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3.º DCG - Português – módulo 9 - 2022-2023

TEXTOS DE APOIO
TEXTO 1
Glossário mínimo de termos técnicos de tipografia
p. 315-325

1 inventário de termos técnicos aparece no livro para proporcionar ao leitor uma aproximação
da realidade das operações materiais, mais propriamente das gestualidades de trabalho
facilitando a leitura do livro. Fiz uma selecção dos que mais se usam em meio oficinal
tipográfico, o que não quer dizer que todos os termos tenham visibilidade no corpo do texto.
Centro-me nos aspectos que se generalizam às várias especialidades, mas particularizo aqueles
que são característicos da fase da composição manual, onde de facto incidi o olhar etnográfico
durante o trabalho de campo. Aqui se inclui a descrição de ferramentas, materiais e algum
mobiliário e fica de fora um outro domínio importante mas demasiado extenso, a maquinaria.
Neste trabalho recorri à minha experiência e conhecimento do meio tipográfico lisboeta e que
remete o leitor para o jargão profissional em uso já perto do final do século xx. Para completar
algumas descrições também constituíram apoio às obras de Pedro (1948), Vilela (1998) e
Dreyfus & Richaudeau (1990).

2 Alceamento (ou mise en train) – Acto de alcear a rama. Processo de levantamento e


nivelamento do material composto (e já imposto em rama) que, pelo facto de ser material
móvel, pode não estar em condições de entrar na máquina. É uma tarefa minuciosa pois pode
ter de ser feita tipo a tipo e é em geral da competência dos impressores.

3 Aparas – Tiras estreitas de papel que saem das folhas impressas ou em branco e que raras
vezes são reaproveitáveis.

4 Brossa – Trata-se de uma escova de seda grossa ou em crina destinada a limpar a tinta e
sujidades entranhadas nos tipos após a tiragem das provas ou da impressão. Depois das provas
lançam-se algumas gotas de benzina, aguarrás, ou (mais comum) petróleo ou potassa.

5 Caderno – Folha de máquina depois de dobrada em 8 ou 16 páginas; mas também pode ser
um conjunto de folhas de papel cortadas e cosidas.

6 Caixa – Espécie de pequeno caixão dividido em diferentes partes onde se arrumam os


caracteres. Trata-se de um dos principais utensílios da tipografia. Cada tipografia tem,
geralmente, seis variedades de caixas: caixa de versaletes, de capitais, de numeração, de
justificação, de fantasia, de comum. Estas duas últimas só diferem entre si no tamanho, sendo
iguais na disposição dos caixotins, nome que se dá às diversas divisões da caixa. A caixa
comum, a maior de todas, é destinada, pela sua capacidade, ao tipo romano, também
designado por redondo. Foi por este tipo ser comum à composição de livros e jornais que se
nomeou assim a caixa. A caixa de fantasia contém os tipos que, possuindo caixa baixa são, pelo
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seu desenho, utilizados na composição de títulos. O nome caixa baixa é dado às letras
minúsculas, e caixa alta, versais ou capitais é dado às letras maiúsculas. Caixa alta, versais ou
as capitais, designa as letras maiúsculas. A caixa de justificação varia de oficina para oficina.
Trata-se de uma espécie de depósito de espaços e quadrados de vários corpos e espessuras,
colocada geralmente num local de fácil serventia de todos os operários, e próximo daqueles a
quem incumbe a distribuição das formas que foram impressas. A caixa de filetes e a caixa de
fracções são secundárias em importância e em frequência de uso. A caixa de fracções guarda
os algarismos elevados, os sinais algébricos e alguns outros. A caixa de filetes servia para a
conservação desse tipo de material.

7 Caixotim – Espaço ou cavidade das caixas, onde se armazenam os caracteres representativos


das letras (os tipos).

8 Caracter – Também pode ser chamado tipo. Forma que se dá à letra. Cada caracter tem um
desenho diferente. Os primeiros caracteres eram em madeira, mas com a progressiva
normalização gráfica e diminuição dos corpos das letras, generalizaram-se os caracteres em
metal. A diferença entre os caracteres de madeira está no facto de serem moldados à mão
(podendo cada um deles ser peça única), enquanto que os de ligas metálicas são reproduzidos
em moldes, através de processos de fundição. Os caracteres em madeira são contemporâneos
dos de chumbo embora não resistam até tão tarde. Geralmente têm muito maior dimensão do
que os de chumbo e, na sua maior leveza e manejamento, permitem imprimir documentos de
grande dimensão (cartazes, panfletos, etc.), compondo-se com eles formas que de outro modo
seriam impossíveis de carregar pelos tipógrafos. A maquinaria de impressão associada à
composição com caracteres móveis de madeira baseia-se em prelos manuais onde a mecânica
é em geral simples e depende da tracção humana e, como tal, foi das primeiras etapas do
sistema tipográfico a desaparecer.

9 Cavalete – Móvel onde o tipógrafo trabalha, sendo também o armário que guarda as caixas
tipográficas São construídos em madeira e em plano inclinado. De frente têm cerca de 1 metro
e de trás 1,20 m, aproximadamente. Podem encontrar-se diversas espécies de cavaletes,
sendo os mais comuns os que têm interiormente e na parte superior o aparador, um espaço
reservado à arrumação de vinhetas, filetes e tipos de tamanho superior. Na sua tampa são
colocadas as caixas ou as galés, por onde o tipógrafo compõe.

10 Cavalo – Composição que está acavalada sobre qualquer fragmento de letra ou areia que
ficou agarrado à chapa.

11 Cofre da máquina – Nome dado ao ponto desta onde são colocadas as formas.

12 Colchetes (ou Chaves) – São peças de chumbo ou em bronze destinadas a abranger


determinada porção de texto. Pode acontecer ser o tipógrafo a confeccionar um colchete com
outras peças que substituem.

13 Compaginar (ou Paginar) – Acto de dividir em páginas regulares uma composição de cheio,
para a confecção de um livro, catálogo, folheto ou revista.
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14 Componedor – O componedor é não só a principal ferramenta do compositor manual como


um objecto pessoal que este (geralmente) adquire e percorre o seu trajecto profissional, de
oficina em oficina. Trata-se de uma peça em madeira ou em metal (ferro, níquel ou cobre), de
dimensões várias segundo a medida de composição a que se destina. Serve para juntar as
letras umas às outras, formando palavras e (geralmente) pequenas frases, ajustadas entre si, a
partir de uma medida previamente definida, formando linhas de uma determinada largura.
Tem na extremidade da direita um bloco fixo e, correndo ao longo do ângulo recto que forma
o componedor, tem, num perfeito ajustamento, um outro bloco que se fixa em qualquer ponto
desejado, formando a medida. Há componedores de diferentes larguras e cumprimentos: os
mais pequenos servem a composição a cheio (obra de livro, jornal, etc.), trabalhos comercais e
de fantasia, e os maiores para compor cartazes e posters.

15 Compor – Acção de colocar as letras, formando sílabas, palavras e linhas, no componedor.


Existem três maneiras de compor um texto ou uma imagem gráfica: manual, mecânica e
informática, sendo que apenas as duas primeiras são consideradas tipográficas.

16 Composição – Aglomerado de tipos (e/ ou gravuras) que dá origem a uma estrutura de


material em chumbo que vai a imprimir numa impressora tipográfica.

17 Cordel – Utiliza-se em Lisboa e designa o mesmo que fio de norte (usado no norte) e guita
(em Coimbra). Serve para amarrar as páginas depois de paginadas.

18 Corpo – Número de pontos tipográficos que os tipos e os quadrados têm de espessura.

19 Cunhos – Peças metálicas que se destinam ao aperto das formas, nas ramas. Este é um
trabalho específico do impositor tipográfico.

20 Didot – Denominação para ponto gráfico, o mesmo que ponto didot. Caracter tipográfico
cuja terminação tem um traço fino horizontal. Nome de uma notável família de gravadores,
fundidores de tipo, impressores, livreiros e fabricantes de papel que aperfeiçoaram estas
técnicas em França nos séculos XIX e XX.

21 Distribuir – Desmanche das folhas que saem das máquinas depois de impressas, sendo o
material arrumado nos seus devidos lugares. Também se diz: deitar o tipo à caixa.

22 Divisório – Peça em forma de cruzeta de madeira, desmontável, e entre cujas hastes é


colocado o original em composição, o papel com escritos (ou manuscritos). Uma haste
horizontal que se identifica pelo nome de mordente mantém visível a linha que está a ser
composta.

23 Encadernar – Acto de unir em volume as folhas impressas de um livro.

24 Entrelinhas – Estas são fundidas em metal-tipo ou em latão e vão de 1 até aos 4 pontos.
Estas servem, como o nome indica, para separar as linhas compostas, criando um espaço entre
elas, pelo que são mais baixas do que os caracteres.
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25 Espaços – Peças de metal-tipo fundidos no corpo da letra, mas mais baixos e com diversas
grossuras, servindo para separar as palavras e justificar as linhas. A unidade dos espaços
também é o quadratim.

26 Fenda – Pequeno corte feito, na fundição, entre o pé e o olho da letra. Serve para indicar ao
tipógrafo (que o sente pelo tacto) como a letra deve ser colocada no componedor.

27 Filetes – Estão incluídos na designação genérica de Filetes todos os traços usados em


tipografia. São tiras largas à altura da letra. Os de uso mais regular são os de fio delgado, fio
grosso ou ponteados (destinando-se sobretudo à composição de tabelas, facturas e talões).
Também os há em metal-tipo, mas podem ser fundidos em chumbo, de zinco ou de latão, e em
aço (utilizados no trabalho de corte e vinco), sendo hoje os mais utilizados para impressão os
de latão e os de chumbo.

28 Forma – Toda a chapa ou composição que se acha em condições de entrar na máquina para
ir a imprimir.

29 Fotogravura – Conjunto de provas fotográficas, por meio das quais se produzem chapas
gravadas, próprias para tirar através da impressão provas em papel.

30 Fotozincogravura – Gravura a traço ou ponto sobre zinco, cujo transporte é feito por
processo fotográfico.

31 Frade – Parte da forma que, por não haver tomado bem a tinta, não imprime ou imprime
mais claro.

32 Galé – E uma placa de ferro ou zinco, com rebordo em três dos seus lados. A galé serve para
nela se colocar qualquer tipo de composição que, geralmente, sai pronta para a impressão.

33 Galeão – É uma tábua rectangular de madeira ou metal, com rebordo em dois dos seus
lados que apoiam a composição que é aí colocada. Uma vez terminada a composição
(principalmente a composição de cheio) ela. é aí colocada de modo a ser transportada para a
imposição ou directamente para a máquina.

34 Gralha – Erro tipográfico (ou por pouca clareza do original, ou por emenda pouco
perceptível, ou porque o revisor deixou passar).

35 Granel – Composição que não está devidamente paginada. Compor a granel significa
compor sem o cuidado de dar para cada prova um determinado número de linhas.

36 Gravura – Estampa gravada. Acção e efeito de gravar.

37 Guarnecer – Operação de revestir o cilindro das máquinas com folhas de papel, baeta, lona,
etc.

38 Guarnição – Nome que se dá à imposição que se põe entre as ramas e as formas.

39 Guilhotina (ou Máquina cortadora) – Máquinas de cortar papel (manuais ou mecânicas).


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40 Imposição – Acto de impor, isto é, paginação e arranjo em rama (de máquina) da


composição tipográfica. Designa o material depois de colocado e preso à rama com a
dimensão acertada para entrar na máquina.

41 Impressão – Diz-se da obra impressa, forma, maneira e meios de consegui-la e do acto de


imprimir.

42 Imprimir – Estampar a forma no papel por meio da tinta e do aperto da prensa ou máquina.

43 Itálico – Nome que se dá ao cursivo por ter sido inventado em Itália por Aldo Manúcio.
Letra inclinada que serve para destacar entre o texto.

44 Justificar – Acto de meter ou tirar espaços, procurando reparti-los com igualdade para se
pôr a linha à medida que se deseja.

45 Letras – Dá-se este nome aos caracteres ou tipos que servem para executar a composição.
A letra em tipografia é constituída a partir de uma liga de chumbo, régulo de antimónio e
estanho e, para impressões de maior dimensão, passa a ser em madeira. A letra propriamente
dita é o todo (o corpo) que vai desde a parte saliente que imprime e se denomina olho da
letra, até ao fim da haste que o sustenta. As letras diferem em grossura, altura e em corpo. A
grossura indica a extensão (no sentido horizontal do desenho) e a altura indica-a no sentido
vertical. Os corpos das letras são aquilatados pela sua dimensão em pontos. O corpo mais
pequeno é o 4. A progressão dos tamanhos é feita de dois em dois pontos até ao 12, sendo
que daí em diante é feita de 4 em 4 pontos. A escala «didot» regula a manufactura dos tipos
para todas as fundições do mundo ocidental (à excepção da Inglaterra e dos Estados Unidos).

46 Lingots, Lingotes – Tal como as entrelinhas, são lâminas de metal-tipo ou ferro. No entanto,
quando são mais grossas (entre os 6 e os 288 pontos) destinam-se ao trabalho de imposição
dos tipos. Este material denomina-se material branco, destinado não a imprimir, mas a servir
de quadro de justificação ao tipo. Por vezes os lingotes são utilizados para envolver a
composição que depois é apertada por três ou quatro voltas de cordel bem puxado. Se a
composição não for muito grande pode ser atada directamente, sem lingotes. No Porto, os
lingotes dão pelo nome de regretas.

47 Linguado – Chama-se a cada um dos originais escritos em tiras de papel.

48 Linha – Série de palavras compostas e impressas sobre uma mesma linha horizontal. Há
uma série de linhas diferenciadas, com várias funções.

49 Linhas de enfeite – São peças de chumbo de diversos tamanhos e grossura. Embora este
material exista em quase todas as tipografias, são muito pouco usadas na prática. Os filetes e
as vinhetas tendem a substituí-los.

50 Linotipia – Máquina inglesa de compor e fundir linhas de tipo (em chumbo).

51 Litografia – Desenho ou escrita em pedra, depois estampada em papel. Também designa o


processo químico utilizado e que dá origem à impressão em offset.

52 Livro – Conjunto de folhas que constituem uma obra.


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53 Maço – Instrumento de madeira, forrado a papel, que se utiliza para bater ao de leve sobre
o tamborete para que esse obrigue a que todas as letras baixem ao seu nível homogéneo.

54 Mármore – Mesa de madeira com tampo em ferro ou em pedra polida. Este é o nome da
mesa onde o compositor pode compor, mas destina-se sobretudo ao trabalho de imposição e
paginação.

55 Material branco – O material de chumbo (que não os tipos) chamase material branco. É
constituído por espaços, quadrados, quadratins, entrelinhas de metal-tipo, lingotes e
quadrilongos. O material branco é mais baixo do que o tipo, a fim de as peças que o compõe
não aparecerem na impressão.

56 Metal – Composição de chumbo e régulo de antimónio de que se fazem os tipos. (Em


algumas fundições utilizam o cobre nessa mescla, o que faz durar mais e quebrar menos o tipo,
mas também o torna menos flexível.)

57 Metal-tipo – Liga em que são fundidos os caracteres e material branco.

58 Minerva – A primeira máquina de pedal que apareceu em 1862 na Exposição de Londres.

59 Mordente – Peça de madeira aberta pelo meio para se fixar no divisório e prender o
original, servindo de guia ao caixista.

60 Obra – Resultado ou produto do trabalho gráfico. Pode ser uma obra de livro, obra
comercial ou de fantasia.

61 Olho da letra – Parte de relevo que os tipos têm na extremidade superior, com a qual,
untada de tinta, se faz a impressão no papel.

62 Original – Manuscrito ou impresso de onde o tipógrafo vai copiando para compor. Os


originais manuscritos podem ser indecifráveis e criar problemas aos tipógrafos.

63 Página – Conjunto de linhas que constitui cada face da folha do livro.

64 Paginar – Reduzir a páginas e com um determinado número de linhas a composição que


está em granéis ou em galeão.

65 Pinça – Pequeno instrumento de aço de que se servem os tipógrafos para emendar e que se
sucedeu ao antigo furador. Trata-se de um utensílio de pertença pessoal e de uso frequente
para o compositor, tal como o é o componedor e a regreta. À imagem dos outros dois
objectos, este mantém-se sempre junto ao compositor, em cima do mármore ou junto ao
cavalete. Serve fundamentalmente para retirar os tipos da composição onde estão ou do
componedor, gesto que não é possível efectuar de modo eficaz com os dedos. Pelo contrário,
nunca serve para retirar da caixa o tipo, gesto esse que é obrigatoriamente feito à mão. A
diferença entre a pinça do compositor e as outras é ser esta de têmpera mais forte. Os seus
bicos devem manter-se vivos, para que não fuja no momento em que o compositor agarra o
tipo, gesto que se for efectuado sem experiência pode ferir o olho da letra, alterando-lhe o
bom desenho e podendo invalidar o tipo.
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66 Pontos tipográficos – Partes de um todo chamado tipómetro, pelo qual se acerta o corpo
das fundições. Unidade ou base das medidas tipográficas.

67 Prelo – Trata-se de uma pequena máquina manual que serve para abreviar o trabalho da
tiragem de provas. Antes da invenção das máquinas cilíndricas, os prelos eram as máquinas de
impressão manual ou, dito de outra forma, dependentes da tracção humana. Em geral, as
máquinas de impressão tipográfica fazem evoluir e sofisticam os mecanismos básicos de
impressão do prelo.

68 Prensa – Máquina que tem por base um mecanismo simples de roldana, usada pelos
encadernadores para apertar os livros.

69 Pressão – O aperto que faz o cilindro das máquinas sobre o papel para executar a
impressão.

70 Protótipo – Medida inventada por Fournier que veio a ser substituída por Didot com o
tipómetro.

71 Prova de Granel – É a primeira prova que se tira de uma composição que está colocada em
galeão.

72 Prova de Máquina – É a prova que o impressor dá ao chefe ou ao revisor para ser lida ou
para serem verificadas as emendas antes de se começar a fazer a tiragem.

73 Provas – Trata-se da primeira impressão que se faz a partir de uma forma. Diz-se primeiras
provas das que se destinam ao revisor; e segundas provas das que, depois de corrigidas, se
enviam ao autor; e terceiras provas se o autor reclama outras para comprovar as emendas.

74 Quadrados e Quadratins – Tal como os espaços também os quadrados e os quadratins têm


menos uma quarta parte da altura da letra, não se utilizando, como tal, para ser impressos.
Todos os corpos de letra têm, até à medida de 48 pontos, os seus quadrados e os quadratins. A
sua função principal é fecharem os períodos de composição, preenchendo as partes brancas
(onde as letras não aparecem). O quadrado mais pequeno tem um quadratim e meio, subindo
de meio em meio até ao maior.

75 Quadricromia (ou Quatricromia) – Impressão de uma gravura a quatro cores: as da


tricromia mais um negro.

76 Quadrilongos – São os lingotes de espessura superior a 28 pontos.

77 Rabecas – Componedores exclusivamente destinados à composição de cartazes, títulos, etc.

78 Rama – Este é um dos instrumentos de trabalho do impositor. Trata-se de um caixilho de


ferro dentro do qual se colocam e apertam as formas que seguem para a impressão. Para
maior segurança das formas, as ramas (para as impressoras de maior dimensão) têm ao centro
uma cruzeira, uma barra de ferro desmontável. O termo rameta que os franceses dão às ramas
de pequenas dimensões e em especial às que se empregam nos jornais, é praticamente
desconhecido em Portugal.
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79 Redondo – Nome que se dá ao caracter da letra que geralmente se usa na Europa para
impressão de livros, e que serve também para distingui-lo do itálico.

80 Regreta (ou tipómetro) – Este é o terceiro dos instrumentos mais pessoais do compositor.
Trata-se de uma pequena régua em metal que ajuda o operário a fazer as suas medições. Esta
tem, numa das partes alguns dos corpos (medidas em pontos) mais usados para compor, de 6,
9,10 e 12.

81 Relevo – Destaque das figuras, caracteres ou vinhetas nos trabalhos tipográficos, pela
operação da estampagem, por meio de cunho ou matriz combinado com um contra-cunho
confeccionado pelo impressor.

82 Remendo – Nome que se dá a todo o trabalho miúdo, envelopes, cartões de visita,


memorandos, facturas, etc.

83 Revisão – Leitura de provas tipográficas. Pode ser feita individualmente ou com a ajuda de
outro que acompanha o original.

84 Rolo – Cilindro de substância gelatinosa (grude e glicerina), fundido em volta de uma haste
a que se chama sabugo e com um ou dois cabos. Deita-se em formas apropriadas e serve para
as tintar.

85 Tábuas – Recebem as formas depois de impressas, onde se colocam as formas para guardar
ou distribuir.

86 Tabuleiros – Aparadores nas máquinas destinados a conter o papel que se há-de imprimir.

87 Tamborete – Trata-se de uma peça em madeira que se destina a assentar as formas,


evitando que as letras, as vinhetas ou os filetes fiquem desniveladas. Para tal, o tamborete é
colocado sobre a forma, com uma das mãos e é batido com um maço de madeira, com a outra
mão, em pancadas sucessivas, mas suaves, para que não danifiquem o tipo. Este gesto técnico
tanto é efectuado no mármore, pelo compositor, como no cofre da máquina onde são
colocadas as formas, pelo impressor. Há também o tamborete chamado forrado que se destina
a tirar provas. O gesto é o mesmo, mas entre o tamborete (previamente entintado) e a forma é
colocado o papel humedecido destinado à prova.

88 Tipografia – Forma de copiar em caracteres de metal, de madeira ou outros materiais os


diferentes trabalhos próprios da imprensa, uniformizando desse modo a imagem escrita.
Deriva do latim typus (forma, figura, molde) e do grego graphus (escritura).

89 Tipógrafo – Operário que trabalha em tipografia.

90 Tipos – Os desenhos e os tamanhos da letra têm o nome genérico de tipo. É o nome que se
aplica genericamente a todos os caracteres de chumbo e madeira. No contexto oficinal os
tipos remetem para os moldes, correspondendo fundamentalmente a tipos móveis. São
objectos tridimensionais manejáveis, e podem ser em madeira ou ligas variadas de metais,
sendo que a liga mais comum tem sido uma liga de chumbo (que contém vários elementos em
proporções variáveis de antimónio, estanho e chumbo). É enorme a quantidade e variedade de
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tipos existentes. Os seus estilos são aplicados de acordo com as funções dos documentos a
imprimir e para determinados fins de leitura. O tipo empregado numa obra de livro não é o
mesmo que se usa num cartão de visita.

91 Trabalhos Comerciais – Designa genericamente um tipo de trabalho: bilhetes, circulares,


facturas, envelopes, memorandos, etc.

92 Trabalhos de Fantasia – Estende-se a todos os impressos miúdos a uma ou mais cores e


destinados ao expediente das casas comerciais, bancos e indústria: são as facturas, recibos,
envelopes, memorandos, etc.

93 Versais e Versaletes – Letras que se empregam nos princípios dos parágrafos, nomes
próprios, etc. Os versaletes são pequenos versais, com o mesmo desenho, empregados no
caso em que as palavras devem ressaltar mais do que o itálico.

94 Vinco – Plano ou forma que pelo processo de impressão tipográfica vinca o papel ou
cartolina (exigindo cálculos precisos ao impressor), embora existam máquinas próprias para
esse trabalho.

95 Vinheta – Deriva do termo francês vignette. É o nome dado a qualquer ornato de fundição
tipográfica, de vários corpos e com os quais se fazem infinitas combinações. Desempenha um
papel importante na arte tipográfica uma vez que possibilita decorar as composições. São
muito variadas as suas formas e os seus desenhos. O seu uso depende do tempo de exercício
da profissão e também do gosto artístico do operário.

96 Xilografia – Impressão com pranchas de madeira gravadas.

In https://books.openedition.org/etnograficapress/2636 (consultado no dia 4.2.2023)

Bibliografia:
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OFICINAS E TIPÓGRAFOS

Cultura e quotidiano de trabalho

Susana Durão

Portugal de Perto

Na década de 1980 a renovação dos meios gráficos chegou finalmente a Portugal. Esta veio
transformar um sector que se manteve durante séculos maioritariamente assente na
composição e impressão de texto a partir de caracteres móveis tridimensionais em chumbo: a
tipografia. Todo um universo sóciotécnico foi então abalado. Nas oficinas a tipografia passou
para segundo plano, ultrapassada pela infografia e impressão offset, aguardando o
desmantelamento definitivo da tecnologia que fica para a …

TEXTO 2

Questão: Regras tipográficas para a escrita de textos em português


Apesar de não ser uma pergunta sobre a língua portuguesa, presumo que possa interessar a
quem, como eu, tenha de escrever textos (em português).

Ao consultar/ler livros em inglês, deparo-me com várias diferenças tipográficas quando


comparados com livros em português. Por exemplo, o posicionamento de índices no início
e/ou fim do livro, a posição da primeira frase numa secção, a posição do texto da lombada
quando a capa do livro está voltada para cima, etc.

Assim gostaria de saber se existem regras tipográficas para a escrita de textos em português.

Infelizmente, ou talvez não, parece-me que não existem tais regras. Se existem e são seguidas,
apenas posso dizer que estas são, pelo menos aparentemente, mais permissivas quando
comparadas com as regras de um livro impresso, por exemplo, nos EUA.

Resta-me dizer que um livro com bom conteúdo e má apresentação pode ser tão difícil de ler
como um com mau conteúdo e boa apresentação. Por alguma razão existem tipos que não são
bons para a escrita de textos...

Obrigado!

Nuno Miguel dos Santos Baeta – Professor - Coimbra, Portugal

RESPOSTA:
Desconheço a existência de uma norma editada pelo Instituto Português da Qualidade que
verse sobre aspectos como os que refere.

Dos três aspectos que salienta: posição do índice, espaço livre no início de uma secção ou
capítulo e posição do título na lombada, parece-me haver algum consenso, nas diversas obras
que consultei, quanto à posição do índice, que, todos defendem, deve ser colocado no início.
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Convém, no entanto, ter em conta que não era esse o procedimento habitual na tipografia
portuguesa, que tinha por norma colocar o índice no final. Este procedimento tinha,
provavelmente, como justificação a ordem cronológica de elaboração da obra, partindo-se do
princípio de que o índice era a última coisa a ser organizada. Era o ponto de vista do
autor/produtor que prevalecia. A passagem do índice para o início, seguindo um procedimento
mais comum noutros países, implica uma mudança de ponto de vista. Não é já a visão de quem
faz a obra que prevalece, mas o ponto de vista de quem a utiliza. E o índice deixou de ser a
súmula final para ser um instrumento orientador para o leitor.

Se, ao consultar uma obra portuguesa, não encontrar o índice no início, poderá verificar a data
de edição, e é bem provável que não tenha sido editada nos últimos anos, a menos que seja
uma reimpressão.

Quanto à posição exacta em que se deve iniciar um capítulo ou secção, das obras que consultei
poucas referem este aspecto, talvez por considerarem que essa posição pode ser objecto de
alterações que se prendam com a organização geral das páginas.

Relativamente à posição do texto nas lombadas, todos os documentos que consultei são
omissos e, olhando para alguns livros à minha volta, verifico que são várias as opções, desde
conter apenas o título a incluir autor e editor, para além da orientação do próprio título, que
poderá ter uma leitura de cima para baixo ou vice-versa.

Concordo consigo quanto à importância de se conjugar a qualidade gráfica de uma obra com a
qualidade do conteúdo. Creio que muitas instituições têm já esta preocupação, a julgar pelo
número de obras com orientações sobre a elaboração de teses e relatórios. Estas obras, pelo
que me é dado observar numas quantas que tenho à minha frente, conjugam a preocupação
com os elementos que as obras devem conter e respectiva ordem com indicações acerca
convenções da escrita e regras específicas relativas a aspectos pontuais mais problemáticos da
língua portuguesa. Indico algumas:

AZEVEDO, Mário. Teses, Relatórios e Trabalhos Escolares: Sugestões para Estruturação da


Escrita. 4.ª ed. Lisboa, Universidade Católica Editora. 2004.

CALDEIRA, Pedro Zany. Regras e Concepção para a Escrita Científica. Lisboa, Climepsi Editores,
2008.

ESTRELA, Edite, SOARES, Maria Almira, LEITÃO, Maria José. Saber Escrever uma Tese e Outros
Textos. Lisboa, D. Quixote, 2006.

FRADA, João José Cúcio, Guia Prático para Elaboração e Apresentação de Trabalhos Científicos.
8.ª ed. Lisboa, Edições Cosmos, 1997.

Existem igualmente alguns documentos disponíveis em endereços electrónicos. Registo apenas


o endereço do código de redacção interinstitucional da União Europeia, cujo capítulo 5 é
dedicado às regras tipográficas do jornal oficial: http://publications.europa.eu/code/pt/pt-
000500.htm
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A título de curiosidade cito o ponto 5.1.7:

«5.1.7. Partes de um livro

Um livro contém um determinado número de componentes, designadamente:

Capa: parte externa do livro, catálogo ou trabalho semelhante, composta por quatro páginas.

Lombada: parte oposta ao corte das folhas, também chamada dorso do livro. Deve conter o
título da obra, o nome do autor e o ano de edição.

Guardas: folha em branco que se coloca antes do anterrosto e no fim do livro.

Anterrosto: primeira página do livro que precede a página de rosto ou frontispício.

Rosto ou frontispício: terceira página do livro.

Dedicatória: palavras do autor na primeira página ímpar a seguir ao frontispício.

Advertência: parte preliminar com esclarecimentos do autor ou do editor, composta em


itálico.

Preâmbulo/Prefácio: palavras de esclarecimento do autor, editor ou outra pessoa competente.

Introdução: parte eventual de um livro que precede o sumário.

Sumário: linhas que no início de uma obra, parte ou capítulo indicam o assunto nele tratado;
visando facilitar uma visão conjunta da obra e a localização das suas partes, o sumário é a
enumeração das principais divisões de um documento. Compõe-se geralmente em corpo 8.

Índices: espécie de quadros que, colocados no princípio ou no fim do volume, dão a divisão da
matéria, relação das gravuras, assim como dos assuntos tratados num livro, com indicação das
páginas correspondentes a cada argumento. Segundo a sua natureza, denominam-se «Índice
da matéria», «Índice das gravuras», «Índice alfabético», «Índice analítico» «Índice remissivo»,
etc. Geralmente compostos em corpo 8, são também denominados Index (ver o ponto 5.3.5).

Epígrafe: citação que o autor coloca ao abrir um livro, parte ou capítulo, composta em corpo 6.

Bibliografia: indicação das obras consultadas, composta em corpo 8.

Ficha bibliográfica: «bilhete de identidade» que aparece no fim do livro.

Logotipo ou cólofon: inscrição usada no fim dos livros, composto em corpo 8.

Errata: lista de erros encontrados numa obra; vai, geralmente, no fim dos livros e em corpo 8.

Notas: observações ou acrescentos a algumas partes do texto. Vão no pé da página, separadas


do corpo do texto por um claro ou filete, podendo ir no fim do volume quando são muito
abundantes ou extensas. São compostas em corpo inferior em 2 pontos ao do texto.

Tabelas: quadros com linhas e colunas de algarismos separadas por filetes.


_____________________________________________________________________________

Corandéis: trechos de composição, com algarismos e cabeças, sem filetes, compostos no


mesmo corpo do texto.

Títulos: palavras que indicam a matéria tratada num capítulo.

Títulos correntes: linhas no alto de cada página com o nome de capítulos, secções ou outras
subdivisões. O título da divisão mais importante (capítulo, por exemplo) fica à esquerda e o da
subdivisão menos importante (secção, por exemplo) à direita.

Fólio: folha de quatro páginas de impressão ou número da página, que pode ir no alto ou no
fundo da página. As páginas brancas, de título e de início de capítulo não levam fólio.

Registo: algarismos que aparecem, ao alto, entre a primeira e a última página de cada caderno
e que servem para o encadernador ver quais são os cadernos de um mesmo livro.

Assinatura ou linha de pé: número que se põe no pé da primeira página, à esquerda, de cada
caderno de um livro para indicar ao encadernador a ordem por que devem ser alçados. »

Friso ainda que o capítulo 10 se reveste de particular interesse, uma vez que se refere às
convenções de escrita em língua portuguesa.

Edite Prada 2 de dezembro de 2008'

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa,


https://ciberduvidas.iscteiul.pt/consultorio/perguntas/regras-tipograficas-para-a-escrita-de-
textos-em-portugues/25166 [consultado em 08-02-2023]

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