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SUMÁRIO

SUA JUVENTUDE 3
SEUS ESTUDOS 4
LUTERO SE TORNA UM MONGE 5
LUTERO TENTA ENCONTRAR PAZ 6
JOHANN VON STAUPITZ 8
LUTERO SE TORNA PADRE 9
WITTENBERG 10
UMA VISITA A ROMA 11
O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ 12
JOHANN TETZEL 13
AS 95 TESES 14
LUTERO É CONVOCADO PELO PAPA 15
JOHANN ECK 16
LUTERO QUEIMA A BULA PAPAL 17
ESCRITOS IMPORTANTES 18
A DIETA DE WORMS 19
LUTERO É CAPTURADO 22
DEUS DÁ UMA ESPOSA A LUTERO 24
LUTERO E ZUÍNGLIO SOBRE A CEIA DO SENHOR 25
SEU TRABALHO E HOSPITALIDADE 26
SUA MORTE 27
SUA JUVENTUDE

O mais conhecido reformador que Deus usou para inaugurar a Reforma é


Martinho Lutero. Ele nasceu em uma pequena cidade chamada Eisleben, em 10 de
novembro de 1483. Ele foi nomeado assim pela simples razão de que o dia em que
ele nasceu era chamado Dia de São Martinho na Igreja Católica Romana. Dizem que
o seu pai orou em voz alta no canto da cama de seu filho recém-nascido, pedindo a
Deus que desse graça para que ele pudesse ser conhecido por instrução e piedade.

Pouco depois que Martinho nasceu, sua família mudou-se para Mansfeld,
onde seu pai, Hans, possuía uma pequena empresa de mineração de cobre. Isso
aliviou a extrema pobreza que a família sofria. Hans Lutero determinou-se a dar a
seu filho uma boa educação. Os professores de Martinho certamente atingiram os
seus objetivos, mas os educadores naqueles dias eram muito severos. Eles
acreditavam que espancar os meninos era o melhor jeito de fazê-los aprender. O
pobre Martinho uma vez recebeu quinze chicotadas num só dia na escola!
SEUS ESTUDOS

O jovem Martinho ingressou na escola da aldeia de Mansfeld. Depois disso,


ele provavelmente ingressou na Escola da Catedral de Magdeburg para continuar
seus estudos. Muitos dos alunos eram pobres e não muito bem providos. Lutero era
um desses garotos. Frequentemente eles iam de porta em porta implorando por
algo para comer. No Natal, eles cantavam canções natalinas como um modo de
ganhar comida. Algumas vezes, as pessoas eram gentis e davam a eles algo para
comer, mas na maioria das vezes os garotos eram expulsos ou perseguidos.

Depois de um pequeno tempo em Magdeburg, o pai de Martinho o transferiu


para Eisenach, onde estudou por quatro anos na Georgenschule. Aqui também
Lutero tinha que implorar por comida com os outros colegas pobres. Um dia,
depois de ser mandado embora de várias casas, Lutero ficou desanimado.
Sentindo-se enfraquecido pela fome, ele pensou que deveria desistir de estudar e
trabalhar com seu pai nas minas. Mas a porta da próxima casa se abriu, e a moça
gentil da casa chamou por ele. Seu nome era Ursula Cotta. Ela sentiu compaixão
dele e lhe deu uma boa refeição. Ela lhe chamou para voltar sempre. Essa mulher e
sua família alegremente proveram muitas das necessidades de Lutero.

Quando tinha dezoito anos, Lutero foi para a universidade na cidade de


Erfurt e começou a estudar direito. A Universidade de Erfurt era uma das mais
velhas e mais famosas universidades da Alemanha naquele tempo. Seu pai
trabalhou duro para pagar a educação de Martinho. Ele estava muito orgulhoso de
seu filho e, apesar de saber que isso lhe custaria uma grande quantia de dinheiro,
ele estava disposto a pagar, porque queria que seu filho se tornasse um advogado
famoso. Aqui, o jovem Lutero passou uns sete anos estudando. Ele aprendeu
rapidamente e logo se tornou um dos melhores alunos da universidade.

Uma das coisas favoritas que Lutero fazia quando seu trabalho do dia estava
feito era ir à biblioteca para ler. Um dia, para sua felicidade, ele descobriu uma
cópia da Bíblia em latim1. Foi a primeira vez que ele viu uma Bíblia! Ele já havia
escutado os padres recitarem muitas passagens da Escritura, mas nunca imaginou
que a Bíblia fosse um livro tão grande. Enquanto cuidadosamente virava as
páginas, deparou-se com a história de Samuel e sua mãe Ana. Com alegria e prazer,
Lutero leu a história. Que Livro maravilhoso era esse! Ele amaria ter uma cópia
para si, mas os livros eram escassos e parecia impossível ter um para si um dia.

1
Bíblia latina - tradução latina do século IV da Bíblia. Era em grande parte a obra de Jerônimo, que foi
comissionado pelo Papa Dâmaso I em 382 A.D. a fazer uma nova revisão das velhas traduções latinas. No
século XIII, essa revisão começou a ser chamada de versio vulgate, isto é, a "versão comumente usada",
ou a Vulgata. Ultimamente, tornou-se a versão latina original da Bíblia na Igreja Católica Romana.
LUTERO SE TORNA UM MONGE

Não muito depois disso, Lutero decidiu desistir do estudo de direito e


começar a estudar teologia, que literalmente significa "o estudo de Deus". Duas
coisas aconteceram que o levaram a tomar essa decisão. Uma dessas foi a morte
repentina de um amigo que ele muito amava. Quando ouviu sobre isso, perguntou a
si mesmo: "O que seria de mim se eu morresse subitamente?".

Ao mesmo tempo, durante o verão de 1505, enquanto retornava para Erfurt


depois de visitar seus pais, ele foi surpreendido por uma tempestade violenta. De
repente, um raio caiu quase aos seus pés. Cheio de medo, caiu de joelhos e orou
para que Santa Ana o salvasse. Quando se levantou ileso, ele acreditou que a santa
o havia salvado. Ele sentia que devia fazer alguma coisa para mostrar sua gratidão,
então disse: "tenho que me tornar santo". Assim, fez um voto de que mudaria sua
vida e se tornaria padre.

Esses dois eventos transformaram sua vida. Seus amigos ficaram surpresos.
Seu pai não ficou feliz: ele havia trabalhado muito pela educação de Martinho. Ele
tinha esperança que Martinho se faria conhecido no mundo e, possivelmente, se
tornaria tão rico quanto famoso, como um doutor da lei. Agora todas essas
esperanças foram por água abaixo quando Martinho ingressou no monastério.
Monges não eram muito respeitados naquele tempo. As pessoas sabiam que muitos
dos monges viviam vidas de luxo ─ riqueza que eles haviam roubado do povo. O pai
de Martinho acreditava que seu filho havia quebrado o quinto mandamento:
"Honra teu pai e tua mãe" (Êxodo 20:12a).

Convicto que isso era a coisa certa a fazer, Lutero deixou a universidade e
entrou no monastério dos Frades Agostinianos Observantes, em Erfurt, em 17 de
julho de 1505. Os monges deviam geralmente viver vidas restritas, e professavam
ser muito religiosos. A Bíblia que Lutero havia lido na faculdade o tinha feito
pensar seriamente sobre Deus e sobre sua alma, mas, como o eunuco etíope em
Atos 8, ele precisava que alguém lhe explicasse as Escrituras.
LUTERO TENTA ENCONTRAR PAZ

Lutero tentava obter o favor de Deus orando e jejuando frequentemente. Ele


batia em si mesmo e vivia num cubículo que não havia calor algum. Ele dormia
pouco e recitava muitas orações. Tentava pensar em todos os pecados que havia
cometido para que pudesse fazer penitência2 por eles todos, mas isso não o fazia
sentir-se nada melhor. Ele não sabia que um pecador podia ser salvo somente pela
fé em Jesus Cristo. Ele não conhecia sobre o amor de Deus. Pelo contrário, sempre
que ele ouvia sobre Deus, ficava com medo. A confiança de Lutero não estava no
Salvador, mas em santos e anjos, boas obras, penitências e em pagar por seus
próprios pecados. Lutero, junto com outros católicos romanos, havia sido ensinado
que Deus era tão santo que só poderíamos nos aproximar dEle por meio dos
santos. Ninguém havia dito a ele que o sacrifício do Senhor Jesus Cristo sozinho
poderia satisfazer a justiça de Deus.

Os monges com quem Lutero morava sabiam ainda menos que ele. Eles
estavam mais interessados no labor físico de Lutero do que em seu bem-estar
espiritual. Eles o faziam vigiar os portões, varrer a igreja, ajudar na cozinha e
limpar os quartos. Quando finalizava suas tarefas, costumavam dizer a ele: "Vá com
a sacola para a cidade". Aquilo significava que ele tinha que pedir por comida para
alimentar os monges que viviam nos monastérios. Para esses monges, viver num
monastério significava observar uma religião baseada numa longa lista do que
fazer e do que não fazer. Eles não entendiam que servir a Deus é uma questão do
coração.

A maioria dos monges e outros membros clérigos da Igreja Católica Romana


não pensavam muito sobre suas almas. Eles obedeciam às regras porque eram
requeridas pela igreja. Mas, na maioria das vezes, sua obediência era feita por um
senso de dever. Além disso, é triste dizer, mas a maioria dos clérigos vivia uma vida
perversa, mesmo que professasse servir a Deus. Eles pareciam piedosos durante as
cerimônias religiosas, mas seus estilos de vida eram cheios de pecado e injustiça.

Lutero, no entanto, era diferente. O Espírito Santo não o permitiria ser como
os outros. Por essa razão, ele não conseguia encontrar paz no monastério e em seus
rituais. "O que me libertará dos meus pecados e me fará santo?", ele suspirou.
"Como eu poderia fazer as pazes com um Deus justo? Como eu poderia estar diante
dEle?", ele não conseguia achar respostas.

Alguns monges pensavam que ele era tolo, mas outros eram seus
simpatizantes. Um velho monge em particular sentia compaixão de Lutero. Certo
dia, quando Lutero não saiu de seu quarto, esse monge ficou preocupado. Sabendo
do seu amor por música, o monge chamou alguns de seus garotos coristas e bateu
na porta do cubículo de Lutero. Quando não houve resposta, ficou nervoso e abriu a
porta. Ali estava Lutero, inconsciente no chão. Eles tentaram o levantar, mas não
conseguiram. Então, o monge pediu aos garotos para cantarem. Finalmente Lutero

2
Penitência - atos de humilhação para mostrar pesar pelo pecado.
recuperou a consciência. Ele muito tentou, mas simplesmente não conseguia
encontrar paz!

Depois que havia estado no monastério por um tempo, Lutero se deparou


com outra cópia da Bíblia. Ele não podia levá-la para seu quarto porque ela estava
encadeada na parede. Mesmo que tivesse sempre que escapar sem ser notado, ele
ainda leria esse precioso livro e até memorizaria longas passagens.
JOHANN VON STAUPITZ

Johann von Staupitz, vigário3 dos Frades Agostinianos Observantes Alemães,


veio visitar o monastério onde Lutero morava. Quando viu quão doente Lutero
parecia, perguntou-lhe: "Por que estás tão triste, irmão Martinho?"

"Eu não sei o que será de mim", respondeu Lutero. "Prometi a Deus
melhorar, mas acho inútil fazer promessas a Deus, porque o pecado é mais forte do
que eu".

Von Staupitz não entendeu completamente a batalha que Lutero estava


experimentando, mas queria ajudá-lo. "Meu amigo", respondeu von Staupitz, "olhe
para as feridas de Jesus Cristo e pense no porquê de Ele ter vindo ao mundo".

Apesar de von Staupitz ter apontado a ele a direção correta, Lutero estava
com medo de Deus e de Seu Filho Jesus. Ele pensava em Deus unicamente como
alguém que punia pecados. Von Staupitz tentou encorajar Lutero. "Deus não está
bravo com você. Cristo Jesus não quer aterrorizá-lo. Ele conforta aqueles que estão
em apuros e aflitos. Ele se tornou um Homem para dar a você a promessa da
libertação. Por Suas pisaduras nós fomos sarados. Por Seu sangue, nossos pecados
são lavados. Ame àquele que primeiro o amou". Mas Lutero não entendia.

3
Vigário - oficial da igreja que representa o papa ou um bispo na Igreja Católica Romana.
LUTERO TORNA-SE PADRE

Lutero foi ordenado padre em 2 de maio de 1507, quando tinha 23 anos. Ele
começou a fazer tanto bem quanto podia, visitando os pobres, pregando e
ensinando tudo o que sabia. Ser padre significava que ele podia realizar o
sacramento de todos. Ele ouvia as pessoas quando confessavam seus pecados.
Sentava numa salinha que havia uma cortina entre o padre e a pessoa que
confessava seus pecados. Desse modo, Lutero tinha que decidir qual seria a
punição pelos pecados. Possivelmente, ele dizia que recitassem o Pai Nosso vinte e
cinco vezes, ou por três dias. Quando a pessoa completava a penitência, Lutero lhes
diria que seus pecados estavam perdoados4. Essa era uma das tarefas de um padre.

4
Os pecados só podem ser perdoados por Deus, e a Bíblia deixa claro que Seu perdão é baseado no
sangue derramado do Senhor Jesus Cristo (Mt 26:28. At 10:43; Rm 3:25), não nas obras humanas (Ef
2:8-9; Tt 3:5).
WITTENBERG

Em 1508, Lutero foi convidado por Frederico, príncipe da Saxônia, a


mudar-se para a cidade de Wittenberg, a fim de se tornar um professor de filosofia
moral na universidade. No campus da universidade havia uma capela, e Lutero foi
convidado a ter a sua vez com outros professores a pregar aos monges, professores,
alunos e pessoas da cidade que vinham ouvir. Logo Lutero tornou-se popular, como
professor e pregador na universidade. Mais tarde, tornou-se pregador na igreja da
cidade de Wittenberg. Ele pregou nesta igreja pelo resto de sua vida. Começou a
ensinar e a pregar, mas, de qualquer forma, ainda não havia entendido o evangelho
de Jesus Cristo.
UMA VISITA A ROMA

***Algo que abriu os olhos de Lutero para perceber os grandes erros da


igreja foi sua viagem para a cidade de Roma, em 1510. O papa morava ali, no
Vaticano, na matriz da Igreja Católica Romana. Lutero esperava encontrar uma
igreja pura e os padres, bispos e cardiais, como homens piedosos. Ele esperou
ansiosamente ter conversas espirituais e receber orientação daqueles líderes
religiosos de alto-nível. No entanto, ficou grandemente desapontado. Ele descobriu
que Roma era um dos lugares mais corruptos que já havia visitado. A igreja estava
cheia de todos os tipos de erros e pecados. A maioria dos padres só tinha interesse
pelo próprio bem-estar, homens que não pareciam acreditar nas coisas que
estavam ensinando às pessoas.

Numa capela anexa a uma das igrejas principais em Roma, havia degraus de
mármore branco que se chamava Scala Sancta, que significa "escada santa". Os
padres diziam que aqueles degraus eram os mesmos que Jesus pisou quando
passava da sala de julgamento de Pilatos para o Calvário, e que um anjo
transferiu-os de Jerusalém para Roma. Eles também informavam ao povo que
qualquer um que subisse esses degraus de joelhos teria todos os pecados
perdoados. A tradição diz que Lutero subiu esses degraus de joelhos, orando e
beijando cada degrau. Como Lutero esperava encontrar paz para sua alma
turbulenta! Porém, suas esperanças foram cruelmente por água abaixo. Ele não
entendia porque ele não podia ter paz. O Senhor tinha um propósito com todo esse
desconforto, no entanto. Ele estava mostrando a Lutero seu próprio pecado, a
perversidade da igreja e a necessidade de encontrar salvação somente em Cristo. O
Senhor o estava graciosamente guiando, ainda que Lutero acreditasse que Deus
estava cheio de ira e pronto para destruí-lo.

Quando Lutero retornou para Wittenberg, continuou a ensinar aos seus


alunos e a pregar na capela que era parte do castelo de Wittenberg. Nesse lugar,
continuou a estudar, orar e jejuar. Em 1512, alcançou seu grau de doutor. Mas
continuava sem descanso para a alma. Não importava o quanto ele estudava, orava
e se punia, ele nunca sentia que os seus pecados estavam perdoados.
O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ

Finalmente, surge a importante descoberta. Lutero estava estudando o livro


de Romanos e, quando chegou ao versículo 17 do primeiro capítulo, subitamente
compreendeu! "O justo viverá pela fé", estava escrito. Agora ele via claramente! A
salvação é pela fé em Jesus Cristo, não por algo que possamos fazer.

A vida de Lutero prova isso a nós. Por anos ele tentou pagar por seu pecado
através de seus próprios méritos, mas nunca encontrava descanso para sua alma.
Agora, no entanto, o Espírito Santo abrira os seus olhos, e ele via que podia
encontrar perdão somente pelo que Jesus Cristo havia feito. Agora ele entendia que
Deus não era um Deus irado, esperando para destruí-lo, mas um Pai paciente e
amoroso, que havia enviado Seu único Filho para sofrer e morrer pelos pecados do
Seu povo. Na justiça de Cristo, a ira de Deus foi satisfeita, e os pecadores que
acreditam em Cristo pela graça do Espírito Santo são salvos. Lutero estava tão
radiante com sua nova descoberta que, mais tarde, escreveu que sentia como se a
sua alma tivesse atravessado as portas abertas do paraíso celestial.

Lutero passou a ser um homem transformado. Ele não mais tentava pagar
por seus próprios pecados, mas confiava no seu Salvador. Agora ele queria
obedecer a Deus, não por medo, mas por amor. Seus ensinamentos e sua pregação
também mudaram. Ele dizia às pessoas o que ele havia descoberto na Palavra de
Deus. Sua pregação e seus ensinamentos estavam cheios da justiça e do amor de
Cristo Jesus.
JOHANN TETZEL

Finalmente, a hora chegou em que Deus chamou Lutero para começar a


trabalhar na Reforma. Isso teve início quando a igreja começou a vender
indulgências em Wittenberg. Indulgências eram pedaços de papel assinados ou
carimbados com o nome do papa. Uma indulgência declarava que a pessoa que
comprou aquele pedaço de papel tinha todos os pecados perdoados, até mesmo os
pecados que cometeria no futuro! Ela não tinha que fazer penitência pelos pecados;
o papel era suficiente. Quando um homem chamado Johann Tetzel veio vender
indulgências em sua área, Lutero falou publicamente contra essa prática.

Tetzel montou uma mesa na praça da cidade. Alguns dos monges que
estavam com ele hastearam bandeiras vermelhas com o brasão do papa, e então se
sentaram atrás da mesa. "Aproximem-se", gritava Tetzel, "lhes darei indulgências,
cartas seladas pelo papa. Até os seus pecados futuros serão perdoados.
Arrependimento não é necessário. Além disso, estas cartas não apenas salvam os
vivos, mas também os mortos! No momento em que o dinheiro tilintar no fundo do
baú, a alma escapa do purgatório, e voa para o céu. Traga o seu dinheiro! Traga o
seu dinheiro!" Uma rima popular naqueles dias corria:

Quando a moeda no cofre tilintar

A alma do purgatório voará.

O purgatório, os Católicos Romanos acreditavam, era um lugar de punição


onde as almas eram purgadas, ou limpas, dos pecados pelo fogo. Eles diziam que a
alma deveria permanecer no purgatório até que estivesse pronta para ir para o céu.
Claro, Tetzel e o papa estavam errados. Essa era uma completa e terrível mentira.
Dinheiro e pedaços de papel não podem salvar as pessoas de seus pecados. E, além
disso, o dinheiro coletado pela venda das indulgências estava sendo usado pelo
papa e pelos clérigos para construir igrejas suntuosas e para terem uma vida de
luxo.

Lutero estava determinado a pôr um fim nessa venda corrupta de


indulgências. Ele falou e pregou contra isso. Ele provou pela Bíblia que essa prática
era falsa. Lutero clara e firmemente declarou que os homens só podem ser salvos
pela expiação5 do sangue do Senhor Jesus Cristo.

5
Expiação - aquilo que traz reconciliação pagando o custo devido por uma ofensa.
AS 95 TESES

Por causa da venda de indulgências por Tetzel, Lutero escreveu as 95 teses,


ou afirmações, que explicavam que a salvação era somente por Cristo. Elas também
explicavam o que estava errado na igreja. Ele pegou esse papel e o pregou na porta
da igreja de Wittenberg, em 31 de outubro de 15176. O Senhor usou as 95 teses
para começar a Reforma. As teses eram escritas em latim, mas, em semanas, as
pessoas traduziram para alemão e, mais tarde, para todas as línguas da Europa,
para que os povos de toda a Europa pudessem entendê-las. As pessoas estavam
ficando mais e mais insatisfeitas com as doutrinas e práticas da Igreja Católica
Romana. Avidamente leram as teses de Lutero. A corrupção deveria ser
interrompida; a verdade deveria ser proclamada. A Reforma havia
verdadeiramente começado!

A princípio, Tetzel, os bispos e o papa ignoraram o protesto de Lutero,


pensando que isso iria passar. Mas quando viram que as pessoas concordavam
mais e mais com Lutero, começaram a ficar preocupados. Logo ficaram irritados,
porque o povo não estava comprando tantas indulgências quanto antes e isso
significava menos dinheiro para eles.

6
A publicação das teses de Lutero não tinha o propósito de separação da Igreja Católica Romana, mas
um pedido sincero de um debate público sobre seu interesse de reforma na igreja.
LUTERO É CONVOCADO PELO PAPA

Algum tempo depois disso, Lutero recebeu uma carta do papa. O papa o
ordenou a parar de pregar contra a igreja e a retratar o que ele havia dito e escrito.
Lutero escreveu de volta imediatamente, dizendo que não poderia obedecer a essa
ordem. Em resposta, o papa exigiu que Lutero fosse a Roma para encontrá-lo. Os
amigos de Lutero não podiam deixar de lembrar o que aconteceu com John Huss. O
papa também o havia ordenado a aparecer diante de si, e ele foi capturado e morto,
apesar ter sido prometida a proteção do papa. Por essa razão, Lutero se recusou a
ir a Roma.

O papa tentou outro plano. Escreveu para Frederico, o Sábio, o Eleitor da


Saxônia, dizendo a Frederico que ele devia mandar Lutero a Roma. Mas Frederico, o
Sábio, que era um amigo de Lutero, pediu ao papa para enviar representantes a
Alemanha para tratar com Lutero. Os encontros com Cardial Cajetan, em outubro
de 1518, e Karl von Militz, em janeiro de 1519, falharam em fazer Lutero se
retratar. Esses delegados papais tentaram forçar Lutero a voltar atrás em tudo o
que ele disse contra o ensinamento Católico Romano, mas logo ficou claro que
Lutero sabia muito mais da Bíblia do que eles. Ele se recusou a retratar qualquer
coisa que ele havia dito ou escrito, uma vez que tudo era baseado na Palavra de
Deus.

Percebendo que esses homens estavam terrivelmente irritados com ele e


que estava agora em perigo, Lutero deixou a cidade durante a noite. Seus amigos o
ajudaram a escapar porque tinham medo que o papa e seus homens pudessem
tentar capturá-lo e colocá-lo na prisão. Deus protegeu Seu servo valente, pois ainda
havia muito o que fazer.
JOHANN ECK

Johann Eck (ou João Maier) era um homem que defendia a igreja [Católica
Romana]. Ele escreveu livretos contra Lutero, dizendo que ele era um herege, assim
como John Huss. Eck e Lutero tiveram debates, discutindo as diferenças entre suas
crenças. Em um debate em Leipsig, no verão de 1519, Eck conseguiu que Lutero
dissesse que o papa estava errado. Lutero afirmou que a Escritura é a Palavra de
Deus e não há erros nela. Se há uma discordância entre o papa e a Bíblia, nós
devemos concordar com a Palavra de Deus, ao invés da palavra do papa. Eck
pensou que havia ganhado o debate quando fez com que Lutero dissesse que
acreditava que o papa não era a verdade suprema, mas muitas pessoas acreditaram
que Lutero foi o verdadeiro vencedor, porque ele firmemente estabeleceu a
verdade.
LUTERO QUEIMA A BULA PAPAL

Quando Eck voltou a Roma, ele persuadiu o Papa Leão X a acusar Lutero de
ser um herege. Com o estímulo de Eck, o papa ameaçou excomungar Lutero. No
verão de 1520, Lutero foi ordenado a ir a Roma e retratar tudo o que havia dito e
escrito contra as doutrinas da igreja. Ele tinha sessenta dias para fazer isso. O papa
adicionou que, se Lutero se recusasse, ele seria atormentado nesta vida e na vida
que há de vir. Essa carta do papa era chamada de bula papal ("bula" vem de uma
palavra latina que significa "selo", então "bula papal" significa "um documento ou
ordem especial do papa").

Apesar de Lutero ter respondido ao papa, ele também deixou suas


convicções claras de outra maneira. No dia 10 de dezembro de 1520, ele e seus
amigos fizeram uma fogueira e queimaram a bula papal. Ele também queimou um
livro que dizia que o papa era a regra suprema da igreja. Esse era um insulto óbvio
ao papa, mas Lutero se recusou a escutar pessoas que não obedeciam a Deus e que
queriam que ele desobedecesse a Deus também. Por essa ação, ele se desligou da
igreja. Ele foi excomungado no dia 3 de janeiro de 1521. Ele não era mais um
membro da Igreja Católica Romana. Muitas pessoas em Wittenberg ficaram felizes;
elas concordavam com Martinho Lutero.

Lutero queimando a bula papal


ESCRITOS IMPORTANTES

Durante o ano de 1520, Lutero completou três importantes livros, nos quais
expôs suas visões. No primeiro, À Nobreza Cristã da Nação Alemã, incitou os
príncipes alemães a reformar as igrejas e a sociedade, uma vez que a Igreja Católica
Romana estava em um estado triste de corrupção. No Do Cativeiro Babilônico Da
Igreja, ele atacou a teologia dos sacramentos da igreja. Lutero sustentava que havia
apenas dois sacramentos: batismo e a Ceia do Senhor, ou no máximo três, com a
penitência qualificada como um terceiro7; a Igreja Católica Romana dizia que havia
sete. Ele também negou a doutrina da transubstanciação8. O terceiro panfleto, A
Liberdade Do Cristão, definiu a posição de Lutero sobre justificação e boas obras.

7
Penitência - Na teologia Luterana, penitência consistia na confissão a um pastor e recebimento de sua
afirmação de perdão no favor de Deus. Ao contrário do ensino católico de que o padre na verdade
perdoa os pecados de alguém, Lutero diz que o pastor meramente afirma verbalmente o perdão de Deus
dito nas Escrituras. Enquanto a Bíblia ensina os crentes a confessar seus pecados uns aos outros (Tg
5:16), ela não torna isto um rito formal, sempre requerido pelo perdão de pecados. Nós sempre
devemos confessar nossos pecados a Deus e buscar perdão diretamente dEle, por causa do mérito da
obra expiatória de Cristo (1Jo 1:9).
8
Transubstanciação - Doutrina que o corpo e o sangue físicos de Cristo estão presentes no pão e no
vinho da Ceia do Senhor, afirmada até hoje pela Igreja Católica Romana.
A DIETA DE WORMS

No início de 1520, Lutero e seus amigos continuaram a pregar e a ensinar o


evangelho. Por meio da pregação e dos escritos de Lutero, as doutrinas da Bíblia
foram se espalhando rapidamente. Muitas pessoas na Alemanha, Suíça, França,
Inglaterra e outros países estavam deixando a Igreja Católica Romana e
ingressando nas igrejas Protestantes. O papa estava assustado. Ele não havia sido
capaz de parar Lutero. Deus havia dado a Lutero poderosos amigos que ficavam
perto dele e o protegiam.

O papa se encontrou com Carlos V9, o imperador alemão, e, juntos,


decidiram convocar uma reunião. Essa reunião foi chamada de "Dieta de Worms".
"Dieta" significa "assembleia", e Worms era o nome da cidade onde a reunião
aconteceu. Lutero foi convocado a aparecer nessa Dieta. O papa e o imperador
esperavam uma das duas coisas: ou eles conseguiriam que Lutero se retratasse, ou
senão, eles assumiriam a autoridade dessa Dieta para direcioná-lo à morte.

Os amigos de Martinho Lutero ficaram assustados. Apesar de Lutero ter


recebido uma ordem de segurança, novamente eles não podiam deixar de
lembrar-se de John Huss. Ele também havia recebido a promessa do papa de que
seria protegido, mas havia sido queimado na estaca. Lutero, no entanto, assegurou
a eles de que não estava com medo. Ele acreditava que o Senhor queria que ele
fosse a Worms. "Mesmo se houver tantos demônios em Worms como as telhas dos
telhados, eu vou", ele disse firmemente.

Lutero na Dieta de Worms

9
Carlos V (1500-1558) - governante do Império Espanhol em 1516 e o Sacro Império Romano em 1519.
Carlos era herdeiro das três principais dinastias da Europa: as Casas de Valois-Borgonha (Países Baixos),
de Habsburgo (Áustria e o Sacro Império Romano) e de Trastâmara (Espanha, incluindo pela primeira vez
Aragão e Castela, que incluia colônias nas Américas, Ásia e um império Mediterrâneo estendido pelo sul
da Itália).
A Dieta de Worms, realizada em 18 de abril de 1521, foi uma grande
assembleia. Príncipes, governantes e muitas pessoas importantes estavam
presentes. O Imperador Carlos V e seu irmão, o Arquiduque Ferdinando, estavam
lá. Também presente estava o arcebispo de Tréveris, que representava o papa. O
chanceler do arcebispo fazia perguntas a Lutero durante o julgamento. Alguns
amigos de Lutero também estavam lá. Frederico, o Sábio, o Eleitor da Saxônia, era
um dos mais poderosos príncipes da Alemanha. No grande salão do palácio onde a
Dieta acontecia, uma multidão de milhares de pessoas havia se acumulado
também.

Quando Lutero entrou, havia grande agitação. Todos queriam vê-lo. O


chanceler do arcebispo se pôs de pé e disse em voz alta e clara que havia duas
questões que Lutero devia responder. Apontando para alguns livros na mesa, ele
perguntou a Lutero: "Você escreveu estes livros?"

Lutero perguntou quais eram os títulos. Quando ele identificou os títulos,


respondeu: "Sim, eu os escrevi".

"Você retratará tudo nesses livros que é contra a Igreja de Roma?", era a
próxima pergunta.

Lutero pediu um tempo para pensar e orar antes de responder a essa


questão. O imperador disse-lhe que teria até o próximo dia.

Quando a Dieta se encontrou novamente no dia seguinte, foi pedido que


Lutero desse sua resposta. Ele fez um longo discurso, primeiro em alemão, depois
em latim. Nesse discurso, ele disse que se fosse provado que algo em seu livro não
estivesse de acordo com as Escrituras, ele iria imediatamente retratá-lo, mas se
não, ele não podia retratar nada. Quando insistiram a ele novamente a voltar atrás
em seus escritos, ele repetiu o que havia dito antes. Então, disse:

"A não ser que eu me convença pelos testemunhos das Escrituras ou por argumentos
claros de que estou errado ─ pois os papas e os conselhos muitas vezes erraram e se
contradisseram ─, eu não posso me retratar, pois eu estou sujeito às Escrituras que
tenho citado; minha consciência está cativa à Palavra de Deus. E é perigoso e
arriscado fazer algo contra a consciência."

Ele concluiu com estas famosas palavras:

"Aqui permaneço eu; não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude!
Amém!"

Os amigos de Lutero se alegraram, mas seus inimigos ficaram furiosos. Eles


tentaram convencer o imperador a quebrar sua promessa de ordem de segurança.
Mas o imperador estava com medo que o povo se revoltasse se ele assim fizesse.
Em vez disso, ele ordenou que Lutero deixasse a cidade imediatamente. Assim que
Lutero saiu, no entanto, o imperador declarou que qualquer um estava permitido a
matá-lo. O papa também declarou que Lutero estava proibido de pregar, e todos os
seus escritos deveriam ser queimados. Essa declaração foi chamada de Édito de
Worms.
LUTERO É CAPTURADO

No caminho de Worms para casa, Lutero teve uma experiência


transtornadora. Seus amigos descobriram que havia um plano para capturá-lo,
então fizeram seus próprios planos. Enquanto Lutero estava indo para casa pela
floresta, muitos homens mascarados e armados subitamente abriram a porta da
carruagem na qual ele estava montado, arrancaram-no de lá, colocaram-no num
cavalo e fugiram com ele. Eles cavalgaram um bom tempo, até que chegaram ao
castelo de Wartburg. A princípio, Lutero não havia reconhecido quem eram seus
sequestradores. Você pode imaginar quão aliviado ele ficou quando descobriu que
eram seus amigos! Frederico, o Sábio, havia armado sua captura e o escondeu no
castelo por quase um ano.

Durante esse tempo, Lutero escreveu uma série de panfletos atacando as


práticas Católicas Romanas e começou sua tradução da Bíblia para o alemão. A
tradução do Novo Testamento foi finalizada no outono de 1522, mas foi somente
em 1542 que Lutero, com a ajuda de seus amigos, completou a tradução de toda a
Bíblia. Ele também escreveu cartas a outros amigos, mas não assinava seu nome
nelas. Seus amigos sabiam, assim, que Lutero estava seguro, apesar de não terem
ideia de onde ele estava ou quem o havia "capturado".

O castelo em Wartburg

Enquanto Lutero estava no Castelo de Wartburg, havia agitação em


Wittenberg. Algumas pessoas que afirmavam seguir Lutero destruíram imagens,
obras-de-arte, altares e crucifixos10. Esse tipo de destruição é chamada de
iconoclastia. Enquanto Lutero falava contra os erros da Igreja Católica Romana, ele
não acreditava em motins e destruição. Em março de 1522, Lutero voltou a
Wittenberg, apesar de isso significar que ele estava se colocando em perigo de ser
preso ou morto. Ele acreditava que Wittenberg precisava dele, e começou a pregar
e ensinar ao povo assim que chegou. Ele lhes disse que tal comportamento não
estava de acordo com as Escrituras, nem estava honrando a Deus. Felizmente, as
pessoas o escutaram, e as coisas se acalmaram novamente.

10
destruíram...crucifixos - Isso aconteceu durante a Guerra dos Camponeses Alemã, uma revolta
popular generalizada nas áreas de língua alemã da Europa Central, de 1522 a 1525. Ela falhou por causa
da oposição intensa da aristocracia, que massacrou 100.000 dos 300.000 camponeses e fazendeiros
pobremente armados. A guerra consistia numa série de revoltas econômicas e religiosas, na qual
camponeses e fazendeiros, com o apoio de alguns clérigos protestantes, assumiram a liderança. A
revolta incorporou alguns princípios e retórica da emergente Reforma Protestante, através da qual os
camponeses buscavam liberdade e influência.
DEUS DÁ UMA ESPOSA A LUTERO

A Igreja Católica Romana dizia que era pecado um sacerdote se casar.


Quando Lutero começou a estudar a Bíblia, descobriu que Deus nunca havia criado
tamanha lei. Em 13 de junho de 1525, Lutero se casou com Catarina von Bora. Dois
anos antes, Catarina (ou Katie, como Lutero carinhosamente a chamava) e muitas
outras mulheres haviam escapado de um convento. Lutero e sua esposa se amavam
muito e eram uma boa ajuda um ao outro. O Senhor os abençoou com seis filhos.
Uma das crianças, Magdalena, morreu em 20 de setembro de 1542, na idade de
treze anos. Lutero e sua família ficaram muito tristes, mas também se alegraram,
sabendo que aquela criança foi levada ao céu para estar com seu Salvador para
sempre.

Lutero amava crianças e escreveu um catecismo para elas, e também muitas


canções. Algumas delas ainda são cantadas hoje. Você conhece os hinos "Num
Berço de Palhas" e "Castelo Forte"? Lutero os escreveu, assim como mais de 125
outros hinos. Em 1524, ele publicou o primeiro hinário alemão. Continha apenas
oito hinos, mas, cada vez que era reimpresso, mais hinos eram acrescentados. O
povo alemão amava cantar esses hinos com suas famílias ou quando acabavam de
fazer suas atividades diárias.
LUTERO E ZUÍNGLIO SOBRE A CEIA DO SENHOR

Em 1529, Filipe de Hesse, um dos príncipes protestantes da Alemanha,


organizou uma reunião com os principais teólogos da Suíça e da Alemanha. Ele
queria que buscassem um acordo sobre as doutrinas da Ceia do Senhor. Esse
encontro aconteceu em Marburg. Lutero e Filipe Melanchton11, que era o maior
auxiliar de Lutero e um teólogo capaz, representou o ensino de Lutero de que,
apesar do pão e do vinho não se transformarem literalmente no corpo e no sangue
do Senhor Jesus, Ele está fisicamente presente no, com, e sob o pão. Ulrico
Zuínglio12, o principal reformador da Suíça, que levou o seu amigo Johhanes
Œcolampadius13, sustentava a crença de que o sacramente da Ceia do Senhor é
apenas um memorial da morte do Senhor Jesus.

É triste dizer, mas eles não estavam dispostos a um acordo. Quando


tomaram seus caminhos, Lutero se recusou a apertar a mão de Zuínglio como um
irmão em Cristo. Zuínglio ficou triste por isso. Algumas vezes o povo de Deus tem
diferenças em suas crenças, que muitas vezes resultam em ressentimento. Isso não
é o que Deus ensina. Paulo diz em 1Coríntios 1:10: "Rogo-vos, porém, irmãos, pelo
nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não
haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um
mesmo parecer."

11
Filipe Melanchton (1497-1560) - reformador e teólogo alemão, amigo chegado de Martinho Lutero e
autor de Loci Communes, o primeiro trato sistemático da teologia evangélica de Lutero.
12
Ulrico Zuínglio (1484-1531) - líder da Reforma Protestante no norte da Suíça. Ele frequentou as
universidades de Vienna e Basel, e serviu como pastor em Einsiedeln, onde foi influenciado pelos
escritos de Erasmo. Ele pastoreou da Igreja Grossmunster em Zurique e morreu lutando uma batalha
com fiéis da Igreja Católica Romana.
13
Œcolampadius (1482-1531) (Latim: "tocha de fogo") - nascido em Hussgen, Alemanha, deixou o
monastério depois de ler os escritos de Lutero e foi para Basel, onde pregou e escreveu verdades da
Escritura. Ele concordava com a visão de Zuínglio sobre a Ceia do Senhor. Em 1518, ajudou Erasmo a
editar seu Novo Testamento em grego.
SEU TRABALHO E HOSPITALIDADE

Em 1537, e novamente em 1541, Lutero ficou tão doente que sua família e
amigos temiam que ele pudesse morrer. No entanto, o Senhor lhe restaurou a
saúde e o possibilitou a continuar seu trabalho. Ele palestrou, pregou, participou de
conferências e escreveu livros e tratos. Ele e sua esposa, Katie, eram conhecidos
por sua hospitalidade. Apesar de terem pouco dinheiro, eles recebiam qualquer um
em necessidade. As refeições eram frequentemente horas de conversas vivas
quando os visitantes conversavam com Lutero sobre a Escritura e suas doutrinas.
SUA MORTE

No início de 1546, Lutero escreveu a um amigo que ele se sentia "velho,


exausto, desgastado, fraco e desanimado, e com somente um olho para enxergar".
Sentindo-se assim, dirigiu-se para Eisleben a fim de tentar ajudar umas pessoas
que estavam disputando por terra, apesar do clima frio de inverno. Na sua jornada,
ficou mais doente e sofreu em sua cidade natal por muitos dias. Sua amada Katie
estava longe. Somente seus filhos Martinho e Paulo o haviam acompanhado nessa
viagem. No entanto, ele tinha amigos ao seu redor em seus últimos dias. Um dos
seus amigos, Justus Jonas, perguntou a Lutero: "Reverendo, permanece com Cristo
e com as doutrinas que tens pregado?". O moribundo reformador despertou para
uma resposta firme: "Sim". Suas últimas palavras foram: "Pai, em Tuas mãos eu
entrego meu espírito". Ele morreu em 18 de fevereiro de 1546. Seu corpo foi levado
para Wittenberg e enterrado no cemitério da igreja. Essa foi a mesma igreja que
Lutero afixou suas famosas 95 teses para que todos pudessem ler.

Lutero tinha 63 anos quando morreu. Ele enfrentou diversos desafios e


dificuldades em sua vida; muitas vezes seus inimigos haviam tentado condená-lo à
morte e silenciá-lo, mas Deus possibilitou Lutero a continuar a bendita obra da
Reforma. Muitas vezes ele esteve triste e desencorajado. O diabo tentou fazê-lo cair
e desistir, mas o Senhor sempre ajudou tanto a Lutero em seu trabalho, que ele
perseverou até o fim.

Ao longo de sua vida, Lutero manteve uma carga de trabalho muito pesada:
ensinar, escrever livros, organizar a nova Igreja Protestante e proporcionar a
liderança geral da Reforma alemã. Lutero nunca se viu como o fundador de um
novo corpo da igreja, no entanto. Em 1522, quando seus seguidores começaram a
usar seu nome para se identificar, ele não ficou satisfeito. Ele escreveu:

"Vamos abolir todos os nomes de partidos e chamar-nos cristãos, segundo o nome


dAquele cujos ensinos sustentamos... Eu sustento, junto com a igreja universal14, o
único ensino universal de Cristo, que é nosso único mestre."

Seu objetivo era reformar e restaurar a igreja para que pudessem ser
verdade os ensinos bíblicos da salvação pela graciosa fé somente. Pouco ele podia
imaginar o impacto que teria o Protestantismo ao redor do mundo, e que mais
biografias ─ bem mais que mil nestes dias ─ sobre sua vida seriam escritas do que
sobre outra pessoa na história, exceto o Senhor Jesus.

14
Igreja universal - a Igreja universal espiritual, que inclui todos os verdadeiros crentes por toda parte do
mundo, em todos os tempos, com diferenças de igrejas visíveis, assembleias locais dos cristãos
professos.

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