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CURSO

INTENSIVO
PARA RESIDÊNCIAS

TRANSVERSAL

LEGISLAÇÃO DO SUS
PROFESSOR
Carlos Ambrosio da Cruz Santos
Graduado em Administração pela Universidade do
Estado da Bahia (UNEB). Coach com formação pela
Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC).
Consultor em Marketing Digital. Atualmente é Edi-
tor-Chefe na Empresa Residências Saúde.

ORGANIZADORA
Natale Oliveira de Souza
Mestre em Saúde Coletiva pela UEFS. Graduada
pela UEFS em 1998, pós-gra­duada em Gestão em
Saúde, Saúde Pública, Urgência e Emergência,
Auditoria de Sistemas, Enfermagem do Trabalho
e Direito Sanitário. Atua como Coach, Mentora e
Consultora/Professora e Palestrante na área de
Concursos Públicos/Residên­cias. Funcionária pú-
blica da Prefeitura Municipal de Salvador – Aten-
ção Básica. Conta com 16 aprovações em concur-
sos e seleções públicas, dentre elas: Progra­ma de
Interiorização dos Profissionais de Saúde, lotada
em Minas; Consultora do Programa Nacional de
Controle da Dengue (OPAS), lotada em Brasília;
Consultora Internacional do Programa Melhoria da
Qualidade em Saúde pelo Banco Mun­dial, lotada
em Salvador. Governo do estado da Bahia – SESAB,
Prefeitura Muni­cipal de Aracaju, Prefeitura Munici-
pal de Salvador, Professora da Universidade Fede-
ral de Sergipe UFS, Educadora/FIOCRUZ, dentre
outros.
2020 ©
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610,
de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste
livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia
ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características
gráficas, sem permissão expressa da Editora.

Título | Intensivo para residências: legislação do SUS


Editor | Thalita Galeão
Projeto gráfico e diagramação| Fabrício Sawczen
Capa | Fabrício Sawczen
Revisor Ortográfico | Pedro Muxfeldt
Conselho Editorial | Caio Vinicius Menezes Nunes
Paulo Costa Lima
Sandra de Quadros Uzêda
Silvio José Albergaria da Silva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)

C957il Cruz, Carlos.


Intensivo para Residências: Legislação do SUS / Carlos Cruz. - 1. ed. - Salvador, BA : Editora
Sanar, 2020.
108 p.; il..
E-Book: PDF.
ISBN 978-65-86246-66-7
1. Medicina. 2. Residências. 3. Sistema Único. 4. SUS. 5. Transversal. I. Título. II. Assunto. III.
Cruz, Carlos.
CDD 614
CDU 614

ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO


1. Saúde Pública, Medicina Preventiva.
2. Saúde Pública.
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CRUZ, Carlos. Intensivo para Residências: Legislação do SUS. 1. ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2020.
EBook (PDF). ISBN 978-65-86246-66-7.

Editora Sanar S.A


R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office &
Pool, 3ro Andar - Caminho das Árvores
CEP 41820-770, Salvador - BA
Tel.: 0800 337 6262
atendimento@sanar.com
www.sanarsaude.com
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Conceitos sobre política pública
Figura 2. Principais problemas de saúde da população na República velha.
Figura 3. Caracteríticas das CAPs
Figura 4. Principais acontecimentos no ambito da saúde, na Era Vargas
Figura 5. Eixos básicos da VIII CNS
Figura 6. Saúde como direito de todos
Figura 7. Conceitos importantes para o SUS
Figura 8. Esquematização do artigo 197
Figura 9. Esquematização do artigo 198
Figura 10. Organização regionalizada e hierarquizada
Figura 11. Recursos do Orçamento da saúde
Figura 12. Esquematização do artigo 199
Figura 13. Participação do capital estrangeiro na assistência à saúde
Figura 14. Atribuições do SUS
Figura 15. Ações executadas pelo SUS
Figura 16. Critérios para transferência de recursos
Figura 17. Dever de garantir á saúde
Figura 18. Campo de atuação do SUS
Figura 19. Definição de vigilância sanitária
Figura 20. Definição de vigilância epidemiológica
Figura 21. SUBSistema de Atenção à Saúde Indigena
Figura 22. Especificidade do SASI
Figura 23. Direito ao acompanhante da parturiente
Figura 24. Sobre a rede privada
Figura 25. Participação do capital estrangeiro na saúde
Figura 26. Caráter complementar da participação da iniciativa privada no SUS
Figura 27. Política de RH do SUS
Figura 28. Orçamento da seguridade social
Figura 29. Fiscalização do Sistema Nacional de Auditoria
Figura 30. Planejamento e Orçamento no SUS
Figura 31. Disposição inicial da Lei 8.142/90
Figura 32. Instâncias colegiadas do SUS
Figura 33. Definição de conselho de saúde
Figura 34. Definição de conselho de saúde
Figura 35. Requisitos para recebimento de recursos
Figura 36. Definição de RENASES
Figura 37. Definição de RENAME
Figura 38. Requisito para acesso à assistência farmacêutica
Figura 39. Disposições da Resolução 453
Figura 40. Definição de conselho de saúde
Figura 41. Sobre a instituição dos Conselhos
Figura 42. Critério para reformulação e instituição dos conselhos
Figura 43. Forma de organização dos Conselhos de saúde
Figura 44. Composição dos conselhos de saúde
Figura 45. Princípio da paridade
SUMÁRIO
Apresentação..................................................................................... 7

Legislação do SUS............................................................................. 8
1. Evolução histórica das Políticas de Saúde no Brasil................ 9
2. Constituição Federal de 1988 (Artigos 196 ao 200)................ 28
3. Lei Orgânica da Saúde 8.080/90 .............................................. 41
4. Lei Orgânica 8.142/90................................................................. 73
5. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011................................. 82
6. Resolução 453/12......................................................................... 96

Gabarito.............................................................................................. 105
Referências........................................................................................ 106
APRESENTAÇÃO
Olá, futuro (a) residente!
É com um prazer enorme que iniciamos aqui a nossa caminhada rumo à sua
aprovação. Tendo como objetivo ajudá-lo(a) nesse processo, elaboramos
uma super aula abordando os principais temas da Legislação do SUS.

Ao longo desse material, abordaremos os principais assuntos cobrados


nos processos seletivos para residência multiprofissional em todo o
país. Começaremos abordando a história das Políticas de Saúde no Bra-
sil e seguiremos em uma ordem lógica, para facilitar o seu entendimento.
Sendo assim, seguindo com os assuntos: Constituição Federal de 1988,
Leis Orgânicas da Saúde 8.080/90 e 8.142/90, Resolução 453/12 e
Decreto 7.508/11.

O nosso foco nessa aula é fornecer um conteúdo direcionado, utilizando


uma linguagem clara e explicativa que seja de fácil entendimento. Ao final
da leitura, esperamos que o conteúdo passado seja assimilado de forma
definitiva e ao longo do texto, serão utilizados diversos recursos que faci-
litam a apreensão e memorização dos tópicos mais importantes.

Fique esperto que, ao final do curso, você poderá revisar todo o conteúdo
dessa disciplina com uma videoaula, além de aulas com questões comen-
tadas das provas anteriores, e simulados, para você colocar em prática
tudo o que aprendeu.
LEGISLAÇÃO DO SUS
O sistema de saúde brasileiro é considerado o maior sistema de saúde
gratuito de todo o mundo. Não é à toa que é conhecido como Sistema Úni-
co de Saúde, o famoso SUS.

O Brasil é um país com proporções continentais e isso é, de fato, um pro-


blema enorme para operacionalizar um sistema de forma única em todo o
vasto território. Nesse sentido, é fundamental que haja um escopo legal
que garanta, ou pelo menos tente garantir, que o SUS seja o mesmo em
todo território nacional e em todos os aspectos.

Mas o que isso tem a ver com a nossa aula para Residências?

Como todos sabem, a Legislação do SUS é cobrada com uma frequência


enorme nos processos seletivos para as Residências Multiprofissionais
em todo o país. Afinal, quem quer ser um residente precisa entender que
trabalhará no SUS.

Aqui já trago uma dica muito importante: lembre-se sempre que, embora
a legislação exista e deva ser cumprida, nem sempre as coisas são como
deveriam, portanto você pode conhecer uma realidade bem diferente do
ideal do SUS, mas precisa ter a convicção de que na prova o que vale é o
que está na Lei, ou seja, o SUS ideal e não o real.

Dito isso, partiremos para a nossa jornada pelo vasto sistema legal do
SUS, focando nos marcos que mais são cobrados em provas e traçando
uma linha lógica de acontecimentos.

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1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS
DE SAÚDE NO BRASIL
Vamos iniciar a nossa viagem através da Legislação do SUS, mas para sa-
bermos quem somos exatamente, precisamos conhecer o nosso passado,
não é verdade?

A história da atenção à saúde no Brasil é muito ampla e, por isso, focare-


mos no que mais é cobrado em Residências Multiprofissionais.

Para a análise da realidade hoje existente, é necessário conhecer os deter-


minantes históricos envolvidos neste processo. Assim como nós somos
frutos do nosso passado e da nossa história, o setor da saúde também
sofreu as influências de todo o contexto político-social pelo qual o Brasil
passou ao longo do tempo.

Não há como entender o SUS que temos sem fazer uma viagem no tem-
po. Para entendermos o nosso sistema de saúde, suas dificuldades e
avanços, precisamos fazer uma breve visita ao passado e perceber
como as ações e serviços de saúde eram ofertados antes da criação de
um sistema para todos.

Em um determinado momento, a história das Políticas


de Saúde no Brasil e o SUS passam a se complementar.
Afinal, o grande objetivo é entender o processo de criação
do nosso Sistema Único de Saúde, como ele é hoje.

Para falar da história das Políticas de Saúde no Brasil, didaticamente di-


vidimos os mesmos períodos dos livros de história, sinalizando o contex-
to político, social e sanitário de cada época. Desta forma, você perceberá

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que toda oferta de serviços e ações de saúde estão ligados a estes fato-
res, facilitando assim a apreensão do conteúdo.

Devemos notar que há uma certa mistura entre saúde pública, políticas de
saúde e sistema de saúde. Vamos ser mais diretos: até 1988, não existia
um sistema de saúde público, ou seja, nada de SUS. A atenção à Saúde
Pública não era exatamente pública, confuso né? Tá, havia ações pontuais,
mas não era o suficiente para atender às principais mazelas da população.
Nem vamos falar de políticas aqui ainda, ok?

Vamos conhecer alguns conceitos de política pública:

Figura 1 - Conceitos sobre política pública

Expressão da postura do poder público em face dos problemas da


sociedade;
POLÍTICA PÚBLICA

Organização da ação do Estado para atendimento de uma demanda


específica da sociedade;

“Programas de ação do governo” que devem “visar a realização


de objetivos definidos, expressando a seleção de prioridades, a
reserva de meios necessários à sua consecução e o intervalo de
tempo em que se espera o atingimento dos resultados”;

Devem ser a expressão pura e genuína do interesse geral da


sociedade.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Para que possamos seguir com nosso entendimento acerca da evolução


histórica das Políticas de Saúde de forma mais objetiva, vamos analisar
os períodos históricos.

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Sabendo que somente após a Constituição de 1988 a Saúde passa a ser
dever do Estado, podemos afirmar que, antes da Constituição Federal de
1988, o Brasil não possuía uma Política de Saúde organizada e nem volta-
da para a população – as ações eram realizadas, apenas, com interesse
econômico e de acordo com o modo de produção.

A saúde era EXCLUDENTE e CONTRIBUTIVA, ou seja, apenas quem podia


pagar a medicina privada e quem contribuía com a Previdência social (Ins-
tituto Nacional da Previdência Social – INPS) tinha acesso. À outra parte
da população cabia o atendimento nas Santas Casas de Misericórdia.

1.1 A SAÚDE NA COLÔNIA E NO IMPÉRIO

Imagine você que na época do Brasil Colônia, mais precisamente por volta
de 1789, enquanto na Europa surgia um dos maiores movimentos por aqui-
sição de direitos que o mundo já presenciou (a Revolução Francesa), nós
tínhamos apenas quatro médicos trabalhando no Rio de Janeiro.

Diante dessa inexistência de assistência médica no país, alastravam-se


os chamados boticários. Aos boticários cabia a manipulação das fórmu-
las prescritas pelos médicos, mas a verdade é que eles próprios tomavam
a iniciativa de indicá-los.

Como nos contam os livros de história, sabemos que a família real por-
tuguesa desembarcou no Brasil em 1808 e nesse mesmo período temos
dois importantes acontecimentos para a saúde pública brasileira:

• Fundação do Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Ci-


dade de Salvador;
• Criação da Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao Real Hospital
Militar.

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Com a chegada da corte portuguesa por aqui e sua instalação provisó-
ria, o Rio de Janeiro passou a ser um dos locais mais importantes do país,
tanto comercial quanto administrativamente. Dessa forma, foi necessá-
rio uma atenção especial para a situação sanitária, principalmente dos
portos. Rapidamente foram criados centros de formação de médicos, que
até então eram quase inexistentes em razão, em parte, da proibição de
ensino superior nas colônias. Assim, por ordem real, foram fundadas as
academias médico-cirúrgicas, no Rio de Janeiro e na Bahia, na primeira
década do século XIX, logo transformadas nas duas primeiras escolas de
medicina do país.

ACERTE O ALVO!
Até 1850 as atividades de saúde pública estavam limi-
tadas ao seguinte:
• Delegação das atribuições sanitárias às juntas muni-
cipais;
• Controle de navios e saúde dos portos.

Na época do Brasil colônia, era nítido que o interesse do ponto de vista


da saúde estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário
mínimo da capital do Império, tendência que se alongou por quase um
século.

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Nem se pensava ainda em um conjunto de problemas de saúde da popu-
lação, o que demandava ações de saúde. Eram aqueles que estavam dire-
tamente ligados ao interesse ECONÔMICO! Emerge o modelo assisten-
cial SANITARISTA/CAMPANHISTA, considerado o primeiro modelo de
atenção no Brasil. As suas ações eram voltadas para grupos específicos
e ações pontuais.

1.2 INÍCIO DA REPÚBLICA - 1889 ATÉ 1930


(REPÚBLICA VELHA)

Primeira República, República Velha, fim do Império, enfim… como a ban-


ca quiser chamar. O fato é que em 1889 foi proclamada a República no Bra-
sil e a saúde continuava sendo excludente e com pouquíssimas ações.

Mas, junto com a República, vieram diversos anseios de mudanças, na eco-


nomia, na política e muito mais, embalados principalmente pelo avanço do
modo de produção capitalista. Contudo, o Brasil ainda era predominante-
mente um país agrário-exportador e que oferecia condições desumanas
de trabalho aos operários, bem como condição de vida horrível nos cen-
tros urbanos.

Nesse cenário, houve o desencadeamento de uma série de movimentos


operários, diante da falta de condições de trabalho e de garantias traba-
lhistas, levando a duas greves gerais no país, uma em 1917 e outra em 1919.
Elas resultaram em embriões de legislação trabalhista e previdenciária.

Não havia no Brasil um modelo de atenção focado em ações de promoção


e prevenção da saúde, as cidades ficavam vulneráveis às doenças trans-
missíveis, grandes epidemias e doenças pestilenciais, na sua maioria
causadas pela imigração, migração, formação de aglomerados sem as
condições sanitárias adequadas.

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Na República Velha, os principais problemas de saúde da população eram:

Figura 2 - Principais problemas de saúde da população na República velha.

Febre
Varíola Tuberculose
Amarela

Endemas
Sífilis
rurais

Fonte: Autoria própria, 2020.

Em 1903, Oswaldo Cruz foi nomeado diretor geral de Saúde Pública, car-
go que corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde. Sua meta era
erradicar a epidemia de febre-amarela na cidade do Rio de Janeiro. Foi
criado um verdadeiro exército de 1.500 pessoas que passaram a exercer
atividades de desinfecção no combate ao mosquito, vetor da febre-ama-
rela. A falta de esclarecimentos e as arbitrariedades cometidas pelos
“guardas-sanitários” causam revolta na população.

Em outubro de 1904, foi publicada a Lei 1.261, que instituiu a vacinação an-
tivaríola obrigatória para todo o território nacional. Diante da truculência
e da falta de respeito ocorrida durante a vacinação obrigatória, a popula-
ção se revoltou, nascendo a chamada Revolta da Vacina.

Mesmo com tanta dificuldade, esse período, que fortaleceu o modelo de


atenção campanhista sanitarista, alcançou feitos notáveis:

• Erradicação da febre amarela da cidade do Rio de Janeiro


• Organização da diretoria geral de Saúde Pública
• Registro demográfico, possibilitando conhecer a composição e os fa-
tos vitais de importância da população
• Introdução do laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico

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• Fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em massa
• Em 1920, Carlos Chagas reestruturou o Departamento Nacional de
Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça, e introduziu a propaganda
e a educação sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o modelo
campanhista de Oswaldo Cruz, que era puramente fiscal e policial

1.3 O NASCIMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

A partir da expansão do comércio exterior, o Brasil começou um forte pro-


cesso de industrialização. Tal processo foi acompanhado de uma urbani-
zação crescente e da utilização de imigrantes, especialmente europeus
(italianos e portugueses), como mão-de-obra nas indústrias, visto que já
possuíam grande experiência neste setor, que já era muito desenvolvido
na Europa.

Os operários na época não tinham quaisquer garantias


trabalhistas, tais como férias, jornada de trabalho
definida, pensão ou aposentadoria.

Os imigrantes, especialmente os italianos, traziam consigo a história do


movimento operário na Europa e dos direitos trabalhistas que já tinham
sido conquistados pelos trabalhadores europeus. Desta forma, procura-
ram mobilizar e organizar a classe operária no Brasil na luta pelas con-
quistas dos seus direitos.

Em 24 de janeiro de 1923, foi aprovado pelo Congresso Nacional a Lei Eloy


Chaves, marco inicial da Previdência Social no Brasil. Através desta lei fo-
ram instituídas as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs).

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ACERTE O ALVO!
Podemos afirmar que a Lei Eloy Chaves, em 1923, é o
marco da Previdência Social no Brasil, ou seja, é o pri-
meiro momento que o estado faz a assunção de ações
específicas para este grupo, através da instituição das
caixas de aposentadorias e pensões (CAPs).

Figura 3 - Caracteríticas das CAPs

Formulada por instituição ou grandes empresas;

Ofertavam aposentadorias e pensões;


Características das CAPs

Serviços funerários, socorro médico para a família,


medicamento por preço especial;

Assistência por acidente de trabalho;

Financiamento e gestão: trabalhador e empregador;

Assistência médica para o empregado e família;

Primeira CAPs foi a dos ferroviários; e a segunda, dos


marítimos.

Fonte: Autoria própria, 2020.

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1.4 ERA VARGAS – 1930 A 1964

Podemos falar sobre a Era Vargas através de um recorte de 34 anos, en-


globando suas duas passagens pelo Governo Federal, em 1930 (golpe mi-
litar) e 1951 (voto popular). Foi um período muito importante para as polí-
ticas voltadas para a área da saúde.

O primeiro governo Vargas é reconhecido pela literatura como um marco


na configuração de políticas sociais no Brasil. As mudanças institucio-
nais que ocorreram a partir de 1930 moldaram a política pública brasileira,
estabelecendo um arcabouço jurídico e material que conformaria o siste-
ma de proteção social até um período recente.

Em 1933, as CAPs são UNIFICADAS e são criados os Institutos de


Aposentadorias e Pensões (IAPs), garantindo benefícios assegurados
aos associados, tais como:

• Aposentadoria;
• Pensão em caso de morte: para os membros de suas famílias ou para os
beneficiários;
• Assistência médica e hospitalar;
• Socorros farmacêuticos, mediante indenização pelo preço do custo
acrescido das despesas de administração.

Os IAPs surgem da necessidade política do Estado estender os benefícios


da Previdência a todas as categorias do operariado urbano organizado;

• O primeiro IAP foi o dos MARÍTIMOS – IAPM;


• Seu FINANCIAMENTO era TRIPARTITE (o governo assumiu a GESTÃO
financeira).

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Em 1941, aconteceu a I Conferência Nacional de Saúde, e a criação do Ser-
viço Especial de Saúde Pública (SESP) ocorreu durante a 2ª Guerra Mun-
dial, como consequência do convênio firmado entre os governos brasilei-
ro e norte-americano durante a guerra, em 1942.

A SESP tinha como atribuições centrais, naquele momento, sanear a


Amazônia e a região do vale do rio Doce, onde se produziam borracha e
minério de ferro, matérias-primas estratégicas para o esforço de guerra
americano, tendo em vista os altos índices de malária e febre amarela que
atingiam os trabalhadores desta região. Além disso, teve um importante
papel no declínio da mortalidade infantil por doenças imunopreveníveis.

A unificação das CAPs, criadas em 1923, em IAPs no ano de 1933 é um dos


fatos mais importantes da história da Previdência no país. Observem que,
com a criação dos IAPs, o governo assume a GESTÃO financeira. Os bene-
fícios passam a ser por CATEGORIAS PROFISSIONAIS DO OPERARIADO
URBANO. O acesso aos serviços de saúde continua sendo CONTRIBUTI-
VO e EXCLUDENTE. O modelo sanitarista/campanhista ainda é o predo-
minante

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Principais acontecimentos no âmbito da Saúde:

Figura 4 - Principais acontecimentos no ambito da saúde, na Era Vargas

A Saúde Pública passa a ser institucionalizada pelo Ministério


da Educação e Saúde e a medicina previdenciária pelo
Ministério do Trabalho ;

A Educação Sanitária passa a ser valorizada e as campanhas de


controle de doenças executas pelo Departamento Nacional de
Saúde – DNS;

Unificação das CAP em IAPS (Institutos de Aposentadorias e


Pensões) – 1933;

Criação do Serviço Especial de Saúde Pública – SESP (1942);

Ações concentradas na área de campanhas sanitárias (mater-


no-infantil, tuberculose, hanseníase);

Manutenção de Postos e Centros de Saúde para os não previ-


denciários;

Regulamentação das Leis Sindicais e surgimento dos IAPS


(Institutos de Aposentadorias e Pensões) por categorias.

Fonte: Autoria própria, 2020.

1.5 AUTORITARISMO – 1964 A 1984

O regime militar que se instala a partir de 1964, de caráter ditatorial e re-


pressivo, procura utilizar-se de forças policiais e do Exército e dos atos
de exceção para se impor. O governo militar implantou reformas institu-

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cionais que afetaram profundamente a saúde pública e a medicina previ-
denciária.

O regime autoritário, instaurado após o golpe militar de 1964, trouxe,


como consequência imediata para as políticas de saúde no Brasil, um total
esvaziamento da participação da sociedade nos rumos da Previdência. De
outro lado, também provocou uma centralização crescente da autoridade
decisória, marcada pela criação do Instituto Nacional de Previdência So-
cial (INPS), resultado da fusão dos vários IAPS, em 1966.

As políticas de saúde do primeiro período da ditadura, que compreendeu


a fase do “milagre brasileiro”, entre 1968 e 1974, foram caracterizadas por
uma síntese, produto de reorganizações setoriais do sanitarismo campa-
nhista do início do século e do modelo de atenção médica previdenciária
do período populista.

Foi criada uma estrutura considerável em torno da Previdência Social,


com uma clara vinculação aos interesses do capital nacional e internacio-
nal. Neste sentido, o Estado passa a ser o grande gerenciador do sistema
de seguro social, na medida em que aumentou o seu poder nas frentes
econômica e política, pelo aumento nas alíquotas e também no controle
governamental através da extinção da participação dos usuários na ges-
tão do sistema, antes permitida na vigência das CAPs e dos IAPs.

O sistema foi se tornando cada vez mais complexo tanto do ponto de vista
administrativo quanto financeiro dentro da estrutura do INPS, que aca-
bou levando à criação de uma estrutura própria administrativa, o Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), em 1977.

O período do autoritarismo tem como uma de suas marcas a edificação do


modelo médico privatista como hegemônico.

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O modelo médico privatista tem como foco a DOENÇA E O DOENTE, não atuan-
do sobre as necessidades reais da população. Grandes hospitais são criados
para atendimento daqueles que contribuíam, fortalecendo o caráter EXCLU-
DENTE das ações e serviços de saúde e ratificando o perfil contributivo. O mo-
delo sanitarista não deixa de existir.

Em 1978, foi realizada no Cazaquistão, na cidade de Alma-Ata, a Confe-


rência Internacional sobre a Atenção Primária à Saúde, sendo o ponto
culminante na discussão contra a elitização da prática médica, bem como
contra a inacessibilidade dos serviços médicos às grandes massas popu-
lacionais. Na conferência, reafirmou-se ser a saúde um dos direitos fun-
damentais do homem, sob a responsabilidade política dos governos, e
reconhece-se a sua determinação Intersetorial.

ACERTE O ALVO!
A conferência de Alma-Ata, em 1978, foi a primeira con-
ferência que trouxe para discussão a atenção primária,
e o resultado de suas discussões dispararam no mundo
um olhar diferenciado para a forma de ofertar ações
e serviços de saúde. Podemos dizer que as primeiras
ações descentralizadas no Brasil, as AIS (ações integra-
das em saúde), que nascem entre 1983/84, são o marco
inicial da Atenção Primária no Brasil.

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Principais acontecimentos históricos no período do autoritarismo:

1966: Fusão dos IAPs, o que resultou na criação do Instituto Nacional de Previdência So-
cial (INPS).

1967: Reforma Administrativa Federal, ficou estabelecido que o Ministério da Saúde se-
ria o responsável pela formulação e coordenação da Política Nacional de Saúde, que até
então não havia saído do papel. Ficaram as seguintes áreas de competência: Política Na-
cional de Saúde, atividades médicas e paramédicas, ação preventiva em geral, vigilância
sanitária de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos, controle de drogas, medi-
camentos e alimentos e pesquisa médico-sanitária.

1969: Organizado, pela Fundação SESP, o sistema de notificação de algumas doenças


transmissíveis, prioritariamente aquelas passíveis de controle por meio de programas de
vacinação.

1969: Criação, pela Fundação SESP, do Boletim Epidemiológico.

1970: Reorganização administrativa do Ministério da Saúde, criando a Superintendência


de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), subordinada à Secretaria de Saúde Pública

1970: Criação da Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde (DNEES), no


Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças.

1972: Previdência para autônomos e empregadas domésticas.

1973: Previdência para trabalhadores rurais - FUNRURAL.

1974: Reforma na qual as Secretarias de Saúde e de Assistência Médica foram engloba-


das, passando a constituir a Secretaria Nacional de Saúde, para reforçar o conceito de que
não existia dicotomia entre Saúde Pública e Assistência Médica.

1974: Criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS)

1977: Criação do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS);

1978: Conferência de Alma-Ata, em que germinou o debate entre vários países sobre a
importância da atenção primária à saúde e que impulsionou o debate de um novo modelo
de saúde no Brasil;

1981: Instituição do Plano CONASP (Conselho Consultivo de Administração da Saúde Pre-


videnciária). O plano se dividia em três grandes grupos de programas, um deles eram as
Ações Integradas de Saúde (AIS);

1983: Criação das AIS. Essa foi uma das primeiras experiências com um sistema de saúde
mais integrado e articulado (RONCALI, 2003).

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1.6 FIM DA DITADURA E NOVA REPÚBLICA
(1985-1988)

Após um longo processo de autoritarismo no âmbito da Política, o que


para a saúde representou avanços e retrocessos, a população clamava
por mudanças em diversos setores da sociedade.

Em 1985, com movimento das Diretas Já e a eleição de Tancredo Neves,


chega ao fim o regime militar, gerando diversos movimentos sociais, inclu-
sive na área de saúde, que culminaram com a criação das associações dos
secretários de saúde estaduais (CONASS) ou municipais (CONASEMS), e
com a grande mobilização nacional por ocasião da realização da VIII Con-
ferência Nacional de Saúde em 1986, que lançou as bases da reforma
sanitária e do Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS).

1.6.1 REFORMA SANITÁRIA, VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE


E A CONSTITUIÇÃO DE 1988
A partir de 1974, o Estado autoritário começa a perder força e o então pre-
sidente Geisel começa um processo de abertura gradual de alguns seto-
res, como a imprensa, e realização de eleições legislativas. Nesse mesmo
período, ganha força um movimento por melhores condições em vários
setores da sociedade, dentre os quais o setor de saúde.

O movimento denominado de Reforma Sanitária Brasileira pode ser con-


siderado um movimento dentro do movimento. Confuso? Mas, é isso mes-
mo. A Reforma Sanitária fazia parte de um escopo maior de propostas de
redemocratização de instituições, de busca por condições dignas de ci-
dadania e para a saúde, foi um amplo debate sobre o seu financiamento,
gratuidade e extensão de atendimento. A Reforma Sanitária Brasileira
sempre foi mais do que uma reforma do setor de saúde.

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ACERTE O ALVO!
A VIII CNS foi o marco da reforma sanitária e foi mais do
que uma reforma setorial. O movimento sanitário emer-
giu juntamente com outros, todos solicitando o resgate
da dívida social do período da DITADURA MILITAR.

O processo de reivindicações constantes e as mudanças necessárias fo-


ram acontecendo de forma gradual, através de ações como o Programa
Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE), o Plano de Reo-
rientação da Assistência Médica no Âmbito da Previdência Social (Plano
CONASP), as Ações Integradas de Saúde (AIS) e teve como o marco mais
importante a VIII Conferência Nacional de Saúde.

Em 1986, foi organizada a VIII Conferência Nacional de Saúde, conside-


rada como o auge da Reforma Sanitária Brasileira. Essa foi a primeira a
contar com a participação da sociedade civil. Tal conferência foi realizada
sobre três eixos básicos:

Figura 5 - eixos básicos da VIII CNS

Saúde como direito inerente à cidadania;

Reformulação do Sistema Nacional de Saúde;

Financiamento do Setor Saúde.


Fonte: Autoria própria, 2020.

A partir da participação de tantos setores da sociedade na conferência,


ficou claro que a população estava cada vez mais ativa na busca pelos
seus direitos e estavam lançadas as bases para uma construção de um
Sistema Único de Saúde, transformado em normas, a partir da Assem-
bleia Constituinte de 1987.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 24


O relatório final da VIII Conferência Nacional de Saúde registrou a presen-
ça de mais de 4 mil pessoas e, dentre as reivindicações pautadas, se des-
taca no novo conceito ampliado de saúde, que mais tarde foi instituciona-
lizado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelo artigo 3º
da Lei Orgânica da Saúde - 8.080/90.

Fatos sobre a Reforma Sanitária:

Grande marco da Reforma Sanitária Brasileira;

Participação pela primeira vez dos usuários;

Discutiu e aprovou a unificação do sistema de saúde;

Conceito ampliado de saúde;

Saúde como direito de cidadania e dever do Estado;

Mudança das bases de organização, deliberação e representação das Conferên-


cias Nacionais de Saúde.

1.7 O NASCIMENTO DO SUS (PERÍODO PÓS-


CONSTITUINTE)

Apesar do SUS ter sido definido pela Constituição de 1988, ele somente
foi regulamentado em 19 de setembro de 1990 através da Lei 8.080. Esta
lei define o modelo operacional do SUS, propondo a sua forma de organi-
zação e de funcionamento.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 25


ACERTE O ALVO!
A saúde passa a ser definida de forma mais abrangente,
de acordo com o art. 3º da lei 8.080/90: “A saúde tem
como fatores determinantes e condicionantes, entre
outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico,
o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, ativi-
dade física o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais”.

O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, presta-


dos por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Públi-
co. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar.

O Sistema Único de Saúde, garantido pela Constituição e regulado pela


LOS, prevê um sistema com princípios doutrinários e organizativos. Os
princípios doutrinários dizem respeito às ideias filosóficas que permeiam
a implementação do sistema e personificam o conceito ampliado de saú-
de e o princípio do direito à saúde.

Por fim, agora entendemos a construção histórica das políticas de saúde


no Brasil e o nascimento do SUS, vamos falar sobre a Constituição Fede-
ral de 1988.

Assista agora a Pocket


Aula sobre a Evolução das
Políticas Públicas de Saúde
clicando no ícone ao lado

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ANOTAÇÕES

27
2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
(ARTIGOS 196 AO 200)
A Constituição Federal de 1988 foi um marco muito importante para o
nosso país, foi a primeira Carta Magna promulgada após muitos anos em
que a população viveu sob a égide de um governo ditatorial. Além disso,
cabe ressaltar a grande importância desse marco jurídico no âmbito da
Saúde Pública no Brasil.

Antes da promulgação da Constituição de 1988, a saúde no Brasil tinha


caráter predominantemente excludente, ou seja, apenas uma parte da
população que, em sua maioria, era contribuinte da Previdência possuía
acesso aos serviços de saúde. Somente a partir de 1988 e, efetivamente,
após os anos 1990, com a promulgação das Leis Orgânicas da Saúde, o
Estado passa a tutelar a saúde e ser responsável por promover o acesso
da população aos serviços de saúde.

A Constituição Federal de 1988 foi a primeira Carta Magna que dedicou


um capítulo para tratar exclusivamente da Saúde, inserindo-a no orça-
mento da Seguridade Social juntamente com a Previdência e a Assistên-
cia Social, formando assim o chamado tripé da Seguridade Social.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 28


Vamos analisar os artigos constitucionais que dão vida ao SUS, começan-
do com o artigo 196:

Figura 6 - Saúde como direito de todos

A saúde é direito
garantido
de todos e dever do
mediante
Estado

que visem à
políticas sociais redução do risco
e econômicas; de doença e de
outros agravos ;

ao acesso universal
e igualitário às
Promoção Proteção Recuperação
ações e serviços
para sua

Fonte: Autoria própria, 2020.

O primeiro artigo constitucional da Saúde traz a obrigação do Estado e


deixa claro que a SAÚDE é um Direito de Todos. Além disso, relaciona a
existência de um sistema de saúde a uma política social e econômica. Va-
mos analisar alguns conceitos importantes:

Figura 7 - Conceitos importantes para o SUS

Acesso universal e igualitário:

Todos têm direito ao acesso a bens e serviços de saúde, que são considerados essenciais. Sem
distinção de raça, cor, gênero, idade, ou seja, todos são iguais perante a lei;

Promoção da saúde:

Intervenção nos determinantes sociais em saúde, conceito alinhado com a qualidade de vida;

Proteção:

Ações de vigilância em saúde, intervenção sobre o processo saúde-doença.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 29


Figura 8 - Esquematização do artigo 197

Artigo 197 - Constituição Federal de 1988

São de relevância
pública

cabendo ao Poder
as ações e
Público dispor, nos
serviços de
termos da lei, sobre
saúde
sua

Regulamentação Fiscalização Controle

R F C

devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,


também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Fonte: Autoria própria, 2020.

O artigo 197 da CF de 1988 vem para fortalecer a OBRIGAÇÃO do Estado fren-


te às ações e serviços de saúde. Por este motivo, deixa explicitada na própria
Constituição a obrigação do poder público na criação de uma lei (LEIS ORGÂ-
NICAS) que regulamente, fiscalize e controle as ações de serviços de SAÚDE

ACERTE O ALVO!
O artigo 196 responsabiliza o Estado pela saúde da po-
pulação, enquanto o 197 deixa claro que a Saúde é de re-
levância pública. Agora vamos ver o artigo que direciona
toda a organização sistêmica do SUS.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 30


Figura 9 - Esquematização do artigo 198

ART. 198

As ações e
serviços públicos
de saúde

constituem um sistema
integram uma rede único, organizado de
regionalizada e acordo com as seguintes
hierarquizada
diretrizes:

I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo


II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preven-
tivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III. Participação da comunidade.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Descentralização - não significa outra coisa senão a transferência de atri-


buições em maior ou menor número dos órgãos centrais para os órgãos
locais ou para pessoas físicas ou jurídicas. Centralização é a convergência
de atribuições, em maior ou menor número, para órgãos centrais.

Figura 10 - Organização regionalizada e hierarquizada


Rede regionalizada e hierarquizada

Atenção
Terciária

Atenção A
Secundária

Atenção Primária

Sistema de atenção Sistema organizado em rede


Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 31


Esta pirâmide é a forma de demonstrar a regionalização e a hierarquização
descrita no art. 198 da CF/88. Vale ressaltar que atualmente falamos em uma
REDE mais capilarizada e articulada, como será descrito quando discutirmos o
Decreto 7.508/90 e a RAS.

Veja que a pirâmide está dividida em níveis de


complexidade crescentes, como explicitado em texto
constitucional.

ATENÇÃO PRIMÁRIA: A Política Nacional de Atenção Básica (Portaria


2.436/17) considera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à
Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes. Neste ní-
vel, as ações e serviços de saúde são executados pelas seguintes equipes:
Equipe de Saúde da Família (eSF), Equipe da Atenção Básica (eAB), Equi-
pe de Saúde Bucal (eSB), Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção
Básica (Nasf-AB), Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS),
dentre outros espaços da REDE que estão mais próximos da comunidade
e por este motivo deve existir vínculo e corresponsabilidade.

ATENÇÃO SECUNDÁRIA: neste nível as ações são executadas pelas es-


pecialidades ou clínicas de especialistas. Observe que quanto maior a
complexidade, mais afastados da comunidade os profissionais estão.

ATENÇÃO TERCIÁRIA: nível onde as ações são executadas nos hospitais


de grande porte e hospitais universitários.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 32


Artigo 198 – Parágrafos 1º, 2º e 3º

§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com
recursos do orçamento da:

Figura 11 - Recursos do Orçamento da saúde

Seguridade
da União dos Estados
Social

dos Municípios, além do Distrito


de outras fontes. Federal

Fonte: Autoria própria, 2020.

O financiamento do SUS é compartilhado entre as


três esferas de gestão, não sendo exclusivamente
responsabilidade da União.

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão,


anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos
derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (CONTRAPAR-
TIDA)
I. No caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício
financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento);
II. No caso dos Estados e Distrito Federal, o produto da arrecadação dos
impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os
arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
forem transferidas aos respectivos Municípios;
III. no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecada-
ção dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tra-
tam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 33


§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos,
estabelecerá:
I. os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;
II. os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde desti-
nados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Esta-
dos destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progres-
siva redução das disparidades regionais;
III. as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com
saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;

§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agen-


tes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio
de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade
de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional


nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das
atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às ende-
mias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financei-
ra complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para
o cumprimento do referido piso salarial. 

§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169


da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às
de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias
poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos espe-
cíficos, fixados em lei, para o seu exercício. 

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 34


O artigo 198 pode ser considerado o mais denso dos artigos constitucionais do
setor saúde. Ele traz em seu caput (introdução) a forma de organização do SUS
e nos seus incisos as diretrizes que o Sistema Único de Saúde deverá seguir.
Algumas dicas para você!
• Toda diretriz é um princípio do SUS, mas nem todo princípio é uma diretriz
(veremos todos os princípios no art. 7º da LOS 8080/90);
• São apenas três diretrizes;
• Sempre que perguntarem em prova a forma de organização do SUS: regiona-
lizada e hierarquizada, em níveis de complexidade crescentes.

Artigo 199 - A assistência à saúde é livre à iniciativa privada

Figura 12 - Esquematização do artigo 199

As instituições
privadas

Poderão participar de
forma complementar
do Sistema Único de
Saúde

mediante tendo preferência


segundo contrato de as entidades
diretrizes deste; direito público ou filantrópicas e as
convênio; sem fins lucrativos.

Fonte: Autoria própria, 2020.

§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou


subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou


capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo nos casos pre-
vistos em lei.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 35


Atente ao parágrafo terceiro do artigo 199 da Constituição Federal. Em 2015
houve alteração do artigo 23 da Lei 8.080/90 pela Lei 13.907/15, que regula-
menta os artigos da Constituição. A alteração do texto do artigo supracitado
da Lei traz que é permitida a participação direta ou indireta de empresas ou
capitais estrangeiros (...)

Em princípio, preciso que você fixe PARA NÃO CAIR EM PEGADINHA. De


acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 199, o Brasil
não pode receber recursos de empresas ou capital estrangeiro, salvo em
casos previsto em lei. A nova redação do art. 23 da LOS 8080/90 traz a se-
guinte afirmativa: “é permitida a participação direta ou indireta, inclusive
controle, de empresas ou capital estrangeiro na assistência à saúde nos
seguintes casos (...)”

Figura 13 - Participação do capital estrangeiro na assistência à saúde

De acordo com a C/F de 88 - em De acordo com a LOS 8080/90 -


seu Art. 199 em seu art. 23

A participação de empresas e do A participação de empresas e do


capital estrangeiro: capital estrangeiro:

É VEDADA É PERMITIDA

Fonte: Autoria própria, 2020.

§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a


remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de trans-
plante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e
transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de co-
mercialização.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 36


MUITA ATENÇÃO PARA O ART 199 DA CF/88:

Ele traz o direito que a iniciativa privada tem de ofertar serviços de saúde;

Não esqueça que a rede privada pode participar do SUS em caráter complementar,
sendo pré-requisito para isso: insuficiência de recursos públicos na área da saúde;

Observe que esse tipo de ação se dará através de contrato ou convênio, tendo pre-
ferência as instituições filantrópicas e sem fins lucrativos;

O sistema público, em nenhuma hipótese, poderá destinar recursos financeiros a


instituições com fins lucrativos;

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,


nos termos da lei:
Procedimentos
I. Controlar e fiscalizar de interesse para
Produtos
a saúde.
Substâncias

Vigilância sanitária
II. Executar as ações de Vigilância epidemiológica

Saúde do trabalhador

III. Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;


IV. Participar da formulação da política e da execução das ações de sane-
amento básico;
V. Incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e
tecnológico e a inovação;
VI. Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido:

O controle de seu teor nutricional, bem como


bebidas e águas para consumo humano;

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 37


VII. Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda
e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioa-
tivos;
VIII. Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.

01. Antes da Constituição Federal de 1988, a Saúde no Brasil não era


considerada um direito social, sendo os serviços de saúde ofertados
somente para aqueles que podiam pagar pela assistência médica
privada. Acerca das competências e atribuições do Sistema Único
de Saúde (SUS), qual item reflete corretamente o que dispõe a
Constituição Federal de 1988?
🅐 Formulação da política de sangue e hemoderivados.
🅑 Participar da formulação da política e da fiscalização das ações
de saneamento básico.
🅒 Executar as ações de vigilância sanitária, epidemiológica, am-
biental, bem como as de saúde do trabalhador.
🅓 Participar do controle e fiscalização da produção, transporte,
guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos
e radioativos.

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 38


02. A Constituição Brasileira em seu artigo 196 define saúde como
direito de todos e dever do Estado, a ser garantido mediante polí-
ticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação da saúde.
Esse artigo, na prática, significou:
🅐 a criação do Ministério da Saúde
🅑 a base fundamental para a criação do Sistema Único de Saúde
🅒 a criação de Unidades Básicas de Saúde
🅓 definição de Saúde de acordo com a Organização Mundial da
Saúde e a criação do Conselho Nacional de Saúde

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ANOTAÇÕES

40
3. LEI ORGÂNICA DA SAÚDE 8.080/90
A Lei 8.080 é considerada a primeira Lei Orgânica da Saúde, que veio para
regulamentar os artigos constitucionais inerentes à saúde.

A Lei 8.080 foi votada em 19 de setembro de 1990. Essa lei aborda as con-
dições para promover, proteger e recuperar a saúde, além da organiza-
ção e o funcionamento dos serviços também relacionados à saúde.

A lei regula o serviço de saúde em todo âmbito nacional,


agregando todas as ações e serviços de saúde, inclusive
os que são prestados pela iniciativa privada.

Já vi questões de prova que perguntam se a iniciativa privada também deve se-


guir a Lei Orgânica da Saúde 8.080 e a resposta é sim. Tanto serviços públicos
quanto os serviços prestados pela iniciativa privada deverão estar de acordo
com as legislações que tratam sobre o SUS, sendo a Constituição Federal, a Lei
Orgânica da Saúde e demais marcos jurídicos.

Por meio da Lei 8.080/90, as ações de saúde passaram a ser regulamen-


tadas em todo o território nacional.

A participação da iniciativa privada no SUS é aceita em caráter comple-


mentar com prioridade das entidades filantrópicas sobre as privadas lu-
crativas. A descentralização político-administrativa é reforçada na forma
da municipalização dos serviços e das ações de saúde, com redistribuição
de atribuições e recursos em direção aos municípios.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 41


A partir desta lei, observamos que algumas das atribuições do SUS são:

Figura 14 - Atribuições do SUS

Assistência terapêutica integral;

Assistência farmacêutica;

Controle e fiscalização de alimentos, água e bebidas para o


consumo humano;

Formação de Recursos humanos para área da saúde;

Fonte: Autoria própria, 2020.

Execução das ações de:

Figura 15 - Ações executadas pelo SUS

Saúde do trabalhador;
Execução das
ações de

Vigilância epidemiológica

Vigilância nutricional

Vigilância sanitária

Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 42


A Lei 8.080 também trata da gestão dos recursos financeiros, condicio-
nando a existência de conta específica para os recursos da saúde e a fis-
calização da movimentação bancária pelo Conselho Municipal de Saúde.
Esta conta é denominada FUNDO DE SAÚDE;

Define os critérios para a transferência de recursos, de forma regular e


automática:

Figura 16 - Critérios para transferência de recursos

Perfil demográfico e epidemiológico;

Características quantitativas e qualitativas da rede;

Desempenho técnico e econômico-financeiro no período


anterior e nível de participação orçamentária para a saúde;

Além de definir que o Plano Municipal de Saúde é a base das


atividades e da programação de cada nível de direção do SUS.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Um tema fundamental tratado nesta lei é a garantia da gratuidade das


ações e dos serviços nos atendimentos públicos e privados contratados
e conveniados. Além disso, dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências.

O Artigo 1º da Lei 8.080 traz que ela regula, em todo o território nacional,
as ações e serviços de saúde, executados, isolada ou conjuntamente,
em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas
de direito público ou privado.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 43


Vamos aos principais pontos dos artigos mais cobrados
• A lei regula em todo território nacional e traz todo o contexto de orga-
nização do SUS.
• A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

O dever do Estado de garantir a saúde consiste na:

Figura 17 - Dever de garantir á saúde

Formulação e execução de políticas econômicas e sociais;

Que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos;

No estabelecimento de condições que assegurem acesso


universal e igualitário;

Às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção


e recuperação.

Fonte: Autoria própria, 2020.

ACERTE O ALVO!
O artigo segundo regulamenta o artigo 196 da CF/88.
Observe que há mudanças na escrita, mas o contexto é
o mesmo: responsabilização do Estado perante as ações
e serviços de saúde, necessidade de uma política social
e econômica com o objetivo de reduzir risco de doenças
e agravos, com o tipo de acesso para todos (universal e
igualitário) para as ações já mencionadas e descritas na
aula anterior.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 44


Para gravar o art. 196 da CF/88 e o Art. 2ª da LOS, basta fazer as seguintes
perguntas, exemplo:

A saúde é direito O que deve ser


Dever de quem? Qual o objetivo?
de quem? implementada?

Reduzir o risco de
uma Política Econô-
de todos do Estado doenças e outros agra-
mica e Social
vos

Com que tipo de acesso? Para que tipo de ações?

Universal e igualitário Promoção, proteção e recuperação

As bancas adoram afirmar que o dever do Estado de garantir acesso à


Saúde exclui o dever das empresas e da Sociedade em geral, mas a partir
de hoje, você vai sempre lembrar que o dever do Estado não exclui o das
pessoas, da família, das empresas e da sociedade.

Uma das reivindicações advindas lá da VIII Conferência Nacional de Saú-


de foi o conceito ampliado de Saúde. A Lei 8.080/90 adotou o novo con-
ceito, que afirma:

Os níveis de saúde expressam a organização social e


econômica do país, tendo a saúde como determinantes e
condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso
aos bens e serviços essenciais.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 45


O conceito ampliado de saúde foi uma das solicitações da VIII CNS. Obser-
ve que a saúde deixa de ser um conceito estanque – ausência de doenças
- e passa a agregar fatores determinantes e condicionantes. Observe que,
em sua maioria, estão ligados a outros setores do poder público. Logo,
para que haja condições adequadas de saúde, existe a necessidade de
fomentar ações intersetoriais. Este conceito também é conhecido como
conceito social, conceito subjetivo e qualidade de vida.

Ainda corroborando com o conceito ampliado de saúde, a lei afirma que


dizem respeito também à saúde as ações que se destinam a garantir às
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.

Um conceito super querido das bancas de provas é do próprio SUS, que é


definido no 4º artigo da Lei 8.080/90, como:

O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados


por órgãos e instituições públicas federais, estaduais
e municipais, da administração direta e indireta e das
fundações mantidas pelo Poder Público.

Ações e serviços das 3 esferas de governo;

Ações e serviços da administração direta e


indireta; SUS

Fundações Mantidas pelo Poder Pública;

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 46


Estão incluídas nas:

Ações e serviços do SUS. Instituições públicas federais, estaduais


e municipais de:

Medicamentos
Pesquisa e
Controle de inclusive de equipamentos
produção de
qualidade sangue e para a saúde.
insumos,
hemoderivados,

Observe que o sistema de saúde é o conjunto de ações prestadas por todas as


esferas de governo, incluindo a administração direta e a indireta.

Podemos notar que a Lei 8.080/90 vem sempre regulamentando os arti-


gos constitucionais, às vezes com o teor muito parecido. Não é diferente
quando se trata da participação da iniciativa privada no SUS, conforme
vimos no artigo 199 da CF, ela é livre, fato corroborado pelo parágrafo 2º
do artigo 4º da LOS 8.080. A iniciativa privada pode participar do SUS, em
caráter complementar, tendo prioridade as instituições filantrópicas e
sem fins lucrativos. Mas existe um pré-requisito para a contratação ou
convênio com a rede privada:
• Haver insuficiência de recursos da rede pública.

A Lei 8.080/90 possui um total de 54 artigos e todos são muito importan-


tes, afinal ela é a lei que regulamenta o SUS. Mas destaco para vocês que
os artigos 5º, 6º e 7º são os mais cobrados nas provas e digo mais, trago
verdades!

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 47


A Lei 8.080/90 traz que o SUS possui três objetivos:
• a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinan-
tes da saúde;
• a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos
econômico e social;
• a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, pro-
teção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações
assistenciais e das atividades preventivas.

03. Durante uma conferência sobre o Sistema Único de Saúde


(SUS) aos discentes dos cursos da área da saúde, o ministrante
apontou os objetivos deste sistema visando a disseminar o co-
nhecimento. Corresponde a um objetivo do SUS
🅐 realizar a recuperação do paciente por meio de atividades de
promoção nos diferentes níveis de atenção.
🅑 divulgar fatores determinantes para a saúde da população.
🅒 promover política de saúde envolvendo os campos econômicos,
mas não os sociais.
🅓 oferecer assistência por meio de promoção e terapêuticas, vi-
sando a reduzir as intervenções preventivas da saúde da população.
🅔 evitar a divulgação de fatores condicionantes para a saúde da
população.

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 48


Além dos três objetivos, o SUS possui um vasto campo de atuação, con-
forme veremos a seguir.

Estão incluídas no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):

Figura 18 - Campo de atuação do SUS

de vigilância sanitária;
a execução de

de vigilância epidemiológica;
ações:

de saúde do trabalhador; e

de assistência terapêutica integral, inclusive


farmacêutica;
Fonte: Autoria própria, 2020.

Também fazem parte do campo de atuação do SUS:

a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico;

a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;

a vigilância nutricional e a orientação alimentar;

a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;

a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insu-


mos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;

o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde;

a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; (pense em


um item que cai; as bancas adoram trocar humano por animal ou acrescentar o consumo
animal).

a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização


de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico;

a formulação e execução da política de sangue e seus derivados.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 49


Agora a cereja do bolo deste artigo, as definições das vigilâncias. Presta
bastante atenção que com certeza você verá na sua prova.

Figura 19 - Definição de vigilância sanitária

Vigilância Sanitária

Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar,


diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da
prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo:

o controle de bens de consumo


que, direta ou indiretamente,
o controle da prestação de
se relacionem com a saúde,
serviços que se relacionam direta
compreendidas todas as etapas
ou indiretamente com a saúde.
e processos, da produção ao
consumo; e

Fonte: Autoria própria, 2020.

Figura 20 - Definição de vigilância epidemiológica

Vigilância Epidemiológica

Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que


proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual
ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de
prevenção e controle das doenças ou agravos.

A Lei 8.080 também reservou espaço para a saúde do trabalhador. Algu-


mas vezes, você poderá encontrar na prova a definição de vigilância em
saúde do trabalhador, não hesite em marcar.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 50


De acordo com a Lei 8.080, a saúde do trabalhador consiste em um con-
junto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epide-
miológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos tra-
balhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições
de trabalho, abrangendo:
• assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador
de doença profissional e do trabalho;
• participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde
(SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos
potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;
• participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde
(SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de pro-
dução, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio
de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apre-
sentam riscos à saúde do trabalhador;
• avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
• informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às
empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissio-
nal e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações
ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão,
respeitados os preceitos da ética profissional;
• participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de
saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;
• revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no proces-
so de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades
sindicais; e
• a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão compe-
tente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente
de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou
saúde dos trabalhadores.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 51


A vigilância sanitária sempre virá ligada à produção de bens e serviços ligados
à saúde. A vigilância epidemiológica sempre estará ligada aos fatores deter-
minantes e condicionantes da saúde, enquanto a saúde do trabalhador envolve
ações de ambas vigilâncias.

Agora chegamos ao artigo que mais é cobrado em provas quando o assun-


to é a Lei 8.080/90. O artigo 7º que traz os quatorze princípios do SUS.

universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

entendida como conjunto articulado e contínuo das ações


integralidade de e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
assistência exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade
do sistema;

preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;

direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização


pelo usuário;

utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recur-


sos e a orientação programática;

participação da comunidade;

ênfase na descentralização dos serviços


descentralização político-admi- para os municípios;
nistrativa, com direção única em
cada esfera de governo: regionalização e hierarquização da rede de
serviços de saúde;

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 52


integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;

conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União,


Estados, Distrito Federal e Municípios na prestação de serviços de assistência
à saúde da população;

capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência;

organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios


para fins idênticos.

organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas


de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanha-
mento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras

Continuando com a nossa discussão sobre a Lei Orgânica 8.080/90, ve-


remos que as ações e serviços de saúde executados pelo SUS, seja dire-
tamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada,
serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de
complexidade crescente.

ACERTE O ALVO!
Este artigo traduz a forma de organização do SUS! Ques-
tão constante em provas. Como o SUS é organizado?
• Regionalizado;
• Hierarquizado;
• Em níveis de complexidade crescente.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 53


A direção do Sistema Único de Saúde é única, sendo exercida em cada es-
fera de governo pelos seguintes órgãos:

Estados e DF - Municípios -
União - Ministério Secretaria de Secretaria de
da Saúde saúde ou órgão saúde ou órgão
equivalente. equivalente

Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver, em con-


junto, as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.
• Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio
da direção única e os respectivos atos constitutivos disporão sobre
sua observância.
• No nível municipal, o Sistema Único de Saúde poderá organizar-se
em distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práti-
cas voltadas para a cobertura total das ações de saúde.

A Lei 8.080 prevê a criação de comissões intersetoriais, ou seja, um traba-


lho em conjunto com outros setores.

Essas comissões serão de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho


Nacional de Saúde, integradas pelos ministérios e órgãos competentes e
por entidades representativas da sociedade civil.

As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e


programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não
compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 54


A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões interseto-
riais, abrangerá, em especial, as seguintes atividades:
• Alimentação e nutrição;
• Saneamento e meio ambiente;
• Vigilância Sanitária e farmacoepidemiologia;
• Recursos humanos;
• Ciência e tecnologia
• Saúde do trabalhador

Ações intersetoriais são aquelas de interesse da saúde,


mas não são do campo de atuação do SUS e, por esse
motivo, devem ser articuladas com outros setores.

A Lei 8.080/90 também trata sobre as Comissões Intergestores Biparti-


te e Tripartite.

As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são reconhecidas


como foros de negociação e pactuação entre gestores, quanto aos aspec-
tos operacionais do Sistema Único de Saúde (SUS).

A atuação das Comissões Intergestores Bipartite - CIB e Tripartite - CIT,


terá por objetivo:

I. Decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e administrativos


da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com a definição
da política consubstanciada em planos de saúde, aprovados pelos
conselhos de saúde;
II. Definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermunicipal, a res-
peito da organização das redes de ações e serviços de saúde, prin-
cipalmente no tocante à governança institucional e à integração das
ações e serviços dos entes federados;

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 55


III. Fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, integra-
ção de territórios, referência e contrarreferência e demais aspectos
vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os entes
federados.

A Lei 8.080/90 dispõe ainda sobre o CONASS e CONASEMS.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Na-


cional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) são:
• Reconhecidos como entidades representativas dos entes estaduais e
municipais para tratar de matérias referentes à saúde e declarados de
utilidade pública e de relevante função social, na forma do regulamen-
to.

A Lei 8.080/90 traz em seu texto as competências e atribuições de cada


esfera de gestão (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) no tocan-
te ao SUS. Tais atribuições estão listados nos artigos 15 a 19. Não é tão
cobrado em residências, mas caso tenha um tempo disponível é interes-
sante ler todas elas.

Artigo 15 Traz as competências e atribuições comuns

Artigo 16 Elenca as competências e atribuições da União

Artigo 17 Traz as competências e atribuições do Estado

Artigo 18 Elenca as competências e atribuições dos Municípios

Por fim, prevê que ao Distrito Federal compete às atribuições definidas para Esta-
Artigo 19
dos e Municípios.

Alguns subsistemas da Saúde ganharam espaço na Lei 8.080/90, incluin-


do o da Atenção à Saúde Indígena.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 56


É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indígena - SASI, compo-
nente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e definido por esta Lei,
e pela Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, com o qual funcionará em
perfeita integração.

Figura 21 - SUBSistema de Atenção à Saúde Indigena

SASI

Componente do SUS

Criado e definido
Funcionará
pela Lei 8.080 e
articulado ao SUS.
pela Lei 8.142/90.

Fonte: Autoria própria, 2020.

O financiamento do SASI é de responsabilidade da União (recursos pró-


prios), podendo estados, municípios, instituições governamentais e não
governamentais atuar complementarmente no custeio e execução das
ações.

Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a realidade local e as


especificidades da cultura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado
para a atenção à saúde indígena, que se deve pautar por uma aborda-
gem diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistência à
saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio ambiente, demarca-
ção de terras, educação sanitária e integração institucional.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 57


Figura 22 - Especificidade do SASI

A realidade local

SASI deve levar em


consideração

Especificidades da
cultura

Fonte: Autoria própria, 2020.

Atendimento através de abordagem diferenciada e global

Contemplando os aspectos de assistência à saúde

Saneamento Nutrição Habitação


básico

Demarcação de Educação
Meio ambiente terras sanitária

Integração
institucional.

O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá ser como o SUS:

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 58


Descentralizado

Hierarquizado

Regionalizado

O subsistema terá como base os Distritos Sanitários Especiais Indíge-


nas – DSEIS. O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema
de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações na
estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as populações
indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento necessário
em todos os níveis, sem discriminações.

Outro subsistema importante é o de Internação Domiciliar, que foi incluí-


do na Lei 8.080 a partir de 2002. Na modalidade de assistência de atendi-
mento e internação domiciliares, incluem-se principalmente os procedi-
mentos:

De
Médicos Fisioterapêuticos
enfermagem

e de
Assistência Psicológicos
Social

Entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes em seu do-


micílio.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 59


O atendimento e a internação domiciliares serão realizados por equipes
multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina:

Preventiva Terapêutica Reabilitadora

O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser realizados


por indicação médica, com expressa concordância do paciente e de sua
família. Um importante subsistema incluído em 2005, sobretudo para a
atenção integral à Saúde da Mulher, é o de acompanhamento durante o
trabalho de parto, parto e pós-parto.

Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede pró-


pria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à partu-
riente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de
parto, parto e pós-parto imediato, sendo esse acompanhante indicado
pela parturiente.

Figura 23 - Direito ao acompanhante da parturiente

O SUS + rede
conveniada

a permitir a
são obrigados
presença

durante todo o
de 01 escolhido pela trabalho de parto,
acompanhante parturiente parto e pós-parto
IMEDIATO.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 60


A Lei 8.080 também reservou um capítulo para tratar sobre a assistência
terapêutica e incorporação de tecnologia em saúde. Um dos itens mais
importantes e que costuma ser cobrado em provas é a definição dos pro-
tocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas.

São adotadas as seguintes definições:

documento que estabelece critérios para o diagnóstico da


doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com
Protocolo clínico
os medicamentos e demais produtos apropriados, quando
e diretriz
couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de con-
terapêutica:
trole clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resul-
tados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS.

Assuntos recorrentes em provas, estudaremos agora sobre os serviços


privados de assistência à saúde e da participação em caráter complemen-
tar.

O que são serviços privados de assistência à saúde?

Figura 24 - Sobre a rede privada

Rede Privada

Legalmente
Iniciativa própria
habilitados

De profissionais Pessoas jurídicas


liberais de direito PRIVADO

Atuam na promoção, proteção e recuperação da saúde.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 61


A assistência à saúde é livre à iniciativa privada, que pode participar do
SUS em caráter complementar quando forem comprovadas insuficiên-
cia de recursos na rede pública para atendimento integral da população.

É permitida a participação direta ou indireta, inclusive controle, de empre-


sas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde nos seguintes casos:

1. Doações de organismos internacionais vinculados à Organização das


Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de financia-
mento e empréstimos;
2. Pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar:
» Hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlí-
nica, clínica geral e clínica especializada;
» Ações e pesquisas de planejamento familiar;
3. Serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas,
para atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer
ônus para a seguridade social; e
4. Demais casos previstos em legislação específica.

Lembra que o artigo 199 da Constituição afirma que é vedada a participação


de empresas e capital estrangeiro na assistência à saúde no Brasil, exceto em
casos previstos em lei? Pois é, essas são as exceções, são as previsões legais
de tal participação.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 62


Figura 25 - Participação do capital estrangeiro na saúde

É PERMITIDA a
participação

DIRETA OU
INDIRETA De empresas
ou de capitais Na assistência à saúde
INCLUSIVE NO estrangeiros
CONTROLE
Doações de Organismos
Nos seguintes casos: internacionais ligadas à
ONU;

Pessoas Jurídicas destina-


das a instalar, operacionali-
zar ou explorar;

Serviços de saúde man-


tidos, sem finalidade
lucrativa, por empresas,
para atendimento de seus
empregados .

Demais casos previstos em


legislação específica

Fonte: Autoria própria, 2020.

A participação complementar dos serviços privados será formalizada


mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de
direito público.

As entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para


participar do Sistema Único de Saúde (SUS).

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 63


Figura 26 - Caráter complementar da participação da iniciativa privada no SUS

Caráter
Complementar

Contrato/ Obedecidas
Convênio com a as Normas do
Rede Privada. Direito Público.

Os serviços
Os critérios e Os serviços contratados
Terão preferência
valores serão contratados serão serão submetidos
as instituições
definidos pelo MS, submetidos às aos princípios
filantrópicas e sem
aprovados pelo normas técnicas e e diretrizes do
fins lucrativos.
CNS. administrativas Sistema Único de
Saúde

Fonte: Autoria própria, 2020.

Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros


de cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do
Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, pelo Ministério da Saúde e apro-
vados no Conselho Nacional de Saúde.

Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de pagamento da


remuneração, a direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) deve-
rá fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro que
garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços contratados.

Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técnicas e


administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde
(SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do contrato.

Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou serviços


contratados é vedado exercer cargo de chefia ou função de confiança no
Sistema Único de Saúde (SUS).

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 64


A política de recursos humanos no SUS e o financiamento também ganha-
ram uma seção especial no âmbito da Lei 8.080/90.

A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e exe-


cutada, articuladamente, pelas diferentes esferas de governo, em cum-
primento dos seguintes objetivos:

Figura 27 - Política de RH do SUS

Política de RH na
área da SAÚDE

Será formalizada
Entre as esferas
e executada de
de governo.
forma articulada.

Cumprindo
os seguintes
objetivos:

I - organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os ní-


veis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de
permanente aperfeiçoamento de pessoal;

IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema Único de Saúde


(SUS).

Fonte: Autoria própria, 2020.

Os serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde (SUS)


constituem campo de prática para ensino e pesquisa, mediante normas
específicas, elaboradas conjuntamente com o sistema educacional, sen-
do articulado pelas Comissões Permanentes.

No tocante ao financiamento do SUS, o orçamento da Seguridade Social


destinará ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a receita esti-
mada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 65


em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos
órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as
metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Figura 28 - Orçamento da seguridade social

O orçamento da
Seguridade Social

De acordo com
Destinará ao SUS sua receita
estimada

Os recursos necessários
à realização de suas
finalidades

tendo em vista
com a participação as metas e
previstos em
dos órgãos da prioridades
proposta elaborada
Previdência Social estabelecidas na
pela sua direção
e da Assistência Lei de Diretrizes
nacional.
Social. Orçamentária -
LDO

Fonte: Autoria própria, 2020.

São considerados de outras fontes os recursos provenientes de:


• Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistência à saú-
de;
• Ajuda, contribuições, doações e donativos;
• Taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados no âmbito
do Sistema Único de Saúde (SUS); e
• Rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.

As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) serão


creditadas diretamente em contas especiais, movimentadas pela sua di-
reção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 66


As contas são denominadas FUNDOS DE SAÚDE e são
pré-requisitos para o repasse fundo a fundo, regular e
automático.

As ações de saneamento que venham a ser executadas supletivamente


pelo Sistema Único de Saúde (SUS) serão financiadas por recursos ta-
rifários específicos e outros da União, Estados, Distrito Federal, Municí-
pios e, em particular, do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

Figura 29 - Fiscalização do Sistema Nacional de Auditoria

Ministério da Saúde
acompanhará

Constatada a malversação, Através de seu


desvio ou não aplicação dos sistema de
recursos, auditoria

A conformidade à
Caberá ao Aplicar as programação aprovada
Ministério da medidas da aplicação dos
Saúde previstas em lei. recursos repassados a
Estados e Municípios

Fonte: Autoria própria, 2020.

Na distribuição dos recursos financeiros da Seguridade Social, será ob-


servada a mesma proporção da despesa prevista de cada área, no Orça-
mento da Seguridade Social.

Para o estabelecimento de valores a serem transferidos a Estados, Distri-


to Federal e Municípios, será utilizada a combinação dos seguintes crité-
rios, segundo análise técnica de programas e projetos:

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 67


I - perfil demográfico da região;

II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;

III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área;

IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior;

V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais;

VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;

VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para outras


esferas de governo.

Por fim, a Lei 8.080 também tratou sobre o financiamento no âmbito do


SUS. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saú-
de (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus ór-
gãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da política de
saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Municí-
pios, Estados, Distrito Federal e União.

Figura 30 - Planejamento e Orçamento no SUS

Ouvidos órgãos De acordo com a


Ascendente política de saúde
deliberativos

Planejamento e De acordo com a


Orçamento do SUS disponibilidade de
recursos

Utilizando o Plano
Do nível local até o de Saúde como
federal base.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 68


Os planos de saúde serão a base das atividades e programações de cada
nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), e seu financiamento
será previsto na respectiva proposta orçamentária.

Os planos de saúde são a base para o planejamento no SUS, que é composto


de programações anuais e devem ser elaborados a cada quatro anos por
todas as esferas de governo. Neste instrumento, deve constar a proposta
orçamentária para o período e sua implementação depende da aprovação
dos respectivos conselhos.

É vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações


não previstas nos planos de saúde, exceto em situações emergenciais
ou de calamidade pública, na área de saúde.

É vedada a transferência de recursos para o financiamento de


ações não previstas nos planos de saúde.

EXCETO em situações emergenciais ou de calamidade


pública, na área de saúde.

Não será permitida a destinação de subvenções e auxílios


a instituições prestadoras de serviços de saúde com
finalidade lucrativa.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 69


Nas disposições finais e transitórias temos de mais importante para pro-
vas:
• Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino inte-
gram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante convênio, pre-
servada a sua autonomia administrativa, em relação ao patrimônio,
aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos
limites conferidos pelas instituições a que estejam vinculados.
• Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os serviços de saúde das
Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema Único de Saúde (SUS),
conforme se dispuser em convênio que, para esse fim, for firmado.
• O Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanismos de incen-
tivos à participação do setor privado no investimento em ciência e
tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia das universi-
dades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde nos Estados,
Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
• Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, celebrados
para implantação dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saú-
de, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for sendo absorvido
pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O SUDS foi uma estratégia ponte, ou seja, um sistema transitório entre o mo-
delo antigo e o SUS. Essa época foi conhecida como estadualização da saúde.

Finalizamos aqui nossa aula sobre a primeira Lei Orgânica da Saúde


(8.080/90). Partiremos agora para conhecer o que traz a nossa segunda
Lei Orgânica da Saúde, Lei 8.142/90.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 70


Assista agora a Pocket Aula
sobre a Lei Orgânica da
Saúde - Parte I clicando no
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Saúde - Parte II clicando no
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ANOTAÇÕES

72
4. LEI ORGÂNICA 8.142/90
A nossa segunda Lei Orgânica da Saúde vem regulamentar, de forma mais
precisa, a diretriz constitucional da Participação da Comunidade no SUS.

Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único


de Saúde - SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recur-
sos financeiros na área da saúde e dá outras providências.

Figura 31 - Disposição inicial da Lei 8.142/90

Lei 8.142/90

Transferências
intergovernamentais de
Participação da comunidade
recursos financeiros na área
da saúde

Fonte: Autoria própria, 2020.

ACERTE O ALVO!
O controle social é uma diretriz e princípio do SUS. É o
mecanismo de participação da comunidade nas ações
de saúde em todas as esferas de governo. De forma ins-
titucionalizada, temos os conselhos e as conferências de
saúde.

O Sistema Único de Saúde, de que trata a Lei nº 8.080, de 19 de setembro


de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do
Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 73


I. A Conferência de Saúde, e
II. O Conselho de Saúde.
INSTÂNCIAS COLEGIADAS

Figura 32 - Instâncias colegiadas do SUS

O Sistema Único de Saúde - SUS de que trata a


Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990,

Contará, em cada esfera de Sem prejuízo das funções do


governo Poder Legislativo

Com as seguintes instâncias


colegiadas:

A Conferência de Saúde O Conselho de Saúde

Fonte: Autoria própria, 2020.

A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada 4 anos com a representação


dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor
as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis corres-
pondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente,
por este ou pelo Conselho de Saúde.

Conferência de Saúde é um espaço de discussão das políticas de saúde em


todas as esferas de governo. Acontecem, de forma ordinária, a cada 4 anos e,
como fórum de discussão, avaliam e propõem mudanças ou novas políticas e
programas de saúde para o país. Cada município deve realizar a conferência de
saúde, onde serão eleitos os representantes para participar da conferência es-
tadual, onde serão eleitos os representantes que participarão, da Conferência
Nacional de Saúde

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 74


As conferências de saúde são espaços de discussão
das políticas. A mais importante para a construção e
consolidação de um sistema único com participação
popular foi a VIII CNS, que aconteceu em 1986, momento
de consolidação da reforma sanitária e criação dos ideais
do SUS.

A participação popular somente aconteceu a partir da VIII CNS e a perio-


dicidade de 4 anos passa a ser institucionalizada na Lei 8.142/90. Mas, na
gestão do Governo Collor, período conhecido como o “retrocesso do SUS”,
o intervalo entre as conferências não seguiu o que a lei definiu. A partir da
IX CNS, as conferências aconteceram como previsto na lei em questão.

O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão cole-


giado composto por representantes do governo, prestadores de serviço,
profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no
controle da execução da política de saúde na instância correspondente,
inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão
homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera
do governo.

Figura 33 - Definição de conselho de saúde

Representantes do Governo

Colegiado,
composto por: Prestadores de Serviço

O Conselho de
Permanente Profissionais de Saúde
Saúde

Deliberativo Usuários

Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 75


CONSELHO DE SAÚDE

Dica:
• Tanto os conselhos quanto as conferências têm, em sua composição, os se-
guintes segmentos: representantes do governo, dos usuários, dos trabalha-
dores da saúde e dos prestadores de serviços;
• Representantes são escolhidos através de votação nos órgãos de que fazem
parte – discorreremos sobre o tema na aula sobre a Resolução 453/12;
• Os conselhos não executam as ações e serviços de saúde. O papel dos con-
selheiros é CONTROLAR a execução, inclusive nos aspectos econômicos e
financeiros;
• O gestor, em cada esfera de governo, é o responsável pela execução das
ações e serviços e pela movimentação do fundo de saúde (conta específica);
• Os conselheiros podem ter acesso ao fundo de saúde para fiscalizar a apli-
cação dos recursos da saúde, mas não cabe a eles o papel de movimentar a
conta.
• A Resolução 453/12 traz, em sua quinta diretriz, de forma clara o papel dos
Conselhos de Saúde – vamos chegar lá!

ESPAÇOS DE REPRESENTAÇÃO DOS GESTORES

Figura 34 - Definição de conselho de saúde

CONASS

O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS), fundado em 3 de feve-


reiro de 1982, é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, que se pauta
pelos princípios que regem o direito público e congrega os secretários e seus subs-
titutos legais - gestores oficiais das Secretarias de Estado de Saúde dos Estados
e do Distrito Federal. Tem sede e foro na Capital da República.

CONASEMS

O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) nasceu a


partir do movimento social em prol da saúde pública e se legitimou como uma for-
ça política que assumiu a missão de agregar e de representar o conjunto de todas
as secretarias municipais de saúde do país. Desde 1988 promove e consolida um
novo modelo de gestão pública de saúde alicerçado em conceitos como descentra-
lização e municipalização.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 76


COSEMS

O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) é uma entidade que


representa potencialmente os interesses das Secretarias Municipais de Saúde e
congrega todos os Secretários Municipais de Saúde como membros-efetivos. Tem
como finalidades funcionar como órgão permanente de intercâmbio de experiên-
cias e informações de seus associados.
Fonte: Autoria própria, 2020.

A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências de


Saúde será paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos.

ACERTE O ALVO!
Tanto nas conferências quanto nos conselhos de saúde
tem composição QUADRIPARTITE – usuários, governo,
prestadores e trabalhadores da saúde - o segmento dos
usuários deve ser de 50% em relação ao conjunto dos
demais segmentos. Esta determinação legal garante
maior participação popular.

As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização


e normas de funcionamento definidas em regimento próprio aprovados
pelo respectivo Conselho.

A quantidade de conselheiros não é explicitada na lei, mas o número, ou seja,


o quantitativo de conselheiros, é definido, nas três esferas de governo, pelo
regimento próprio de cada conselho.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 77


A Lei 8.142/90 também trata sobre a transferência dos recursos do SUS
e traz que:

Os recursos do Fundo Nacional de Saúde - FNS serão alocados como:

Despesas de custeio e
de capital do Ministério seus órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
da Saúde

Investimentos previstos de iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso


em lei orçamentária Nacional;

Investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde;

Cobertura das ações e a serem implementados pelos Municípios, Estados e Distrito


serviços de saúde Federal.

O Fundo Nacional de Saúde é a conta específica, no


âmbito do Ministério da Saúde, para o recebimento
e movimentação dos valores destinados às ações e
serviços do SUS, fiscalizado pelo Conselho Nacional de
Saúde.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 78


04. O planejamento econômico promove organização à distribuição
dos recursos que são providos do Fundo Nacional de Saúde (FNS),
conforme regulamentado pela Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de
1990. Esses recursos não serão alocados como
🅐 despesas de custeio e de capital do Ministério da saúde.
🅑 investimentos previstos em lei orçamentária aprovados pelo
Congresso Nacional.
🅒 serviços de saúde dos municípios.
🅓 serviços de saúde dos estados.
🅔 cobertura de ações da saúde privada em serviços não contra-
tados ou conveniados ao SUS.

Clique aqui para ver o


gabarito da questão.

Os recursos para as ações de Saúde são repassados de forma regular e


automática para Municípios, Estados e Distrito Federal de acordo com
os critérios previstos no art. 35 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
1990.

Os recursos serão destinados, pelo menos 70%, aos Municípios, afetan-


do-se o restante aos Estados.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 79


Figura 35 - Requisitos para recebimento de recursos

Fundo de
Saúde

Plano de Conselho
Saúde de Saúde

Requisitos

Contrapartida Relatório
de Recursos de Gestão

PCCS
(previsto
para 2 anos)

Fonte: Autoria própria, 2020.

Para o recebimento de recursos do Fundo Nacional de Saúde, os estados


e os municípios DEVEM contar com o somatório dos pré-requisitos des-
critos no acima.

O não atendimento pelos Municípios, Estados ou Distrito Federal dos re-


quisitos estabelecidos implicará que os recursos concernentes sejam ad-
ministrados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.

Assista agora a Pocket


Aula sobre a Lei Orgânica
da Saúde - Lei 8.142/90
clicando no ícone ao lado

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 80


ANOTAÇÕES

81
5. DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO
DE 2011
A Lei Orgânica da Saúde 8.080/90 regulamenta os artigos constitucio-
nais da Saúde, de certa forma ampliando e ratificando o SUS. Nesse mes-
mo sentido, em 2011 foi publicado o Decreto 7.508, para regulamentar a
Lei 8.080/90. Veja que isso aconteceu 21 anos depois. O Sistema Único de
Saúde está em constante construção.

Conforme já estabelecido na Lei 8080/90, o SUS deve ser organizado de


forma regionalizada e hierarquizada. Por isso, o Decreto 7508/2011 cria
as Regiões de Saúde. Cada região deve oferecer serviços de atenção pri-
mária, urgência e emergência, atenção psicossocial, atenção ambulatorial
especializada e hospitalar e, por fim, vigilância em saúde.

Em relação à hierarquização, o decreto estabelece que as portas de en-


trada do SUS, pelas quais os pacientes podem ter acesso aos serviços de
saúde, são:
• de atenção primária
• de atenção de urgência e emergência
• de atenção psicossocial
• especiais de acesso aberto

O decreto também define quais são os serviços de saúde que estão dis-
poníveis no SUS para o atendimento integral dos usuários, através da Re-
lação Nacional de Ações e Serviços de Saúde – RENASES, que deve ser
atualizada a cada dois anos.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 82


A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) também é
citada no documento. Ela será acompanhada do Formulário Terapêutico
Nacional, como forma de subsidiar a prescrição, a dispensação e o uso
dos seus medicamentos.

A assistência farmacêutica também é alvo da regulamentação, no artigo


28, que define sobre o acesso universal e igualitário à assistência farma-
cêutica, pressupondo que:
• O usuário deve estar assistido por ações e serviços de saúde do SUS;
• O medicamento deve ter sido prescrito por profissional de saúde, no
exercício regular de suas funções no SUS;
• A prescrição deve estar em conformidade com a RENAME e os Proto-
colos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação específica
complementar estadual, distrital ou municipal de medicamentos;
• A dispensação deve ter ocorrido em unidades indicadas pela direção do
SUS.

Este decreto se consolida como um marco no sistema de saúde brasileiro,


pois define critérios operacionais da organização do SUS, ressaltando a
importância destas políticas de saúde.

Nas suas disposições preliminares, o Decreto 7.508/11 se propõe a regu-


lamentar a Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a
organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saú-
de, a assistência à saúde e a articulação interfederativa.

O QUE É ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA?


A articulação interfederativa dá origem à definição das responsabilidades fe-
derativas e devem ser mantidas garantindo gestão articulada e sistêmica das
ações e serviços de saúde na região de saúde.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 83


O segundo artigo do Decreto 7.508/11 aborda alguns conceitos que estão
entre os mais cobrados nas provas de Residências e merecem nossa total
atenção.

Espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios


limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais
Região de
e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados,
Saúde com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de
ações e serviços de saúde;

Acordo de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade


Contrato Or- de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regionalizada e
ganizativo da hierarquizada, com definição de responsabilidades, indicadores e metas de
Ação Pública saúde, critérios de avaliação de desempenho, recursos financeiros que serão
de Saúde disponibilizados, forma de controle e fiscalização de sua execução e demais
elementos necessários à implementação integrada das ações e serviços de
(COAP)
saúde;

Portas de
Serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no SUS;
Entrada

Comissões Instâncias de pactuação consensual entre os entes federativos para defini-


Intergestores ção das regras da gestão compartilhada do SUS;

Descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e de ações e ser-


Mapa de viços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-se
Saúde a capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a
partir dos indicadores de saúde do sistema;

Rede de
Conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade
Atenção à crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde;
Saúde

Serviços
Especiais Serviços de saúde específicos para o atendimento da pessoa que, em razão
de Acesso de agravo ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e
Aberto

Protocolo Documento que estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do


agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
Clínico e
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os me-
Diretriz Tera- canismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resul-
pêutica tados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 84


Dicas e macetes:
• Região de saúde = espaço geográfico;
• Mapa de saúde = descrição geográfica;
• COAP = acordo de colaboração;
• Porta de entrada = contato inicial;
• Rede de atenção = níveis de complexidade
• Especiais de acesso aberto = relacionados ao trabalhador.

No capítulo II, o Decreto 7.508/11 vem abordar de forma mais explícita a


organização do SUS, começando com o conceito de SUS.

“O SUS é constituído pela conjugação das ações e serviços de promoção,


proteção e recuperação da saúde executados pelos entes federativos, de
forma direta ou indireta, mediante a participação complementar da inicia-
tiva privada, sendo organizado de forma regionalizada e hierarquizada.”

No sentido de fortalecer a regionalização, o decreto prevê a constituição


das regiões de Saúde. Esses espaços geográficos devem ser instituídos
de forma articulada entre Estados e Municípios, podendo ser compostas
por municípios limítrofes.

Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações e


serviços de:
• Atenção primária;
• Urgência e emergência;
• Atenção psicossocial;
• Atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
• Vigilância em saúde.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 85


Um tema muito recorrente nas provas é a composição mínima das ações para
instituir uma região de saúde. Primeiro, o conjunto de municípios precisam ter
minimamente os cinco requisitos, não precisa que todos possuam, mas tam-
bém não pode ter somente quatro na soma.

05. O Estado é o responsável por determinar as Regiões de Saú-


de, sendo necessária a articulação junto aos municípios. Contudo,
para que seja considerada uma Região de Saúde, é necessário que
serviços básicos sejam oferecidos. Assinale a alternativa que não
corresponde ao mínimo que uma Região de Saúde deve apresentar.
🅐 Atenção básica.
🅑 Serviços de urgência.
🅒 Centro de transplante.
🅓 Atenção hospitalar.
🅔 Atenção ambulatorial especializada.

Clique aqui para ver o Caso prefira, clique aqui e acesse ao


gabarito da questão. comentário completo da questão.

As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no âmbito de uma


Região de Saúde, ou de várias delas, em consonância com diretrizes pac-
tuadas nas Comissões Intergestores. 

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 86


Os entes federativos definirão os seguintes elementos em relação às Re-
giões de Saúde:
• Limites geográficos;
• População usuária das ações e serviços;
• Rol de ações e serviços que serão ofertados; e
• Respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e escala
para conformação dos serviços. 
Quando o assunto é a hierarquização dos serviços no âmbito do SUS, o
decreto dedicou uma seção exclusiva para o assunto.

O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde se


inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se completa na rede regionaliza-
da e hierarquizada, de acordo com a complexidade do serviço.

As portas de entrada do SUS normalmente não caem,


apenas despencam em provas, então fica esperto!

São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde nas Redes de


Atenção à Saúde os serviços:
• de atenção primária
• de atenção de urgência e emergência
• de atenção psicossocial
• especiais de acesso aberto

Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais especializados, en-


tre outros de maior complexidade e densidade tecnológica, serão refe-
renciados pelas Portas de Entrada

O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde será or-


denado pela atenção primária e deve ser fundado na avaliação da gravida-

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 87


de do risco individual e coletivo e no critério cronológico, observadas as
especificidades previstas para pessoas com proteção especial, conforme
legislação vigente. 

A população indígena contará com regramentos diferenciados de aces-


so, compatíveis com suas especificidades e com a necessidade de assis-
tência integral à sua saúde, de acordo com disposições do Ministério da
Saúde. 

Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado em saúde, em to-


das as suas modalidades, nos serviços, hospitais e em outras unidades in-
tegrantes da rede de atenção da respectiva região.

Note que o Decreto também fortalece o princípio da


integralidade da assistência, principalmente ao tratar de
forma inicial sobre as redes de atenção à Saúde, que são
melhor exploradas na portaria 4.279 de 2010.

Um capítulo muito cobrado em provas de residência, tanto quando o as-


sunto é o Decreto 7.508/11 quanto quando o assunto é o PlanejaSUS (Sis-
tema de Planejamento no SUS) é o que dispõe sobre o Planejamento da
Saúde.

Segundo o Decreto 7.508/11, o processo de planejamento da saúde será


ascendente e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respec-
tivos Conselhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das polí-
ticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros. 

Considerações importantes sobre o Planejamento na Saúde, de acordo


com o decreto 7.508/11:

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 88


O planejamento da saúde é obrigatório para os entes públicos e será indutor de
políticas para a iniciativa privada.

O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas na


elaboração dos planos de saúde.

O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das necessidades de saúde e


orientará o planejamento integrado dos entes federativos, contribuindo para o
estabelecimento de metas de saúde.

O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser realizado de maneira re-


gionalizada, a partir das necessidades dos Municípios, considerando o estabeleci-
mento de metas de saúde.

Ainda com intuito de fortalecer a integralidade da assistência, o decreto


7.508/11 dedica um capítulo para falar sobre a Assistência à Saúde. Neste
capítulo, os itens que mais são cobrados em provas estão relacionados a
RENAME e RENASES.

A integralidade da assistência à saúde se inicia e se completa na Rede de


Atenção à Saúde, mediante referenciamento do usuário na rede regional
e interestadual, conforme pactuado nas Comissões Intergestores.

Figura 36 - Definição de RENASES


Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde – RENASES

Relação de ações e todas as ações e


Serviços de Saúde serviços que o SUS
oferece ao usuário

RENASES

para atendimento
da integralidade
da assistência à
saúde.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 89


Incluindo as ações e serviços do SUS, da rede complementar e suplementar,
isso faz o gestor e a população visualizarem os serviços, o que melhora a forma
de acesso.

O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES em âmbito nacional. A


cada dois anos, o Ministério da Saúde consolidará e publicará as atuali-
zações da RENASES. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
derão adotar relações específicas e complementares de ações e serviços
de saúde.

Figura 37 - Definição de RENAME


Da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME

Relação Nacional
de Medicamentos compreende a
Essenciais seleção e a padro-
nização de medica-
mentos indicados

RENAME

para atendimento
de doenças ou de
agravos no âmbito
do SUS.

Fonte: Autoria própria, 2020.

A RENAME será acompanhada do Formulário Terapêutico Nacional - FTN


que subsidiará a prescrição, a dispensação e o uso dos seus medicamentos.

O Ministério da Saúde é o órgão competente para dispor sobre a RENA-


ME. A cada dois anos, o Ministério da Saúde consolidará e publicará as
atualizações da RENAME, do respectivo FTN e dos Protocolos Clínicos e
Diretrizes Terapêuticas.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 90


O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão adotar relações espe-
cíficas e complementares de medicamentos, em consonância com a RE-
NAME, respeitadas as responsabilidades dos entes pelo financiamento de
medicamentos, de acordo com o pactuado nas Comissões Intergestores.

ACERTE O ALVO!
As bancas adoram colocar a RENAME como Relação Na-
cional de Medicamentos Especiais, fique esperto!

O acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica pressupõe,


cumulativamente:

Figura 38 - Requisito para acesso à assistência farmacêutica

III - Estar a prescrição


em conformidade com a
II - Ter o medicamen- RENAME e os Protoco-
to sido prescrito por los Clínicos e Diretrizes
profissional de saúde, Terapêuticas ou com
no exercício regular de a relação específica
suas funções no SUS; complementar estadual,
distrital ou municipal de
medicamentos; e

O acesso univer- IV - Ter a dispensação


I - Estar o usuário assis- sal e igualitário ocorrido em unidades
tido por ações e servi- à assistência indicadas pela direção
ços de saúde do SUS; farmacêutica do SUS.
pressupõe

Fonte: Autoria própria, 2020.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 91


Também cai muito em provas. Uma dica essencial é que para acesso à assistên-
cia farmacêutica é necessário cumprir de forma cumulativa todos os requisi-
tos acima.

O penúltimo capítulo do Decreto 7.508/11 trata sobre as comissões inter-


gestores.

As Comissões Intergestores pactuarão a organização e o funcionamento


das ações e serviços de saúde integrados em redes de atenção à saúde,
sendo:

I - a CIT, no âmbito da União, II - a CIB, no âmbito do Estado,


vinculada ao Ministério vinculada à Secretaria
da Saúde para efeitos Estadual de Saúde para efeitos
administrativos e operacionais; administrativos e operacionais; e

III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regional,


vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos administrativos
e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB. (Forma de
descentralizar a gestão e facilitar o planejamento das ações)

Forma de descentralizar a gestão e facilitar o


planejamento das ações

As Comissões Intergestores pactuarão:

• Aspectos operacionais, financeiros e administrativos da gestão com-


partilhada do SUS;
• Diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde;
• Diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interestadual, a res-
peito da organização das redes de atenção à saúde;

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 92


• Responsabilidades dos entes federativos na Rede de Atenção à Saúde;
• Referências das regiões intraestaduais e interestaduais de atenção à
saúde para o atendimento da integralidade da assistência. 

Serão de competência exclusiva da CIT a pactuação:


• Das diretrizes gerais para a composição da RENASES;
• Dos critérios para o planejamento integrado das ações e serviços de
saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento da gestão; e
• Das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões operacio-
nais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com outros países,
respeitadas, em todos os casos, as normas que regem as relações in-
ternacionais.

E para deixar tudo muito bem amarrado no tocante às responsabilidades


e ações de cada parte envolvida em uma região de Saúde, nada melhor do
que um contrato, então vamos saber um pouco sobre o COAP.

O acordo de colaboração entre os entes federativos para a organização


da rede interfederativa de atenção à saúde será firmado por meio de Con-
trato Organizativo da Ação Pública da Saúde. 

O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde é a organiza-


ção e a integração das ações e dos serviços de saúde, sob a responsabili-
dade dos entes federativos em uma Região de Saúde, com a finalidade de
garantir a integralidade da assistência aos usuários. 

O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde definirá as responsa-


bilidades individuais e solidárias dos entes federativos com relação:
• às ações e serviços de saúde,
• os indicadores e as metas de saúde,
• os critérios de avaliação de desempenho,

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 93


• os recursos financeiros que serão disponibilizados,
• a forma de controle e fiscalização da sua execução
• e demais elementos necessários à implementação integrada das ações
e serviços de saúde.
Dentre as disposições essenciais que deverão constar no Contrato Orga-
nizativo da Ação Pública de Saúde estão a identificação das necessidades
de saúde locais e regionais, oferta de ações e serviços de vigilância em
saúde, promoção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e
interregional e as responsabilidades assumidas pelos entes federativos
perante a população no processo de regionalização, as quais serão esta-
belecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a organização
e a capacidade de prestação das ações e dos serviços de cada ente fede-
rativo da Região de Saúde;

O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde observará as seguin-


tes diretrizes básicas para fins de garantia da gestão participativa:
• Estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação do usuário
das ações e dos serviços, como ferramenta de sua melhoria;
• Apuração permanente das necessidades e interesses do usuário; e
• Publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em todas as uni-
dades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas que dele parti-
cipem de forma complementar.

Ficamos por aqui com os principais itens do Decreto 7.508/11. Sempre re-
comendo a leitura “seca” dos marcos jurídicos, pois facilita o aprendizado
e, juntando com aulas como esta, que pretende fornecer um direciona-
mento para o que é mais cobrado nas provas, fornece subsídios suficien-
tes para sua aprovação.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 94


Assista agora a Pocket Aula
sobre o Decreto 7.508/11
clicando no ícone ao lado

ANOTAÇÕES

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 95


6. RESOLUÇÃO 453/12
A Resolução 453 de 2012 é mais uma normativa que visa fortalecer o con-
trole social e vem tratar de forma mais específica, sobre os Conselhos de
Saúde.

A resolução é fruto da discussão sobre o controle social, especificamente


sobre os CONSELHOS DE SAÚDE. Ao longo de três anos, um grupo de tra-
balho dedicou-se a propor uma nova versão do texto DA REVOGADA RE-
SOLUÇÃO Nº 333/03, com as atualizações necessárias para adequar-se
às mudanças na conjuntura do controle social no país. Depois de apresen-
tada ao pleno do Conselho Nacional de Saúde, a proposta foi submetida à
consulta pública no site do CNS.

6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Em suas considerações iniciais, a resolução fala sobre os objetivos de


consolidar, fortalecer, ampliar e acelerar o processo de Controle Social do
SUS, por intermédio dos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais, das
Conferências de Saúde e Plenárias de Conselhos de Saúde.

A resolução vem fortalecer o controle social, dada a sua importância para a


consolidação do SUS. Mas atentem que sua disposição é apenas para uma das
instâncias de controle social: os Conselhos de Saúde! Este marco é dividido
em cinco diretrizes, o que facilita o entendimento. Sinalizarei algumas “pega-
dinhas” que foram questões de prova. Esta resolução não altera nenhum dis-
positivo da Lei 8.142/90.

Curso Intensivo para Residências | Transversal | Legislação do SUS 96


Figura 39 - Disposições da Resolução 453

Estabelece
diretrizes para Instituição

Reformulação
RESOLUÇÃO Nº
453/12
Reestruturação

Revoga a Resolução nº 333/2003


Funcionamento dos
conselhos de saúde

Fonte: Autoria própria, 2020.

A Resolução 453/12 é estruturada em cinco diretrizes. Iremos focar naqui-


lo que há de mais importante para as provas de Residências.

A primeira diretriz vem trazer a definição de Conselhos de Saúde, con-


forme o esquema abaixo:

Figura 40 - Definição de conselho de saúde

em cada esfera de
Instância colegiada, delibera- Governo
CONSELHO DE
tiva e permanente do Sistema
SAÚDE
Único de Saúde (SUS) Integrante da estrutura
organizacional

Da Secretaria de Saúde dos


Do Ministério da Saúde
Estados

Do Distrito Federal Do Distrito Federal

COM Fixadas na Lei


COMPOSIÇÃO 8.142/90

ORGANIZAÇÃO COMPETÊNCIA
Fonte: Autoria própria, 2020.

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Os Conselhos de Saúde são espaços instituídos de participação da comu-
nidade nas políticas públicas e na administração da saúde e como Sub-
sistema da Seguridade Social, o Conselho de Saúde atua na formulação
e proposição de estratégias e no controle da execução das Políticas de
Saúde, inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros.

O Conselho é um subsistema da Seguridade Social, pois


a Lei 8.142/90 regulamenta os artigos constitucionais e
estes estão no título VIII, seção 2 – da Seguridade Social!

A segunda Diretriz vem tratar sobre a instituição e reformulação dos Con-


selhos.

Figura 41 - Sobre a instituição dos Conselhos

É estabelecida
por lei FEDERAL

ESTADUAL
A INSTITUIÇÃO
DOS CONSELHOS
DE SAÚDE DO DISTRITO
FEDERAL

MUNICIPAL

Fonte: Autoria própria, 2020.

Ainda na segunda Diretriz, a Resolução afirma que na instituição e refor-


mulação dos Conselhos:

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Figura 42 - Critério para reformulação e instituição dos conselhos

respeitando os princípios da
democracia

O PODER EXECUTIVO

deverá acolher as demandas da


população aprovadas nas Confe-
rências de Saúde, e em consonân-
cia com a legislação.

Fonte: Autoria própria, 2020.

Na terceira Diretriz, a resolução vem tratar sobre a organização dos con-


selhos:

Figura 43 - Forma de organização dos Conselhos de saúde

A PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE
ORGANIZADA, GARANTIDA NA
LEGISLAÇÃO

torna os Conselhos de Saúde


uma instância privilegiada na

Acompanhamento, e fiscalização da
Proposição Discussão deliberação, implementação da
avaliação Política de Saúde

Inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros.

A legislação estabelece, ainda, a composição paritária de usuários em relação ao


conjunto dos demais segmentos representados.

Fonte: Autoria própria, 2020.

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O Conselho de saúde será composto por:

Figura 44 - Composição dos conselhos de saúde

De entidades, instituições e movimentos


representativos de usuários

De entidades representativas de
COMPOSIÇÃO DO trabalhadores da área da saúde
CONSELHO DE
SAÚDE
Do Governo

De entidades representativas de
prestadores de serviços de saúde

Fonte: Autoria própria, 2020.

O presidente dos Conselhos de Saúde deverá ser eleito entre seus


membros, em reunião plenária. É importante saber que o número de
conselheiros será definido pelos Conselhos de Saúde e constituído em lei.

Observe que o número de conselheiros será definido pelos conselhos (regimen-


to próprio), mas a representatividade (percentual) é definida na Lei 8.142/90.

Um dos tópicos mais presentes em provas, quando o assunto é a Reso-


lução 453, é a composição dos Conselhos de Saúde, que deverá seguir o
seguinte:

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Figura 45 - Princípio da paridade

50%

25% 25% 25% 50%


25%

COMPOSIÇÃO - De entidades representativas De entidades e movimentos


PARITÁRIA dos trabalhadores da área de representativos de usuários;
saúde;
- De representação de governo
e prestadores de serviços
privados conveniados, ou sem
fins lucrativos.

Fonte: Autoria própria, 2020.

A participação de órgãos, entidades e movimentos sociais terá como cri-


tério a representatividade, a abrangência e a complementaridade do
conjunto da sociedade, no âmbito de atuação do Conselho de Saúde. De
acordo com as especificidades locais, aplicando o princípio da paridade,
serão contempladas diversas categorias, dentre as quais podemos des-
tacar: o governo, os movimentos sociais organizados (movimento negro,
LGBT QI+ etc.), entidades indígenas, organizações de moradores e mais.

Recomenda-se que, a cada eleição, os segmentos de representações de


usuários, trabalhadores e prestadores de serviços, ao seu critério, pro-
movam a renovação de, no mínimo, 30% de suas entidades representa-
tivas.

Um item muito importante se refere ao impedimento de participação


como conselheiro de alguns membros da sociedade que se encaixem nas
seguintes condições:
• Membros eleitos do Poder Legislativo
• Representação do Poder Judiciário e do Ministério Público

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Considerações importantes sobre a organização dos Conselhos de Saúde:
• Quando não houver Conselho de Saúde constituído ou em atividade
no Município, caberá ao Conselho Estadual de Saúde assumir, junto ao
executivo municipal, a convocação e realização da Conferência Muni-
cipal de Saúde, que terá como um de seus objetivos a estruturação e
composição do Conselho Municipal;
• As funções, como membro do Conselho de Saúde, não serão remunera-
das, considerando-se o seu exercício de relevância pública e, portanto,
garante a dispensa do trabalho sem prejuízo para o conselheiro.

A quarta Diretriz vem dispor sobre a organização e o funcionamento dos


Conselhos de Saúde:

Os conselhos estão vinculados, em âmbito nacional, estadual e municipal, res-


pectivamente, ao Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Secre-
taria Municipal de Saúde. Mas, a partir desta resolução, eles passam a ter:
• Autonomia administrativa;
• Dotação orçamentária;
• Autonomia financeira;
• Organização da secretaria-executiva

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Considerações importantes sobre a organização dos Conselhos de Saúde:

Cabe ao Conselho de Saúde deliberar em relação à sua estrutura administrativa e


o quadro de pessoal;

O Conselho de Saúde decide sobre o seu orçamento;

O Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no mínimo, a cada mês e, extraordina-


riamente, quando necessário, e terá como base o seu Regimento Interno. A pauta
e o material de apoio às reuniões devem ser encaminhados aos conselheiros com
antecedência mínima de 10 (dez) dias;

As reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são abertas ao público;

As decisões do Conselho de Saúde serão adotadas mediante quórum mínimo (me-


tade mais um) dos seus integrantes, ressalvados os casos regimentais nos quais
se exija quórum especial, ou maioria qualificada de votos;

O Pleno do Conselho de Saúde deverá manifestar-se por meio de resoluções, reco-


mendações, moções e outros atos deliberativos.

As resoluções serão obrigatoriamente homologadas pelo chefe do poder consti-


tuído em cada esfera de governo, em um prazo de 30 (trinta) dias, dando-se lhes
publicidade oficial.

A cada quadrimestre deverá constar na pauta da reunião do conselho o pro-


nunciamento do gestor! Com que finalidade? – Para que o conselho preste con-
tas em relatório detalhado sobre o andamento do plano de saúde, agenda, re-
latório de gestão. Não confundam: este relatório é para apresentar as parciais
de uma das atribuições do conselho definidas pela Lei 141/12. O relatório de
gestão é anual.

A quinta e última diretriz da Resolução 453 traz as competências dos


Conselhos de Saúde, elencando 30 competências. Vamos analisar as mais
cobradas em provas.

Esta diretriz traz as atribuições do conselho. Observem que não há neces-


sidade de decorar. Basta associar se a ação cobrada em prova está ligada,
direta ou indiretamente, ao controle social, como educação popular, dis-

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cussão, fiscalização, auditoria, dentre outros. Mas lembrem: os conselhos
não executam ações, esse é um papel dos gestores de cada esfera de go-
verno! Os conselhos fiscalizam, acompanham, observam e deliberam so-
bre estas ações!

Algumas das atribuições dos Conselhos estão diretamente ligadas à sua


definição, como:
• Fortalecer a participação e o controle social no SUS, mobilizar e arti-
cular a sociedade de forma permanente na defesa dos princípios cons-
titucionais que fundamentam o SUS;
• Atuar na formulação e no controle da execução da política de saúde,
incluindo os seus aspectos econômicos e financeiros, e propor estraté-
gias para a sua aplicação aos setores público e privado;

Outras estão ligadas à fiscalização da gestão, como:


• Anualmente deliberar sobre a aprovação ou não do relatório de ges-
tão;
• Estabelecer estratégias e procedimentos de acompanhamento da
gestão do SUS, articulando-se com os demais colegiados, a exemplo
dos de seguridade social, meio ambiente, justiça, educação, trabalho,
agricultura, idosos, criança e adolescente e outros;
• Acompanhar e controlar a atuação do setor privado credenciado me-
diante contrato ou convênio na área de saúde;
• Fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre critérios de movimen-
tação de recursos da Saúde, incluindo o Fundo de Saúde e os recursos
transferidos e próprios do Município, Estado, Distrito Federal e da
União, com base no que a lei disciplina;
• Fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das ações e dos serviços
de saúde e encaminhar denúncias aos respectivos órgãos de controle
interno e externo, conforme legislação vigente.

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Ficamos por aqui com a nossa aula de Legislação do SUS. Abordamos os


principais tópicos dos principais temas cobrados nas residências.

GABARITO: Questões Comentadas


(1-5)

01 D
02 B
03 B
04 E
05 C

Para retornar a questão em que estava, clique nos botões abaixo:

1 2 3 4 5

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REFERÊNCIAS
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em: http://fopspr.files.wordpress.com/2009/04/orientacaoconse-
lheirosdesaudeces-sp.pdf. Acesso em: 15/06/2020
2. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único
de Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília:
CONASS, 2011. 291 p. (Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011,
1) Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_
entender_gestao_sus_v.1.pdf> . Acesso em: 15/06/2020
3. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outu-
bro de 1988.
4. BRASIL. Decreto 4.628, de 24 de janeiro de 1923 (Lei Eloy Chaves).
Crea, em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes no
país, uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para os respectivos em-
pregados. [citado 2006 Dez 13]. Disponível em: http://www.ccs.uel.br/
espacoparasaude/v8n1/v8n1_artigo_3.pdf. Acesso em: 15/06/2020
5. Brasil. Decreto nº7508/2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de se-
tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único
de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a
articulação interfederativa, e dá outras providências. Disponível em:
www.saude.gov.br/legislação Acesso em: 15/06/2020
6. BRASIL. Lei 8080/90. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível
em: www.saude.gov.br/legislação Acesso em: 15/06/2020

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7. Brasil. Lei nº 8142/90. Dispõe sobre a participação da comunidade na
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá
outras providências. Disponível em: www.saude.gov.br/legislação.
Acesso em: 15/06/2020
8. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Sistema Único de
Saúde (SUS): princípios e conquistas/ Ministério da Saúde, Secreta-
ria Executiva. – Brasília: Ministério da Saúde, 2000. 44p. Il. Disponí-
vel em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_entender_
gestao_sus_v.1.pdf> . Acesso em: 15/06/2020
9. Brasil. Resolução 453/12. Resolve: Aprovar as seguintes diretrizes
para instituição, reformulação, reestruturação e funcionamento dos
Conselhos de Saúde. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ulti-
mas_noticias/2012/12_jun_resolucao453.html. Acesso em: 15/06/2020
10. Falleiros I, França JC. Saúde como direito de todos e dever do Estado
in: A Constituinte e o Sistema Único de Saúde. Disponível em: http://
observatoriohistoria.coc.fiocruz.br/local/File/na-corda-bamba-
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11. Paim JS. Reforma sanitária brasileira: contribuição para a compre-
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12. Polignano, M. V. História das políticas de saúde no Brasil: uma pequena
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13. Roncalli AG. O desenvolvimento das políticas públicas de saúde no
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