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ILUSTRE SR - CEL QOPM- DA CORREGEDORIA DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO

DE MATO GROSSO DO SUL

PORTARIA Nº 0000/ATD/CORREG/PMMS/2024

xx, mat. xx, SD QPPM, vem, por meio de seus advogados que esta
subscrevem, perante Vossa Senhoria, apresentar JUSTIFICATIVAS/RAZÕES DE
DEFESA, com fulcro no inciso LV do art. 5º da Constituição Federal de 1988,
nos termos delineados abaixo:

DA SÍNTESE FÁTICA

Consta no Formulário de Apuração de Transgressão Disciplinar que o


averiguado praticou, em tese, atos que infringem o Regulamento Disciplinar
da PMMS.

O FATD originou-se do Boletim de Ocorrência SIGO n. xx.


O mencionado B.O. narra que uma equipe da xx, da viatura xx, com-
posta pelos SGT xx, empenhados via COPOM, sob o protocolo n. xx, compa-
receu ao endereço Rua xx, xx, xx, para atender uma ocorrência de Violência
Domestica, onde no local estaria um Policial Militar de nome xx, não sendo
possível saber qual seu posto/graduação, o qual estaria no local agressivo
com a solicitante xx.

Diante disso, o feito prevê que as condutas do averiguado (Faltar a


verdade e Prestar informação a superior, induzindo-o a erro deliberado ou in-
tencionalmente) amoldou-se provavelmente ao prescrito no art. 13 do De-
creto n. 1260/81 (RDPM):

Art. 13. Transgressão disciplinar é qualquer violação dos princípi-


os da ética, dos deveres e das obrigações policiais militares, na
sua manifestação elementar e simples e qualquer omissão ou
ação contrária aos preceitos estatuídos em lei, regulamentos,
normas ou disposições, desde que não constituam crime.

Data vênia, em que pesem as acusações contra o averiguado, estas


não merecem prosperar, como será demonstrado, devendo ser arquivadas
por medida da mais cristalina justiça.

Ora, ilustre julgador, ausente está o ato de transgressão disciplinar a


uma norma da Corporação PMMS.

Os fundamentos para a improcedência do reconhecimento de trans-


gressão disciplinar decorrem do fato de que as condutas imputada ao averi-
guado nem mesmo pode ser considerada ilícita, conforme se verá.

DA INEXISTÊNCIA DE VOLUNTARIEDADE DE LESAR A ADMINISTRAÇÃO

Por corolário da teoria finalista do crime, que exige uma conduta positi-
va ou negativa à infração penal para que subsistam as Infrações Administra-
tivas e irrogadas a quem nelas incidiu, devem ser atendidos determinados
princípios, dentre os quais o “Da Exigência de Voluntariedade para incursão
na infração”, qual seja, o “animus de praticar dada conduta”, e isso confor-
me está demonstrado, efetivamente não teve por parte do averiguado.

Data vênia, em que pesem as acusações contra o averiguado, estas


não merecem prosperar, devendo ser arquivadas por medida da mais crista-
lina justiça. Sobre o direito de defesa, nunca é demais lembrar o estatuído
nos artigos 1º, 13 e 14 do RDPMMS:

Art. 1º RDPMMS - O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar


de Mato Grosso do Sul tem por finalidade especificar e classifi-
car as transgressões disciplinares, estabelecer normas relativas
à amplitude e à aplicação das punições disciplinares, a classifi-
cação do comportamento policial militar das praças e a inter-
posição de recursos contra a aplicação das punições. (grifo
nosso)

Art. 13 - Transgressão disciplinar é qualquer violação dos princí-


pios da ética, dos deveres e das obrigações policiais - militares,
na sua manifestação elementar e simples e qualquer omissão
ou ação contrária aos preceitos estatuídos em leis, regulamen-
tos, normas ou disposições, desde que não constituam crime.

Art. 14 - São Transgressões disciplinares:

- todas as ações ou omissões contrárias à disciplina policial- mi-


litar especificadas no Anexo I do presenteRegulamento;

- todas as ações, omissões ou atos, não especificados na rela-


ção de Transgressões do Anexo citado, que afetem a honra
pessoal, o pundonor policial militar, o decoro da classe ou o
sentimento do dever e outras prescrições contidas no Estatuto
dos Policiais Militares, leis e regulamentos, bem como aquelas
praticadas contra regras e ordens de serviço estabelecidas por
autoridade competente.

Ocorre que os itens imputados ao acusado sequer são constitucionais,


pois ao descreverem condutas genéricas, ferem o princípio da taxatividade,
atributo do princípio da legalidade.

Destarte, o averiguado não cometeu nenhuma transgressão disciplinar


pois sequer atingiu de forma relevante bem jurídico protegido pelas prescri-
ções contidas no Estatuto dos Policiais Militares, leis e regulamentos.

No caso específico, percebe-se que a suposta conduta não causou


dano algum no que concerne à honra pessoal, pundonor policial militar, de-
coro da classe ou o sentimento do dever e outras prescrições contidas no Es-
tatuto dos Policiais Militares, leis e regulamentos, bem como aquelas pratica-
das contra regras e ordens de serviço estabelecidas por autoridade compe-
tente. Portanto, em estando devidamente demonstrada a inexistência de
qualquer transgressão disciplinar, o presente feito deve ser arquivado, como
forma de aplicação da mais lídima Justiça.

Observa-se, diante de tudo o que foi relatado, que não merece pros-
perar a acusação, devendo, por medida de justiça, ser este feito arquivado,
bem como ser totalmente descaracterizado qualquer tipo de transgressão
disciplinar, pois conforme ficou provado, não há quaisquer indícios a corro-
borar com tal acusação. Sendo assim, existe algo a impedir fosse instaurado
este ATD em questão, os itens indicados do RDPMMS sequer são constitucio-
nais, pois ao descreverem condutas genéricas, ferem o princípio da taxativi-
dade, atributo do princípio da legalidade, devendo, portanto, ser anulado
“ab initio” e arquivado como medida de justiça.

Na remota e inesperada hipótese de não ser esse o entendimento des-


se nobre julgador, salienta-se, desde já, a inequívoca presença de várias cir-
cunstâncias atenuantes, quais sejam, bom comportamento, relevância dos
serviços prestados. Logo, se, de forma absurda, ser reconhecida a transgres-
são da disciplina, esta deve ser classificada como de natureza leve, cuja pe-
na é a advertência.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS:

Ante o exposto, requer sejam recebidas essas JUSTIFICATIVAS/RAZÕES


DE DEFESA, a fim de que:

- Seja o sindicado ABSOLVIDO da acusação constante na PORTARIA Nº


xx, pois 1) ausentes provas acerca dos fatos; e 2) sua conduta não feriu o
pundonor da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, ANULANDO-SE
o Ato Administrativo arquivando-a na OPM do sindicado;

Nestes termos, Respeitosamente pede deferimento.

Campo Grande, MS, 15 de março de 2024.

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