explicações diversas
sobre os problemas, impossibilitando a construção de uma leitura úni-
ca e objetiva da realidade;
• Momento normativo: quando são formuladas soluções para o enfren-
tamento dos problemas identificados, priorizados e analisados no mo-
mento explicativo, que podemos entender como o momento de elabo-
ração de propostas de solução;
• Momento estratégico: busca-se, aqui, analisar e construir viabilidade
para as propostas de solução elaboradas, formulando estratégias para
se alcançarem os objetivos traçados;
• Momento tático-operacional: é o momento de execução do plano. Aqui
devem ser definidos e implementados o modelo de gestão e os instru-
mentos para acompanhamento e avaliação do plano.

Esses momentos, apesar de suas especificidades, encontram-se intima-


mente articulados na prática do planejamento, constituindo uma relação
de complementaridade, dando-lhe caráter processual e dinâmico. Pois, a
todo o momento estamos revisando nossa situação, a evolução dos nos-
sos problemas e suas explicações e, a partir dessa evolução, revisando
nossas intervenções e nossas ações para viabilizar essas intervenções, as-
sim como a sua implementação e a avaliação dos seus resultados práticos.

O Planejamento em Assistência Farmacêutica se inicia com a análise situ-


acional. É necessário que o processo seja precedido de diagnóstico, para
possibilitar conhecimento da realidade na qual se deseja intervir, por meio
da elaboração de objetivos claros, precisos, de acordo com prioridades e
metas estabelecidas, além da definição de mecanismos de monitoramen-
to e avaliação.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 80


Após o diagnóstico, faz-se uma intervenção para solucioná-lo. Definem-
-se os resultados que se pretendem alcançar. A essa intervenção ou ne-
cessidade de mudança chamamos de objetivo.

Estabelecer a meta: o quanto se pretende alcançar ao longo do tempo. É a


quantificação do objetivo.

Para o alcance das metas programadas, há necessidade da realização de


um conjunto de ações/atividades e recursos (humanos, materiais e finan-
ceiros), necessários para intervenção. Ou seja, é necessário um cronogra-
ma de execução das atividades.

A realização das atividades levará ou não aos resultados esperados. De-


ve-se, portanto, estabelecer instrumentos para avaliar o quanto avança-
mos no alcance dos resultados estabelecidos, após a intervenção (isto é,
a avaliação). Monitorar e avaliar a execução de um planejamento é compa-
rar o desempenho efetivo do que foi planejado, passo a passo, corrigindo
eventuais desvios, e visualizar mudanças. Esta é a razão principal por que
um plano deve ser formalizado. Objetiva apreender em que medida as me-
tas estão sendo alcançadas, a que custo e reorientar o curso das ações e
atividades programadas.

Para efetividade do plano, alguns requisitos são necessários:


• Qualificação técnica da equipe em monitoramento e avaliação de ser-
viços;
• Sistema de informação eficiente;
• Articulação entre os três níveis de governo, para implementação das
ações, viabilidade de projetos e capacitação e desenvolvimento de re-
cursos humanos.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 81


Devem ser elaborados instrumentos e indicadores de avaliação de acordo
com a relevância do que se pretende avaliar.
a. Instrumentos de acompanhamento e avaliação:
• Relatório Gerencial;
• Instrumentos e indicadores de avaliação.

b. Aspectos importantes a serem monitorados/avaliados:


• Aplicação dos recursos físico-financeiro;
• Cumprimento das metas estabelecidas.

Quando a avaliação apresenta os resultados desejados, significa que


o problema que deu origem ao processo de planejamento foi resolvido,
transformando a situação-problema em situação desejada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o estabelecimento das Redes em Saúde (Portaria nº 4.279/2010 e


Decreto nº 7.508/2011) definidas como arranjos organizativos de ações e
serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integra-
das por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam
garantir a integralidade do cuidado, a Assistência Farmacêutica passou
a ser um dos sistemas de apoio das redes, juntamente com o sistema de
apoio diagnóstico e terapêutico e os sistemas de informação em saúde,
com foco na garantia do acesso e do uso racional de medicamentos.

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A Assistência Farmacêutica passou a compreender dois componentes:
gestão técnica da assistência farmacêutica e a gestão clínica do medica-
mento.

A gestão técnica da Assistência Farmacêutica se caracteriza como um


conjunto de atividades interdependentes e focadas na qualidade, no
acesso e no uso racional de medicamentos, ou seja, no Ciclo de Assistên-
cia Farmacêutica.

A gestão clínica do medicamento está relacionada com a atenção à saú-


de e aos resultados terapêuticos efetivamente obtidos, tendo como foco
principal o usuário do medicamento. Configura-se como uma atividade
assistencial fundamentada no processo de cuidado. O medicamento deve
estar disponível no momento certo, em ótimas condições de uso e deve
ser fornecido juntamente com informações que possibilitem sua correta
utilização.

Isso promoveu uma alteração na visão tecnicista da Assistência Farma-


cêutica (AF) e do profissional farmacêutico; neste modelo, o medicamen-
to é um insumo essencial e não o foco central, nem só as ações logísticas
devem ocupar o único esforço da organização da Assistência Farmacêu-
tica pelo SUS.

Preconiza-se que a AF deva ser compreendida como uma atividade clíni-


ca, com foco central de ação no usuário do medicamento, estruturando-se
em ações técnico-assistenciais e ações técnico-gerenciais.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 83


Figura 8 - Modelo lógico-conceitual da assistência farmacêutica integrada ao
processo de cuidado em saúde

Cadeia de abastecimento Aquisição


farmacêutico / Produção

Programação Armazenamento
Gestão Técnica
da Assistência
Farmacêutica

Seleção Distribuição

Nível assistencial

Dispensação Prescrição Avaliação Usuário


Orientação Plano Terapêutico Diagnóstico Estado de Saúde

Antes do uso de medicamentos


Continuidade do cuidado Durante o uso de medicamentos
Avaliações periódicas

Indicações clínicas e Referência


Resolução
objetivos terapêuticos
Problema de saúde não tratado
Falha no acesso ao medicamento
Compreensão do utente e Gestão Clínica
do Medicamento Medicação não necessária
adesão terapêutica
Desvio de qualidade do medicamento
Baixa adesão ao tratamento
Efetividade e Segurança Problemas Interação medicamentosa
da terapêutica Duplicidade terapêutica
Discrepâncias na medicação
Falta de efetividade terapêutica
Reação adversa ou toxicidade
Erro de medicação
Contraindicações
Outros...

Fonte: Correr et al., 2011.

Devido à complexidade, na prática, esse modelo ainda apresenta falhas.


É preciso superar lacunas como a estruturação e organização da oferta
de serviços, já que no sistema de redes, o farmacêutico deve se assumir
como parte integrante de uma equipe multidisciplinar de saúde, estando
capacitado a compreender o processo saúde-doença e a intervir sobre
este.

No atual contexto do SUS, há que ressignificar o ser, o saber e o fazer far-


macêutico, direcionando-os para a melhoria da qualidade de vida da so-
ciedade.

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Assistência Farmacêutica
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10. A Gestão da Assistência Farmacêutica no SUS requer uma


abordagem estratégica e orientada para resultados a fim de pro-
duzir melhores indicadores de saúde e aumentar a qualidade dos
serviços. Tomando como base a figura adaptada do texto de Ma-
rin e colaboradores (2003), marque aquela que considerar COR-
RETA:
🅐 O planejamento estratégico situacional constitui poderosa fer-
ramenta de gestão para a AF em serviços privados, uma vez que no
setor público não encontra ambiente favorável devido à estrutura
burocrática e verticalizada na tomada de decisões.
🅑 A gestão da AF necessita de um sistema de informação con-
sistente que subsidie a tomada de decisão, não existindo no Brasil
uma base única e abrangente que cumpra esse papel, dificultando
a retroalimentação das informações para o controle e avaliação
das ações no país.
🅒 A programação, processo centralizado e ascendente, tem por
objetivo a garantia da disponibilidade dos medicamentos pre-
viamente selecionados nas quantidades adequadas e no tempo
oportuno para atender às necessidades de uma população-alvo,
por meio de um serviço ou de uma rede de serviços de saúde.

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🅓 Os prazos para a aquisição de medicamentos são definidos na
etapa anterior, a programação, e devem levar em conta as etapas
dos processos disciplinados pela Lei das licitações, Lei Federal n.
8.666, de 21 de junho de 1993, embora esses trâmites não compro-
metam o abastecimento.
🅔 Avaliar e controlar os processos são atribuições do gestor da
AF e dos gestores local, estadual e federal do SUS, e são ações
relacionadas a todas as etapas do ciclo representado na figura
anterior, exceto na prescrição e uso dos medicamentos.

Clique aqui para ver o Acesse aqui o comentário das cinco


gabarito da questão. questões anteriores

DICA: Devido à complexidade e quantidade de legislação relacionada ao tema,


minha dica é resumir os principais pontos das legislações e fazer revisões re-
gulares para não esquecer.

É bom conhecer outras legislações sobre medicamentos


como a Lei dos Genéricos (RDC nº 9.787/99) e a Lei da
Intercambialidade (RDC nº 58/14).

É bom conhecer também a RDC 304/2019 que dispõe


sobre as Boas Práticas de Distribuição, Armazenagem e
de Transporte de Medicamentos.

Outros assuntos que não foram abordados aqui, mas


podem ser cobrados em algum momento e valem
conhecer são: Redes em saúde e Centros de informações
do medicamento.

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GABARITO: Questões Comentadas
(1-5)

01 B
02 B
03 A
04 C
05 B
Questões Comentadas
06 D (6-10)
07 C
08 E
09 A
10 B

Para retornar à questão em que estava, clique nos botões abaixo:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o con-
trole de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo,
Brasília, DF, 19 dez. 1973.
2. BRASIL. Lei nº 6.360, 23 de setembro de 1976. Dispõe sobre a vigilân-
cia sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os in-
sumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros
produtos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, set. 1976.
3. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as con-
dições de promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização
e funcionamento dos serviços de saúde e dá outras providências. Diá-
rio Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 set. 1990.
4. BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37,
inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e
contratos da Administração Pública e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 jun. 1993.
5. BRASIL. Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. Altera a Lei nº 6.360,
de 23 de setembro de 1976. Dispõe sobre a vigilância sanitária, esta-
belece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes
genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Diá-
rio Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasí-
lia, DF, 10 fev. 1999a.
6. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 3.916, de 30 de ou-
tubro de 1998. Aprova a Política Nacional de Medicamentos. Brasília,
DF. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 de novem-
bro de 1998.
Curso Intensivo para Residências | Farmácia 88
7. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 6 de maio
de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diá-
rio Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 de maio de 2004.
8. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de
2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à
Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2010.
9. BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência farmacêutica na atenção
básica: instruções técnicas para sua organização. 2. ed. Brasília: Mi-
nistério da Saúde, 2006.
10. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução nº 1, de 17 de janeiro de 2012.
Estabelece as diretrizes nacionais da Relação Nacional de Medica-
mentos Essenciais (RENAME) no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), Brasília, DF, 17 de janeiro de 2012.
11. BRASIL. Decreto nº 7.646, de 21 de dezembro de 2011. Dispõe sobre a
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Úni-
co de Saúde e sobre o processo administrativo para incorporação,
exclusão e alteração de tecnologias em saúde pelo Sistema Único de
Saúde – SUS, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 21 de dezembro de 2011.
12. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 3.992, de 28 de dezembro
de 2017. Altera a Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de se-
tembro de 2017, para dispor sobre o financiamento e a transferência
dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde
do Sistema Único de Saúde.
13. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência Far-
macêutica no SUS / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Bra-
sília: CONASS, 2007.
14. BRASIL. Lei nº 13.021, de 08 de agosto de 2014. Dispõe sobre o contro-
le sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farma-
cêuticos e correlatos. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasí-
lia, DF, 11 ago. 2014a. Seção 1, p. 1, Edição Extra.

Curso Intensivo para Residências | Farmácia | Assistência Farmacêutica 89


15. BRASIL. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME
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17. CHORNY, A.H.; KUSCHNIR, R.; TAVEIRA, M. Planejamento e Progra-
mação em Saúde. Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e
Serviços de Saúde. Escola Nacional de Saúde Pública / ENSP/ 2008.
18. CORRER, C.J.; OTUKI, M.F.; SOLER, O. Assistência farmacêutica inte-
grada ao processo de cuidado em saúde: gestão clínica do medica-
mento. Revista Pan-Amazônica de Saúde, 2(3):41-49, 2011.
19. MARIN, N.; LUIZA, V.L.; SORIO-DE-CASTRO, C.G.S.; MACHADO-DOS-
-SANTOS, S. (org.). Assistência farmacêutica para gerentes munici-
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20. MANZINI, F.; LEITE, S. N. Uso racional de medicamentos. In: Grupo de
Trabalho sobre Saúde Pública. (Org.). O farmacêutico na Assistência
Farmacêutica do SUS: Diretrizes para ação. Brasília: Conselho Fede-
ral de Farmácia, 2015.
21. OPAS. Consenso brasileiro de atenção farmacêutica: proposta. Brasí-
lia: Organização Pan-Americana da Saúde, 2002.
22. PEREIRA, R.M. Planejamento, Programação e Aquisição: prever para
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23. REMONDI, F.A.; GROCHOCKI, M.H.(org). Assistência farmacêutica e o
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25. BERMUDEZ, J. A.Z. Indústria Farmacêutica, Estado e Sociedade. São
Paulo: HUCITEC, 1995
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