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AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR OFICIAL ENCARREGADO PELO PROCESSO

ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR DA POLICIA MILITAR DE ALAGOAS

PADS Nº 175/18 CG/CORREG

1º TEN. PM WESCLEY RAFAELL FERREIRA CANUTO, já qualificado nos


autos do processo em epígrafe, por seus advogados que abaixo subscrevem, nos autos
do processo Administrativo Disciplinar Simplificado que lhe move a Corregedoria da
PMAL, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar

DEFESA PRÉVIA

o que faz com supedâneo no artigo Art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal de 1988
c/c 78 e 79 do Regimento Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas e nos demais
normativos de regência, pelas razões de fato e direito a seguir expostas.

I – DA BREVE EXPOSIÇÃO FÁTICA

1. Inicialmente, trata-se de processo administrativo disciplinar instaurado


para apurar fato de que na condição de Oficial designado para apuração de possível
transgressão disciplinar, supostamente não teria procedido com o andamento das
investigações e sua devida conclusão no prazo regulamentar, bem como deixando de
adotar os procedimentos necessários para a devida elucidação do fato, conforme
designações através das Portarias de instauração de Processo Administrativo Disciplinar
Simplificado (PADS) nº 175/18-PADS CG/CORREG, de 23.10.2018.
2. Com isso, foram imputados os Art. 31, inciso I, XIII, XXVII E XLV e
Art. 32, incisos XXXVIII, L e LVIII do Regimento Disciplinar da Polícia Militar de
Alagoas (RDPMAL). Destaca-se os artigos supracitados:

Art. 31 - São transgressões disciplinares médias:

I - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida


qualquer ordem de autoridade competente, ou para
retardar a sua execução;

XIII - deixar de informar processo que lhe for


encaminhado, exceto nos casos de suspeição ou
impedimento, ou absoluta falta de elementos, hipóteses
em que estas circunstâncias serão fundamentadas;

XXVII - desrespeitar regras de trânsito, medidas gerais


de ordem policial, judicial ou administrativa;

XLV - retardar a execução de qualquer ordem;

Art. 32 - São transgressões graves:

XXXVIII - não cumprir ordem recebida, quando


manifestamente legal;

L - retardar ou prejudicar medidas ou ações de ordem


judicial ou policial de que esteja investido ou que deva
promover;

LVIII - trabalhar mal, intencionalmente ou por falta de


atenção em qualquer serviço ou instrução;

3. No entanto, em análise merecida e necessária da conduta supostamente


praticada, as circunstâncias e a conduta corporativa do 1º Tem. Wescley, é de imperioso
rigor analisar que durante 09 (nove) anos de Serviços Prestados ao Estado de Alagoas,
de forma fiel e comprometida com a Corporação da Polícia Militar, dotado em
ombridade e respeito, não cometeu nenhuma transgressão disciplinar o Defendente.

4. Contudo, o supracitado Processo Administrativo Disciplinar instaurado


em desfavor do Requerente, data vênia nobre encarregado, não merece prosperar em
razão de medida de justiça que se faz a corporação da Polícia Militar de Alagoas. Dito
isso, passamos a tecer os apontamentos necessários.

Em apertada síntese, eis os apontamentos necessários.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

5. O procedimento administrativo disciplinar militar estadual tem como


função apurar e julgar infrações disciplinares cometidas por militares estaduais, ou seja,
integrantes das polícias militares e corpos de bombeiros militares dos estados
brasileiros. Esse procedimento disciplinar é específico para a disciplina militar no
âmbito estadual e tem como objetivo manter a ordem, a hierarquia, a disciplina e a
eficiência nas corporações militares estaduais.

6. Entretanto, de início, vale-se ressaltar que os Processos Administrativos


Disciplinares devem obedecer aos princípios constitucionais, que são diretrizes
fundamentais estabelecidas na Constituição Federal de 1988, aplicando-se a todas as
esferas da Administração Pública.

7. Desse modo, em análise acurada das supostas condutas que incorreu em


transgressão disciplinar imputada ao Defendente, de nenhum modo merece prosperar as
imputações, em razão da ausência de dolo, bem como ausência de culpabilidade para
as supostas condutas praticadas.

8. Inicialmente, é se faz necessário trazer a baila processual o princípio bis


in idem, que Constitucionalmente garantido, no contexto do processo administrativo, o
"bis in idem" significa que uma pessoa não pode ser punida duas vezes pela mesma
infração ou pelo mesmo conjunto de fatos.
9. Nesse enredo, esse princípio visa evitar a aplicação de sanções repetidas
e excessivas sobre um indivíduo, garantindo a segurança jurídica e a proteção contra o
arbítrio estatal. Ele está relacionado ao princípio constitucional da não cumulatividade
das penas.

10. Destaca-se oportunamente, as imputações elencadas em desfavor do


Defendente:

Art. 31 - São transgressões disciplinares médias:

I - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida


qualquer ordem de autoridade competente, ou para
retardar a sua execução;

XIII - deixar de informar processo que lhe for


encaminhado, exceto nos casos de suspeição ou
impedimento, ou absoluta falta de elementos, hipóteses
em que estas circunstâncias serão fundamentadas;

XXVII - desrespeitar regras de trânsito, medidas gerais


de ordem policial, judicial ou administrativa;

XLV - retardar a execução de qualquer ordem;

Art. 32 - São transgressões graves:

XXXVIII - não cumprir ordem recebida, quando


manifestamente legal;

L - retardar ou prejudicar medidas ou ações de ordem


judicial ou policial de que esteja investido ou que deva
promover;

LVIII - trabalhar mal, intencionalmente ou por falta de


atenção em qualquer serviço ou instrução;
11. Verifica-se que o verbo, no núcleo do tipo da transgressão disciplinar,
do mesmo modo, contextualiza 01 conduta, uma ação apenas da verdade real do caso
em tela.

12. Logo, o objeto principal de apuração do Processo Administrativo aqui


tratado, é que o Defendente teria, supostamente, retardado conclusão de procedimento
administrativo. Contudo, carece de fundamentação típica a imputação ao Sr. Wescley.

13. Isso porque, para concorrer com os supracitados fatos imputados, teria o
agente que agir com dolo específico de retardar, desobedecer, não cumprir ordem,
trabalhar mal ou intencionalmente. No entanto, no caso em tela, não é o que se
verifica nas apurações a que se objetiva.

14. Nesse descortinar, o que originou a abertura do Processo Administrativo


Disciplinar a que se defende ocorreu no período de 2018, período este que o Sr.
Wescley servia de forma vultuosa e destinada a Corporação da Polícia Militar.

15. Ocorre que no período de 2018, o 1º Tem. Wescley, de forma em que sua
dedicação intensiva direcionava a coordenar o 2 (dois) estágios, principalmente com
reconhecimento do Batalhão de Polícia de Rádio Patrulha. Vejamos:
16. Ainda, no período supracitado, o Sr. Wescley precisou cumprir curso no
Estado de São Paulo, pela Polícia Militar, participando do Curso de Especialização
Profissional (CEP) – Programa de Policiamento com Motocicletas – Programa Rocam,
no 2º Batalhão de Choque da PMESP, no mês de setembro de 2018. Destaca-se (anexo):
17. Em outro giro, é oportuno salientar que o Defendente durante todo seu
tempo de dedicação a Polícia Militar do Estado de Alagoas, sempre foi reconhecido,
merecidamente, com honrarias e elogios da Corporação de forma pública e notória. É o
que se destaca (anexo):
18. No contexto meritório, é perspicaz e visível a conduta dedicada, honrada
e fidedigna do 1º Ten. Wescley Rafaell Ferreira Canuto para com a Corporação da
Polícia Militar de Alagoas, ao qual sempre com honraria e fidelidade, prestou
compromisso de proteger, mesmo que com sua vida, os interesses do Estado, da
população alagoana e da Polícia Militar.
19. Nesse interim, ainda vale mencionar que o Sr. Wescley, em período
posterior, entrou de licença especial de 03 meses, conforme anexado:

20. Por fim, Altivíssimo Encarregado, é inequívoco afirmar que o Sr.


Wescley Rafaell concluiu o procedimento administrativo que originou o presente
processo administrativo, contudo, dentro de possibilidade que lhe era oportuno no
momento, diante dos fatos colacionados como, coordenação de estágios, viagem para o
estado de São Paulo para realizar curso, curso prático de aperfeiçoamento.

21. Desse modo, destaca-se o que preceitua o §1º do art. 35 do Regimento


Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas:

Art. 35 - São causas de justificação:

I - ter sido cometida a transgressão na prática de ação


meritória, ou, no interesse do serviço ou da segurança
pública;

§1º - Não haverá punição quando for reconhecida


qualquer causa de justificação.

22. Nesse entendimento, merece total acolhimento o pleito defensivo para


NÃO PUNIR, de nenhum modo o defendente, em razão da justificação trazida nessa
defesa, instado a ressaltar que o 1º Ten. Wescley Rafaell Canuto Ferreira sempre se
empenhou com determinação e afinco para cumprir as missões com dignidade e
excepcionalidade, em nome da Corporação Militar de Alagoas, bem como os diversos
elogios trazidos e anexados na defesa, reconhecendo o mérito de seu trabalho e
dedicação pela Polícia Militar de Alagoas.

23. Derradeiramente, vale-se observar também o que colaciona o Art. 36 do


Regimento Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas:

Art. 36 - São circunstâncias atenuantes:

I - estar no comportamento bom, ótimo ou excepcional;

II - relevâncias de serviços prestados, comprovados


mediante condecorações, medalhas, títulos, elogios
individuais e outras disposições contidas em leis,
decretos e regulamentos;

24. Em conclusão, considerando todos os argumentos trazidos pelo


Defendente, o que se espera como medida de justiça da Polícia Militar do Estado de
Alagoas, é que seja acatado o que se argumenta nessa defesa, nos termos do art. 35,
inciso I e §1º do RDPMAL, para NÃO PUNIR o 1º Ten. Wescley Rafaell Ferreira
Canuto, respeitando os princípios constitucionais da CFRB/1988.

25. Em respeito ao principio da eventualidade, que após instrução e


julgamento, caso seja decidido pela punição do Defendente, que seja considerado as
circunstâncias atenuantes do art. 36 do RDPMAL, nos incisos I e II.

III – DOS REQUERIMENTOS


Diante todo o acima exposto, requer:

a) Em respeito a Constituição Federal de 1988, no inciso LIV e LVII, bem como ao


art. 35, inciso I e §1º do Regime Disciplinar da Polícia Militar, para que, ao
final do procedimento administrativo disciplinar, NÃO PUNIR o 1º Ten.
Wescley Rafaell Ferreira Canuto, em razão dos argumentos trazidos na
presente defesa.

b) Em respeito ao princípio da eventualidade, que seja considerado as


circunstâncias atenuantes do art. 36 do RDPMAL, nos incisos I e II.

Termos em que, pede deferimento.

Maceió – AL, 02 de Junho de 2023.

DOUGLAS BASTOS THYAGO SAMPAIO


OAB/AL 8.012 OAB/AL 7.488
RODRIGO MONTEIRO
OAB/AL 9.580

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