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Não desperdice seu potencial

O rei Salomão era filho do rei Davi com Bate-Seba, a viúva de Urias. O nome Salomão
ou Shlomô (do hebraico: ‫)שלמה‬, deriva da palavra Shalom, que significa “paz” e significa também
“pacifico“. Também foi chamado de Jedidias (em árabe ‫ سليمان‬Sulayman) pelo profeta Natã, que
significa “amável do Senhor“. (2ª Samuel 12:24-25).
Tornou-se o terceiro rei sobre Israel, começando a reinar com idade de 20 anos e governou cerca
de quarenta anos (conforme cronologia bíblica, de 971 a 931 a.C). Salomão é tido como o autor
de três livros do Antigo Testamento, são eles: Provérbios, Eclesiastes e Cânticos, sendo um a
mais na Bíblia católica, o livro de Sabedoria. Também são atribuídos a Salomão dois salmos, o 72
e 127.

No reinado de Davi e Salomão, Israel tornara-se forte entre as nações, e tivera muitas
oportunidades de exercer poderosa influência em favor da verdade e do direito. O nome de Jeová
era exaltado e tido em honra, e o propósito para o qual os israelitas haviam sido estabelecidos na
terra da promessa dir-se-ia estar a alcançar seu cumprimento. Barreiras haviam sido derribadas,
e os pesquisadores da verdade vindos de terras pagãs não retornavam insatisfeitos. Produziram-
se conversões, e a igreja de Deus na Terra se ampliava e prosperava.
Salomão foi ungido e proclamado rei nos derradeiros anos de seu pai Davi, o qual abdicara
em seu favor. Os primeiros tempos de sua vida foram promissores, e era propósito de Deus que
ele fosse de força em força, de glória em glória, aproximando-se cada vez mais da semelhança
do caráter de Deus, inspirando assim Seu povo a cumprir sua sagrada incumbência, como
depositários da verdade divina.
Na juventude, Salomão fez sua a escolha que fizera Davi, e por muitos anos andou em
retidão, sua vida marcada com estrita obediência aos mandamentos de Deus. Logo no início do
seu reinado, foi ele com seus conselheiros de Estado a Gibeom, onde ainda estava o tabernáculo
que havia sido construído no deserto, e ali uniu-se aos seus conselheiros escolhidos, "aos
capitães dos milhares e das centenas", "e aos juízes, e a todos os príncipes em todo o Israel,
chefes dos pais", em oferecer sacrifícios a Deus e em consagrar-se plenamente ao serviço do
Senhor. II Crôn. 1:2. Compreendendo alguma coisa da magnitude dos deveres relacionados com
o ofício real, Salomão sabia que os que levam pesados fardos precisam buscar a Fonte de
sabedoria para orientação, se desejam desempenhar suas responsabilidades de maneira
aceitável. Isto levou-o a encorajar seus conselheiros a se unirem com ele em sinceridade, a fim
de estarem seguros da aceitação de Deus.
Deus prometeu que assim como fora com Davi, seria com Salomão. Se o rei andasse
perante o Senhor em retidão, se fizesse o que Deus lhe havia ordenado, seu trono seria
estabelecido, e seu reino seria o meio de exaltar Israel como "gente sábia e entendida" (Deut.
4:6), a luz das nações ao redor.
1ª Lição: O Deus que servimos não faz acepção de pessoas. Aquele que deu a
Salomão o espírito de sábio discernimento, está desejoso de repartir as mesmas bênçãos
a Seus filhos hoje. "Se algum de vós tem falta de sabedoria", declara Sua Palavra, "peça-a
a Deus, que a todos dá liberalmente, e não o lança em rosto, e ser-lhe-á dada." Tia. 1:5.
Quando o que leva um fardo opressivo deseja sabedoria mais que riquezas, poder, ou
fama, não ficará desapontado. Tal pessoa aprenderá do grande Mestre não somente o que
fazer, mas como fazê-lo de maneira a alcançar a divina aprovação.
Tivesse Salomão continuado a servir ao Senhor em humildade, todo o seu reinado teria
exercido poderosa influência para o bem sobre as nações circunvizinhas - nações que tinham
sido tão favoravelmente impressionadas pelo reinado de Davi, seu pai, e pelas sábias palavras e
magnificentes obras dos primeiros anos de seu próprio reinado. Prevendo as terríveis tentações
que acompanham a prosperidade e honras mundanas, Deus advertiu Salomão contra o mal da
apostasia, e predisse os terríveis resultados do pecado. Até mesmo o belo templo que havia sido
dedicado, declarou Ele, se tornaria como "provérbio e mote entre todas as gentes", se Israel
deixasse "ao Senhor Deus de seus pais" (II Crôn. 7:20-22), se persistisse na idolatria.
Enquanto Salomão exaltou a lei do Céu, Deus esteve com ele, e foi-lhe dada sabedoria para
reger Israel com imparcialidade e misericórdia. A princípio, ao virem-lhe riquezas e honras
mundanas, ele permaneceu humilde, e grande foi a extensão da sua influência. "E dominava
Salomão sobre todos os reinos, desde o rio Eufrates até à terra dos filisteus, e até ao termo do
Egito". "E tinha paz de todas as bandas em roda dele. E Judá e Israel habitavam seguros, cada
um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira... todos os dias de Salomão." I Reis 4:21, 24
e 25.
Mas depois de uma manhã grandemente promissora, sua vida foi entenebrecida pela
apostasia. A história registra o melancólico fato de que aquele que havia sido chamado Jedidias -
amado do Senhor (II Sam. 12:25) - aquele que havia sido honrado por Deus de forma tão
marcante com o toque do divino favor que sua sabedoria e retidão conquistaram para ele fama
mundial; aquele que tinha levado outros a renderem honra ao Deus de Israel, voltara-se da
adoração de Jeová para se curvar ante os ídolos do paganismo.
Centenas de anos antes que Salomão subisse ao trono, o Senhor, antevendo os perigos que
cercariam aqueles que fossem escolhidos reis de Israel, deu a Moisés instruções para sua guia.
Foi dada orientação para que o que se assentasse no trono de Israel escrevesse "para si um
translado" dos estatutos de Jeová "num livro, do que está diante dos sacerdotes levitas". "E o terá
consigo", disse o Senhor, "e nele lerá todos os dias de sua vida, para que aprenda a temer ao
Senhor seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei, e estes estatutos, para fazê-los; para
que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do mandamento, nem
para a direita, nem para a esquerda; para que prolongue os dias no seu reino, ele e seus filhos no
meio de Israel." Deut. 17:18-20.
Em conexão com estas instruções, o Senhor particularmente alertou aquele que fosse ungido
rei que não multiplicasse para si "mulheres, para que o seu coração não se" desviasse. "Nem
prata, nem ouro", deveria multiplicar-se "muito para si." Deut. 17:17.
Salomão estava familiarizado com estas advertências, e por algum tempo as guardou. Seu
maior desejo era viver e reinar de acordo com os estatutos dados no Sinai. Sua maneira de
conduzir os negócios do reino estava em evidente contraste com os costumes das nações de seu
tempo - nações que não temiam a Deus, e cujos reis tripudiavam sobre Sua santa lei.
Procurando fortalecer suas relações com o poderoso reino que ficava ao sul de Israel,
Salomão aventurou-se no terreno proibido. Satanás conhecia os resultados que acompanhariam
a obediência; e durante os primeiros anos do reinado de Salomão - anos gloriosos por causa da
sabedoria, beneficência e retidão do rei - ele procurou introduzir influências que traiçoeiramente
minassem a lealdade de Salomão ao princípio, e o levassem a separar-se de Deus. Que o inimigo
foi bem-sucedido em seu esforço nós o sabemos pelo relato: "E Salomão se aparentou com
Faraó rei do Egito; e tomou a filha de Faraó, e a trouxe à cidade de Davi." I Reis 3:1.
Do ponto de vista humano, este casamento, embora contrário aos ensinamentos da lei de
Deus, parecia provar-se uma bênção; pois a esposa pagã de Salomão se converteu e uniu-se
com ele na adoração ao verdadeiro Deus. Ademais, Faraó prestou assinalados serviços a Israel,
tomando Gezer, matando "os cananeus que moravam na cidade", e dando-a "em dote a sua filha,
mulher de Salomão". I Reis 9:16. Esta cidade foi por Salomão reconstruída, e assim
aparentemente foi grandemente fortalecido seu reino ao longo da costa mediterrânea. Fazendo,
porém, aliança com uma nação pagã, e selando o pacto pelo casamento com a princesa idólatra,
Salomão temerariamente desconsiderou a sábia provisão que Deus fizera para manter a pureza
de Seu povo. A esperança de que sua esposa egípcia se convertesse era apenas uma débil
escusa para o pecado.
Salomão presumia que sua sabedoria e o poder do seu exemplo haveriam de levar suas
esposas da idolatria à adoração do verdadeiro Deus, e também que as alianças assim formadas
atrairiam as nações circunvizinhas em mais íntimo contato com Israel. Vã esperança O erro de
Salomão em considerar-se suficientemente forte para resistir às influências de associações pagãs
foi fatal. E fatal foi também o engano que o levou a esperar que, não obstante a
desconsideração de sua parte para com a lei de Deus, outros poderiam ser levados a
reverenciá-la e obedecer-Lhe aos sagrados preceitos. 2ª Lição: Quando nós
desobedecemos a Deus mesmo que julgando ser com boas intenções nós estamos dando
um mal testemunho e isso não aproxima às pessoas de Deus somente as afasta, fazer
exceções com os mandamentos não traz bons frutos.
Tão gradual foi a apostasia de Salomão que antes que dela se advertisse, tinha-se afastado
de Deus. Quase imperceptivelmente começara a confiar cada vez menos na divina guia e
bênção, e a pôr a confiança em sua própria força. Pouco a pouco deixou de prestar a Deus
aquela obediência retilínea que devia fazer de Israel um povo peculiar, e conformou-se cada vez
mais intimamente aos costumes das nações ao redor. Rendendo-se às tentações resultantes de
seu sucesso e honrada posição, ele esqueceu a Fonte de sua prosperidade. A ambição de
exceder todas as outras nações em poder e grandeza levou-o a renegar por propósitos egoístas
os dons celestiais até então empregados para a glória de Deus. O dinheiro que devia ter sido
conservado em sagrado depósito para benefício de pobres merecedores e para expansão,
através do mundo, dos princípios de santo viver, foi egoisticamente absorvido em ambiciosos
projetos.
Dominado por um subjugante desejo de superar outras nações em exibições exteriores, o rei
subestimou a necessidade de adquirir beleza e perfeição de caráter. Procurando glorificar-se a si
mesmo perante o mundo, vendeu sua honra e integridade. Os enormes lucros adquiridos através
do comércio com muitas terras, foram suplementados por pesados tributos. Assim, o orgulho, a
ambição, a prodigalidade e condescendência produziram os frutos da crueldade e da extorsão. O
espírito considerado, consciencioso, que lhe havia assinalado o trato com o povo durante a
primeira parte de seu reinado, estava agora mudado. Do mais sábio e mais misericordioso dos
reis, ele se degenerou num tirano. Outrora guardião do povo, compassivo e temente a Deus,
tornara-se opressor e despótico. Tributo após tributo era lançado sobre o povo, a fim de serem
levantados meios que sustentassem a luxuosa corte.
O povo começou a queixar-se. O respeito e admiração que haviam outrora votado a seu rei
mudou-se em desafeto e repulsa.
Cada vez mais o rei apreciava o luxo, a consideração pessoal e o favor do mundo como
indicações de grandeza. Mulheres belas e atrativas foram trazidas do Egito, Fenícia, Edom,
Moabe e de muitos outros lugares. Essas mulheres se contavam por centenas. Sua religião era
idólatra, e havia-lhes sido ensinada a prática de ritos cruéis e degradantes. Fascinado com sua
beleza, o rei negligenciou seus deveres para com Deus e com seu reino.
A conduta de Salomão trouxe sua inevitável penalidade. Sua separação de Deus pela
comunhão com idólatras foi sua ruína. Renunciando sua aliança com Deus, perdeu o domínio de
si mesmo. Sua eficiência moral desapareceu. Sua fina sensibilidade embotou-se, e cauterizou-se
sua consciência. Aquele que no início de seu reinado havia demonstrado tanta sabedoria e
simpatia em restituir um desamparado bebê a sua desafortunada mãe (I Reis 3:16-28), caiu tão
baixo a ponto de consentir na construção de um ídolo ao qual se ofereciam em sacrifício
crianças vivas. Aquele que na sua juventude fora dotado de discrição e entendimento, e que em
sua forte varonilidade havia sido inspirado a escrever: "Há um caminho que ao homem parece
direito, mas o fim dele são os caminhos da morte" (Prov. 14:12), em seus últimos anos afastou-se
tanto da pureza a ponto de favorecer ritos licenciosos e revoltantes relacionados com a adoração
de Camos e Astarote. Aquele que na dedicação do templo tinha dito a seu povo: "Seja o vosso
coração perfeito para com o Senhor nosso Deus" (I Reis 8:61), tornara-se um transgressor,
negando no coração e na vida suas próprias palavras. Ele tomou licença por liberdade. Procurou -
mas a que preço - unir a luz com as trevas, o bem com o mal, a pureza com a impureza, Cristo
com Belial.
Depois de haver sido um dos maiores reis que já empunharam um cetro, Salomão
tornou-se um libertino, instrumento e escravo de outros. Seu caráter, outrora nobre e viril,
tornou-se debilitado e efeminado. Sua fé no Deus vivo foi suplantada por dúvidas ateístas.
A incredulidade mareou sua felicidade, enfraqueceu-lhe os princípios e degradou-lhe a
vida. A justiça e magnanimidade dos primórdios de seu reinado, transmudara-se em despotismo
e tirania. Pobre, frágil natureza humana Pouco pode Deus fazer por homens que perdem o senso
de dependência dEle.
3ª Lição: 1Coríntios 10:12-13 NTLH
Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair. As tentações que
vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam; mas Deus cumpre a sua
promessa e não deixará que vocês sofram tentações que vocês não têm forças para suportar.
Quando uma tentação vier, Deus dará forças a vocês para suportá-la, e assim vocês poderão sair
dela.
Os cristãos devem manter-se distintos e separados do mundo, de seu espírito e influências.
Deus é perfeitamente capaz de guardar-nos no mundo, mas nós não devemos pertencer ao
mundo. O amor de Deus não é incerto e vacilante. Ele vigia sempre sobre Seus filhos com
desmedido cuidado. Mas requer submissão integral. "Ninguém pode servir a dois senhores;
porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis
servir a Deus e a Mamom." Mat. 6:24.
No vale da humilhação, onde os homens dependem de Deus para serem ensinados e
guiados em cada passo, há relativa segurança. Mas os homens que se plantam, por assim dizer,
num elevado pináculo, e que, por causa de sua posição, presumem possuir grande sabedoria -
esses estão no mais grave perigo. A não ser que tais homens façam de Deus sua confiança,
seguramente cairão.
Dentre as principais causas que levaram Salomão à extravagância e opressão destaca-
se o seu fracasso em manter e alimentar o espírito de abnegação.
Por sua própria amarga experiência, Salomão conheceu o vazio de uma vida que busca nas
coisas terrenas seu mais alto bem. Ele construiu altares aos deuses pagãos, apenas para
verificar quão vã é sua promessa de repouso para o espírito. Pensamentos sombrios e
importunos perturbavam-no dia e noite. Não havia mais para ele qualquer alegria de vida ou paz
de mente, e o futuro se mostrava enegrecido com desespero.
Contudo, o Senhor não o desamparou. Por mensagens de reprovação e severos juízos, Ele
procurou despertar o rei para a constatação de sua conduta pecaminosa. Removeu dele Seu
cuidado protetor, e permitiu que adversários molestassem e enfraquecessem o reino. "Levantou,
pois, o Senhor a Salomão um adversário, a Hadade, o edomeu. ... Também Deus lhe levantou
outro adversário, a Rezom, ... capitão dum esquadrão, ... porque detestava a Israel, e reinava
sobre a Síria. Até Jeroboão, ... servo de Salomão, ... varão valente", "levantou a sua mão contra o
rei." I Reis 11:14-28.
Por fim o Senhor, por intermédio de um profeta, enviou a Salomão a assustadora mensagem:
"Pois que houve isto em ti, que não guardaste o Meu concerto e os Meus estatutos que te
mandei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Todavia nos teus dias não o
farei, por amor de Davi teu pai; da mão de teu filho o rasgarei." I Reis 11:11 e 12.
Despertado como de um sonho por esta sentença de juízo pronunciada contra si e sua casa,
com a consciência ativada, Salomão começou a ver sua estultícia em sua verdadeira luz. Afligido
em espírito, com a mente e corpo debilitados, ele se voltou fatigado e sedento das rotas cisternas
terrenas, para beber uma vez mais da Fonte da vida. Para ele afinal a disciplina do sofrimento
tinha realizado sua obra. Longo tempo tinha ele sido perseguido pelo temor de completa ruína,
pela incapacidade de abandonar a insensatez; mas agora discerniu na mensagem dada um raio
de esperança. Deus não o havia abandonado por completo, mas estava pronto a libertá-lo do
cativeiro mais cruel que a sepultura, e do qual não tivera poder para se libertar a si mesmo.
O verdadeiro penitente não afasta da lembrança seus pecados passados. Não se mostra
alheio aos erros que praticou, tão logo haja alcançado paz. Ele pensa nos que foram levados ao
mal por sua conduta, e procura por todas as formas levá-los de volta ao verdadeiro caminho.
Quanto mais clara a luz em que entrou, mais forte seu desejo de firmar os pés de outros no
caminho reto. Ele não atenua sua perversa conduta, fazendo de seus erros coisa leve, mas
levanta o sinal de perigo, para que outros sejam advertidos.
Os posteriores escritos de Salomão revelam que ao sentir mais e mais a impiedade de sua
conduta, deu especial atenção a advertir a juventude contra o cair em erros que o tinham
conduzido a dissipar por nada os mais escolhidos dons dos Céus. Com tristeza e vergonha
confessou que no melhor de sua varonilidade, quando devia ter encontrado em Deus seu
conforto, seu sustentáculo, sua vida, ele se desviou da luz do Céu e sabedoria de Deus, e pôs a
idolatria no lugar da adoração a Jeová. E agora, havendo aprendido por triste experiência a
loucura de semelhante vida, seu fervente desejo era salvar outros de sorverem a amarga
experiência pela qual havia passado.
Com tocante ênfase ele escreveu a respeito dos privilégios e responsabilidades da juventude
no serviço de Deus.
A vida de Salomão está repleta de advertências não somente para a juventude, mas para os
já amadurecidos, bem como os que estão descendo a encosta e enfrentando o ocaso da vida.
Nós ouvimos de instabilidade, e isto vemos, em relação à juventude - os jovens vacilando entre o
que é certo e o que é errado, e a corrente de más paixões provando-se demasiado forte para
eles. Nos de idade madura, não esperamos ver tal instabilidade e infidelidade; esperamos, isto
sim, que o caráter esteja estabilizado, os princípios firmemente enraizados. Mas isto nem sempre
é assim. Quando Salomão devia ter sido no caráter como um robusto carvalho, caiu desta
posição firme sob o poder da tentação. Quando sua fortaleza devia ter sido a mais firme,
encontrou-se como sendo a mais fraca.
De tais exemplos devemos aprender que em vigiar e orar encontra-se a única
salvaguarda, tanto para os jovens como para os idosos. Não repousa a segurança em
posições exaltadas e em grandes privilégios. Durante muitos anos pode uma pessoa ter
desfrutado genuína experiência cristã, mas ainda está exposta aos ataques de Satanás. Na
batalha contra o pecado de dentro e as tentações de fora, até mesmo o sábio e poderoso
Salomão foi subjugado. Sua queda nos ensina que, sejam quais forem as qualidades intelectuais
de um homem, ou quão fielmente possa haver ele servido a Deus no passado, não pode nunca
em segurança confiar na sua própria sabedoria e integridade.
Em cada geração e em cada terra o verdadeiro fundamento e norma para a edificação do
caráter tem sido o mesmo. A lei divina "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, ... e
ao teu próximo como a ti mesmo" (Luc. 10:27), o grande princípio que se tornou manifesto no
caráter e na vida de nosso Salvador, é o único fundamento seguro, o único seguro guia. "Haverá
estabilidade nos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria e ciência" (Isa. 33:6) - a
sabedoria e conhecimento que somente a Palavra de Deus pode oferecer.
Isto é tão verdade agora como quando foram ditas a Israel as palavras de obediência a Seus
mandamentos: "Esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos
povos." Deut. 4:6. Aqui está a única segurança para a integridade individual, a pureza do lar, o
bem-estar da sociedade ou a estabilidade da nação. Em meio a todas as perplexidades e perigos
e reivindicações em conflito da vida, a única salvaguarda e regra segura é fazer o que Deus diz.
"Os preceitos do Senhor são retos" (Sal. 19:8), e "quem faz isto nunca será abalado." Sal. 15:5.
Os que atendem à advertência da apostasia de Salomão fugirão à primeira
aproximação dos pecados que o derrotaram. Somente a obediência aos requisitos do Céu
guardará o homem de apostatar-se. Deus tem concedido ao homem grande luz e muitas
bênçãos; mas a menos que esta luz e estas bênçãos sejam aceitas, não estarão seguros
contra a desobediência e apostasia. Quando aqueles a quem Deus tem exaltado a elevadas
posições de confiança voltam-se dEle para a sabedoria humana, sua luz torna-se trevas. As
habilidades que lhe foram confiadas tornam-se um laço.
Até que o conflito esteja terminado, haverá os que se afastarão de Deus. Satanás de tal
modo configurará circunstâncias que, a menos que sejamos guardados pelo divino poder,
debilitarão quase imperceptivelmente as fortificações da alma. Precisamos inquirir a cada passo:
"É este o caminho do Senhor?" Por todo o tempo quanto durar a vida, haverá necessidade de
guardar as afeições e paixões com um firme propósito. Nenhum momento nos podemos sentir
seguros, exceto quando podemos confiar em Deus, a vida escondida com Cristo. Vigilância e
oração constituem a salvaguarda da pureza.
Todos os que penetrarem na cidade de Deus, hão de fazê-lo pela porta estreita - por
angustiante esforço, pois "não entrará nela coisa alguma que contamine". Apoc. 21:27. Mas
ninguém que tenha caído deve se desesperar. Homens encanecidos, uma vez honrados por
Deus, podem ter envilecido suas almas, sacrificando a virtude no altar da luxúria; mas se se
arrependem, abandonam o pecado e voltam-se para Deus, há ainda esperança para eles. Aquele
que declara: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida" (Apoc. 2:10), faz também o convite:
"Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao
Senhor, que Se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar."
Isa. 55:7. Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. "Eu sararei sua perversão", Ele declara, "Eu
voluntariamente os amarei." Osé. 14:4.
O arrependimento de Salomão foi sincero; mas o dano que o exemplo de suas más
práticas produzira não podia ser desfeito. Durante sua apostasia, houve no reino homens que
permaneceram fiéis a seu encargo, mantendo sua pureza e lealdade. Muitos, porém, foram
levados a se transviarem; e as forças do mal postas em operação pela introdução da idolatria e
práticas mundanas não poderiam facilmente ser detidas pelo penitente rei.
Sua influência para o bem fora grandemente enfraquecida. Muitos hesitavam em depositar
inteira confiança em sua guia. Embora o rei confessasse o seu pecado, e escrevesse, para
benefício das futuras gerações o registro de sua estultícia e arrependimento, não poderia ele
jamais esperar destruir completamente a danosa influência de suas obras más. Encorajados por
sua apostasia, muitos continuaram a praticar o mal, e o mal somente. E na conduta descendente
de muitos dos príncipes que o seguiram, pode ser assinalada a má influência que levou à
prostituição das faculdades que Deus lhe dera.
Na angústia de amarga reflexão sobre o mal da sua conduta, Salomão foi constrangido a
declarar: "Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só pecador destrói muitos
bens". Ecl. 9:18. "Ainda há um mal que vi debaixo do Sol, como o erro que procede do
governador. Ao tolo assentam-no em grandes alturas".
"Assim como a mosca morta faz exalar mau cheiro, e inutilizar o ungüento do perfumador,
assim é para o famoso em sabedoria, e em honra, um pouco de estultícia." Ecl. 10:5, 6 e 1.
Entre as muitas lições ensinadas pela vida de Salomão, nenhuma é mais fortemente
salientada que o poder da influência para o bem ou para o mal. Restrita como possa ser
nossa esfera de ação, ainda exercemos uma influência para bem-estar ou aflição. Além de
nosso conhecimento ou controle, ela atua sobre outros na forma de bênção ou maldição. Pode
estar carregada com a melancolia do descontentamento e egoísmo, ou envenenada com a
infecção mortal de algum pecado acariciado; ou pode estar saturada com o vivificante poder da
fé, coragem e esperança, e dulcificada com a fragrância do amor. Mas ela será poderosa, sem
dúvida, para o bem ou para o mal.
Que nossa influência seja um cheiro de morte para morte é um pensamento pavoroso, mas
possível. Uma alma transviada, com a perda da eterna bem-aventurança - quem pode avaliar o
dano E no entanto um ato imprudente, uma palavra irrefletida de nossa parte, pode exercer tão
profunda influência na vida de outro, que se provará a ruína de sua alma. Uma mancha no caráter
pode afastar de Cristo a muitos.
Assim como a semente plantada produz uma colheita, quando esta é semeada, a colheita
final é multiplicada. Em nossa relação com outros esta lei prova-se verdadeira. Cada ação, cada
palavra, é uma semente que dará fruto. Cada ato de meditada bondade, de obediência, de
abnegação, reproduzirá isso mesmo em outros, e por meio destes em outros ainda. Assim,
cada ato de inveja, de malícia, de dissensão, é uma semente que produzirá uma "raiz de
amargura" (Heb. 12:15), pela qual muitos serão afetados. E quão maior número esses "muitos"
envenenarão Assim, a semeadura do bem e do mal perdura pelo tempo e pela eternidade
Que a cada dia nossa vida seja um cheiro de vida para a vida e que seja luz a outros, e que não
desperdicemos o nosso potencial na causa de Deus na busca por coisas terrenas que não
passam de vaidade e que são vão com um sopro, que tenhamos me mente os objetivos celestiais
e eternos.

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