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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA – SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE


TANCREDO NEVES

VIABILIDADE DA ENERGIA EÓLICA NA BAHIA

Italo Kawan Felix Dos Santos¹


Janielson Ferreira Da Silva¹
Jonatas Silva Dos Santos¹
Geisa Luiza Macedo Silva²
Larissa Emanuella da Silva Santana²

INTRODUÇÃO

As emissões atmosféricas provenientes da queima de combustíveis fósseis que intensificaram


o aquecimento global, e os impactos decorrentes deste, juntamente com a necessidade de
energia elétrica para o desenvolvimento das atividades econômicas impulsionou a demanda
por fontes renováveis de geração de energia elétrica.
Uma dessas fontes é a eólica, uma fonte natural, renovável e proveniente dos ventos. A
produção de energia eólica representa importante avanço no que se refere ao uso dos recursos
naturais para geração de energia elétrica de forma sustentável.
Em 2013, foi publicado o Atlas Eólico do Estado da Bahia, um estudo com análises e
projeções com indicação das áreas mais promissoras que mostrou a existência de recursos
eólicos abundantes no estado, com ventos regulares, distribuídos principalmente no semiárido
baiano (SCHUBERT, 2013).
De acordo com Rosa (2016), energia renovável é o termo que designa as fontes energéticas
que não se esgotam com sua utilização ao longo do tempo, podendo se regenerar em tempo
relativamente curto; exemplos de recursos renováveis são: radiação solar, energia geotérmica,
marés, biomassa, vento e recursos hídricos.
Em 2015, em resposta à questão das mudanças climáticas, o Brasil se comprometeu a
descarbonizar o setor elétrico, o que foi formalizado no Acordo sobre Mudanças Climáticas
de Paris assinado por 195 países.
Dessarte, o termo energia renovável não significa que esse tipo de energia traz apenas
aspectos positivos para o meio ambiente, os primeiros anos de implantação dos parques
eólicos na Bahia mostraram diversos aspectos que devem ser considerados. Logo este artigo
objetiva realizar um levantamento bibliográfico dos últimos 10 anos sobre os impactos
positivos e negativos resultantes da implantação dos parques eólicos na Bahia, levando em
¹ Discentes do Curso Técnico de Meio Ambiente do CEEP Tancredo Neves, italo.santos534@aluno.enova.educacao.ba.gov.br,
janielson.silva1@aluno.enova.educacao.ba.gov.br, jonatas.santos393@aluno.enova.educacao.ba.gov.br.
² Docentes do Curso Técnico de Meio Ambiente do CEEP Tancredo Neves, geisa.macedo@enova.educacao.ba.gov.br,
larissa.santana132@enova.educacao.ba.gov.br.
consideração o meio ambiente, a sociedade e a economia, buscando promover a educação
ambiental e assim analisar o processo de geração de energia através de protótipo de gerador
de energia eólica.

REFERENCIAL TEÓRICO

Estudos realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de 2022, vinculada ao


Ministério das Minas e Energia (MME) e o Plano Nacional de Energia (PNE), indicam alta
demanda nacional e global do consumo de energia elétrica a longo prazo (CLAUDINO,2020).
Em 2000, foi realizado um estudo sobre o potencial eólico da Bahia, e resultou no Atlas do
Potencial Eólico da Bahia, que apresenta os regimes de vento de interesse para a geração
elétrica, calculados para toda a extensão do território da Bahia a partir de medições realizadas
pela COELBA e outras existentes, considerando os parâmetros fundamentais de influência:
relevo, rugosidade, altura de camada-limite e estabilidade térmica da atmosfera. O resultado
foi apresentado em mapas temáticos, com as variáveis apresentadas em 255 níveis de cor, na
resolução 1km x 1km, com mostra a figura1.
Figura 1. Potencial Eólico da Bahia.

Figura 2Fonte: Atlas do Potencial Eólico da Bahia, 2002.


O Estado da Bahia está localizado na porção mais meridional da região Nordeste do Brasil,
sendo o quinto maior estado brasileiro em área territorial, 567.295.03 km³, a matriz de
geração de energia elétrica da Bahia é constituída por 58% de Usinas Hidrelétrica, 21,5% de
Usinas Termelétricas, principalmente de turbinas a gás e a óleo, 19% de usinas eólicas e
aproximadamente 1,5% de usinas Fotovoltaicas. A ANEEL (2022) afirma que o estado da
Bahia tem 213 Parques Eólicos com capacidade instalada para gerar 427 MW, com possível
expansão.
Inicialmente para a implantação dos Parques Eólicos é realizado o licenciamento ambiental,
onde são analisados os aspectos ambientais e sociais como necessidade de supressão de
vegetação para abertura de estradas ou alargamento destas, o movimento de pessoas para
instalação e manutenção das máquinas e equipamentos, além dos ruídos pós-instalação dos
aerogeradores, todas essas alterações que possivelmente irão afugentar os animais nativos. De
acordo com o dossiê resultante da Audiência Pública Energias renováveis na Bahia:
Caminhos e descaminhos (2022), os aerogeradores com cerca de 110 metros de altura se
tornam barreiras em rotas de migração de aves e causam acidentes, muitos deles fatais.
Outro aspecto a ser levado em consideração na implantação de Parques Eólicos é a alteração
do uso do solo, conflitos territoriais e impactos de subsistência, são especificamente
desencadeados entre investidores privados e comunidades tradicionais, tanto devido à
insegurança na posse da terra quanto às fraudes na aquisição de terras. Injustiças específicas,
como falta de representação. Em relação às negociações de acesso à terra, problemas se
concentram nos contratos de arrendamento, e na falta de recompensação, cooptação e criação
de conflitos internos. Portanto o licenciamento ambiental dos projetos eólicos vem gerando
processos de responsabilidade compartilhada social e ambiental (OLIVEIRA, 2022).
Podemos observar que a geração de energia renovável é a opção que mais se adéqua na
perspectiva racional com base nos princípios ambientais. A principal barreira a ser quebrada
se refere aos custos para a geração, devido aos constantes aumentos do preço dos derivados de
petróleo e ao avanço da tecnologia, a energia eólica tem se tornado uma das alternativas mais
viáveis na geração de energia elétrica (NASCIMENTO, 2014).
Por fim, Guimarães (2013), afirma que os Parques Eólicos contribuem com a criação de
empregos verdes, que são os advindos dos investimentos que visam acelerar a transição para
economias de baixo carbono. Os empregos verdes representam a possibilidade de fazer frente
a dois dos desafios do século XXI, que devem ser discutidos em conjunto: (i) Combater as
mudanças climáticas, protegendo o meio ambiente; e (ii) Oferecer um trabalho decente, com
perspectivas de bem estar e dignidade à população, sendo também uma forma de inclusão
social.

METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual de Educação Profissional Tancredo Neves,
como pré-requisito para exposição na Semana de Meio Ambiente, que aconteceu no período
de 25 de abril a 14 de junho de 2022, na cidade de Senhor do Bonfim. Durante estes meses
realizamos pesquisas bibliográficas, participamos da audiência pública energias renováveis na
Bahia: caminhos e descaminhos, posteriormente em sala de aula foi realizado debates,
produção de relatório sobre a audiência, confecção da maquete para mostrar como o vento é
convertido em energia mecânica e posteriormente em energia elétrica.
Para confecção do protótipo da torre eólica utilizamos motor de impressora inutilizáveis,
hélices de ventilador, cantoneiras, e lâmpadas led.
A busca pelos artigos desta revisão foi realizada por meio de um levantamento de publicações
sobre energia eólica na Bahia nos últimos 10 anos. As palavras chave empregadas foram,
energia eólica, energia renovável, impactos socioambientais e impactos econômicos.

CRONOGRAMA

Atividades Desenvolvidas

Meses Ações

Maio Pesquisa bibliográfica e estudos sobre energia eólica

Junho Confecção da Maquete e exposição

Início das atividades de escrita do artigo

Julho Participação da Audiência Pública

Setembro Exposição na FECEEP – Feira de Ciências e


Empreendedorismo: A Arte de Ensinar e Transformar e a
Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Segundo Nascimento (2014), os debates referentes ao conceito de sustentabilidade são
levados em consideração nos mais variados temas, este conceito está intimamente atrelado a
duas áreas científicas: ecologia e economia. Em vista disso, a geração de energia elétrica a
partir de fontes renováveis são consideradas sustentáveis e a necessidade de energia para
suprir a demanda das atividades econômicas é crescente, com isso temos um sistema
equilibrado e sustentável.
Explorar o potencial dos ventos da Bahia para geração de energia elétrica é na verdade
necessário, tendo em vista que, os reservatórios hidrelétricos, que estão localizados na bacia
média do Rio São Francisco, uma das regiões mais secas devido ao baixo índice
pluviométrico, além disso já estão completamente super-exploradas (MELO, 2017).
Região essa que passa por períodos de estiagem prolongados, conhecidos como seca, o que
reduz o volume de água nos reservatórios e consequentemente a geração hidrelétrica fica
comprometida, a matriz energética da Bahia tem sido complementada principalmente por
geração de energia eólica, que contribui com 30% (NASCIMENTO, 2014).
Figura 3. Municípios baianos com usinas em operação.

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia


Azevedo (2022) afirma que desde 2009, a Bahia tem atraído investimentos no setor de
geração eólica, tornando-se líder nacional de comercialização de parques eólicos nos leilões
de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em vista disso o estado tem
cerca de um terço dos contratos da Agência, além de ter liderança em capacidade outorgada,
sendo o maior estado produtor de energia eólica do Brasil (ANEEL, 2021): dados de 2020
mostram que a geração eólica baiana totalizou 16,22 TWh, o que representa cerca de 30% da
produção nacional por essa fonte (ABEEólica, 2021).
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), da Bahia, o estado segue
como líder na geração total de energia eólica, correspondendo a 34,63% da geração nacional
em 2022. O estado possui em operação 268 usinas, somando as duas fontes, de acordo com a
SDE. A maior parte delas, no setor de energia eólica como mostra a figura 1. São 227 já em
funcionamento, sendo que 31 destas entraram em operação em 2021.
O procedimento para se obter a licença ambiental de um parque eólico está sujeito, à análise
de diversos estudos de impactos sobre a flora, a fauna, impactos sociais, e impactos
econômicos. Assim sendo os aspectos causadores de impactos socioambientais devem ser
avaliados e contrapostos com medidas mitigadoras que possibilitem uma salvaguarda do meio
ambiente.

CONCLUSÕES
Por fim, concluímos que é imprescindível o investimento em geração de energias renováveis
na Bahia aproveitando o potencial eólico para produção de energia elétrica sustentável tão
necessária para o desenvolvimento econômico do estado. Contudo o processo de
licenciamento ambiental neste setor é de extrema importância para equilibrar o
desenvolvimento econômico com o meio ambiente e mitigar os aspectos negativos desse
empreendimento.

REFERÊNCIAS
ANEEL. 2022. “Geração Distribuída -ANEEL”. 2022, disponível
em<http://www2.aneel.gov.br/scg/gd/GD_Fonte.asp>.
Atlas eólico: Bahia / elaborado por Camargo-Schubert Engenheiros Associados... [et al.];
dados do modelo mesoescala fornecidos por AWS Truepower.— Curitiba : Camargo Schubert
; Salvador : SECTI : SEINFRA : CIMATEC/ SENAI, 2013.
AZEVEDO, Antônio Expedito Gomes de et al. Energia para a Bahia em 2030. Ciência,
tecnologia e inovação para o desenvolvimento da Bahia.
CLAUDINO, FELIPE DA SILVA. PLANO NACIONAL DE ENERGIA 2050 SOB A
ÓTICA DA SUSTENTABILIDADE: OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTAVEL COMO FUNDAMENTO DO PLANO. 2020. Tese de Doutorado.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ.
GUIMARÃES, Renata Macedo. Empregos verdes: o caso do parque eólico na Bahia, 2013.
MELO, Maria Monalisa Mayara Silva et al. Análise das possíveis alterações dos extremos
climáticos devido à formação do lago artificial da hidrelétrica de Sobradinho-Bahia. 2017.
NASCIMENTO, Maurício Leite. Energia eólica como alternativa sustentável para a Bahia,
2014.
OLIVEIRA Paulo, et al. Dossiê: energias renováveis na Bahia: caminhos e descaminhos.v. 1,
julho de 2022.
ROSA, Aldo. Processos de Energia Renováveis. Elsevier Brasil, 2016.
SDE BA. 2022. "INFORME EXECUTIVO DE ENERGIA EÓLICA -SDE BA". 2022,
disponível em <http://www.sde.ba.gov.br/wp-content/uploads/2022/09/Informe_EnergiaE
%C3%B3lica-Setembro_2022.pdf>

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