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APRESENTAÇÃO DO MANUSCRITO
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motivação do que foi escrito e o contexto de produção do documento escrito,
além dos seus modos de transmissão; logo, acaba por resgatar um passado
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semidiplomática, são escritas entre parênteses.111 Entretanto, nesse manuscrito,
encontramos várias palavras escritas entre parênteses pelo próprio autor. Assim,
a fim de evitarmos possíveis dificuldades de interpretação, optamos por escrever
tais caracteres entre {} - chaves.
• A diferenciação entre caracteres maiúsculas e minúsculas foi mantida conforme
descrito no documento (MOTTA, 1972).
• A separação dos vocábulos foi mantida na transcrição.
• A numeração dos termos, muitas vezes fora de ordem, foi mantida como
encontrada no documento.
• A enumeração dos vocábulos se reinicia a cada mudança de letra do alfabeto e
isso foi respeitado na edição.
• No documento, o autor acentua o [i] e coloca o diacrítico [~]. Na transcrição, para
se aproximar o máximo possível de Motta (1972), utilizamos [ἷ].
• O autor escreve o I maiúsculo da mesma forma que o minúsculo, acentuando e
colocando [~]. Na edição do documento, utilizamos o [Ĩ].
• A assinatura não foi transcrita. Assim a editamos como: (assinatura).
Motta (1972) é recente, datado de 1972; entretanto, cremos que possa se tratar de
cópia de manuscrito mais antigo. Alguns motivos que nos levam a tecer essa hipótese são:
(i) as letras são caligrafadas e não há rasuras, o que pode sugerir que o dicionário seja
uma cópia passada a limpo de um rascunho anterior; (ii) percebe-se que algumas entradas
foram inseridas posteriormente, sem numeração, como observamos no fólio 22, escritas
com outro tipo de tinta; (iii) as entradas são enumeradas na maioria dos fólios; no entanto
em alguns, o autor pula a enumeração, mas as corrige em seguida.
Quanto ao nome Nheengatu a que se refere Américo Motta (MOTTA, 1972), esse
parece não estar relacionado ao Nheengatu do Amazonas. Embora o cotejo entre as
línguas Nheengatu (MOTTA, 1972) e Nheengatu do Amazonas (RODRIGUES: 1996)
esteja fora do escopo desta tese, pensamos ter apresentado evidências a favor de que
Nheengatu (MOTTA, 1972) seja um dos termos usados para mencionar a Língua Geral
Paulista – ver cap. 3, não se referindo, portanto, ao Nheengatu amazônico. Também, no
capítulo 4, buscamos evidenciar que Nheengatu (MOTTA, 1972), que nos referimos
111
Sobre as regras da edição de texto ver Cambraia, Cunha & Megale, 1999, p. 23-26).
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como Nheengatu de São Paulo, embora ateste aspectos gramaticais de línguas tupi,
distancia-se dessas por outros fenômens linguísticos.
O “Pequeno Dicionario Nheengatu – Português” (MOTTA, 1972) abrange as
letras de A a Z; cada entrada é enumerada e essa enumeração reinicia-se em cada letra do
alfabeto. Ao final do documento, Motta (op.cit.) apresenta um breve apontamento sobre
a gramática da língua, que inclui informações como: formação de palavras, sintaxe verbal
e nominal, questões de gênero entre outras, que buscamos analisar no capítulo 4.
O documento (MOTTA, 1972) está encadernado; todas as folhas são pautadas e
se encontram em bom estado, salvo poucas manchas de oxidação, haja vista que a
informação que temos é a de que no antigo prédio do Centro de Memórias, os documentos
eram armazenados em locais pouco iluminados e com goteiras de chuva.
As folhas, em Motta (1972), são enumeradas com números escritos com tinta
preta. Essas marcações numéricas dizem respeito a um fólio do caderno, escrito só no
reto, como se apresenta na figura abaixo:
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não são enumeradas e/ou são escritas com tinta de outra cor ou a lápis, diferente da escrita
original que é com tinta azul.
O manuscrito é único; não temos notícias de outra cópia. O documento possui 77
fólios enumerados, porém, como o autor enumera uma folha em cada duas, conforme
mostrado na figura 14, pode-se contar 154 páginas, mais as duas folhas iniciais
(dedicatória e nome do dicionário), somando, portanto, 156 páginas.
Na primeira folha, encontramos a dedicatória de doação para o então Diretor do
Museu Histórico e Cultural de Jundiaí - Solar do Barão, Geraldo Barbosa Tomanik:
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Ressaltamos que apesar de o documento ter uma grafia bastante legível,
resolvemos realizar uma edição semidiplomática, por vários motivos: (i) alguns
caracteres são de difícil leitura, por isso, é importante torná-lo legível ao leitor; (ii) para
facilitar as comparações realizadas na parte 1 dessa tese, pois foi necessário localizar a
entrada desse documento nas comparações e a edição semidiplomática é importante para
a realização desse trabalho; (iii) para ressaltar a importância desse documento e tornar
conhecido o nome Américo Motta, o responsável por tão cuidadosa organização; (iv) em
momento oportuno, aventamos a possibilidade de publicação deste Dicionário em
separado, dados serem exíguos os materiais sobre Língua Geral
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