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3.

3 Tombamento do bairro
do Bexiga: dimensões
espaçotemporais socialmente
necessárias
Manoel Lemes da Silva Neto

Ensaio fotográfico Bexiga A formação do bairro do Bexiga, no distrito da Bela Vista, faz parte da
1991, de Cristiano Mascaro
história da região central da cidade de São Paulo.
Traçado urbano, parcelamento do solo, ruas, praças, escadarias e
largos justificaram seu tombamento em 2002 pelo Conselho Munici-
pal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da
Cidade de São Paulo – Conpresp.
A Resolução n. 22/20021 o normatiza.
São 78 hectares, 28% da área do distrito da Bela Vista.
Esse aparato legal, porém, não protege o popular e turístico
Bexiga, ou Bela Vista, como o Conpresp prefere designar o espaço.
Tanto que o comportamento demográfico no período intercensi-
tário 2000-2010 indica empobrecimento crescente da população.
A paisagem se deteriora com a má conservação de muitos bens
tombados.
Agora, se as regulamentações de proteção dificultam a atuação do
mercado imobiliário, não diminuem sua cobiça.
Há um embate. Agentes sociais de um lado; econômicos de outro.
Na mediação, o Estado, que, na prática, mais se aproxima das forças
de mercado do que do projeto “socialmente necessário”.2
O Bexiga retrata as mesmas dificuldades enfrentadas por muitas
localidades pelo Brasil afora. Elas tentam resistir “ao caráter deleté-
rio da última modernização”, aos impactos da globalização que “não
promete igualdade e nem integração social e, sim, competitividade e
busca ininterrupta por eficácia”.3
Assim, projetos de sujeitos coletivos contrapõem-se a projetos
solapadores de historicidades, contextos, modos de vida.
Então, o que pode proteger o bairro e seus moradores? Qual
o futuro do Bexiga, já que o tombamento engessa 78 hectares de
área restritiva e não mobiliza recursos financeiros para mantê-los
preservados?
Estatísticas e mapas de adensamento demográfico esboçam um
ilhamento da área que, em princípio, está associado aos níveis de
preservação predispostos aos bens tombados com a Resolução n.
22/2002. Quanto mais restritiva a área, maior o ilhamento.
Para os moradores, as consequências são percebidas de várias
maneiras: exacerbação das desigualdades socioespaciais, certa conde-
nação a usufruir espaços esgarçados pelo abandono e tensão perma-
nente de disputa entre os projetos sociais e o poderio do mercado.
Para as áreas sujeitas às restrições mais severas, resta a degra-
dação do espaço urbano, resultado da inexistência de recursos

208 209
necessários à preservação simultaneamente associada ao desinteresse Também é possível afirmar que a expectativa de medidas restriti-
dos agentes econômicos, em especial do mercado imobiliário. vas de preservação interviu no uso e na ocupação da área, na atuação
Exatamente por isso é vital se perguntar: que barreiras impedem do mercado imobiliário e, por consequência, no comportamento
o Bexiga de atingir metas sociais amplas? Quais as dimensões sociais demográfico de adensamento desses perímetros.
comprometidas com o seu tombamento? Há relações entre a dinâmica demográfica da área virtual-
Sob a perspectiva do humanismo concreto de Milton Santos, o mente oferecida ao tombamento e os perímetros sucessivamente
que está em jogo é o direito ao entorno, dos homens lentos. propostos.
Entre a possibilidade histórica de se concretizar paisagens urbanas Na área do bairro da Bela Vista-Bexiga, a primeira delimitação para
homogeneizadas e hegemonizantes e paisagens constituídas por fins de tombamento decorre do Igepac.11
urbanidades coletivamente produzidas e vivenciadas, esta última será Inventário oficial do Departamento do Patrimônio Histórico, o
a opção que melhor representa o interesse comum. De todos. Igepac “teve a sua metodologia estabelecida entre 1982 e 1983 [...]
Com isso se pretende sinalizar, e ainda em tempo, a interrogação obedecendo a uma base geográfica, tendo como unidades os bairros
de processos econômicos, político-culturais e ideológicos respon- e pretendendo caracterizar-se como um trabalho sistemático, de modo
sáveis pela fragilidade dos elos entre gestão urbana e experiência a cobrir a cidade partindo do centro e encaminhando-se para as peri-
popular; a urgência da defesa das racionalidades populares por parte ferias”.12 Abrangendo cerca de 218 hectares, o Igepac Bela Vista foi
do poder público; a primazia da “racionalização por baixo”, praticada concluído em 1985.13
pelos atores não beneficiados, em face à “racionalização por cima”, Em seguida, com a abertura do processo de tombamento da área
exercida pelos atores dominantes.4 pela Resolução n. 11/90, definiu-se outro perímetro com aproximada-
Desse ângulo, uma análise crítico-propositiva do Bexiga5 contrapõe mente 214 hectares. Semelhante ao inventário do Igepac Bela Vista,
o bairro como “local” e como “lugar”. Como local na medida em que as únicas diferenças foram a exclusão da quadra compreendida entre
é “sobredeterminado por constituir o locus de realização de projetos as ruas São Carlos do Pinhal, Itapeva e Pamplona, próximas à avenida
definidos por atores das outras escalas da realidade social”. Como Paulista, e a inclusão da praça da Bandeira.
lugar porque é “espacialidade da ação espontânea, do inesperado, do Por último, a Resolução n. 01/93 eliminou 64% da área compreen-
acaso, do não-planejado, das experiências incertas [...] da vida social, dida pelo perímetro, reduzindo-a aos 78 hectares que permaneceram
da memória coletiva e da sociabilidade”.6 no tombamento do bairro.
Na Resolução n. 22/2002, o artigo 1° disciplina o “elenco dos
Área de tombamento elementos constituidores do ambiente urbano”.14 O artigo 2°, os
três “espaços ou áreas envoltórias dos bens tombados”: I – Área do
Dado que o perímetro de tombamento teria influído na dinâmica de Bexiga; II – Área da Vila Itororó; III – Área da Grota.15
adensamento do bairro, o próprio perímetro torna-se um componente O tombamento ainda considera 896 endereços de imóveis isolados
de análise imprescindível. Primeiro, porque é necessário delimitar os e conjuntos arquitetônicos tombados relacionados no Anexo I da
setores censitários que abrangem a área de estudo. Segundo, porque Resolução n. 22/2002, onde, obedecendo-se às exigências dos níveis
sua delimitação envolve um processo de negociação política nada de preservação atribuídos a cada imóvel, a envoltória de proteção é o
pacífico até hoje. A disputa pelo terreno ao lado do Teatro Oficina é próprio lote (artigos 6º e 7º).
uma prova. Desses, 211 não estão localizados nos 78 hectares das três áreas
Embora o tombamento do Bexiga tenha sido em 2002, os indícios envoltórias,16 e sim na área compreendida entre elas e o perímetro de
de que isso ocorreria remontam a 1989.7 tombamento originário de 1990,17 o que recomenda considerá-la como
Desde então, foram reconhecidos três perímetros para delimitação área suplementar do tombamento e que não pode ser deixada de lado
da área, que, aliás, serviram de base para o tombamento definitivo do neste estudo de adensamento do bairro.
bairro: Em vigência, há ainda outras áreas no Bexiga tombadas por reso-
luções específicas:
1) Perímetro do Inventário Geral do Patrimônio Ambiental, Cultural
e Urbano de São Paulo proposto para a Bela Vista, o Igepac Bela 1) Áreas envoltórias (300 metros) do Teatro Brasileiro de Comédia –
Vista, de 1985. TBC, tombado pelo Condephaat18 e pelo Conpresp,19 e do Teatro
2) Perímetro do processo que abre o tombamento da área pela Reso- Oficina, tombado pelo Condephaat, 20 Conpresp21 e Iphan.22
lução n. 11/90.8 2) A Resolução de Área Envoltória – RAE do Castelinho da Brigadeiro
3) Perímetro estipulado pela Resolução n. 01/939 e aplicado sem tombado pelo Condephaat23 e Conpresp.24
modificações pela Resolução n. 22/2002.
Portanto, os perímetros em pauta nas resoluções que conduziram
Não se pretendendo discutir aqui a significância de tais perímetros o processo de tombamento são unidades territoriais necessárias à
sob a ótica da política de preservação, é possível assegurar que houve verificação de prováveis inter-relações das áreas de tombamento com
redução importante das áreas sujeitas ao tombamento: de 218 hecta- o adensamento do bairro.
res para 78 hectares.10 Consideram-se três unidades territoriais:

210 211
Mapa das unidades territo-
riais de análise Participação percentual dos Tipos de Distrito da Bela Vista Município de São Paulo
tipos de domicílios particu- domicílios particulares
Bens tombados por lares permanentes no total permanentes 2000 2010 2000 2010
resoluções específicas dos domicílios, distrito da
Bela Vista e município de São
Teatro Brasileiro de Paulo, 2000-2010 Casa 5,6 3,5 72,2 69,6
Comédia
Apartamento 85,6 86,1 24,7 28,2
Teatro Oficina
Cômodo 1,9 2,3 1,3 1,2
Castelinho da Brigadeiro
Total (*) 100,0 100,0 100,0 100,0
Elementos
constituidores do
ambiente urbano
Variação percentual do Distrito da Bela Vista
Imóveis isolados número de domicílios, por 22,9%
e conjuntos tipo de domicílios, no distrito
arquitetônicos da Bela Vista e município de
identificados no São Paulo, 2000-2010 -23,7%
Anexo 1
Total dos domicílios -23,6%
Resolução Conpresp 22/2002
Áreas tombadas Domicílios particulares
permanentes do tipo 45,7%
Bexiga apartamento
Grota Município de São Paulo
Vila Itororó Domicílios particulares 18,7%
permanentes do tipo
casa 14,5%
Perímetro de
tombamento (Resolução Domicílios particulares
Conpresp 11/1990) permanentes do tipo 35,4%
– a área formada pelo perímetro de tombamento estipulado pela cômodo
Igepac Bela Vista 1985 Resolução n. 11/90 (A);
5,4%
– o conjunto formado pelas áreas tombadas do Bexiga, da Vila Ito-
Área envoltória
roró e da Grota pela Resolução n. 22/2002 (B);
– a área suplementar constituída pela subtração das áreas tombadas pelo espraiamento de horizontalidades formadas pelo predomínio dos
Resolução de área em 2002 da área do perímetro de tombamento de 1990 (A-B). domicílios em casas: 72,2% em 2000 e 69,6% em 2010.
envoltória
Na Bela Vista, a perspectiva apontada é de adensamento acionado
Zepec-APC/TICP Partindo do pressuposto de que a análise do período intercensi- por edificações verticais inter-relacionado com a diminuição de casas e
Paulista/Luz (PDE São tário 2000-2010 capta, em parte, as transformações do perfil demo- aumento dos domicílios em cômodos.
Paulo, 2014)
gráfico decorrentes do tombamento de 2002, a pesquisa revela que o Por sinal, o tombamento de 2002 levou em consideração a ten-
Fonte das bases adensamento se mostrou diverso nessas três dimensões. O ilhamento dência de verticalização da Bela Vista,27 o que poderia ter ensejado a
cartográficas: Geosampa; é mais intenso no conjunto formado pelas áreas tombadas do Bexiga, redução da área de 214 hectares, inicialmente proposta em 1990, para
Igepac Bela Vista, BAFFI,
2006, p. 157
da Vila Itororó e da Grota, isto é, no perímetro mais restritivo. 78 hectares, em 2002. Aumentou, portanto, a área potencialmente
disponibilizada ao mercado imobiliário.
Adensamento Diminuição do número de casas e crescimento de apartamentos e
de domicílios em cômodos definiram o adensamento da área.
Se a dinâmica demográfica do distrito da Bela Vista reflete o que Aliás, a evolução do número de domicílios em cômodos caracte-
acontece nas áreas tombadas,25 os censos de 2000 e 2010 indicam rizou a dinâmica demográfica dos distritos do Grupo 2. No período, a
que a participação do número de apartamentos no total dos domicílios variação correspondeu a 37,5%.28
tende a aumentar e a de casas, diminuir. O fenômeno é comum no O distrito da Bela Vista é o mais adensado da capital, com 252
município de São Paulo. habitantes/hectare. Em 2010, a sua densidade populacional foi 2,2
Associado ao Grupo 226 proposto por Nakano no estudo das vezes maior do que a da cidade de São Paulo.
desigualdades habitacionais no centro expandido de São Paulo (2018), No período 2000-2010, a variação percentual também foi maior:
a Bela Vista é um distrito com predomínio absoluto de domicílios par- 10,2% na Bela Vista e 4,2% na cidade de São Paulo.
ticulares do tipo apartamento: 85,6 % em 2000 e 86,1% em 2010. Um Utilizando as agregações por setores censitários dos perímetros
crescimento de 23,6% no período. de tombamento em 2000 e 2010, o indicador sugere ainda que a
No município de São Paulo, o número de apartamentos cresceu Resolução n. 22/200229 e as anteriores devem ter predisposto a área
35,4%, mas o perfil domiciliar da cidade ainda se manteve definido a acolher menor densidade em razão de regulamentações restritivas.
Vejamos.

212 213
Agrupamento de setores
censitários dos perímetros de Densidade populacional, Unidades territoriais 2000 2000 Variação
tombamento em 2000 e 2010 segundo unidades territoriais (Hab./ha) (Hab./ha) percentual
de análise, distrito da Bela
À esquerda, setores Vista e município de São
censitários de 2000 nas Paulo, 2000-2010 Perímetro de tombamento pela 243 258 6,2
áreas tombadas (Resolução Res. 11/1990 (A)
22/2002)
Área tombada pela Res. 22/2002 (B) 227 230 1,5
Extrapolação de setor
censitário Área suplementar (A-B) 253 275 8,7

À direita, setores censitários Distrito da Bela Vista 228 252 10,2


de 2010 nas áreas tombadas
(Resolução 22/2002) Cidade de São Paulo (*) 109 113 4,2

Extrapolação de setor
censitário
Observe-se que, em 2000, a densidade da área tombada era a
menor entre as dimensões analisadas, sinalizando que os efeitos da
Resolução n. 01/9331 já se faziam sentir desde aquela época. É uma
hipótese.
Em 1993, essa resolução prenunciava que os 78 hectares do
perímetro de tombamento regulamentados nove anos depois com a
Resolução n. 22/2002 estavam sujeitos a normas mais restritivas.
À esquerda, setores No caso da densidade habitacional, as mesmas tendências se
censitários de 2000 nas
áreas tombadas (Resolução
reproduzem, porém com uma diferença: o crescimento do número de
22/2002) domicílios foi mais veloz do que o crescimento da população.
Extrapolação de setor
censitário Densidade populacional, Unidades territoriais 2000 2000 Variação
segundo unidades territoriais (Hab./ha) (Hab./ha) percentual
Setor censitário em área de análise, distrito da Bela
suplementar Vista e município de São
Paulo, 2000-2010 Perímetro de tombamento pela 102 117 14,0
Res. 11/1990 (A)
À direita, setores censitários
de 2010 nas áreas tombadas Área tombada pela Res. 22/2002 (B) 91 101 10,3
(Resolução 22/2002)
Área suplementar (A-B) 110 127 15,9
Extrapolação de setor
censitário Distrito da Bela Vista 96 114 19,0

Setor censitário em área Cidade de São Paulo (*) 32 36 14,0


suplementar
O significado demográfico desse movimento pode estar relacio-
nado tanto à tendência de esvaziamento populacional quanto à redu-
ção da média de moradores por domicílio.
Se as evidências indicam que a Bela Vista está no grupo de dis-
Em 2000, a densidade populacional da área tombada era de 227 tritos do centro expandido em que houve repovoamento ou inversão
habitantes/hectares; em 2010, de 230. Corresponde à menor variação demográfica,32 o fenômeno se deve à redução da média de moradores
entre as unidades territoriais consideradas na análise: 1,5%. por domicílio.
Já no entorno imediato, na área suplementar, as densidades foram Nesse caso, a tendência é nacional. Está relacionada ao processo
maiores (258 e 275 habitantes/hectare) e o crescimento também foi de expansão do estoque de domicílios em ritmo superior ao cresci-
maior, atingindo 8,7%. Isso pode ser atribuído à tendência de o tomba- mento populacional e a particularidades da estrutura demográfica e
mento inibir o adensamento da área. econômica, como a expansão dos domicílios unipessoais, majoritaria-
As vantagens comparativas locacionais, que acarretam adensa- mente ocupados por idosos, que passaram de 10,8% em 2005 para
mento em áreas centrais, teriam sido transferidas ao entorno menos 15,1% em 2015.33
restritivo da área tombada, ou seja, à área suplementar. Na dimensão local, a expressão cartográfica34 do processo mostra
A hipótese é que se não existisse ali o instituto do tombamento, o que a área tombada não representa o processo, sugerindo ilhamento
adensamento tenderia a ficar em torno do patamar de 246 habitantes das áreas de baixa densidade populacional e habitacional no interior
por hectare em 2010. Isso equivale a abrigar cerca de 1,7 mil pessoas do distrito da Bela Vista.
a mais no período.30

214 215
Superfície geoestatística da Superfície geoestatística da
densidade populacional do densidade habitacional do
bairro da Bela Vista em 2010 bairro da Bela Vista em 2010
(habitantes/ha) (domicílios/ha)

8 – 67 4 – 28
67 – 104 28 – 44
104 – 128 44 – 54
128 – 165 54 – 70
165 – 224 70 – 94
224 – 318 94 – 131
318 – 466 131 – 190
466 – 701 190 – 280
701 – 1.072 280 – 420
1.072 – 1.661 420 – 639

Área tombada Área tombada


(Resolução Conpresp (Resolução Conpresp
02/2002) 02/2002)

Perímetro de Perímetro de
tombamento (Resolução tombamento (Resolução
Conpresp 11/1990) Conpresp 11/1990)

Bem tombado por Bem tombado por


resoluções específicas resoluções específicas

Área envoltória Área envoltória

Resolução de área Resolução de área


envoltória envoltória

Zepec-APC/TICP Zepec-APC/TICP
Paulista/Luz (PDE São Paulista/Luz (PDE São
Paulo, 2014)
As extensas continuidades de áreas de baixas densidades decor- Paulo, 2014)
Em sentido centrífugo, o mapeamento das menores densidades
rem do uso predominante de comércio e serviços nos eixos viários irradia-se do centroide dos polígonos formados pelas áreas tombadas
Limite de distrito das avenidas Paulista, 23 de Maio e pelo centro histórico da cidade, no Limite de distrito em 2002, abrangendo praticamente toda a área da Grota.
Fonte dos dados primários:
distrito da Sé. Fonte dos dados primários:
Combinadas, essas feições configuram o ilhamento das áreas
Resultados do Universo do Esses eixos descontinuam o adensamento entre a Bela Vista/ Resultados do Universo do tombadas de fora para dentro, em sentido centrípeto, e de dentro para
Censo Demográfico, IBGE, Bexiga e o entorno envolvente em três setores de indução de adensa- Censo Demográfico, IBGE, fora, em sentido centrífugo.
2010 2010
mento nos perímetros de tombamento em sentido centrípeto: Mais do que mera geometria, esboça-se a geografia da tensão
experimentada pelas áreas sujeitas ao tombamento – espremidas
– a Nordeste, no distrito da Consolação, na altura das ruas Piauí entre a pressão exercida por forças econômicas que buscam avançar
e Sergipe, no alinhamento com a praça 14 Bis, na avenida 9 de por sobre as áreas tombadas – e as regulamentações restritivas que
Julho; deveriam representar resistências do interesse comum em preservar
– ao Norte, no distrito da República, no alinhamento entre a avenida os lugares da memória urbana do Bexiga. Mas não é bem assim. Infe-
São Luís, rua Santo Antônio e viaduto Jacareí; lizmente, a restrição é formalística, cartorial. Por consequência, produz
– a Sudeste, no distrito do Jardim Paulista, no alinhamento entre a uma espécie particular de adensamento. Deriva do comportamento
avenida Brigadeiro Luís Antônio e o viaduto Armando Puglisi. demográfico de áreas onde o aumento da densidade construtiva teria
sido impedido pelas normas restritivas do tombamento.
Menos intensa, outra descontinuidade é esboçada a Sudeste, no Se há aumento da densidade, está relacionada ao encortiçamento,
distrito da Liberdade, na altura do viaduto Beneficência Portuguesa, expressão espacial da moradia da população de baixa renda em busca
no alinhamento com a praça Amadeu Amaral (D), um dos elementos das localizações centrais beneficiadas com equipamentos, serviços
constituidores do ambiente urbano previstos no artigo 1º da Resolução e infraestruturas. É uma espécie de adensamento que, tendendo a
n. 22/2002 com nível de preservação 1.35 aumentar com o tempo, está associado ao empobrecimento estrutu-
Note-se que a área compreendida entre as ruas São Carlos do ral das áreas tombadas. É o que mostra a análise do mapeamento do
Pinhal, Itapeva e Pamplona (incluída no Igepac de 1985 e posterior- Índice de Adensamento Urbano – IAU.
mente excluída) representa baixíssima densidade populacional e Formado pela taxa de crescimento média geométrica anual das
habitacional. densidades populacional e habitacional no período 2000-2010, o IAU
Na região encontra-se o Hospital Umberto I, ou Hospital Mata- é um índice sintético aplicado ao buffer de 1 quilômetro do distrito da
razzo,36 rodeado de edifícios comerciais e médios, bem como grandes Bela Vista.
condomínios verticais, seguindo o padrão de ocupação do eixo da Em princípio, o índice capta dinâmicas de adensamento provenien-
avenida Paulista. tes do tombamento de 2002.

216 217
Superfície do Índice de Cortiços no bairro da Bela
Adensamento Urbano – IAU, Vista em janeiro de 2020,
2000-2010 segundo o Geosampa

0,518 – 0,572 Cortiço


0,572 – 0,599
0,599 – 0,612 IAU = (A + B)/2
0,612 – 0,618
0,618 – 0,622 Onde:
0,622 – 0,625 A TCMGA de
0,625 – 0,632 adensamento
0,632 – 0,645 populacional 2000–2010
0,645 – 0,671 B TCMGA de
0,671 – 0,725 adensamento
habitacional 2000–2010
Área tombada
(Resolução Conpresp
02/2002)

Perímetro de
tombamento (Resolução
Conpresp 11/1990)

Bem tombado por


resoluções específicas

Área envoltória

Resolução de área
envoltória

Zepec-APC/TICP
Paulista/Luz (PDE São Praças e escadaria tombadas em áreas com baixa densidade não Apesar de o impacto demográfico desses sete lançamentos não
Paulo, 2014)
impediram a tendência de adensamento no período 2000-2010. No ter sido registrado no censo de 2010, compareceu, como tendência,
Limite de distrito coração da Grota, é o caso da praça Dom Orione e da escadaria do no adensamento do período 2000-2010.
Bexiga. Também é o caso do eixo de adensamento constituído desde a Sé,
Fonte dos dados primários:
Resultados do Universo do
O adensamento é possível em perímetro regulamentado por centro histórico da cidade, ao longo da avenida 23 de Maio, no distrito
Censo Demográfico, IBGE, normas de tombamento restritivas do aumento da ocupação da área. da Liberdade.
2000 e 2010 Resulta da tendência de crescimento da densidade populacional e da
Empreendimentos imobiliá-
densidade habitacional viabilizada pela produção de domicílios em rios no perímetro de tomba-
cômodos – os cortiços. mento de 1990, 1990-2016
Não por acaso, no período 2000-2010, a variação percentual dos
1990–2001
domicílios em cômodos no distrito da Bela Vista foi de 45,7%, e a
de casas, -23,7% (ver gráfico de variação percentual do número de 2002–2016
domicílios.
Mas não é a única forma particular de adensamento. Há outras.
Por exemplo, a tendência de adensamento no eixo da avenida 9 de
Julho (eixo A) e em regiões vizinhas da Consolação e República, espe-
cialmente na área sob influência da envoltória do TBC e Teatro Oficina,
porém externa aos 78 hectares tombados (eixo B). Esse adensamento
urbano difere do da área da Grota, na medida em que a tendência de
crescimento da densidade populacional e da densidade habitacional,
uma vez que não é sujeita às normas restritivas, decorre da expansão
de estoque de domicílios promovida pela verticalização.
O mapeamento do IAU inter-relaciona-se com os lançamentos
imobiliários. Ele indica que o adensamento está mais associado aos
empreendimentos imobiliários na sessão Norte do tombamento, já no
distrito da República, sob influência das áreas envoltórias do TBC e
Teatro Oficina estabelecidas desde 1991 pelo Conpresp.
Após o tombamento desses dois teatros, foram lançados oito
empreendimentos em suas áreas envoltórias. Mais precisamente, um
em 1992 e sete entre 2010 e 2015.

218 219
Participação dos domicílios Índice de Segregação
particulares permanentes Socioespacial, São Paulo,
em apartamento no total 2010. Bairro da Bela Vista em
dos domicílios, São Paulo, destaque
2010. Bairro da Bela Vista em
destaque 0,000 – 0,081
0,082 – 0,190
Até 10,9% 0,191 – 0,328
11% – 33,7% 0,329 – 0,489
33,8% – 59,5% 0,490 – 0,990
59,6% – 84,3%
84,4% – 100% Área tombada
(Resolução Conpresp
Área tombada 02/2002)
(Resolução Conpresp
02/2002) Perímetro de
tombamento (Resolução
Perímetro de Conpresp 11/1990)
tombamento (Resolução
Conpresp 11/1990) Bem tombado por
resoluções específicas
Bem tombado por
resoluções específicas Área envoltória

Área envoltória Resolução de área


envoltória
Resolução de área
envoltória Zepec-APC/TICP
Paulista/Luz (PDE São
Zepec-APC/TICP Paulo, 2014)
Paulista/Luz (PDE São
Paulo, 2014) Limite de distrito
A superfície mais escurecida ao Sul da área suplementar aden- O adensamento urbano é resultado da tendência de crescimento
Limite de distrito Fonte dos dados primários:
sou-se com cerca de treze empreendimentos (eixo D). Sete foram Resultado do Universo do
da densidade populacional e da densidade habitacional viabilizada pela
Fonte dos dados primários: lançados antes do tombamento de 2002; seis, depois. Censo Demográfico, IBGE, produção de domicílios em cômodos.
Resultados do Universo do Entre 1990 e 1992, logo após a publicação da Resolução n. 11, 2010 O adensamento produzido em uma área, por depender do grau de
Censo Demográfico, IBGE,
2010
que abre o processo de tombamento, houve apenas dois lançamentos restrição das normas nela incidente, tende a se realizar pelo encortiça-
imobiliários.37 mento ou pela verticalização.
Já entre 1993 e 2001, período que antecede a resolução que efe- O primeiro caso ocorre na área tombada (A), onde o aumento da
tiva o tombamento do bairro da Bela Vista em 2002, foram lançados densidade construtiva está inibido por normas restritivas. O segundo
quinze empreendimentos com 1.561 unidades habitacionais, 173,4 caso ocorre na área suplementar de tombamento (A-B), onde as
unidades/ano em média.38 normas restritivas, limitando-se à envoltória dos lotes dos bens tom-
Após o tombamento, e até 2016, foram lançados 22 empreen- bados, produzem adensamentos mais associados ao fenômeno de
dimentos imobiliários com 3.524 unidades habitacionais, gerando a verticalização.
média de 234,9 unidades/ano.39 De um modo ou de outro, o Bexiga é uma área enclausurada em
Esse comportamento explica a tendência de crescimento dos meio à tendência expansiva de verticalização de São Paulo.
domicílios em apartamentos no período intercensitário de 2000-2010. A predominância de domicílios em apartamentos sinaliza que o
Indica também a provável diminuição na metragem das unidades bairro se encontra prensado entre o mercado imobiliário direcionado à
habitacionais.40 classe média, representado pela verticalização conduzida pelos eixos
Cabe observar que os empreendimentos se localizaram na área centrípetos em A, C e D, e o mercado imobiliário popular, em B.
suplementar externa às áreas tombadas, mas no limite do perímetro Essa feição associa o grau de desigualdade socioespacial do
de tombamento. Bexiga entre os bairros privilegiados do Sudoeste da cidade e as exten-
Partindo do princípio de que a expansão do adensamento reflete sas periferias mais empobrecidas a Leste.
a busca por áreas com maior valor locacional, os baixos IAU sinalizam Na altura do Bexiga, a desigualdade socioespacial41 territorializa
uma das hipóteses: áreas com tendência à deterioração, como setores verdadeira cisão entre a vertente Sudoeste do Espigão da Paulista e
urbanos da Grota e ao Norte das áreas envoltórias do Oficina e TBC, sua vertente Nordeste, rumo ao centro e bairros operários históricos
ou áreas de presença de classe média, como no trecho do Hospital de São Paulo.
Matarazzo. O bairro marca uma zona de transição acentuada pela desigual-
Conclusão: as políticas de restrição impediram o aumento da dade socioespacial e pelo empobrecimento, o que, aliás, não é particu-
média anual de lançamentos de unidades habitacionais na área laridade do bairro.
tombada e também induziram, seletivamente, o adensamento do
bairro.

220 221
Empobrecimento o esvaziamento populacional ocorreu paralelamente à ocorrência de
áreas onde foi negativo o crescimento anual de responsáveis com ren-
O lugar empobreceu junto com a cidade e com o país. dimento até dois salários mínimos. Na Bela Vista, a variação percentual
É quase certo que o tombamento ajudou a agravar as condições foi de -3,45%.
sociais do Bexiga, mas o processo estrutural e generalizado de empo-
brecimento é alarmante. A tendência, crescente. Superfície geoestatística da
No Brasil, em 1991, 59,7% dos responsáveis pelos domicílios taxa de crescimento média
geométrica anual do número
tiveram rendimento de até dois salários mínimos. Em 2010, eram 71%. de responsáveis com rendi-
O salto foi maior no estado de São Paulo (37,4% em 1991 e 59,7% em mento até 2 salários míni-
2010) e dobrou no município da capital (28,2% em 1991 e 56,1% em mos, São Paulo, 1991-2000
2010). --8,2% – -5,8%
-5,8% – -4,0%
-4,0% – -2,5%
-2,5% – -1,3%
Participação dos responsá- Item Geográfico 1991 2000 2010 -1,3% – 0,2%
veis com rendimento até 2 0,2% – 2,1%
salários mínimos no número 2,1% – 4,4%
total de responsáveis, Brasil 59,9 53,7 71,0 4,4% – 7,3%
segundo item geográfico, em 7,3% – 11,0%
diversas escalas territoriais, Estado de São Paulo 37,4 34,7 59,7 11,0% – 15,5%
1991-2010
Região Metropolitana de São Paulo 30,3 32,2 59,2 Capital estadual

Município de São Paulo 28,2 29,5 56,1 Sede de município

Distrito da Bela Vista 15,8 12,4 27,4 Limite de município

Região Metropolitana
Variação percentual do Item Geográfico Total Até 2 salários de São Paulo
número total de respon- mínimos
sáveis e dos responsáveis Área 2
rendimento até 2 salários
mínimos, segundo item geo- Brasil 62,2 92,4 Fonte dos dados primários:
gráfico, em diversas escalas Banco Multimensional de
territoriais, 1991-2010 Estado de São Paulo 55,3 147,9 Estatísticas, IBGE; Área 2:
Nakano, 2018, p. 62
Região Metropolitana de São Paulo 49,3 191,5
No extremo oposto, Vila Andrade, Anhanguera e Grajaú encabe-
Município de São Paulo 36,1 170,5 çam a lista dos distritos com crescimento anual positivo: 21%, 19%
Distrito da Bela Vista 6,5 85,3
e 18%, respectivamente. Eles exemplificam o Grupo 3, distritos da
periferização persistente.45
Associando-se ambas as dinâmicas, o comportamento demográ-
No período 1991-2010, no Brasil, o número de responsáveis fico nos anos 1990 foi marcado pelo afastamento da população de
cresceu 62,2% e a faixa de rendimento até dois salários mínimos, baixa renda do centro expandido para os bairros mais periféricos. Já
92,4%. o mapa do período 2000-2010 revela o sentido inverso. Mostra que
As discrepâncias foram ainda maiores em relação ao estado e os distritos do centro expandido, em especial os mais ricos a Sudo-
à capital (55,3% e 147,9%; 36,1% e 170,5%, respectivamente), e o este do município, foram também aqueles com o maior crescimento
mesmo quanto ao distrito da Bela Vista (6,5% e 85,3%), o que sugere do número de responsáveis com rendimento de até dois salários
que o aumento demográfico da população e a concentração de renda mínimos.
vêm acelerando o empobrecimento. Isso se nota com mais evidência Considerando que esses distritos passaram a ganhar moradores
nas metrópoles, produzindo involução metropolitana como tendência nos anos 2000 e representam áreas com altas taxas de crescimento na
característica da urbanização brasileira.42 faixa de rendimento de até dois salários mínimos, é possível depreen-
Na escala local, as repercussões da involução metropolitana no der que o repovoamento implicou, também, empobrecimento.
bairro do Bexiga remetem às dinâmicas de esvaziamento e inversão Nesse aspecto, o empobrecimento dessas áreas do centro expan-
demográfica particularmente observadas no centro expandido de São dido ocorre paralelamente ao crescimento positivo dos responsáveis
Paulo,43 em que se observa que o aumento da população nos anos com rendimento maior que cinco salários, confirmando que “essas
2000 ocorreu associado ao aumento da população de baixa renda. áreas já tinham em 2000 renda bastante alta em média (R$ 2.300
O mapa da taxa de crescimento geométrico anual no período contra R$ 1.000 das demais áreas) [e que] em 2010, os indicadores
1991-2000 do número de responsáveis com rendimento até dois positivos tenderam a se repetir, com renda mais alta (R$ 4.100, contra
salários mínimos44 indica que o centro expandido, a Área 2 definida R$ 1.100 de todas as demais)”.46
por Nakano, corresponde às áreas de menor crescimento. Ou seja,

222 223
Superfície geoestatística da estaria situada em torno dos 154%, patamar registrado para o distrito
taxa de crescimento média
geométrica anual do número
da Bela Vista.
de responsáveis com rendi- Detalhe: fatores intrínsecos ao âmbito local, tais como os impac-
mento até 2 salários míni- tos do sistema viário nos distritos da República, Consolação e Jardim
mos, São Paulo, 2000-2010
Paulista, podem explicar por que as variações foram mais elevadas
-1,7% – 2,5% nesses distritos (220%, 208% e 217%, respectivamente), assim como
2,5% – 5,1% menos elevadas na Sé, Liberdade e Vila Mariana (120%, 138% e 129%,
5,1% – 6,8%
6,8% – 7,8%
respectivamente).49
7,8% – 8,5%
8,5% – 8,9% 235
8,9% – 9,5% Variação percentual do Área tombada
9,5% – 10,6% número total de respon- pela Res. 22/2002 (B)
10,6% – 12,2% sáveis e dos responsáveis 21,64
12,2% – 14,8% rendimento até 2 salários
mínimos, segundo item geo-
gráfico, em diversas escalas Perímetro de tombamento 225
Capital estadual territoriais, 2000-2010 pela Res. 11/1990 (A)
22,37
Sede de município
Até 2 salários mínimos
Limite de município (inclusive sem 219
rendimento) Área suplementar (A-B)
Região Metropolitana 22,72
de São Paulo
Linear: até 2 salários
Área 2 mínimos (inclusive sem
rendimento) Distrito da Bela Vista 154
Fonte dos dados primários:
Banco Multimensional de Total dos domicílios 15,04
Estatísticas, IBGE; Área 2:
Nakano, 2018, p. 62
A coexistência paradoxal dessas dinâmicas evoca a atualidade da Linear: total dos Município de São Paulo 124
configuração do espaço dividido de Milton Santos,47 tendência de se domicílios
produzir, convivendo lado a lado, territorialidades dos dois circuitos da 17,77
economia urbana dos países subdesenvolvidos.
E esse fenômeno geral, brasileiro, se desenvolveu ao mesmo Região metropolitana 121
tempo em que evoluía, na escala local, o processo de tombamento de São Paulo
do bairro. O Bexiga é um pequeno Brasil. Reflete processos gerais. 20,02
Complementarmente, realizam-se aí, e ao mesmo tempo, dinâmicas
próprias, que não acontecem em outros lugares. Estado de São Paulo 109
Assim, se a involução metropolitana desencadeia transformações
operadas no Bexiga, o tombamento também, por sua vez, interfere na 21,57
produção daquele espaço em particular.
A caracterização demográfica, portanto, tem que levar em conta Brasil 67
a associação dessas dinâmicas e processos. Uma coisa é certa:
as especificidades apontadas pelo tombamento fazem do Bexiga 26,24
um lugar único. O lugar tende a adensar-se e, ao mesmo ritmo,
empobrecer-se. No caso do empobrecimento do Bexiga, aos fatores que podem
Se a imposição de medidas restritivas incidiu no ilhamento da ter sido causados pela Resolução n. 22/2002, somam-se o estrutural
área e numa espécie particular de adensamento, ora encortiçado, do Brasil.
ora verticalizado, as mesmas normas devem ter igualmente con- Levando em conta a variação percentual dos responsáveis com
tribuído para atribuir ali, no Bexiga, uma composição particular de rendimento de até dois salários mínimos, o Brasil empobreceu bas-
empobrecimento. tante no período 2000-2010 (67%).
No período 2000-2010, portanto, no intervalo que compreende Mas no estado de São Paulo o crescimento das pessoas nessas
impactos decorrentes da Resolução n. 22/2002, o crescimento dos condições foi bem maior (109%) e maior ainda na região metropolitana
responsáveis nas unidades territoriais de análise com rendimento até e no município de São Paulo (121% e 124%, respectivamente).
dois salários mínimos48 foram mais elevadas do que as registradas no E o distrito da Bela Vista (154%) empobrece mais que a região
distrito da Bela Vista. metropolitana e o município, a área suplementar empobrece mais que
Por hipótese, se a Resolução n. 22/2002 não tivesse sido publi- o distrito (219%), a área tombada empobrece mais que todas as outras
cada, a variação percentual de 235% no perímetro de tombamento unidades territoriais. Culmina em 235%.

224 225
O efeito é em cascata. O lugarejo cresce menos que a metrópole, a Em relação à área do perímetro de tombamento (A):
metrópole cresce menos que a região, a região menos que o estado, e
o estado menos que o país (ver gráfico de variação percentual). – na área tombada (B), com restrições normativas mais severas, o
Atribuída à involução metropolitana, o fenômeno marca o fluxo adensamento é menos acelerado, aumenta com o encortiçamento,
crescente de pobres para as grandes metrópoles, ao mesmo tempo e o empobrecimento tende a ser maior;
em que os fluxos crescentes das classes médias tendem a ser acolhi- – na área suplementar (A-B), com restrições normativas mais bran-
dos por outras cidades, grandes ou intermediárias, dotadas de formas das, o adensamento é mais acelerado, aumenta com a verticaliza-
econômicas mais modernas.50 ção, e o empobrecimento tende a ser menor.
Exemplo:
Em ambas as circunstâncias, as áreas configuram territorialidades
Em 2010, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo,51 respec- ilhadas em razão da amplitude das normas de tombamento, se mais
tivamente 18,9% e 13,8% dos responsáveis pelos domicílios ou menos restritivas.
declararam renda nominal mensal de até um salário mínimo.52 Em
Florianópolis, 9,1%. Na classe de renda superior a quinze salários Pistas
mínimos é o contrário. Florianópolis representou 8,6% e o Rio de
Janeiro e São Paulo, 5,1%. [...] Com perfis de renda semelhantes, Pauperização, indisponibilidade de recursos financeiros públicos ou
Rio de Janeiro e São Paulo contrastam-se em relação à Florianópo- privados para manutenção de objetos tombados e dos espaços da
lis. Antigas e novas metrópoles.53 memória, estigmatização étnica,56 mercadorização da cultura como
estratégia de revitalização urbana,57 patrimonialização e turistificação
Na dimensão intraurbana, a natureza do deslocamento não é do bairro que desconhecem cotidianos e vivências banais dos prati-
diferente: Bela Vista e República, áreas centrais e consolidadas da cantes do lugar,58 tudo isso, e mais um pouco, constrange enorme-
cidade, tendem a receber fluxos de pobres; Tatuapé, Campo Belo e mente o Bexiga.
Vila Leopoldina, os novos bairros nobres da cidade, tendem a abrigar Projetos hegemônicos, em contraposição às artes do fazer dos
moradores da classe média. homens comuns,59 à força dos homens lentos,60 transformam o Bexiga
Assim, no período 1991-2000, houve a dispersão dos responsáveis em uma arena de disputa que tende a acirrar a deterioração do lugar
com rendimento de até dois salários mínimos do centro expandido. e a produzir, ali, uma paisagem ilhada pela cidade mais bem cuidada
E, na década seguinte, o retorno ao centro de pessoas com essa faixa pela municipalidade.
de rendimento. Uma dinâmica que produz involução metropolitana na Feição perceptível na paisagem do bairro, o ilhamento, deliberada-
dimensão local. mente ou não, insinua-se como instrumento que aposta que o afrouxa-
A desigualdade associada ao repovoamento do centro expandido mento das resistências locais possa, ao final, impor os interesses dos
é uma face da involução metropolitana. Ou melhor, da involução intra- agentes econômicos como única saída possível. Mas não é.
metropolitana, que mostra peregrinação dos pobres e o esgarçamento De baixo para cima,61 o outro projeto pressupõe que o lugar se
do tecido social nas metrópoles brasileiras.54 sobreponha ao contexto, o modo de vida ao estilo de vida,62 uma
A dinâmica local do Bexiga é acionada por processos gerais, como negociação entre iguais que eleva a ação social, frequentemente
esses, da urbanização brasileira. esvaziada pelo ativismo, a ação pela ação, ao patamar da ação
De um modo ou de outro, o fato é que essas porcentagens expli- política.63
cam a indigência das políticas públicas territoriais no país. O abandono
é crônico.55 A problemática da ação política continua vigendo e está aberta
Com base nessas variáveis, e a elas se restringindo, conclui-se que como lugar da reflexão, como lugar dos projetos, de construção de
o quadro social dos moradores do Bexiga é produzido pela combina- projetos, como lugar estratégico, como pensar estrategicamente,
ção dos efeitos negativos do tombamento, no âmbito local, da involu- como escrever táticas dentro de estratégias, como compreender
ção metropolitana e intrametropolitana, na dimensão urbano-regional, as forças opositoras, como compreender que eu não ando sozinho
e, mais ainda, pelo agravamento das condições sociais do país. sem considerar a ação do outro. Isto é a ação política. Isto é o
Por meio da agregação dos setores censitários segundo as áreas tabuleiro do jogo político.64
sob efeito direto ou indireto do tombamento, as variáveis ainda suge-
rem a conformação de territorialidades. No caso do Bexiga, os vetores de indução de adensamento nos
Elas são vislumbradas com as feições demográficas do adensa- perímetros de tombamento em sentido centrípeto tendem a espaciali-
mento e do empobrecimento da cidade de São Paulo, e tanto se distin- zar tais forças opositoras. Representam macroatores, aqueles a quem
guem entre si, quanto em relação ao distrito da Bela Vista. cabe, “direta ou indiretamente a tarefa de organizar o trabalho de
No espaço compreendido pelo perímetro de tombamento (A), o todos os outros”.65
comportamento da área tombada (B) e da área suplementar (A-B) é
diferente. Em princípio, a existência de restrições normativas, mais Por intermédio dos mencionados pontos do espaço de fluxos [as
severas ou mais brandas, interfere no comportamento demográfico verticalidades], as macroempresas acabam por ganhar um papel
das unidades. de regulação do conjunto do espaço. Junte-se a esse controle a

226 227
ação explícita ou dissimulada do Estado, em todos os seus níveis
territoriais. Trata-se de uma regulação frequentemente subordinada
porque, em grande número de casos, é destinada a favorecer os
atores hegemônicos. Tomada em consideração determinada área,
o espaço de fluxos [verticalidades] tem o papel de integração com
níveis econômicos e espaciais mais abrangentes. Tal integração
[...] é vertical, dependente e alienadora, já que as decisões essen-
ciais concernentes aos processos locais são estranhas ao lugar e
obedecem a motivações distantes.
Nessas condições, a tendência é a prevalência dos interesses
corporativos sobre os interesses públicos, quanto à evolução do
território, da economia e das sociedades locais. Dentro desse
quadro, a política das empresas – isto é, sua policy – aspira e con-
segue, mediante uma governance, tornar-se política; na verdade,
uma política cega, pois deixa a construção do destino de uma área
entregue aos interesses privatísticos de uma empresa que não tem
compromissos com a sociedade local.66

Conclusões

Em 30 de outubro de 2017, Carlos Augusto Mattei Faggin, então pre-


sidente do Condephaat, publicou no website da instituição uma carta
com o objetivo de “prestar a devida informação sobre o Teatro Oficina
e o terreno que o circunda”:

A questão que envolve o Teatro Oficina teve início há 37 anos. Em


1980, o Grupo Silvio Santos comprou terrenos na quadra onde
funcionava o Teatro Oficina, este locatário de uma antiga residên-
cia, antes uma oficina de automóveis. Daí o nome do teatro: Teatro
Oficina.
Para impedir que esse imóvel fosse vendido por seu proprie-
tário ao grupo Silvio Santos, o teatrólogo José Celso Martinez
Correa, locatário do imóvel, entrou, em 1982, com pedido de
tombamento do Teatro Oficina junto ao Condephaat. O pedido
foi negado e arquivado. Em 1983, o pedido de tombamento foi
reapresentado e o teatro foi tombado por razões históricas – e não
arquitetônicas ou artísticas.
Em seguida, o Teatro passou a sofrer seguidas reformas, sendo
finalmente demolido, para dar origem à construção do atual Teatro
Oficina. A partir de 1983, o Grupo Oficina pleiteou a desapropria-
ção do local pelo governo do estado de São Paulo, o que ocor-
reu em 1984, passando o imóvel do teatro a ser propriedade do
governo do estado, um espaço público com administração cedida
Ensaio fotográfico Bexiga pelo Estado ao próprio Grupo Oficina.
1991, de Cristiano Mascaro
Mais tarde, os arquitetos Lina Bo Bardi e Edson Elito pro-
puseram um novo projeto para o Teatro Oficina, que alteraria
complemente o antigo teatro, incluindo a instalação de um janelão
lateral de 100 m², localizado na divisa do terreno do Oficina com o
terreno do Grupo Silvio Santos.
Em 1991, o Conpresp tombou ex-offício o Teatro Oficina e,
portanto, seguiu o tombamento histórico do Condephaat. Em
2010, o Iphan tombou o Teatro Oficina, incluindo nesse tomba-
mento a arquitetura do edifício atual (projeto Elito) e o janelão
sobre a divisa. Esse tombamento é o único dentre os três dos

228 229
Conselhos de Patrimônio que considera a arquitetura atual do tea- estaduais, um da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB,
tro, lado a lado com a sua importância cultural, o que o faz distinto um do Instituto de Engenharia – IE, um do Instituto de Arquitetos
dos tombamentos do Condephaat e do Conpresp. do Brasil – IAB e um do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Convém destacar também a cronologia das deliberações do Nacional – Iphan.
Condephaat sobre as intervenções propostas no terreno do Grupo Em sessão realizada em 23 de outubro de 2017, por quinze votos
Silvio Santos, vizinho ao Teatro Oficina: a sete, os conselheiros aprovaram parecer que “autoriza a construção
de duas torres de edifícios residenciais com 28 andares em terreno
Dez. 1980 aprovação da demolição dos imóveis da rua Jace- de propriedade do Grupo Silvio Santos, na área envoltória do Tea-
guai, 588, 564, 572, 548, 554, 556, 558 (Processo n. tro Oficina”. Votaram a favor: treze representantes do governo do
21.499/1980); estado, o da CNBB e o do Instituto de Engenharia. Foram contra: seis
Dez. 2000 aprovação do estudo preliminar de ocupação do ter- representantes de universidades públicas e a do Instituto dos Arquite-
reno, projeto de autoria do arquiteto Júlio Neves; tos do Brasil. Faltaram àquela sessão oito conselheiros. Detalhe: dos
Ago. 2006 aprovação de projeto de construção de shopping cen- quatorze representantes do governo, treze compareceram (93%); dos
ter, projeto do arquiteto Marcelo Ferraz; doze representantes das universidades, lamentavelmente, seis (50%).
Maio 2013 aprovação do primeiro projeto de torres Ou seja, o governo votou em bloco a favor da construção de duas
residenciais; torres. E mesmo que os doze representantes de universidades públicas
Set. 2016 indeferimento do segundo projeto para construção de estivessem presentes e votassem em bloco, o governo conseguiria a
torres residenciais; aprovação.
Out. 2017 apresentação de Recurso à Decisão ao Indeferimento Com o aval na esfera estadual do Condephaat, em 2017, logo em
pelo Grupo Silvio Santos. seguida deslancharam-se decisões favoráveis ao empreendimento nas
instâncias federal e municipal de preservação do patrimônio. No Iphan,
A relatoria do Parecer a esse recurso coube ao representante em maio de 2018, e em dezembro do mesmo ano, no Conpresp.
da Procuradoria Geral do Estado, dr. Fábio André Uema, que No contraponto, o Projeto de Lei n. 805/2017 propõe a criação do
manifestou um voto técnico respondendo, uma a uma, a todas as Parque do Bixiga:
questões colocadas na petição de recurso. Concluiu o Parecer pelo
voto de autorizar a construção das torres, com o entendimento de Lugar de transmissão de conhecimento, o Parque do Bixiga se
que o afastamento proposto no projeto – 20 metros da divisa com estrutura através de um programa público abrangente confluindo
o teatro e com o Janelão – assegura a visibilidade e o destaque educação, saúde e ecologia, concebido a partir da contribuição de
do bem tombado. Votaram com ele catorze conselheiros, e sete um bairro marcado pela diversidade, tornando-se assim um lugar
conselheiros foram contrários ao Parecer. onde se pratica a mistura das faixas etárias, das classes sociais,
Nessa situação, por se tratar de recurso, prevê o Regimento dos comportamentos e se cultivam as biodiversidades naturais e
Interno do Condephaat que a decisão favorável ao voto do Relator sociais. O convívio entre as pessoas e sua inevitável contribuição
necessita de quórum qualificado de 2/3 dos presentes. Foi isso para a construção de uma cidade mais pública e voltada para o
o que ocorreu: quinze votos favoráveis ao Parecer, sete votos interesse comum.
contrários e não houve abstenções. Sete conselheiros justifica- [...]
ram a ausência à reunião. Restou assim aprovado o Parecer que O Parque do Bixiga, além de compor com generosidade a
autoriza a construção de duas torres de edifícios residenciais com paisagem de um território protegido pelo seu valor urbanístico,
28 andares em terreno de propriedade do Grupo Silvio Santos, na contribui para revelá-lo, sobretudo a expressiva arquitetura do
área envoltória do Teatro Oficina. Teatro Oficina, que instalado no terreno, torna-se equipamento
Cabe lembrar, por fim, que para o Condephaat não existe o cultural integrado ao parque, amplificando o valor arquitetônico e a
instituto do destombamento. Dessa forma, o Teatro Oficina perma- vida cultural desta grande área pública.68
nece tombado e não poderá ser demolido. Acresce o fato de que o
Teatro Oficina não poder mais ser vendido a ninguém, por ser um Atualmente, o projeto ainda se encontrava em tramitação na
espaço público. Câmara Municipal de São Paulo.
Em razão disso, o Estado e o Condephaat não podem, em O Bexiga é mesmo um pequeno Brasil.
nenhuma hipótese, impedir que o Grupo Silvio Santos exerça o Esses relatos exemplificam e refletem a natureza das dificuldades
direito de construir em sua propriedade, respeitadas as regras das de muitas outras localidades sob impacto deletério da globalização.
Diretrizes de Tombamento do teatro. Esse impedimento, se ocor- Escancara a natureza da ação política em jogo entre projetos de forças
resse, seria ilegal e arbitrário, a partir da consideração de que a Lei tão opositoras. Expõe o gestionarismo, que impede de alcançar aspira-
observa a todos como pessoas iguais em seus direitos.67 ções libertárias e fraternais.

O Conselho do Condephaat é composto por trinta membros, Os dirigentes rodeiam-se de tecnocratas e econocratas; fiam-se no
que representam diferentes segmentos: quatorze são do governo saber parcelar dos peritos, que lhes parece garantido – cientifica-
do estado, incluindo o presidente do órgão, doze de universidades mente, universitariamente. Fecharam os olhos a todos os grandes

230 231
problemas. O político afundou-se no econômico. A consulta Notas 1. CONPRESP. Resolução n. 22/2002. Tom- 15. Área do Bexiga: 65,1 hectares; área da
bamento do bairro da Bela Vista. Vila Itororó: 2,2 hectares; área da Grota:
permanente das sondagens é a sua bússola. O grande projeto 2. Cf. RIBEIRO, Ana Clara Torres. Território 10,3 hectares. Cf. os polígonos presentes
desapareceu.69 usado e humanismo concreto: o mer- em “Patrimônio cultural, bens protegi-
cado socialmente necessário. dos, áreas envoltórias Conpresp”. PRE-
3. RIBEIRO, Ana Clara Torres; SILVA, Catia FEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO.
Um lamentável jogo de cartas marcadas, no qual governo e inicia- Antonia da. Impulsos globais e espaço Geosampa – Mapa digital da cidade de
tiva privada frequentemente se juntam contra o social. União, estado urbano: sobre o novo economicismo, p. São Paulo.
e município apostam e atuam imoralmente em direção à deteriora- 364. 16. Resultado da intersecção das áreas
4. HABERMAS, Jürgen. Apud SANTOS, tombadas (cf. nota anterior) com os 865
ção dos espaços, para depois entregá-los à iniciativa privada de mão Milton. A natureza do espaço: técnica e imóveis tombados, excluídos os cinco
beijada. tempo, razão e emoção, p. 230. elementos constituidores do ambiente
Nesse sentido, é emblemático o caso da sessão do Condephaat, 5. Ver: SOMEKH, Nadia. A construção da urbano. Cf. os polígonos presentes em
cidade, a urbanidade e o patrimônio “Patrimônio cultural, bens protegidos,
que, em 23 de outubro de 2017, autorizou o grupo Silvio Santos a ambiental urbano: o caso do Bexiga, São bem tombado e/ou em processo de tom-
construir duas torres de edifícios no entorno do Teatro Oficina. Um Paulo. bamento”. PREFEITURA DA CIDADE DE
embate muito desigual em que o social já sai em prejuízo. 6. RIBEIRO, Ana Clara Torres. Cartografia SÃO PAULO. Geosampa – Mapa digital
da ação social: região latino-americana da cidade de São Paulo (op. cit.).
Portanto, urgem práticas e políticas territoriais socialmente e novo desenvolvimento urbano, p. 17. Exclusive o Reservatório da Bela Vista,
necessárias.70 153. Sabesp, na praça Amadeu Amaral,
7. “A iniciativa do pedido de abertura de 14.
tombamento pelo Conpresp do bairro 18. CONDEPHAAT. Resolução n. SC 63/82.
Políticas e práticas territoriais socialmente necessárias não são da Bela Vista em 1989 partiu do apelo Tombamento do Teatro Brasileiro de
apenas urgências. São elementos constitutivos da história. Inde- popular, que justificava a importância de Comédia.
pendem dos sujeitos, ou melhor, do sujeito particular, do interesse preservação do bairro para manter ínte- 19. CONPRESP. Resolução n. 05/91. Por
gra a sua unidade urbanística e social.” decisão unânime dos Conselheiros
particular. Impõem o bem comum, o interesse comum, plantados D’ALAMBERT, Clara Correia; FERNAN- presentes à reunião realizada aos
de longa data na organização do espaço das cidades brasileiras DES, Paulo Cesar Gaioto. Bela Vista: a cinco dias do mês de abril de 1991, o
com potência inédita. A diferença é que o “comum” não é mais, preservação e o desafio da renovação de Conselho Municipal de Preservação do
um bairro paulistano, p. 153. Patrimônio Histórico, Cultural e Ambien-
e tão somente, um princípio normativo. [...] O interesse comum 8. CONPRESP. Resolução n. 11/90. Por tal da Cidade de São Paulo – Conpresp,
relativiza e subordina o interesse particular.71 unanimidade de votos dos Conselheiros resolve, nos termos e para os fins da
presentes à reunião realizada aos 19 de Lei n. 10.032/85, com as alterações
outubro de 1990, o Conselho Municipal introduzidas pela Lei n. 10.236/86,
Felizmente, em 19 de junho de 2019, o Ministério Público do de Preservação do Patrimônio Histórico, tombar “ex-officio” os bens abaixo
Estado de São Paulo conseguiu liminar “impedindo que as empresas Cultural e Ambiental da Cidade de São descriminados.
RBV – Residencial Bela Vista Empreendimentos Imobiliários e Sisan Paulo – Conpresp, resolve, nos termos 20. CONDEPHAAT. Processo n. 22.368/82.
e para os fins da Lei n. 10.032/85, com Tombamento do Teatro Oficina.
Empreendimentos Imobiliários comecem ou continuem obras em as alterações introduzidas pela Lei n. 21. CONPRESP. Resolução n. 05/91 (op.
empreendimentos situados nas proximidades do Teatro Oficina”. 10.236/86, abrir processo de tomba- cit.).
A liminar impede também que o “Judiciário suspenda a tramitação mento dos seguintes bens. 22. IPHAN. Processo n. 1515-T-04. Tomba-
9. CONPRESP. Resolução n. 01/93. mento do Teatro Oficina.
e a eficácia de procedimentos da Secretaria Municipal de Urbanismo e Revisão de abertura de processo de 23. CONDEPHAAT. Processo n. 00250/73.
Licenciamento, do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio tombamento Tombamento do Castelinho da
Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo; e do Conselho 10. As medições aproximadas das áreas Brigadeiro.
mencionadas neste artigo foram calcu- 24. CONPRESP. Resolução n. 05/91 (op.
de Defesa do Patrimônio Histórico, todos referentes às obras”.72 ladas a partir do georreferenciamento cit.).
dos perímetros disponíveis em mapas e 25. Dos 78 hectares de área tombada pela
documentos. Resolução n. 22/2002, 63 estão na Bela
11. Cf. VERCELLI, Giulia; TIRELLO, Regina Vista. Os outros 15 hectares estão no
Andrade. Reinventariar para intervir: distrito da República. A área do perí-
perspectivas de conservação do bairro metro de tombamento de 214 hectares
do Bexiga em São Paulo. estipulado pela Resolução n. 11/90 cobre
12. BAFFI, Mirthes I. S. O Igepac SP e os 79% do território do distrito da Bela
outros inventários da Divisão de Preser- Vista, que é de 273 hectares.
vação do DPH: um balanço, p. 178. 26. “Grupo 2 – Distritos do centro expandido
13. Idem, ibidem, p. 182. que perderam moradores na década de
14. “I. Praça Amadeu Amaral (NP1); II. Praça 1990 e passaram a ganhá-los na década
Dom Orione (NP1); III. Escadaria das de 2000 – denominado ‘repovoamento’
ruas 13 de Maio e dos Ingleses (NP1); e inversão demográfica.” Cf. NAKANO,
IV. Encostas e Muros de Arrimo da Anderson Kazuo. Desigualdades habi-
rua Almirante Marques de Leão (Setor tacionais no “repovoamento” do centro
09/Quadra 19) (NP1); V. Arcos da rua expandido do município de São Paulo, p.
Jandaia (NP1); VI. Imóveis isolados e 62.
conjuntos arquitetônicos identificados 27. Cf. BAFFI, Mirthes I. S. Op. cit., p.
no Anexo I.” CONPRESP. Resolução n. 182.
22/2002. Tombamento do bairro da Bela
Vista (op. cit.).

232 233
28. Cf. NAKANO, Anderson Kazuo. Desigual- 38. Idem, ibidem, p. 77. 58. Cf. PORTELA, Thais de Bhanthumchinda.
dades habitacionais no “repovoamento” 39. Idem, ibidem. Cartografias da ação e as grafias [im]
do centro expandido do município de 40. Idem, ibidem, p. 79. possíveis no território usado das cidades
São Paulo (op. cit.), p. 66. 41. Cf. SILVA NETO, Manoel Lemes da. contemporâneas. Ou: uma pequena con-
29. CONPRESP. Resolução n. 22/2002. Configurações espaciais da urbanização versa com Ana Clara Torres Ribeiro.
Tombamento do bairro da Bela Vista (op. contemporânea: adensamento urbano, 59. Cf. CERTEAU, Michel de. A invenção do
cit.). sistemas de espaços livres e constituição cotidiano: artes de fazer.
30. Resultado da aplicação da taxa de da esfera pública no Brasil, p. 19-20. 60. Cf. SANTOS, Milton. A urbanização brasi-
crescimento de 8,7% da densidade na 42. Cf. SANTOS, Milton. A urbanização leira (op. cit.), p. 81-86.
área suplementar aos 227 habitantes por brasileira, p. 55-56. 61. Cf. STHÖR, Walter. Desarrollo desde
hectare da área tombada em 2000. 43. Cf. MARQUES, Eduardo; REQUENA, abajo: el paradigma de desarrollo de
31. CONPRESP. Resolução n. 01/93 (op. Carolina. O centro voltou a crescer? abajo hacia arriba, y de la periferia hacia
cit.). Trajetórias demográficas diversas e adentro.
32. Cf. NAKANO, Anderson Kazuo. Ele- heterogeneidade na São Paulo dos anos 62. Cf. RIBEIRO, Ana Clara Torres; SILVA,
mentos demográficos sobre a densidade 2000, p. 30-32; Cf. NAKANO, Anderson Cátia Antonia da; VIEIRA, Hermani de
urbana da produção imobiliária: São Kazuo. Desigualdades habitacionais no Moraes; SILVA, Rita de Cássia. Turismo:
Paulo, uma cidade oca?, p. 62. “repovoamento” do centro expandido uma prática entre a crise e a inovação na
33. Cf. IBGE. Síntese de indicadores sociais: do município de São Paulo (op. cit.), p. metrópole do Rio de Janeiro.
uma análise das condições de vida da 62. 63. Cf. RIBEIRO, Ana Clara Torres. Teorias da
população brasileira: 2016, p. 99. 44. Inclusive sem rendimento. ação (op. cit.), p. 104.
34. Os mapas representam superfícies 45. Cf. NAKANO, Anderson Kazuo. Desigual- 64. Idem, ibidem, p. 44; grifo do autor.
geoestatísticas de krigagen ordinária das dades habitacionais no “repovoamento” 65. SANTOS, Milton. Por uma outra
densidades populacional e habitacional do centro expandido do município de globalização: do pensamento único à
aplicadas ao buffer de 1 quilômetro do São Paulo (op. cit.), p. 62. consciência universal, p. 52. Ver também:
distrito da Bela Vista. Cf. JAKOB, Alberto 46. Cf. MARQUES, Eduardo; REQUENA, SANTOS, Milton. Técnica, espaço,
Augusto Eichman. A krigagem como Carolina. Op. cit., p. 30. tempo: globalização e meio técnico-cientí-
método de análise de dados demográfi- 47. Cf. SANTOS, Milton. O espaço dividido: fico informacional.
cos. As densidades foram obtidas com os dois circuitos da economia urbana dos 66. Idem, ibidem, p. 52.
a metodologia de aplicação universal países subdesenvolvidos. 67. FAGGIN, Carlos Augusto Mattei. Carta
para compatibilização de setores cen- 48. Inclusive sem rendimento. do presidente do Condephaat a respeito
sitários multitemporais. Cf. OLIVEIRA, 49. Rua da Consolação, avenida Rebouças do Teatro Oficina.
Guilherme de; SILVA NETO, Manoel e avenida 9 de Julho, elementos do 68. CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO.
Lemes da. Técnicas de análise de dados sistema viário mais antigo e imersos Justificativa PL n. 0805/2017.
censitários multitemporais aplicadas às entre as quadras da cidade que cortam 69. MORIN, Edgar; NAÏR, Sami. Uma política
cidades estudadas pela rede nacional de os distritos da República, Consolação de civilização, p. 14-15.
pesquisa Quapá-SEL; BONUGLI, Fabio e Jardim Paulista, produzem efeitos 70. Cf. RIBEIRO, Ana Clara Torres. Terri-
Landucci; SILVA NETO, Manoel Lemes diferentes do que produz a avenida 23 tório usado e humanismo concreto: o
da. Pistas para a proposição de cenários de Maio, via de trânsito rápido e avessa mercado socialmente necessário (op.
urbanos: o caso de aplicações temporais aos pedestres que atravessa os distritos cit.).
de dados estatísticos na dimensão da Sé, Liberdade e Vila Mariana. 71. SILVA NETO, Manoel Lemes da;
intraurbana. 50. Cf. SANTOS, Milton. A urbanização OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de;
35. Nível de Preservação 1 – NP1: preserva- brasileira (op. cit.), p. 123. CARANDINA, Thiago. Políticas e práticas
ção integral do bem tombado. Quando 51. Pessoas responsáveis pelos domicílios territoriais socialmente necessárias, p.
se tratar de imóvel, todas as caracterís- dos municípios, exclusive setores censi- 129.
ticas arquitetônicas da edificação, exter- tários rurais. 72. MPSP. MPSP consegue liminar impe-
nas e internas, deverão ser preservadas. 52. Exclusive em rendimento. dindo construções nas proximidades do
Cf. CONPRESP. Resolução n. 22/2002. 53. SILVA NETO, Manoel Lemes da. Crise Teatro Oficina. Promotoria quer proteger
Tombamento do bairro da Bela Vista (op. urbano-societária-humanista e urbaniza- bens arquitetônicos e históricos.
cit.), artigo 7º. ção contemporânea: rumos para diálo-
36. Tombado por CONDEPHAAT. Resolução gos interdisciplinares, p. 281-282.
n. SC 29/86. Tombamento de Hospital 54. Cf. RIBEIRO, Ana Clara Torres. Teorias da
e Maternidade Umberto I (ex-Hospital ação, p. 57-58.
Matarazzo); tombamento revisado por 55. Cf. SILVA NETO, Manoel Lemes da. Evo-
CONDEPHAAT. Resolução n. SC-13. lução e tendências da gestão metropoli-
Tombamento de Hospital e Maternidade tana em São Paulo. Aspectos normativos
Umberto I (ex-Hospital Matarazzo). (parte 2).
37. Cf. SCRIPILLITI, Ana Carolina Nader. 56. Cf. CASTRO, Márcio Sampaio de. Bexiga,
Verticalização e tombamento no bairro um bairro afro-italiano: comunicação,
do Bexiga: materialização em tensão, p. cultura e construção de identidade
78. étnica.
57. Cf. JACQUES, Paola Berenstein. Patri-
mônio cultural urbano: espectáculo
contemporâneo?

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Manoel Lemes da Silva Neto Raquel Schenkman Créditos Bexiga em três tempos Crédito de imagens Acervo Instituto Pedra –
Arquiteto e Urbanista (FAU USP, 1980), Arquiteta e Urbanista (FAU USP, 2009) e Patrimônio cultural e de- fotógrafo p. 138, 139 (foto Benedito
especialista em Gestão de Desenvolvimento mestre (FAU USP, 2014). É docente do senvolvimento sustentável Cristiano Mascaro / ensaio Lima de Toledo, acima direita),
Regional (ILPES, 1993), mestre e doutor em Departamento de Arte da PUC-SP desde organização fotográfico “Bexiga 1991” – 139 (acervo Milu Leite, acima
arquitetura (FAU USP, 1990 e 1998). Professor 2011. Foi coordenadora do Núcleo de Projeto, Nadia Somekh e José Geraldo p. 2-3, 4, 8, 11, 12, 19, 20-21, esquerda e abaixo), 140,
titular e pesquisador do Programa de Pós-Gra- Restauro e Conservação do Departamento do Simões Junior 22, 38, 53, 54, 57, 58, 67, 70- 142 (abaixo), 143 (direita),
duação Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Patrimônio Histórico – DPH (nov. 2017/mar. ensaio fotográfico 71, 72, 81, 83, 86, 103, 104, 145 (acervo Milu Leite), 146
da PUC-Campinas desde 2008. Entre 1997 e 2019), diretora do DPH (mar. 2019/jun. 2020) Cristiano Mascaro 114, 136, 154, 166-167, 168, (acervo Milu Leite), 148,
1998, foi conselheiro do Condephaat e, entre e presidente do Conselho Municipal de Pre- coordenação editorial 188, 208, 228, 236, 258, 278, 152 (foto Benedito Lima de
2001 e 2004, pesquisador e parecerista da servação do Patrimônio Histórico, Cultural e Abilio Guerra, Silvana Romano 290, 308, 322-323, 324, 327, Toledo)
Secretaria de Economia e Planejamento. Ambiental da Cidade de São Paulo – Conpresp Santos e Fernanda Critelli 328, 331, 332 Acervo Museu Memória do
(jun./set. 2020). É autora do livro Conservação preparação e revisão de texto Abilio Guerra – p. 273 (direita), Bixiga / Mumbi – p. 108, 109,
Marília Gallmeister de esculturas em espaços públicos (Sequoia Ana Mendes Barbosa 274 110, 111, 112, 113
Arquiteta e Urbanista (Unesp, 2008). Desde Produções, 2019). e Abilio Guerra Bruna Fregonezi – p. 285 Acervo Teat(r)o Oficina –
2011, trabalha como arquiteta cênica e pesquisa de imagens Claire Jean – p. 298 (4a fila, p. 292 (Edson Elito), 298 (1a
associada à Associação Teatro Oficina Uzyna Roseli Maria Martins D’Elboux Fernanda Critelli direita) fila), 298 (2a fila, esquerda),
Uzona Arquiteta e Urbanista (FAU USP,1985), mestre digitalização e tratamento das Gabriel Fernandes – p. 128 298 (2a fila, direita abaixo), 298
(FAU USP, 2005) e doutora em Planejamento fotos de Cristiano Mascaro Hugo Louro e Silva – p. 173, (3a fila), 298 (4a fila, esquerda
Mauro Calliari Urbano e Regional (FAU USP, 2015). É pro- Rafaela Netto e Nelson Kon 179 e meio), 299 (1a fila), 299 (2a
Graduação em Administração (FGV, 1983), fessora e pesquisadora em período integral na edição de imagens, projeto Igor Marotti – p. 298 fila), 299 (3a fila, esquerda),
MBA (Universita Commerciale Luigi Bocconi, FAU Mackenzie desde 2008. Recebeu Menção gráfico e diagramação (2a fila, direita acima) 303
1992), mestre em arquitetura (FAU Mackenzie, Honrosa na edição 2016 do Prêmio Capes de Dárkon Vieira Roque Jennifer Glass – p. 299 Arquivo Edgard Leuenroth /
2013) e doutor em história da arquitetura (FAU Tese, área Arquitetura e Urbanismo. É autora (3a fila, direita), 299 (4a fila) IFCH Unicamp – p. 293, 295
USP, 2019). É autor dos livros Espaço público do livro Manifestações neoclássicas no Vale do agradecimentos Lígia Pinheiro / Mosaico – Arquivo Histórico Municipal
e urbanidade em São Paulo” (BEI, 2017) e Pre- Paraíba: Lorena e as palmeiras-imperiais (Anna- Dina Uliana, Henrique p. 143 (esquerda) / AHM-SP, Série Obras
servando o patrimônio histórico - um manual blume/Fapesp, 2008). Siqueira, Instituto Pedra, Mauro Calliari – p. 284 Particulares – p. 45 (abaixo),
para gestores municipais (CAU/SP, 2014). Mumbi, Nelson Kon, Tuca (abaixo) 46, 47 (acima)
Sara Fraústo Belém de Oliveira Vieira, Wolf Kos Nelson Kon – p. 142 (acima), Google Maps / satélite –
Nadia Somekh Arquiteta e Urbanista (Unifor, 2015), especiali- 147, 149, 267 (abaixo), 301, p. 297 (esquerda)
Arquiteta e Urbanista (FAU USP,1976), zação em andamento em Legislativo, Território convênio 304
especialista em Patrimônio Ambiental e Gestão Democrática da Cidade (Escola do Faculdade de Arquitetura e Sara Belém – p. 267 (acima), publicação
Urbano (FAU USP,1978), mestre e doutora Parlamento, desde 2017), mestre em Arquite- Urbanismo da Universida- 272, 273 (esquerda) Álbum São Paulo Antigo:
em arquitetura (FAU USP,1987 e 1994) e tura (FAU Mackenzie, 2018) e pós-doutoranda de Presbiteriana Mackenzie e Sérgio Scripilliti – p. 170 Plantas da Cidade, Comissão
pós-doutorado (EHESS, 2011), com bolsa em e-Planning (FA Universidade de Lisboa, Departamento de Patrimônio (acima direita), 170 do IV Centenário, 1954 –
do Fundo Mackpesquisa. Professora emérita 2020). Foi bolsista Mackpesquisa (fev. 2017/ Histórico da Secretaria Muni- (abaixo direita) p. 26, 27, 28, 31, 32, 33, 34
da FAU Mackenzie, é conselheira do IAB e mar. 2017) e Capes Prosup/Taxas (abr. 2017/ cipal de Cultura da Prefeitura Tuca Vieira – p. 302
eleita Conselheira Federal pelo CAU para o jan. 2018). Foi Assessora Técnica de Gabinete de São Paulo (2016/2018) desenho, ficha, gráfico,
triênio 2018/2020. Foi presidente do Conpresp na Prefeitura Municipal de São Paulo (2019). acervo mapa, tabela
e diretora do Departamento do Patrimônio órgãos de fomento Acervo Ana Marta Ditolvo – Ana Carolina Nader Scripilliti –
Histórico da Prefeitura de São Paulo 2013 a Thais Cardoso As pesquisas que dão base ao p. 242, 243, 244-245, 245, p. 172, 178, 182, 183, 184
2016. Foi presidente da Emurb e secretária Arquiteta e Urbanista (Centro Universitário livro receberam recursos de 247, 249, 250, 251, 252 Bruna Fregonezi – p. 284
de Desenvolvimento Econômico de Santo Belas Artes de São Paulo, 2017) e mestre pela Mackpesquisa, Capes Print, Acervo Departamento do (acima), 286
André. Autora dos livros A cidade vertical e o FAU Mackenzie (2020). Capes Proex e CNPq Patrimônio Histórico / DPH – Gabriel Fernandes – p. 124
urbanismo modernizador (Editora Mackenzie p. 95, 97 (Bruna Bacetti), 98, Hugo Louro e Silva – p. 174-
e Romano Guerra, 2014) e Preservando o Vânia Lewkowicz Katz O presente trabalho foi reali- 99, 170 (acima esquerda), 177, 180, 181, 185
patrimônio histórico – um manual para gestores Arquiteta e Urbanista (FAU USP, 1983) e zado com apoio da Coorde- 170 (abaixo esquerda) Joice Chimati Giannotto –
municipais (CAU SP, 2014). especialista em educação ambiental pela nação de Aperfeiçoamento Acervo digital Prefeitura p. 56, 59, 61, 63, 65, 66
Faculdade de Educação São Luís (2016). de Pessoal de Nível Superior - Municipal de São Paulo – Julia Miranda Aloise – p. 193,
Desde 1990, é arquiteta da prefeitura de São Brasil (Capes) – Código de Geosampa: p. 116, 119; 194, 195, 197, 198, 199, 200,
Paulo, desenvolvendo trabalhos no campo da Financiamento 001 Secretaria de Gestão Urbana: 201, 202, 203, 204
preservação do patrimônio cultural no Depar- p. 320 Lindener Pareto Junior –
tamento do Patrimônio Histórico – DPH. Acervo do Casarão Belvedere p. 44, 45 (acima)
– p. 47 (abaixo), 48 Manoel Lemes da Silva Neto
Acervo Escola Paulista de – p. 212, 213, 214, 215, 216,
Restauro – p. 157, 160, 217, 218, 219, 220, 221, 222,
Apoio 161, 162 223, 224, 225
Acervo família Romano – Maria Luiza Torres – p. 265,
p. 14 266
Acervo Fotográfico do Museu Vânia Lewkowicz Katz – p. 89,
da Cidade de São Paulo – 90, 91, 93
Aniello Vizzoni (1927-1998):
p. 64; Ivo Justino: p. 297
(meio e direita)
Acervo Governo do Estado
de São Paulo / Instituto
Geográfico e Cartográfico
/ Secretaria de Projetos,
Orçamento e Gestão – p. 120

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