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Parcelamento do Solo Urbano – O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano

Semana 01

Título da Semana:
Parcelamento do Solo Urbano - O Loteamento, o
Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano

• Estudar os principais aspectos do parcelamento do solo urbano,


notadamente seu conceito, finalidade, limitações, função social e suas
espécies (loteamento, desmembramento e desdobro).

• 1. Conceito e finalidade do parcelamento do solo urbano


• 2. Limitações, restrições e impedimentos ao parcelamento do
solo urbano
• 3. Função social do parcelamento do solo urbano
• 4. Espécies de parcelamento do solo urbano: loteamento,
desmembramento e desdobro
• 4.1 Loteamento
• 4.1.1 Loteamento fechado
• 4.2 Desmembramento
• 4.3 Desdobro

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Parcelamento do Solo Urbano – O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano
Semana 01

Caro(a) estudante!

Iniciamos nossos estudos da disciplina “Parcelamento do Solo Urbano


– O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano”, que
se estenderão pelas próximas duas semanas.

Vejamos, a seguir, alguns aspectos, conceitos, e informações relevantes


para os nossos estudos!

1. Conceito e finalidade do parcelamento do solo urbano

Parcelar significa fracionar, dividir, partir ordenadamente. Assim,


o parcelamento do solo traduz-se, na verdade, na transformação de um
imóvel em diversos imóveis. Na dicção de Amadei e Amadei:

Parcelamento do solo urbano é subsistema do macrossistema


da cidade, que expressa operação polivalente de integração de
espaços públicos e privados, pelo fracionamento sustentável
da propriedade imobiliária, servindo de base a múltiplas
acomodações civis, urbanísticas e ambientais relevantes. 1

O parcelamento do solo urbano é regido pela Lei 6.766/79. Salienta-se


que o parcelamento do solo urbano é um instituto do Direito Urbanístico e
sua finalidade, na dicção do professor José Afonso da Silva, é a “urbanização
de uma gleba, mediante sua divisão em parcelas destinadas ao exercício das
funções elementares urbanísticas”. 2
Importante análise é feita por Amadei e Amadei que ao discorrerem
acerca do instituto do parcelamento do solo urbano, o analisam sob três
perspectivas: civilista, urbanística e ambiental.
Conforme os autores, sob o aspecto civilista, parcelar a propriedade
_________
1
AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear uma gleba: o parcelamento do solo urbano
em seus aspectos essenciais (loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014, p. 2.
2
AFONSO DA SILVA, José. Direito urbanístico brasileiro. ERT: São Paulo: 1981, p. 373.

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Parcelamento do Solo Urbano – O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano
Semana 01

imobiliária traduz-se no exercício de uma das faculdades do domínio


atrelada à disponibilidade da coisa, qual seja a de dispor da propriedade,
no seu todo ou de modo fracionado. Parcelar o solo urbano é, portanto,
um direito subjetivo do proprietário. Entretanto, conforme observam os
autores, este direito não é ilimitado nem alheio ao controle administrativo
do Estado. 3
No que diz respeito à perspectiva urbanística, esta não elimina a
perspectiva civilista, mas a complementa, elevando o parcelamento do solo
urbano ao status de meio de urbanização. Dessa forma:

[...] o parcelamento do solo urbano é, para além da operação civil


de fracionamento do domínio privado, operação urbana que se
há de atrelar à função social da cidade, ou seja, ao contexto do
desenvolvimento horizontal sustentável da cidade. 4

Por fim, sob o aspecto ambiental, os autores salientam que o parcelamento


do solo urbano pode ser analisado como elemento de integração de espaços
públicos e privados no contexto da função socioambiental da cidade,
notadamente pela necessidade de que o fracionamento da propriedade se
dê de modo sustentável.
Assim, dos aspectos analisados, é possível inferir que os mesmos
atuam em complementaridade, e devem, portanto, ser analisados de forma
compatibilizada, atrelada e integrada.

2. Limitações, restrições e impedimentos ao parcelamento do solo


urbano

Conforme visto anteriormente, o parcelamento do solo urbano, para além


da perspectiva civilista, deve ser analisado, também, sob uma perspectiva
urbanística e ambiental. Ademais, diante da crescente complexidade
urbanística, a intervenção regulatória no âmbito da propriedade privada é
cada vez maior.
Até o início do século passado, as restrições civis ao parcelamento
do solo urbano positivadas no Código Civil restringiam-se ao direito de
vizinhança e algumas normas referentes ao saneamento básico, arruamento
_________
3
AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear uma gleba: o parcelamento do solo urbano
em seus aspectos essenciais (loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014, p. 3-4.
4
AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear uma gleba: o parcelamento do solo urbano
em seus aspectos essenciais (loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014, p. 5.

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Parcelamento do Solo Urbano – O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano
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e edificações. Conforme bem esclarecem Amadei e Amadei, com o início


do processo de urbanização das cidades, surgem as restrições civis
convencionais:

[...] com o início do processo de urbanização das cidades, primeiro


com os loteamentos e depois com os condomínios edilícios,
surgem, também, as restrições civis convencionais destinadas à
tutela de interesses coletivos, quer no âmbito dos loteamentos
(restrições convencionais urbanísticas impostas pelo loteador
para preservar o padrão urbanístico do empreendimento, em
benefício da coletividade dos adquirentes de lotes), quer no
âmbito condominial (convenções de condomínio, que disciplinam
a vida interna condominial, atentas às múltimplas relações
jurídicas entre os condôminos, impostas em condomínio edilício,
para o bem dessa coletividade). 5

Atualmente, além das restrições civis de vizinhança e das restrições civis


convencionais, destinadas à tutela de interesses coletivos, têm-se, também,
a ampliação das limitações administrativas impostas em prol do bem comum
das cidades.
As limitações e requisitos para a aprovação do parcelamento do solo
urbano pelos poderes públicos são impostos por leis, decretos, instruções
normativas e resoluções.
Uma das principais restrições para o parcelamento do solo urbano diz
respeito ao zoneamento, ou seja, os projetos e aprovações do parcelamento
do solo urbano deverão observar as restrições de zoneamento da cidade,
restrições estas que determinam as zonas de uso do solo pela preponderância
residencial, industrial, comercial e de serviços. Conforme estabelece a Lei
6.766/79, em seu art. 3º, o parcelamento do solo urbano para fins urbanos
só será admitido em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização
específica:

_________
5
AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear uma gleba: o parcelamento do solo urbano
em seus aspectos essenciais (loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014, p. 72.

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Parcelamento do Solo Urbano – O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano
Semana 01

Art. 3o Somente será admitido o parcelamento do solo para


fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de
urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou
aprovadas por lei municipal. (Redação dada pela Lei nº 9.785,
de 1999)
Parágrafo único - Não será permitido o parcelamento do solo:
I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de
tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas;
Il - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo
à saúde pública, sem que sejam previamente saneados;
III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30%
(trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das
autoridades competentes;
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham
a edificação;
V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a
poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua
correção. 6

3. Função social do parcelamento do solo urbano

A função social do parcelamento do solo urbano pode ser analisada


sob o prisma social da propriedade urbana, sob o prisma da função social
da cidade ou sob o prisma da ordem social.
A função social da propriedade urbana é atingida ao serem atendidas
as exigências fundamentais de ordenação da cidade e, sob esse aspecto,
o parcelamento do solo urbano é tão importante que é previsto
compulsoriamente para as áreas que não cumprem sua função social,
conforme prevê o Estatuto da Cidade, em seu art. 5º, que assim dispõe:

Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano diretor


poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização
compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para
implementação da referida obrigação. 7

Sob a ótica da função social da cidade, a importância do parcelamento


do solo urbano reside no fato de ser ele um instrumento de urbanização
ordenada
_________da cidade. Nesse sentido, Amadei e Amadei lecionam que:
6
BRASIL. Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Provi-
dências.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.htm.
7
BRASIL. Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece
diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm.

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Parcelamento do Solo Urbano – O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano
Semana 01

Destaque-se que o universo do parcelamento do solo urbano


regular é o da prevenção: primeiro se colhem as diretrizes,
depois se aprova o projeto (e soai se pode interferir fisicamente
na gleba, iniciando as obras) e se registra o loteamento ou
desmembramento (e só aí se pode iniciar as vendas), tudo,
ainda, sob o rígido controle de implantação e entrega das obras
de infraestrutura. Assim, o parcelamento do solo é um plano
(ainda que “de pormenor”) no planejamento maior da cidade,
que passa, antes da atividade humana interventiva no meio
ambiente urbano, por estreito filtro de controle de legalidade,
de estudos de impacto ambiental (EIA) e de vizinhança (EIV),
exigíveis conforme o tipo de empreendimento, de licenciamento
urbanístico e ambiental. E, por isso, tem uma importante função
social no equilíbrio urbanístico e ambiental que se impõe para o
desenvolvimento sustentável das cidades. 8

Por fim, sob o prisma da ordem social, o parcelamento do solo urbano


tem relevante importância por fomentar a ampliação do acesso à moradia,
a estabilização social, a criação de associação de moradores – que são
importantes canais representativos necessários à gestão democrática da
cidade. 9

4. Espécies de parcelamento do solo urbano: loteamento,


desmembramento e desdobro

O parcelamento do solo urbano pode ocorrer mediante loteamento,


desmembramento ou desdobro. O loteamento e o desmembramento
estão disciplinados na Lei 6.766/70. O desdobro, por sua vez, é regulado
exclusivamente por Lei Municipal.
Inicialmente, cumpre discorrer acerca da distinção entre loteamento
e desmembramento. Da análise dos parágrafos 1º e 2º, do art. 2º da lei
6.766/79, tem-se que o critério da distinção reside, fundamentalmente, no
sistema viário existente:

_________
8
AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear uma gleba: o parcelamento do solo urbano
em seus aspectos essenciais (loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014, p. 29.
9
AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear uma gleba: o parcelamento do solo urbano
em seus aspectos essenciais (loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014, p. 31.

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Parcelamento do Solo Urbano – O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano
Semana 01

Art. 2º. O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante


loteamento ou desmembramento, observadas as disposições
desta Lei e as das legislações estaduais e municipais pertinentes.
§ 1º - Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em
lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias
de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento,
modificação ou ampliação das vias existentes.
§ 2º- considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em
lotes destinados a edificação, com aproveitamento do sistema
viário existente, desde que não implique na abertura de
novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento,
modificação ou ampliação dos já existentes. 10

Na síntese de Afrânio de Carvalho, o loteamento traduz-se no


parcelamento fora do sistema viário, ao passo que o desmembramento é o
parcelamento dentro do sistema viário. 11 Tem-se, portanto, que a diferença
básica entre o loteamento e o desmembramento é a existência ou não
de sistema viário. Por outro lado, o ponto comum entre estas espécies de
parcelamento é que em ambas há a subdivisão de gleba em lotes.
Não há na lei a definição daquilo que seja uma gleba. Entretanto,
doutrinariamente a gleba é definida como sendo o imóvel que ainda
não foi objeto de parcelamento do solo para fins urbanos. Na sintética
e esclarecedora definição de Afrânio de Carvalho, “[...] gleba consiste na
porção de terra divisível em lotes [...]”. 12
O lote, por sua vez, está definido - de modo vago e impreciso - no
parágrafo 4º, do art. 2º, da Lei 6.766/79, que assim preceitua: “considera-se
lote o terreno servido de infra-estrutura básica cujas dimensões atendam
aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para
a zona em que se situe”. 13 Na esclarecedora doutrina de Amadei e Amadei,
lote é “[...] a porção de terra resultante de parcelamento urbano de uma
gleba, destinada a edificação ou recreação”. 14

_________
10
BRASIL. Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras
Providências.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.htm.
11
CARVALHO, Afrânio de. Registro de Imóveis. 4.ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 66.
12
CARVALHO, Afrânio de. Registro de Imóveis. 4.ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 66.
13
BRASIL. Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras
Providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.htm.
14
AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear uma gleba: o parcelamento do solo urbano
em seus aspectos essenciais (loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014, p. 41.

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Parcelamento do Solo Urbano – O Loteamento, o Desmembramento e o Desdobro do Lote Urbano
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4.1 Loteamento

Rizzardo, ao comentar a Lei de Parcelamento Urbano, declara o


loteamento como:

[...] a operação que se utiliza de dados técnicos da agrimensura


para dividir uma área em tantas outras porções autônomas, com
possibilidade de vida própria. Feita a divisão da gleba em lotes,
estes não mais são parte daquela, mas propriedades separadas,
que passam a constituir, cada uma, um novo todo, uma nova
propriedade. 15

Rizzardo, ao comentar a Lei de Parcelamento Urbano, declara o


loteamento como:
Loteamento é um processo de urbanização que envolve aspectos
urbanísticos, civis e penais. O projeto do loteamento deverá ser previamente
aprovado pelo Poder Público Municipal, comprometendo-se o loteador a
concluir a execução das obras de infraestrutura dentro do prazo de quatro
(04) anos.
A não conclusão das obras de infraestrutura no prazo previsto ensejará
a irregularidade do loteamento perante a municipalidade, razão pela qual o
loteador não poderá alienar novos lotes.
O loteamento é, portanto, o parcelamento de uma gleba em lotes, os
quais constituirão novas unidades imobiliárias, com matrícula própria junto ao
Registro de Imóveis. Isto significa que “cada imóvel gerado pelo loteamento
tem uma identificação própria, com dimensões, limites, confrontações e
características topográficas próprias, bem como identificação jurídica”. 16
Conforme estabelece a Lei 6.766/79, em seu art. 4º, os loteamentos
deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:

_________
15
RIZZARDO, Arnaldo. Promessa de compra e venda e parcelamento do solo urbano. 4.ed. São Paulo: RT, 1996,
p.39.
16
AVVAD, Pedro Elias. Direito imobiliário: teoria geral e negócios imobiliários. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2012, p. 545.

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I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de


equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres
de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação
prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a
zona em que se situem.
II - os lotes terão área mínima de 125m² (cento e vinte e cinco
metros quadrados) e frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo
quando o loteamento se destinar a urbanização específica
ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social,
previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes;
III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de
domínio público das rodovias e ferrovias, será obrigatória a
reserva de uma faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de
cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica;
IV - as vias de loteamento deverão articular-se com as vias
adjacentes oficiais, existentes ou projetadas, e harmonizar-se
com a topografia local.
§ 1o A legislação municipal definirá, para cada zona em que se
divida o território do Município, os usos permitidos e os índices
urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo, que incluirão,
obrigatoriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os
coeficientes máximos de aproveitamento.
§ 2º - Consideram-se comunitários os equipamentos públicos de
educação, cultura, saúde, lazer e similares.
§ 3o Se necessária, a reserva de faixa não-edificável vinculada
a dutovias será exigida no âmbito do respectivo licenciamento
ambiental, observados critérios e parâmetros que garantam
a segurança da população e a proteção do meio ambiente,
conforme estabelecido nas normas técnicas pertinentes.
Art. 5º. O Poder Público competente poderá complementarmente
exigir, em cada loteamento, a reserva de faixa non aedificandi
destinada a equipamentos urbanos.
Parágrafo único - Consideram-se urbanos os equipamentos
públicos de abastecimento de água, serviços de esgotos,
energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e gás
canalizado. 17

4.1.1 Loteamento Fechado

O loteamento fechado, também denominado de loteamento de acesso


controlado, é um modelo de desenvolvimento urbano em expansão no
país, concebido para agregar segurança e qualidade de vida. Esta espécie
_________
17
BRASIL. Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras
Providências.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.htm.

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de parcelamento também não foi contemplada pela Lei 6.766/79, sendo


admitida somente se previsto em lei municipal.
No loteamento fechado, o perímetro é cercado ou murado, sendo que
o ingresso só é permitido aos moradores ou pessoas por eles autorizadas.
É esta peculiaridade de seu perímetro (cercado ou murado) e do acesso
controlado que o distingue do loteamento comum.
É de se observar que o loteamento fechado não se confunde com
condomínio fechado. O loteamento fechado é estruturado no regramento
do parcelamento do solo urbano e, em rigor, as vias de acesso são cedidas à
municipalidade, cabendo-lhe, portanto, a manutenção e os serviços públicos
pertinentes. Já no condomínio fechado, as vias internas são propriedade
privada e de uso exclusivo dos condôminos, cabendo a estes a manutenção
e a conservação das vias de acesso e os serviços correlatos. 18

4.2 Desmembramento

Diferentemente do loteamento, que é um processo de urbanização, o


desmembramento é um processo sem ato de urbanização e sem transferência
de área ao domínio público, com aproveitamento do sistema viário local e
existência de todo equipamento urbano (luz, água, esgoto, guias e sarjeta)
19

Salienta-se que, como bem observam Rezende, Frederico e Moretti,


o aproveitamento do sistema viário não se trata do mero aproveitamento
de um “caminho” designado como estrada municipal existente dentro do
perímetro urbano. É necessário que esta via de acesso seja transformada
em “rua pública” e que conte com os equipamentos urbanos para que seja
possível promover o processo de desmembramento. Se a estrada ainda
não foi transformada em “rua pública”, ou não existirem os equipamentos
urbanos necessários, estar-se-á diante de um loteamento e não de um
desmembramento. 20
Conforme dispõe o art. 10 da Lei 6.766/79, para a aprovação do projeto
de desmembramento, o interessado apresentará requerimento à Prefeitura
_________
18
AVVAD, Pedro Elias. Direito imobiliário: teoria geral e negócios imobiliários. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2012, p. 549.
19
REZENDE, Afonso Celso F.; FREDERICO, Alencar; MORETTI, Luiz Geraldo. Incorporação imobiliária, instituição
de condomínios e loteamentos urbanos: prática nos processos. Campinas, SP: Millennium, 2013, p. 238-239.
20
REZENDE, Afonso Celso F.; FREDERICO, Alencar; MORETTI, Luiz Geraldo. Incorporação imobiliária, instituição de
condomínios e loteamentos urbanos: prática nos processos. Campinas, SP: Millennium, 2013, p. 239.

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Municipal ou ao Distrito Federal, quando for o caso, acompanhado da


certidão atualizada da matrícula e a planta do imóvel a ser desmembrado,
contendo a indicação das vias existentes e dos loteamentos próximos, a
indicação do tipo de uso predominante no local, bem como a indicação da
divisão de lotes pretendida na área.

4.3 Desdobro

Conforme já mencionado em linhas anteriores, o desdobro não foi


disciplinado pela Lei 6.766/79, sendo regulado exclusivamente por lei
municipal. Diferentemente do loteamento e do desmembramento, em que
há a subdivisão de gleba em lotes, o desdobro é a subdivisão de lote para a
formação de novo(s) lote(s), desde que permitido por Legislação Municipal.
Portanto, se o parcelamento não resultar na subdivisão de gleba em
lote, não haverá loteamento nem desmembramento e sim desdobro. No
desdobro não há, pois, a alteração da natureza em face do resultado, haja
vista que há lote(s) resultante(s) de outro lote.

Dando continuidade aos estudos, indico que você assista às videoaulas,


realize as leituras disponibilizadas e participe das discussões no Fórum
dessta primeira semana.
Bons aprendizados!
Prof.ª Katia

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Semana 01

Fórum

Participe do Fórum da Semana 1 expondo seu posicionamento crítico


acerca da questão exposta a seguir.

No loteamento fechado as vias de circulação e praças são de domínio


do Município, mas o acesso a estes espaços é restrito aos moradores ou a
terceiros por eles autorizados. Há, por isso, certa resistência à implementação
deste tipo de parcelamento, sob o fundamento de que ao restringir o
acesso se estaria ferindo o direito constitucional à liberdade de locomoção
de qualquer um do povo. Você concorda ou não com este entendimento?
Por quê?

Aproveite, também, para interagir com seus colegas, compartilhando e


construindo conhecimentos!

AFONSO DA SILVA, José. Direito urbanístico brasileiro. ERT: São Paulo:


1981.

AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear


uma gleba: o parcelamento do solo urbano em seus aspectos essenciais
(loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014.

AVVAD, Pedro Elias. Direito imobiliário: teoria geral e negócios


imobiliários. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

BRASIL. Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o


Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.htm.

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BRASIL. Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e


183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e
dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/LEIS_2001/L10257.htm

CARVALHO, Afrânio de. Registro de Imóveis. 4.ed. rev. e ampl. Rio de


Janeiro: Forense, 1997.

RIZZARDO, Arnaldo. Promessa de compra e venda e parcelamento do


solo urbano. 4.ed. São Paulo: RT, 1996.

ALVARENGA, Luiz Carlos. O parcelamento do solo urbano. Disponível


em: http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/viewFile/85/97

OLIVEIRA, Gustavo Burgos de. Loteamento, desmembramento,


desdobro, loteamento fechado, condomínio geral, condomínio edilício,
condomínio horizontal de lotes e condomínio urbanístico: noções básicas.
Disponível em: http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/10049-
10048-1-PB.pdf

AMADEI, Vicente Celeste. AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear


uma gleba: o parcelamento do solo urbano em seus aspectos essenciais
(loteamento e desmembramento). Campinas, SP: Millenium Editora, 2014.

AVVAD, Pedro Elias. Direito imobiliário: teoria geral e negócios


imobiliários. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

NOVAES, Ane Carolina. Lei n.º 6.766/79 - Parcelamento do Solo Urbano


no Registro Imobiliário. Disponível em: http://www.notariado.org.br/index.
php?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=MzM0OQ==&filtro=9&Data=

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