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INTROITO
A respeito dos fatos levianamente imputados a este militar, nada restou confirmado do
descrito na Portaria instauradora do PL, como concluiu o Delegado de Polícia EDUARDO
HENRIQUE ANICETO PEREIRA, responsável para apurar os mesmos fatos objeto do Processo
de Licenciamento.
Nessa esteira, o Delegado alhures, fez constar no Relatório do Inquérito Policial nº
09902.9010.00043/2018-1.3, que segue anexo a esta peça de defesa. Vejamos o que relatou a
autoridade em apreço na conclusão da sua minuciosa investigação, in verbis:
Ora, a única falha do Soldado Souza Pinto, de acordo com o Delegado, foi a prática de fatos
relativos ao artigo 345 do CP, sem que em nenhum momento houve a mínima prática de violência por
parte deste policial militar, conduta essa que não é, bem como nunca foi do feitio deste militar.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
embora legítima, salvo quando a lei o permite (Grifo nosso):
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede
mediante queixa.
DA ANÁLISE DA TIPIFICAÇÃO DO ART. 345 DO CPB PARA EFEITOS DE
APLICAÇÃO NOS ASPECTOS ÉTICOS E MORAIS DA PMPE
Observando uma hipotética pena por uma condenação a violar o Art. 345 do
CP (O que é impossível, pois não houve a queixa da suposta vítima), esta Pena seria de
no máximo um mês de detenção. Isto é, a penalidade em apreço, já demonstra, por sua
natureza, uma clara relação com o Princípio da Insignificância, o oposto de uma eventual
Pena Significativa de Licenciamento Ex-Officio a Bem da Disciplina.
DA LEGITIMIDADE COMO NÃO OFENSA A VALORES ÉTICOS E MORAIS DA
CORPORAÇÃO
Outro ponto crucial para se avaliar a conduta do militar estadual é a legitimidade que
tem de estar presente numa suposta violação do artigo 345 do Código Penal.
Como dito logo acima, a conduta de Licenciando deve avaliada nos aspectos éticos e
morais, e a legitimidade presente na suposta acusação labuta em prol deste militar, pois a
legitimidade não deve ser vista como uma violação dos aspectos éticos e morais da PMPE.
Nesse sentido, nos ensina Miguel Reale que:
Quando nosso comportamento se conforma a uma regra Moral, e nós
recebemos espontaneamente como regra autêntica e legítima de nosso
agir, o nosso ato é Moral (REALE, Miguel. O Direito como experiência:
introdução à epistemologia jurídica. p. 266). (Grifamos).
Ora, o ato deste militar não pode ser interpretado como violação
moral nem ética, porque simplesmente, quando este policial teve seu direito maculado,
foi simplesmente compensar a perda de um bem que já era seu, ou seja, os valores
monetários obtidos como resultado do seu trabalho honesto nesta Polícia Militar, e
estava de forma ilegal com a suposta vítima, que na realidade
Assim, importante é agir dentro da Legitimidade, tendo em vista que a ela é uma
condição ideal para ser parte de uma demanda. Nessa direção, a legitimidade funciona
como um fenômeno social, como forma de atuação, estando a ética como uma de suas
qualidades.
A atitude deste policial militar de agir legitimamente, como foi o caso
destes autos, não pode ser interpretado como um ato vergonhoso para a Corporação, para o
corpo da tropa nem para com a sociedade, pois atuou em defesa dos direitos do militar, que
foi um dinheiro emprestado sem nada a lucrar com isso, como está demonstrado nos autos
do inquérito policial neste PAD.
Vergonhoso para a Corporação e para a o corpo da tropa seria deixar que uma
pessoa, posteriormente conhecida de má índole e de reputação criminosa, ficasse imune e
com a quantia de dinheiro do policial militar honestamente adquirida por este PM.
Este policial militar, agindo de forma legítima, protege sua honra e a de toda a
Corporação.
DA AÇÃO DO POLICIAL MILITAR ALEGANTE AMPARADA NO
REGULAMENTO DE ÉTICA DA CORPORAÇÃO E NO CÓDIGO DISCIPLINAR
DA PMPE
O agir com base na Legitimidade é assegurado no próprio Regulamento de Ética
Profissional dos Militares dos Militares do Estado de Pernambuco – Decreto nº 22.114, de
13 de março de 2000 e na Lei nº 11.817/2000 – CDMEPE.
Vejamos o que reza o Regulamento de Ética acima sobre a ação legítima, com a
necessidade de preservar os Valores Morais da PMPE, ao fomentar o espírito de corpo e a
honra dos militares.
Art. 6º Os valores militares, determinantes da moral do
militar estadual, são os seguintes:
(…)
Espírito de corpo, traduzido pelo orgulho de suas instituições,
mediante identificação legítima entre seus componentes;
Honra, revelada como busca legítima do reconhecimento e
consideração, tanto interna, quanto externamente, das Polícias
Militares e aos Corpos de Bombeiros Militares.
Ora, quando este policial militar vai reaver uma quantia em dinheiro que já é sua,
jamais será considerada uma falta de espírito de corpo por parte da tropa, pois está agindo
legitimamente em defesa da Corporação, e assim preservando os valores da PMPE.
No tocante à Honra, a busca deste PM pela quantia emprestada (repito, sem lucros),
vem resguardar a Honra da Instituição e fazer ao ser feito de forma justa.
Já o nosso próprio Código Disciplinar, Lei 11.817/2000, justifica a ação deste
Alegante em reaver a sua quantia emprestada.
Ante o Inciso acima, a ação deste policial militar em reaver sua quantia emprestada
e sem a suposta vítima querer devolver, não dependeu deste Alegante, pois este não deu
causa ao evento, sendo perfeitamente aplicado ao caso a circunstância da força maior.
Tivesse a suposta vítima devolvido o valor, esta investigação sequer teria existido.
DAS CONCLUSÕES DO ENCARREGADO NA FASE NORMAL DO PL
DA INOCÊNCIA BASEADA NA AUSÊNCIA DE PROVAS CONTRA O
DEFENDENTE E A CONFIABILIDADE LHE DEPOSITADA NA CORPORAÇÃO
É importante trazer à baila que a inocência deste policial militar não está ligada à
má conduta da suposta vítima e seus maus antecedentes criminais, mas na ausência de
fundamentação fática e jurídica exigidas para se punir este brigadiano, pessoa de confiança
do Sr. Comandante do 2ºBPM, atuando este Soldado no GATI do mencionado Batalhão,
serviço este de destaque e essencial para a operacionalidade da OME.
Portanto, senhor encarregado, solicito que sejam apreciados os pontos elencados nesta
Defesa, que de forma sistemática e resumida, volta a citar:
DO PEDIDO
Ante todo o exposto, vem este policial militar requerer, de início, que sejam
analisados todos os pontos descritos nesta Alegações Finais Complementares, a fim de
satisfazer ao princípio da motivação e, ao final, confiante do julgamento justo e baseado nos
argumentos fáticos e jurídicos desta peça, Arquivar os presentes autos com a Absolvição do
requerente.