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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFG

ENGENHARIA ELÉTRICA

CAIO MARTINS PIMENTEL SANTOS


MATHEUS CLYNTON PEREIRA SILVA

ANÁLISE PRELIMINAR DA VIABILIDADE DA GERAÇÃO DE ENERGIA


ELÉTRICA ATRAVÉS DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA
CIDADE DE GUANAMBI-BA

Guanambi
Dezembro de 2021
CAIO MARTINS PIMENTEL SANTOS
MATHEUS CLYNTON PEREIRA SILVA

ANÁLISE PRELIMINAR DA VIABILIDADE DA GERAÇÃO DE ENERGIA


ELÉTRICA ATRAVÉS DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA
CIDADE DE GUANAMBI-BA

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de


Engenharia Elétrica do Centro Universitário
FG – UNIFG como requisito de avaliação da
disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso
II.
Orientador: Ms. Mohammed Luiz Santos
Couto

Coorientador: Ms. Thomas Leonardo Marques


de Castro Leal

Guanambi
Dezembro de 2021
ANÁLISE PRELIMINAR DA VIABILIDADE DA GERAÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA ATRAVÉS DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
NA CIDADE DE GUANAMBI-BA

Caio Martins Pimentel Santos¹, Matheus Clynton Pereira e Silva¹, Mohammed Luiz
Santos Couto² Thomas Leonardo Marques de Castro Leal³

¹ Graduandos do Curso de Engenharia Elétrica. Centro Universitário UNIFG.


² Docente do Curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário UNIFG. Licenciado em Física –
UESB, Mestre em Ensino de Física – UESB.
³ Docente do Curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário UNIFG. Engenheiro Ambiental –
UESB. Mestre em Ciências Ambientais – UESB.

RESUMO:
De acordo aA crescente preocupação com o meio ambiente nos últimos decênios, a
induziu maior atenção à destinação adequada dos resíduos tem sido de extrema
importância. Com o acréscimo do uso de materiais descartáveis segundo as concepções
adequadas da saúde a quantidade de resíduos dos serviços de saúde (RSS) cresce
constantemente. No entanto, fatores como a falta de informação gera a falta da
separação adequada ou o tratamento adequado até o processo de destinação final que
ocorre muitas vezes através da disposição em aterros. Assim, esse artigo tem como
intuito apresentar uma análise preliminar da viabilidade da geração de energia elétrica
através de resíduos sólidos dos serviços de saúde na cidade de Guanambi-BA expondo
uma destinação final para esses resíduos por meio de um sistema de gaseificação capaz
de gerar energia elétrica para rede de abastecimento energética e garantindo um meio
ambiente mais equilibrado. As amostras foram recolhidas por meio de um questionário
aplicado às Unidades de Saúde da cidade, das instituições que se dispuseram a colaborar
com a entrevista por mês foi possível obter que a cidade gera uma média de 10.500 kg
de RSS ao mês, dessa forma foi possível estimar por cálculos que essa quantidade de
resíduos seria capaz de gerar 53,68 MWh/ ano, n o entanto por estimativas de demanda
energética a cidade de estudo possui uma média de demanda energética de 32.353,56 MWh/
ano. Sendo assim foi possível concluir que a cidade de Guanambi-BA não gera resíduos
sólidos dos serviços de saúde suficientes para ser aproveitado através do processo de
gaseificação.
Endereço para correspondência: Rua Ana Vitória, nº 13 – Bairro: Centro, Candiba –
Bahia. CEP: 46380.000.
Endereço Eletrônico: caiomps@gmail.com
Palavras-Chave:Resíduos. Reaproveitamento. Disposição Final. Geração de Energia.
Inviabilidade.

ABSTRACT:
According to the growing concern with the environment in recent decades, the proper
disposal of waste has been extremely important. With the increase in the use of
disposable materials according to adequate health concepts, the amount of waste from
health services (RSS) grows constantly. However, factors such as lack of information
lead to a lack of proper separation or proper treatment until the final destination process,
which often occurs through landfill disposal. Thus, this article aims to present a
preliminary analysis of the feasibility of generating electricity through solid waste from
health services in the city of Guanambi-BA, exposing a final destination for these
wastes through a gasification system capable of generating energy electricity supply
network and ensuring a more balanced environment. The samples were collected
through a questionnaire applied to the Health Units of the city, from the institutions that
were willing to collaborate with the interview per month, it was possible to obtain that
the city generates an average of 10,500 kg of RSS per month, thus it was possible
estimate by calculations that this amount of waste would be capable of generating 53.68
MWh/year, however, according to energy demand estimates, the study city has an
average energy demand of 32,353.56 MWh/year. Thus, it was possible to conclude that
the city of Guanambi-BA does not generate enough solid waste from health services to
be used through the gasification process.
Keywords: Reuse. Final Disposition. Power generation. Unfeasibility.

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Bahia. CEP: 46380.000.
Endereço Eletrônico: caiomps@gmail.com
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INTRODUÇÃO
Diversas fontes de energia utilizadas atualmente são grandes geradoras de resíduos
que, em maior parte, são desfavoráveis à saúde e ao meio ambiente, consiste em uma
problemática crescente dada a uma produção incontida de resíduos associado à disposição
inadequada. Os resíduos precisam ser recolhidos e separados da sua área de produção, e assim
atribuídos a um descarte apropriado para que não provoquem danos ao meio em que está
contido (MAZZONETTO; CUNHA; VICENTINI, 2016).
Dada as circunstâncias de uma geração exacerbada de resíduos em todo o mundo, se
faz necessário a diminuição de resíduos sólidos e de uma sistematização que rege o
gerenciamento ambiental preventivo, gerando conscientização dos poderes públicos
(MAZZONETTO; CUNHA; VICENTINI, 2016).
Neste âmbito surge a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305, de 2 de
agosto de 2010, é moldada na responsabilidade de promover um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, prevendo a gestão compartilhada, do produtor ao consumidor
final, a disposição adequada dos resíduos sólidos gerados pelo consumo. Ainda define
resíduos como material, substância, objeto ou bem rejeitado decorrente das ações humanas em
sociedade, em que a destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a
proceder, nos estados sólido ou semissólido, tal como como gases contidos em recipientes e
líquidos das quais as suas especificidades tornam inviáveis a sua disposição na rede pública
de esgotos ou em corpos d’água (BRASIL, 2010).
A legislação estabelece a gestão integrada de resíduos sólidos como uma agregação de
atividades voltadas para a tentativa de soluções para os resíduos sólidos, de maneira a ter em
conta as dimensões política, econômica, ambiental, social e cultural sob a premissa do avanço
sustentável. O principal objetivo da legislação imposta é a não-geração, redução, reutilização
e tratamento de resíduos sólidos, bem como a destinação final ambientalmente adequada dos
rejeitos (BRASIL, 2010).
A Resolução SMA nº 79, de 04 de novembro de 2009, republicada no DOE de 07 de
novembro de 2009, estipula que as instruções e estado para a operação e o licenciamento da
atividade de tratamento térmico de resíduos sólidos em Usinas de Recuperação de Energia
(URE) (BRASIL, 2009).
Uma das classes de resíduos responsáveis por grande percentual da disposição
inadequada dos materiais são denominados como resíduos dos serviços de saúde (RSS). A
produção dessa classe de resíduos é gradativa, dado ao uso recorrente de materiais
descartáveis, definidos pelos padrões atuais de higiene. Os indivíduos que possuem contato
5

com esse tipo de material não dispõem de informações sobre como proceder com esses
resíduos após serem descartados (NAIME et al., 2004).
São considerados como RSS os resíduos gerados em unidades de saúde, composto por
resíduos infectantes ou de risco biológico (sangue, gaze, curativos, agulhas, etc.) e resíduos
especiais (químicos, farmacêuticos e radioativos). De acordo as especificações dos materiais
que compõe a classificação dos RSS, é possível perceber o risco que é agregado quando esses
materiais são dispostos de maneira inadequada e os potenciais problemas que podem gerar ao
homem e ao ambiente (FERREIRA, 2005).
Em síntese, esse artigo se propôs a dispor de uma análise preliminar realizada afim de
estudar a viabilidade da geração de energia elétrica por meio de resíduos sólidos dos serviços
de saúde na cidade de Guanambi-BA, fornecendo parâmetros e estimativas, de cunho
energético e ambiental.

METODOLOGIA

ÁREA DE ESTUDO
Este estudo foi realizado na cidade de Guanambi, localizada no sudoeste da Bahia, a
675 km da capital Salvador, a qual conta com uma população estimada em 85.353 habitantes.
Guanambi é atualmente o polo de atração regional, cidade referência para diversos municípios
situados nas microrregiões da Serra Geral, Médio São Francisco, Oeste e Sudoeste da Bahia e
o extremo norte de Minas Gerais (IBGE, 2021).
Cabe ressaltar também que a cidade de Guanambi comporta as unidades de saúde de
referência da microrregião estendendo atendimento a 37 municípios, com população estimada
de 586 mil habitantes (BAHIA, 2020). Com a visitação dessa população em busca de recursos
na área da saúde têm-se como consequência uma grande geração de resíduos hospitalares.

Figura 01 - Localização da cidade de Guanambi.


6

Fonte: IBGE (2015) – Org. ARAÚJO, 2018.

PROCEDIMENTOS DE PESQUISA
Para alcançar os objetivos dessa pesquisa foi feito um percurso qualitativa e
quantitativa, de caráter exploratório. Como se tratou de uma pesquisa de campo, foi aplicado
um questionário para a coleta de dados, além de pesquisa bibliográfica. elaborado por meio de
questionário semi-estruturadosemiestruturado. Ainda, o texto se submete às características de
um estudo de caso, pois apresentou o intuito de examinar de forma de maneira destacada o
objeto de estudo, considerando uma análise em mais profundidade.
Os dados foram coletados pPor meio do questionário aplicado (tabela Tabela 01) em
diversas unidades de saúde da área urbana de Guanambi- BA., O questionário (Tabela 01) é
composto por sete questões abertas e foi qualificado como um instrumento na realização da
coleta dos dados buscando avaliar informações a respeito de como procede a coleta desses
resíduos e se esses materiais recebem algum tipo de tratamento, separação ou classificação
desses resíduos. Ainda nessa ação foi investigada se existia algum projeto de modificação do
atual sistema ou gerenciamento, visando o aproveitamento de energia ou a redução da
produção de lixo hospitalar.
aA entrevista foi direcionada ao coordenadoresaos coordenadores ou gerentes
responsáveis na instituiçãode cada estabelecimento., porém Porém, só forami obtidaso
respostas de 12 unidades, sendo que um dos entrevistados é uma empresa que realiza coleta e
tratamento de lixo e resíduos perigosos na cidade. A seleção das unidades de saúde foi
realizada buscando abranger diversas classificações que gerassem os resíduos sólidos da
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unidade de saúde, incluindo hospitais, laboratórios de análises clínicas, unidades de pronto


atendimento e postos de saúde.
A entrevista ocorreu em um local reservado, para que o entrevistado não tivesse a
necessidade de paralisar suas atividades ou se constranger, e quando não foi possível realizar
a entrevista pessoalmente o questionário foi enviado por e-mail, afim de se evitar que o
entrevistado saia do seu local de trabalho e evitando interrupções ou possíveis
constrangimentos.
O questionário (tabela 01) é composto por sete questões abertas e foi qualificado como
um instrumento na realização da coleta dos dados buscando avaliar informações a respeito de
como procede a coleta desses resíduos e se esses materiais recebem algum tipo de tratamento,
separação ou classificação desses resíduos. Ainda nessa ação foi investigada se existia algum
projeto de modificação do atual sistema ou gerenciamento, visando o aproveitamento de
energia ou a redução da produção de lixo hospitalar.
Tabela 01 - Questionário aplicado as unidades de saúde.

QUESTONÁRIO
(1) Qual a quantidade de resíduo sólidos dos serviços de saúde é recolhido mensalmente?
(2) O resíduo é coletado? Quem realiza essa coleta?
(3) Os resíduos de serviços de saúde coletados recebem algum tipo de tratamento externo?
Qual?
(4) É feita alguma separação, classificação ou caracterização desse resíduo no processo de
armazenamento interno?
(5) Sabe-se quanto de metal, plástico, papel, restos orgânicos, vidro, etc, possui nesses
resíduos de serviços de saúde?
(6) Há fiscalização da parte de algum órgão a respeito dos resíduos de serviços de saúde?
(7) Existem políticas que estimulem o aproveitamento dos resíduos de serviços de saúde?

Fonte: Autoria Própria (2021).

Os dados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa, buscando entender qual


tipo de ação que são praticadas na gestão desses resíduos e se estão de acordo a legislação
vigente, e analisar o potencial de geração de energia elétrica na cidade de Guanambi-BA em
associação as práticas já exercidas no município de acordo a média da quantidade de resíduos
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gerados. A partir daí foi verificado se as unidades de saúde da cidade de Guanambi-BA


realizam a prática de separação adequada dos resíduos de serviços de saúde.
Alicerçado no objetivo adquiriu-se aqui uma metodologia hipotético-dedutiva com
intuito de efetivar uma avaliação da viabilidade do uso de RSS para destinação em projetos de
aproveitamento energético por meio de incineração. Por conseguinte, optou-se pela
modelagem de preceitos de uma usina térmica de processamento com gaseificador de resíduos
sólidos para turbinas a gás para mensurar a capacidade de energia gerada e comparar à
demanda energética da cidade de Guanambi-BA. Esse sistema de usina foi escolhido
mensurando a pouca geração de resíduos sólidos dos serviços de saúde na cidade do estudo.
Para mensurar a capacidade de geração de energia foi utilizado como parâmetro de
viabilidade um estudo realizado por Menezes (2000) a qual presume que o potencial de um
incinerador de energia elétrica varia entre 400Wh/ton a 950 Wh/ton. Genon et al. (2010),
também demonstra que a competência de um gaseificador de RSU para turbinas a gás
está em 70%. Lora e Venturini (2012), evidencia que a competência a frio de um
gaseificador pode oscilar entre 50% e 80%. Portanto, nesse estudo foi considerado uma
eficiência total do sistema resultante do produto entre a eficiência do motor e a eficiência do
gaseificador na devida ordem, 70% e 70%.
Assim, em concordância com Menezes (2000), obtém-se a estimativa de geração de
energia elétrica ao ano considerando 26 dias trabalhados por mês, por meio da seguinte
equação:
Equação (1)
EEa=RSS incinerado∗η∗D
Sendo:
EEa = Energia elétrica produzida por ano;
RSS incinerado = Quantidade de resíduos gerados;
η = eficiência total do sistema;
DT= dias trabalhados por ano.

Como parâmetro de comparação para comprovação de análise preliminar da


viabilidade da geração de energia elétrica através de resíduos sólidos dos serviços de saúde
utilizou-se dados apresentados por Pimentel e Ramos (2020), a qual identificou um
quantitativo de em média 25.825 unidades consumidoras de energia elétrica na cidade de
Guanambi-BA. Foi também considerado pelo Laboratório de Eficiência Energética (2021)
que o consumo médio de energia elétrica nas residências do nordeste foi de 104,4
9

kWh/mês, com esses dados foi possível efetivar um cálculo base para obter uma média do
consumo energético geral da cidade do estudo em um ano conforme é descrito na equação 2.
Equação (2)
Consumo Energético=Nº unidades consumidoras∗Consumo Energético por Residência

RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa foi realizada em 15 unidades de saúde da cidade Guanambi-BA e
uma empresa de coleta desses resíduos, no entanto, apenas 12 se disponibilizaram a responder
o questionário. Foram entrevistados os gestores das lojas em questão e os resultados a seguir
foram discutidos a partir das perguntas presentes no questionário. A primeira pergunta foi
relacionada à quantidade de resíduo sólidos nos serviços de saúde é gerado mensalmente e a
segunda refere-se a coleta desse material.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), define os resíduos utilizados
em unidades de saúde pela expressão Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), dessa forma são
inclusos os resíduos gerados em todos os estabelecimentos que prestam serviços de saúde,
como laboratórios, clínicas de veterinária, centro de zoonoses, centros de pesquisa, entre
outros (ANVISA, 2004).
Nos resultados adquiridos por meio do questionário constatou-se que as Unidades de
Saúde (US) geram em média 4.348 kg (quilogramas) de resíduos advindos da área de saúde a
cada mês na cidade de Guanambi-BA, assim como é demonstrado na tabela 2 a quantidade
em quilogramas que cada unidade de saúde gera por mês. A empresa de coleta acusou receber
em média 10.500 kg de RSS.

Tabela 02 – Quantidade mensal de geração de RSS.


UNIDADE DE
kg/mês
SERVIÇO DE SAÚDE
USS 1 3650
USS 2 40
USS 3 120
USS 4 80
USS 5 160
USS 6 40
USS 7 38
USS 8 40
USS 9 80
10

USS 10 60
USS 11 40
TOTAL 4348
Fonte: Autoria Própria.

Figura 02 – Coleta dos resíduos de serviços de saúde.

COLETA DOS RSS

8%
SIM
NÃO

92%

Fonte: Autoria Própria.


Em seguida, questionou-se a respeito da coleta desse material e qual era o órgão
responsável por essa coleta, o resultado é expresso na figura 2.
Assim como é expresso na figura 2, o equivalente a 92% das instituições realiza um
processo adequado de coleta, constatando que na cidade há duas empresas privadas
responsáveis por esse processo de recolha desses resíduos, sendo uma contratada pelo poder
público municipal e outra que presta serviços para algumas US privada.
As unidades de serviços de saúde são intendentes pelo gerenciamento adequado de
todos os RSS que são gerados na unidade, pertencendo aos órgãos públicos dentro de suas
competências a função de gestão, a regulamentação e a fiscalização. Apesar da
responsabilidade direta por esses resíduos sejam de incumbência das instituições que o geram,
essa se estende também a outros protagonistas, em particular ao poder público e às empresas
responsáveis por essa coleta, tratamento e disposição final (SCHNEIDER; EMMERICH,
2015).
Assim sendo, nNo processo de gestão dos RSS as entidades prestadoras dos serviços
de saúde podem admitir empresas para terceirizar os serviços de limpeza, coleta de resíduos,
tratamento e disposição final. À vista disso, faz-se necessário ter o conhecimento referente aos
mecanismos que possibilitem a análise dos procedimentos definidos e o proceder das
empresas se estão de acordo com a legislação vigente (SCHNEIDER; EMMERICH, 2015).
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A responsabilidade que é estabelecida a instituição que gera o resíduo é conservada


mesmo depois da disposição final dos resíduos, evidenciando que essa relação perdura até
quando for possível detectar o agente produtor do resíduo. Esse ato é conhecido como
responsabilidade compartilhada (NAIME et al., 2004).
Sendo assim, têm-se que a coleta dos resíduos sólidos de serviço de saúde em várias
unidades é efetuada de maneira especificada por empresas privadas, uma classificação desses
resíduos é incinerada ou depositada em valas sépticas sem qualquer tratamento, outra
distinção tem como destinação final o aterro de resíduos perigosos (NAIME et al., 2004).
Atendendo as diretrizes da Portaria nº. 53 do Ministério de Estado do Interior que
preconiza a obrigatoriedade da incineração dos RSS foi base de grandes questionamentos esta
obrigatoriedade foi revogada por meio da Resolução N. 5 do CONAMA (BRASIL, 1993),
não houve a respectiva atualização das legislações no âmbito municipal.
Considerando os aspectos de responsabilidade compartilhada, foi questionada aos
gestores das unidades de serviços de saúde se esses resíduos recebem algum tratamento
externo. O resultado é demonstrado na Ffigura 03.

Figura 03 – Tratamento externo dos Resíduos.

TRATAMENTO EXTERNO DO RSS

RECEBE
25%
TRATAMENTO
NÃO RECEBE
TRATAMENTO

75%

Fonte: Autoria Própria.

Considerando o resultado destacado na figura acima, têm-se que 75% dos


estabelecimentos encaminham esses resíduos para que seja efetuado um tratamento externo
adequado a esses materiais, e em sua totalidade relatam que esse tratamento ocorre por
incineração ou aterramento. No entanto, outros 25% relataram que esses resíduos não
recebem quaisquer tipos de tratamento externo, esse dado ficou um tanto duvidoso porque
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essa resposta difere das demais apresentadas no questionário, isso pode ter ocorrido por uma
má interpretação da pergunta, ou desconhecimento do assunto referido na questão.
Considerando as respostas referente ao tratamento externo sabe-se que processo de
incineração de RSU consiste em um tratamento eficiente para a diminuição do volume desses,
tornando o material estático em um tempo mínimo, quando efetuado de maneira correta. No
entanto há um grande dispêndio na etapa de instalação e funcionamento, dado principalmente
pela imposição de filtros e demais acessórios que contribuem para redução da poluição que é
ocasionada pelas fases que são gerados no processo de queima dos resíduos (ENVIROS,
2007).
Há três principais tecnologias de combustão que podem ser utilizadas no processo de
incineração. As tecnologias presentes possuem possibilidade de compor os requisitos
técnicos que acate a legislação tendo como exemplo a temperatura de combustão mínima de
850°C e tempo de residência do sólido de dois segundos. Essas tecnologias são grelhas fixas e
móveis; leito fluidizado; tambores rotativos (ENVIROS, 2007).
O processo de incineração de resíduos sólidos urbanos possui benefícios e
inconveniências., dentre Dentre as vantagens desse processo está a diminuição do volume
requerido para disposição em aterro e recuperação de energia no decorrer da combustão além
de ter uso na geração de eletricidade combinado calor e energia, podendo citar o uso direto de
energia térmica ou energia elétrica, parcialmente sem ruídos e sem odores, além de requerer
uma área pequena para a instalação (HENRIQUES, 2004).
A seguir foi inquerido a respeito da maneira em que cada estabelecimento realizava a
separação interna dos resíduos, essa questão trouxe uma diversidade de respostas como é
exposto na figura 04, em que 33% realizavam a separação por classes como adverte a
ANVISA, outros 33% somente realizavam a classificação de perfuro cortantes dos demais
resíduos, os demais 34% só retiravam os materiais contaminados e os colocavam em outro
recipiente ou até mesmo não realizam nenhum tipo de separação.
Foi perguntado também se era sabido acerca da quantidade de metal, plástico, papel,
restos orgânicos, vidro, etcvidro etc., possuíam nesses resíduos de serviços de saúde, mas
nenhum responsável efetua essa pesagem de acordo a composição do material.

Figura 04 – Separação dos resíduos dos serviços de saúde.


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SEPARAÇÃO DOS RSS

8% SEPARAÇÃO POR
CLASSES
33%
PERFUROCORTANTES
25% E COMUM

CONTAMINADOS E
COMUM

NÃO FAZ SEPARAÇÃO


33%

Fonte: Autoria Própria.


Devido aos grandes riscos que essa classificação de resíduos sólidos apresenta,
carecem de atenção em todas as suas fases de manipulação como segregação,
condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final, isso
devido os componentes químicos, biológicos e radioativos que estão presentes nesse material
(ANVISA, 2006).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (, 2006), considera os resíduos
dos serviços de saúde em 5 classes, sendo que das classes A e E são compostas por materiais
infectantes e devem ser tratados de maneiras distintas as demais.
 Classe A: dentro deste grupo são encontrados resíduos que possivelmente possuem
agentes biológicos, desta maneira, apresentando riscos de causar infecções. Divide-se
em 5 subgrupos (A1, A2, A3, A4 e A5), baseado nas diferenças entre os tipos de RSS
que possuem estes agentes.
 Classe B: nestes resíduos estão presentes substâncias químicas que, possivelmente,
conferem risco à saúde pública ou ao meio ambiente.
 Classe C: englobam materiais oriundos de atividades humanas que possuem
radionuclídeos em quantidades acima dos limites aceitáveis.
 Classe D: neste grupo estão presentes os resíduos que não apresentam risco químico,
biológico e nem radioativo para a saúde dos seres vivos, muito menos ao meio
ambiente, como por exemplo, papel de uso sanitário, fraldas, restos alimentares de
paciente, entre outros.
 Classe E: grupo onde estão os materiais perfurocortantes ou escarificantes.
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Para certificação da gestão desses resíduos foi perguntado se há fiscalização de algum


órgão correspondente da parte de governo público, todos os entrevistados responderam que a
vigilância sanitária faz um acompanhamento semestral, tendo uma fração que julgou ser um
processo paliativo pois não implementam medidas associadas a essa gestão, outros já
responderam que há um acompanhamento até a destinação final.
Por fim foi requisitado a respeito se existem políticas que estimulam o aproveitamento
desses resíduos, e todos responderam que não, uma vez que a destinação final desses produtos
acontece de maneira terceirizada.
Em síntese, por meio das respostas obtidas pôde-se perceber que a gestão de resíduos
sólidos dos serviços de saúde é de extrema importância, e tem como intuito propiciar o
descarte desses materiais em locais e disposições adequadas resultando em uma minimização
dos impactos ambientais. A mudança de condutas deve ser acompanhada por um programa de
informação ambiental, para que haja mais compromisso com a qualidade do tratamento dado
ao meio ambiente, compromisso dado pelos geradores, consumidores coletores e receptores
de resíduos.
Para análise do potencial de geração de energia elétrica na cidade de Guanambi-BA
por meio do reaproveitamento energético de resíduos sólidos do serviço de saúde usou
parâmetros como o pensamento de Pena (2007), a qual considera que a transformação de
resíduos sólidos urbanos em energia é um processo estimado em todo o mundo, por ser uma
prática ambientalmente favorável que tem possibilidade de gerar energia elétrica com
impactos reduzidos quando comparados aos demais métodos. A técnica de reaproveitamento
energético não extingue a reciclagem de materiais que é a etapa mais importante, mas refere-
se a um recurso apropriado para o restante dos resíduos. Assim, são disponíveis duas opções
para a disposição dos resíduos após a seleção para os resíduos recicláveis, sendo depositados
em aterros sanitários ou usados no processo de conversão em energia “limpa” e renovável.
Foi adquirido por meio da entrevista realizada nas instituições de saúde geram uma
carga aproximada de 4.348 kg/mês (quilogramas) de resíduos, em contrapartida, ao entrevistar
uma das empresas encarregada de efetuar a disposição final dos resíduos sólidos de serviços
de saúde obteve-se a carga de 10.500 kg/mês, isso porque a entrevista se estendeu a apenas 11
instituições da área de saúde. Nesse estudo de viabilidade, para o cálculo de potencial geração
de energia será, utilizou-se como base um sistema usina térmica de processamento com
gaseificador de resíduos sólidos para turbinas a gás. Nos cálculos, foi mensurado um período
de trabalho de 26 dias, totalizando 313 dias por ano, e a empresa efetua a recolhao
15

recolhimento de 350 kg/dia de RSS. O resultado da geração de energia elétrica por esse
sistema é representado abaixo:
kWh MWh
EEa=350∗0 , 49∗313 ⇒ 53679 , 5 ⇒53 , 68
ano ano
Para efetivar o cálculo da média do consumo energético da cidade de
Guanambi-BA foi utilizado a equação 2, como o resultado requerido foi o dispêndio
energético ao ano, multiplicou-se o resultado por 12 meses. De acordo aos dados fornecidos,
tem-se que:
kWh MWh
Consumo Energético=25.825∗104 , 4∗12 ⇒ 32.353 .560 ⇒ 32.353 , 56
ano ano
De acordo a esses parâmetros comparativos tem-se que o sistema de usina
térmica de processamento com gaseificador de resíduos sólidos de serviços de saúde para
turbinas a gás um projeto inviável, considerando que de acordo aos dados coletados esse
processo não gera nem 1% da demanda energética da cidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O melhor aproveitamento dos resíduos sólidos são os que são prestados pela própria
população quando se tem a dedicação em diminuir a quantidade de lixo, além de evitar o
desperdício e o reaproveitamento dos materiais.
Além da prestação de serviço por parte da sociedade, são existentes outros processos
que viabilizam o reaproveitamento dos resíduos sólidos. Dentre esses métodos uma das
tecnologias mais utilizadas são por meio da conversão térmica por meio da incineração,
pirólise, gaseificação ou produção de combustível derivado de resíduo. A escolha do processo
de conversão é variante da classificação dos resíduos sólidos e de aspectos como composição
e fluxo de material, além da maneira de obtenção requerida de energia, das condições de uso
final e das demais legislações ambientais vigentes e aspectos econômicos.
A partir desse estudo foi perceptível que em grande maioria das instituiçõesdos
estabelecimentos da área da saúde que compuseram a amostra de dados realizavam a coleta
desses materiais, e terceirizavam a destinação final para empresas especializadas nessa área.
Dentro do estabelecimento apenas 9% dos entrevistados não efetuavam a separação desse
material, os demais efetuavam a separação parcial de acordo ao que achavam necessário e
somente 33% realizava essa divisão de acordo as classes advertidas pelo regulamento da
ANVISA.
16

Foi também notório nesses dados que os estabelecimentos que geram um


grande percentual de resíduos de RSS muitas das vezes possuem uma conscientização acerca
do gerenciamento adequado desses materiais. No entanto, em muitas situações falta uma
infraestrutura nas pequenas unidades que impede o gerenciamento adequado dos seus
resíduos. De forma geral, os estabelecimentos que fazem a segregação dos resíduos os
estabelecimentos estabeleceram primazia na divisão do resíduos perfuro-cortantes (RPC) e
biológicosinfectantes (RBI).
Como parte principal dessa pesquisa foi analisado o potencial de geração de
energia elétrica na cidade de Guanambi-BA, de acordo a quantidade de resíduos gerados para
verificação da viabilidade de utilizar esses resíduos em um sistema de gaseificação
paraAcerca do reaproveitamento energético dos RSS,. No entanto, quando comparado a
demanda energética da cidade do estudo e a quantidade de energia que poderia ser gerado de
acordo a quantidade de resíduos sólidos de serviços de saúde que são geradas pelas
instituições que colaboraram com a pesquisa, a instalação da usina térmica de processamento
com gaseificador de resíduos sólidos para turbinas a gás tornou-se inviável.
A inviabilidade desse sistema se deu porque o percentual de energia gerada
não alcança nem 1% da quantidade de energia necessária para abastecer a cidade de
Guanambi, ou contribuir para novas alternativas de geração de energia.
Com relação ao sistema de energia alternativa por meio de uma usina térmica
de processamento com gaseificador, os resultados encontradosadquiridos revelam que em
torno da quantidade de MWh/ano gerado e a demanda necessária para o abastecimento
energético da cidade de estudo não apresenta índices de custo/benefício para execução total
do empreendimento considerando que para parâmetro da viabilidade técnica para execução
do sistema Medeiros (2015) cita que, deve ser gerado pelo menos o equivalente de 25% da
necessidade energética e ser uma fonte alternativa de energia viável. Assim, para alcançar
esse percentual na cidade de Guanambi e o projeto se tornar viável a empresa de coleta
deveria recolher pelo menos 16.506,8 toneladas/ano.
17

REFERÊNCIAS

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