Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Paulo
2006
2
SUMÁRIO
Introdução ______________________________________________________________________ 4
1. O MATERIAL _________________________________________________________________ 6
2. A REDAÇÃO __________________________________________________________________ 9
3. A EDIÇÃO___________________________________________________________________ 14
4. A DIFUSÃO _________________________________________________________________ 17
Conclusão _____________________________________________________________________ 22
Bibliografia ____________________________________________________________________ 23
4
Introdução
Este trabalho é fruto do estudo do livro de Dom Paulo Evaristo Arns, que trata da produção
literária nas proximidades do século IV. Este é um rara pesquisa, cuja edição é de difícil acesso. Esta
pesquisa do autor é extremamente importante para a história da crítica literária. Jerônimo, cujo labor
árduo fez toda a diferença em sua época, é o protagonista desta obra.
Diante das inúmeras dificuldades que o próprio momento apresenta, onde a produção dos
elementos diversos eram frutos de serviços manuais, Jerônimo se destaca numa posição fundamental
para a preservação da Escritura Sagrada.
Daí o interesse em apresentar o processo de como se dava a formação do livro, desde a
matéria prima, passando pela difusão, até a busca de conservação. Então, a técnica do livro é
disciplina indispensável para a compreensão da preservação dos manuscritos, bem como de sua
fidelidade aos seus autógrafos.
O que se tem a seguir é um breve resumo desta obra, onde se destaca os pontos principais e,
principalmente, os termos da língua latina que foram matrizes para expressões usadas na atualidade.
Dom Paulo Evaristo Arns, autor do livro, realizou um trabalho fruto de 12 anos de pesquisa.
A obra é iniciada como tese doutoral sobre Jerônimo, que tinha como objetivo saber quando ele usava
o papiro, folhas prensadas no Egito em forma de papel primitivo, e quando se servia do pergaminho,
couro curtido de boi, de modo a transformar-se em material de escrita. Também procurar saber como
é que Jerônimo ditava as suas traduções bíblicas, comentários e cartas.
No processo de estudo, Arns teve que ler dez mil colunas dos Tomos da Patrologia Latina.
Isto certamente nos mostra a seriedade e a disciplina empregadas pelo autor para que se apresente
uma obra séria, acima de dogmas, mas resultado de trabalho acadêmico.
O personagem de estudo, São Jerônimo, é o mestre que nasce por volta de 347 e morre em
419. É estudioso, profundo conhecedor das línguas originais da Bíblia.
Arns tem a motivação de trazer à luz o que passa despercebido aos olhos da maior parte dos
homens que lêem o Doutor Jerônimo.
Com relação à estrutura, o livro é composto de cinco partes:
1. Material: Papiro, pergaminho, tabuleta e estilete.
2. Redação: Ditado, transcrição e acabamento.
5
3. Edição: O que consiste a publicação, algumas formas do livro com suas subdivisões.
4. Difusão: O esforço para garantir uma sorte à obra literária.
5. Livro e os arquivos: Os lugares onde são conservados os manuscritos modificados
pelas reproduções sucessivas.
É importante destacar que Jerônimo é um dos autores mais atentos aos detalhes em relação a
cópias e à edição, ações inerentes que o levam a ser crítico das produções realizada de maneira
incerta, fraudulenta e distorcida.
Como já foi dito, esta tese de Arns é uma tentativa de reconstruir, em parte, a história do livro
nos séculos IV e V, e seu impacto para as futuras gerações..
6
1. O MATERIAL
1.1. Papiro
1.1.1.Charta
ca,rthj – uma folha de papiro, um pedaço de papel. Os romanos atribuíam a ela charta.
No Egito, desde o século 3 a.C., esta palavra charta designava a unidade da indústria, o rolo.
Exemplo de uso da palavra em Jerônimo:
Folha:
“A charta não deve separar aqueles que o amor mútuo reuniu...” “...nem dividir entre vocês
três o que tenho a lhes dizer”.
No sentido lato do vocabulário – papel, folha, como oposto ao conteúdo da carta.
No sentido simbólico: A unidade da afeição.
Folhinha ou rascunho:
Pode ter o sentido mais vasto de arquivos. Este sentido corresponderá perfeitamente ao
francês chartes.
Exemplo: Rufino é remetido às obras jurídicas e não aos arquivos da igreja (chartae
ecclesiasticae), para qualquer informação sobre os processos criminais.
7
1.1.2. Scheda
1.1.3. Codex
Arns diz que ousa concluir atribuindo à palavra schedula ou sheda o primeiro sentido de
folha, página.
1.2. Pergaminho
A palavra pergamenta aparece pela primeira vez no século IV d.C., no Edito do Máximo.
Nas fontes literárias ela aparece bem mais tarde.
Jerônimo entra na história no momento em que se passa a luta decisiva entre o papiro e o
pergaminho.
São os monges responsáveis pela vitória do pergaminho, pois criam na sobrevivência eterna
de seus institutos. Assim, tudo o que fabricam deve ser durável e sólido. O pergaminho não rasgava.
Por isso se transcreve em pergaminho os papiros estragados.
A Bíblia se torna leitura quotidiana e alvo de meditação noturna, e isto exige um material
resistente.
A Bíblia é o primeiro livro do qual se consente fazer uma cópia “em série”, em pergaminho.
8
Eusébio fala de cinqüenta cópias da Sagrada Escritura, em pergaminho, feitas por ordem de
Constantino para as igrejas de Constantinopla. Para Jerônimo, o emprego do vocábulo chega a se
tornar sinônimo de codex e equivale a membrana.
Um texto: “Eles (os judeus) lêem as Escrituras, mas não as entendem, guardam os
pergaminhos, e o Cristo que está escrito nos pergaminhos, perderam-no”.
O amor do livro sagrado e sobretudo a posição oficial da Igreja precipitaram a evolução da
técnica do livro em pergaminho.
1.4. Estilete
Arns inicia dizendo que o escritor sempre mantém dois instrumentos ao alcance da mão: o
estilete (stilus) e a pena (calamus).
O stilus teria tido um emprego mais amplo, porém o calamus lhe tomará o lugar, à medida
que a evolução da técnica da cópia generalizar sua utilização.
O estilete é o instrumento que escreve na cera.
A pena é o instrumento que escreve no papiro, pergaminho ou qualquer matéria apta para
receber a escritura: “stilum scribit in cera, calamus vel in charta vel in membranis aut in quacumque
matéria, quae apta esta d scribendum”
9
2. A REDAÇÃO
2.1. O ditado
2.1.1. Dictare
O sentido geral de dictare é declarar muitas vezes, repetir, porém o mais empregado é o
sentido especial de dizer, ditar algo a alguém para transcrevê-lo.
Às vezes oposto a scribere, numa passagem típica de Jerônimo:”Aquilo que digo, que dito,
que escrevo, que corrigo, que releio”.
Às vezes indica fase intermediária entre a composição e o ditado, com um subentendido:
compor ditando.
O emprego de dictare para o Espírito Santo: ser inspirado, o autor deles.
Na obra de Jerônimo o sentido primeiro e normal é literalmente o uso de copistas. A palavra
surge lá pelos anos de 380 d.C., em sua correspondência, comentários e traduções. Com as vistas
cansadas, pede ao taquigrafo que escreva seu ditado. Mais tarde deixa explícito que dita porque está
enfermo.
Diante das circunstâncias ficam evidentes as conseqüências negativas para a perfeição da sua
produção literária. Ele mesmo confessa os inconvenientes de seu método.
O ditado depende do acaso, pode tornar-se uma temeridade devido à pressa, e representa um
perigo para o talento da doutrina. Também a pressa compromete o resultado gramatical.
10
2.2. O taquígrafo
Entre o ditado feito pelo autor e o texto que nos é transmitido, há uma dupla etapa a ser
percorrida:
A passagem do ouvido para a mão dos taquígrafos, que se substituem alternadamente junto ao
autor.
Do olho à mão dos escribas, que reconstituem a taquigrafia em escrita comum.
A palavra que designa taquígrafo é notarius, o mesmo que Jerônimo emprega para traduzir
tacugra,foj.
Característica deste técnico: A própria expressão de Jerônimo numa Carta a Marcella:
a) velox notarii manus
b) me dictante
c) signere
2.2.1. A rapidez
2.2.2. Os sinais
Os sinais na obra de Jerônimo – notarii. Jerônimo fala dos sistemas de sinais, no plural
notarum compendia, ou ainda de um certo sistema, utilizado pelo escriba rápido.
11
A definição de notarius nos mostra que os especialistas que têm oficialmente esse título
aprenderam as notae, e por isto continuam ligados ao sistema tironiano. Este passou para o
patrimônio da civilização romana, sendo codificado numa coleção de aproximadamente 13.000
elementos (Commentarii notarum tironiarum).
2.2.3. Excipere
A palavra, com seus dois elementos muito expressivos ex e capere, dá bem a função daquele
que, colocado talvez diante do erudito ou do conferencista, como o escriba, acocorado, esperava a
frase, a fim de captá-la antes que caísse.
Assim, se emprega esta palavra técnica para designar a atividade dos taquígrafos.
2.2.4. As tabulates
2.2.5. Remuneração
2.3. A transcrição
Um copista estudava durante dois anos, cursos que lhe permitiam adquirir uma técnica
perfeita. Assim, este se tornava um dos principais agentes da cultura.
Quando alguém desejava ler ou possuir um livro, pedia emprestado ao autor ou aos amigos
dele e mandavam os escravos copiarem-no.
Os copistas geralmente são pagos.
2.4. A correção
Jerônimo era um escritor exposto à crítica e por isso tinha que examinar seus escritos,
controlar os secretários e cuidar da correção das “provas”.
O vocabulário de Jerônimo:
Emendare: É apagar as manchas, os erros. correção e retratação.
Recensere: Examinar, passar pelo crivo.
Confere:
Relegere: Reler. Está dentro das fases de composição. As vezes sinônimo de recensere.
Adnotare: Anotar no sentido de acrescentar todos os tipos de explicações ou notas. O autor
costuma anotar à margem de seus próprios manuscritos. Por vezes, fica zangado se as notas, devido a
negligência do copista, entra no corpo do texto.
Distinguere: Termo técnico para a aposição de sinais críticos.
Jerônimo levava a sério a correção, e pode-se assinalar três correções:
O que o autor fazia antes de confiar seus escritos ao amanuensis para a cópia.
É fetia no manuscrito, e consiste no confronto da cópia com o original.
Mais rara, é a que se fazia após a difusão dos manuscritos. Pode ser em forma de retratação
aberta. Outra é recolher o material que foram postos a venda.
2.5. O exemplar
Este vocábulo pode carregar o sentido de exemplar que serve de modelo, de protótipo. Mas
também ter um sentido passivo, de cópia, realizada conforme o exemplar no sentido primeiro.
Os modelos mais precisos eram aqueles que continham anotações do punho do autor para a
garantia de autenticidade. A prova irrefutável de que um manuscrito está conforme o original é a
concordância das cópias entre si.
Jerônimo era o maior crítico literário daquele tempo.
Com relação a Sagrada Escritura, há uma distinção muito precisa entre os manuscritos latinos
e gregos. Graeci códices e Latinum exemplar. Em geral o Latinum era inferior ao Graeci, porque
estava mais distante da fonte.
Diante da variedade de textos, não se supõe obrigatoriamente um trabalho minucioso de
comparação, mas talvez em meras aproximações. Não havia naquele tempo uma classificação
14
3. A EDIÇÃO
Editio – Blass escreve: “Quando, por uma mudança de aspecto, editio acaba designando não
mais uma ação, mas o resultado desta ação, ela não é nunca usada como fazemos com nossa palavra
“edição”, para designar o objeto material, constituído pela massa dos exemplares publicados ao
mesmo tempo, mas somente para designar a substância, o teor do próprio texto...”.
Jerônimo aplica esta palavra quase que unicamente ao texto da Sagrada Escritura.
3.1. A publicação
Para Jerônimo, a partir do momento em que se escreve, deve-se publicar, pois não há sentido
em esconder do público a obra. Um elemento essencial da edição é o desejo do autor de divulgar seu
escrito. Para ele, o simples fato de colocar uma tradução em circulação já equivale a uma publicação.
Editar parece, muitas vezes, equivalente a divulgar. Desde o instante em que o autor julga
conveniente enviar sua obra a um amigo, esta pertence ao público, e o autor já não tem mais nenhum
direito sobre ela.
Observação: Nem sempre uma obra de fôlego era editada de uma só vez. Era publicada à
medida que as partes iam sendo terminadas. Sua divisão em livros obedecia apenas ao ritmo do
trabalho do autor. Uma das funções do prefácio é justamente assegurar a ordem dos livros e das
partes tratadas.
Com relação aos direitos autorais, os escritores estavam entregues inteiramente à mercê dos
falsários. Os direitos de uma obra terminavam desde que a primeira cópia saía da oficina. Jerônimo
lutará a vida inteira contra os falsários, “aqueles que chamam malícia de prudência”.
15
3.3. A Epistula
A finalidade de qualquer correspondência é estar presente através da carta, falar com aqueles
que se ama e ouvi-los. Jerônimo está sempre cheio de zelo para com os deveres da amizade. Mesmo
as explicações doutrinais, as cartas-tratados, deveriam constituir um fator de intimidade.
O encanto de tal correspondência escapa de nossos sentimentos modernos. A carta cria e
estreita a amizade entre pessoas que só se conhecem através dela. É o exemplo da amizade dos dois
maiores escritores eclesiásticos latinos, Jerônimo e Agostinho, que nunca se viram nem se
conheceram senão por cartas.
O início de uma carta – frons epistulae – é um fragmento especial. Nele se repete o conteúdo
de uma carta anterior, fala-se da ocasião, das circunstâncias da remessa. A nota mais pessoal é
deixada para o fim da correspondência – finis epistulae – nesta conclusão imagens e palavras tomam
16
um colorido de amizade e simplicidade. A concisão era uma qualidade de qualquer carta familiar na
antigüidade – modus epistulae.
3.4. O líber
Esta é uma segunda forma da qual se manifesta a produção literária. Jerônimo sempre
empregará codex, exemplar e líber num sentido análogo. O desaparecimento do rolo colocará ainda
mais em relevo o líber como unidade de composição literária.
Líber e seu correpondente biblo desde muito tempo já podiam designar uma obra inteira que
exigia vários rolos.
Jerônimo: “Líber manet, homines praeterierunt.” – “O livro permanece quando os homens já
passaram”. Ele admitirá que o livro possa ser muito volumoso, mas também que possa ser muito fino.
As partes do livro – apenas as poucas noções que as alusões de Jerônimo apresentam:
Título: Se encontrava no fim do volumen, pois estava bem mais protegido. Indicava-se o
conteúdo do livro numa tira de pergaminho que prendia fora do rolo. A isto se dava o nome de index
ou titulus.
Titulare: Jerônimo o emprega raramente, com o valor preciso de dar um título.
Nome do autor: Ficava normalmente ao lado do título. Jerônimo tinha pouca estima para os
que escrevem no anonimato porque evitavam assumir responsabilidades.
Frons libri: São os cortes superior e inferior do manuscrito. Muitas vezes classificavam-nas
de pumicata, porque a pumex (pedras-pumes) lhes dava um brilho especial.
Divisão: Em princípio a divisão em livros.
Prefácio: Jerônimo as compõe após ter completado a obra inteira. O objetivo é apresentar a
obra ou o autor a ser comentado, depois define o gênero literário e os métodos de trabalho do autor.
Jerônimo considera que o principal é explicar os métodos de tradução.
Capitulum: Representa uma divisão do livro: os diversos assuntos tratados num livro se
apresentarão com a forma de capitula.
Cola et commata: O procedimento comático consiste em se dispor o texto em frases curtas,
sem nada mais. Quando o sentido de um texto está muito confuso Jerônimo se esforça para aclará-lo
por meio de uma divisão “em versos” – para facilitar a leitura e a compreensão do texto.
Pagina: É a superfície da tabuleta que recebe a escrita. As paginae estão, em geral, reunidas
em codex.
17
In calce libri: A palavra calx não designa apenas o fim do volume, mas também o fim de um
escrito qualquer.
In fine librorum: Terminada a obra os latinos colocarão seu explicuit, feliciter. Os hebreus
acrescentam o amen, ou sela, ou ainda shalom, para prometer um sobrevivência eterna, ou ainda
afirmar a alegria de haver terminado a obra.
Cornu: Reforço de uma largura de cinco centímetros para evitar que se rasgue na
extremidade.
3.5. O volumen
Esta palavra está estreitamente ligada à forma do livro que chamamos “rolo”. Volvere e seus
compostos se tornaram termos técnicos para a manipulação desta forma de manuscrito.
Pode-se afirmar que Jerônimo emprega a palavra volumen sobretudo para as Sagradas
Escrituras. Porém o termo se torna cada vez mais vago, sobretudo em razão do aparecimento da nova
forma de livro, o codex.
3.6. O codex
O codex designava o livro, e não somente o manuscrito, no sentido material. Pouco a pouco as
posições se inverterão e a palavra codex se tornará o termo próprio para designar o livro.
Os manuscritos de autores cristãos que nos restam do século III compreendem quatro vezes
mais códices que rolos. Birt sugere uma explicação: o codex foi a forma pobre do livro no século I, e
assim o círculo cristão adotou e conservou. Existe uma relação de causa e efeito entre o
desenvolvimento da literatura cristã e a vitória do codex.
4. A DIFUSÃO
Era realizada por meio de uma publicidade gradativa. Os amigos, solicitados a darem seu
julgamento sobre a obra, copiavam-na e passavam-na a outros, até o momento em que o público
letrado começava a se interessar por ela. Os livreiros tinham faro para descobrir os autores e as obras
com chance de agradar.
18
No período cristão os grandes autores cristãos tiveram tantos admiradores quanto seus colegas
pagãos.
Princípio jeronimiano: Não existe atividade literária sem difusão. Não se escreve um livro
para escondê-lo, e sim para difundi-lo.
As controvérsias são a atração de um público curioso. Quanto mais apaixonante é a questão,
mais garantida é a difusão do texto.
Outros meios:
Substituir o nome de um autor herético pelo de um mártir ou um ortodoxo.
Reproduzir em seus próprios trabalhos, obras ou extratos de outros escritores.
A tradução é quase o único meio de divulgar os livros gregos no Ocidente.
O intermediário tem a missão de animar o escritor, demonstrando-lhe interesse pela sua obra.
Ele não somente se contenta em fazer com que nasçam as obras, mas também favorece a divulgação.
Jerônimo é daqueles que só começam a trabalhar sob encomenda, ele precisa da simpatia e
encorajamento dos amigos. Exemplos: O bispo de Hipona, Agostinho. O papa Damaso. Paula e
Eustáquia, Marcella, Pamáquio e o Padre Domniano.
A difusão se fará através dos amigos que se encontram no maior centro livreiro do mundo:
Roma.
4.3. A remuneração
Conforme visto, a publicação passa pela amizade. Assim, é natural que seu controle seja
muito flexível. Resultado, escritos ainda não maduros “voam do ninho”. Isto ocorria tanto para o
louvor, como para crítica.
A maneira mais comum de informar o público é anunciar sua obra no prefácio de uma obra
anterior ou numa carta. Um simples aviso não basta. Torna-se indispensável uma verdadeira
publicidade para que os livros encontrem o caminho das regiões mais longínquas da terra.
Os cristãos do tempo de Jerônimo emprestam livros uns aos outros, primeiro para lerem; mas
não se contentam em resumi-los, em selecionar certos trechos, e acabam quase sempre copiando-os
inteiramente.
Para conseguir um exemplar as pessoas se dirigiam a um depositário, quando não era possível
entrar em contato com o próprio autor.
As bibliotecas emprestam livros, porém somente para as pessoas de confiança.
É na casa do autor e dos depositários que os leitores vão buscar o modelo que copiarão de
próprio punho ou mandarão que outros copiem.
5. O LIVRO E OS ARQUIVOS
Subscritio: meio de ter certeza da autenticidade dos escritos. A assinatura afasta os falsários.
Mesmo assim, a assinatura também podia ser falsificada. Se ainda vivo, somente o autor pode
empreender autenticidade de suas obras.
Anulus signatorius: anel sigilar, que se aplica às cartas.
Jerônimo, mestre estilista, recorrerá com freqüência ao estilo como meio de identificação de
um autor.
O problema da adulteração de textos se torna cada vez maior, e Jerônimo, o tradutor da Bíblia,
se vê forçado a cuidar da questão, e tenta descobrir suas causas.
A base da adulteração está no longo encadeamento de cópias com os erros sucessivos devidos
aos copistas. Como o exemplar nem sempre era corrigido, os copistas só podiam agravar os erros.
Exemplo: em vez de dizerem que as divisórias e as paredes desmoronaram – dirão que a lua e o sol
estão abalados.
O problema dos falsários se torna delicado e insolúvel. A falta de escrúpulos se apóia num
fanatismo feroz, que ignora limites. Já não é a verdade que preocupa as pessoas, mas a publicidade do
partido a qual pertencem. Aqueles que corrigem os escritos em favor de uma seita são bem vistos e
considerados como confessores e mártires.
As correções em manuscritos antigos obedecem a dois processos muito simples: se, por
exemplo, um versículo da Sagrada Escritura incomoda, o leitor o raspa do livro. Ma a engenhosidade
21
dos falsários não pára por ai. Eles conseguem tornar suspeita uma cópia verdadeira. Eles apagam o
texto autêntico e nas folhas assim raspadas recopiam exatamente o mesmo texto. O leitor habituado
com os princípios elementares da crítica literária rejeitará as passagens assim refeitas, porque só pode
imaginar que um texto com esta rasura está adulterado. É uma loucura, exclamará Jerônimo.
5.3. Os arquivos
Conclusão
Este esquema cronológico leva a observar Jerônimo desde o momento em que reúne o
material até o momento em que seus escritos, multiplicados pelos inúmeros leitores e copistas,
repousam no fundo dos arquivos.
23
Bibliografia
ARNS, Paulo Evaristo. A técnica do livro segundo São Jerônimo. Tradução Cleone Augusto
Rodrigues. Rio de Janeiro: Imago, 1993.