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O conceito de Limite é importante na construção de muitos outros conceitos

no cálculo diferencial e integral, por exemplo, as noções de derivada e de integral


que serão abordados nos capítulos 4 e 5, que são os suportes de toda a construção das
variáveis físicas, além da importância no cálculo de área e volumes.

A noção de limite fornece um caminho preciso para distinguir o


comportamento de algumas funções que variam continuamente e o comportamento
de outras funções que podem variar independente do modo como se controla as
variáveis.

É com base nisso, que pretendemos apresentar a você uma noção intuitiva de
limite para que você possa observar o que ocorre com a função , intuitivamente,
quando tende para um número real ou quando tende para mais ou menos
infinito. Usaremos limites, por exemplo, para definir retas tangentes e gráficos de
funções. Essa aplicação geométrica nos leva ao importante conceito de
que investigaremos, com detalhes, no Capitulo 4.

Dada uma função , você quer saber o que ocorre com os valores ,
quando a variável se aproxima de um ponto . Para você entender isto melhor,
considere a função definida pela expressão abaixo:

+ −
= .

A função está definida para todo real exceto = . Assim, se ≠ , o


numerador e o denominador de podem ser divididos por − e você obtém
= + ≠ .

Vamos estudar juntos os valores da função , quanto estiver próximo de


1, mas não é igual a 1. Primeiro, vamos considerar valores de cada vez mais
próximo de 1, com < e observarmos o que está acontecendo com , conforme
o quadro abaixo:

< 0 0,25 0,5 0,75 0,9 0,99 0,999 0,9999 0,99999


= + 2 2,75 3,5 4,25 4,70 4,97 4,997 4,9997 4,99997

Agora, vamos considerar que a variável aproxima8se cada vez mais de 1,


com > e observar o que está acontecendo com :

> 2 1,75 1,5 1,25 1,1 1,01 1,001 1,00001


= + 8 7,25 6,5 5,75 5,30 5,03 5,003 5,00003

Observamos, em ambas quadros, que quando se aproxima cada vez mais de


1, a função se aproxima cada vez mais de 5, em outras palavras, é possível obter
o valor de tão próximo de 5 quando desejarmos, desde que tomemos
suficientemente próximo de 1. Examine o gráfico de abaixo.

Figura 4.1

Para cada vez mais próximo de 1, aproxima8se de 5 e escreve8se a


seguinte expressão:
= + =
→ →

Lê8se:

+
→ →

+
Consideremos agora a função definida pela expressão = , para

≠ .

Queremos saber o que ocorre com a função quando tende para 1


através de valores de > e o que ocorre com a função quando tende para 1
através de valores de < . Vejamos o que acontece com no quadro abaixo,
quando tende para 1 através de valores de > .

> 3 2 1,5 1,25 1,1 1,01 1,001 1,0001 ...


+ 5 7 11 19 43 403 4003 40003 ...
=

Observamos que quando tende para 1, através de valores de > ou pela


direita de 1, a função cresce indefinidamente ou a função tende para + ∞ e
pode8se dizer que o limite de quando tende a 1 pela direita é + ∞ ,
+
→ → +∞ e anota8se por
+
= = +∞
→ +
→ +

Vejamos o que acontece com no quadro abaixo, quando tende para 1


através de valores de < .

< − 0 0,9 0,99 0,999 0,9999 ...


+ 1 − − − − − ...
=

Observamos que quando tende a 1, através de valores de < ou pela


esquerda de 1, os valores absolutos da função crescem e são negativos ou a
função tende para −∞ e pode8se dizer que o limite de quando tende a 1
pela esquerda é −∞ , → → −∞ e anota8se por

+
= = −∞ .
→ −
→ −

Apresentaremos agora a definição formal de limite de uma função.

.!" ∈
# $ %
= ε# $ ε> δ# $ δ>

− <ε < − <δ

Gráficamente,
Figura 4.2

A seguir daremos algumas propriedades importantes do conceito de limite.


Essas propriedades serão utilizadas freqüentemente no decorre do trabalho.

Se = e = , então = .
→ →

Se e são constantes quaisquer, então + = + .


Se é uma constante, então para qualquer número , = .


=

O limite da soma ou diferença de duas funções é igual a soma ou diferença dos


limites dessas funções, isto é, se
= e = ,
→ →

então

( ± )= ± .

!" # Se = , = , ..., = ,
→ → →

então

( ± ± ± )= ± ± ± .
$ O limite do produto de duas funções é igual ao produto dos limites dessas
funções, isto é, se
= e = ,
→ →

então

( ⋅ )= →


= ⋅ .

!" # % é válida para 8funções.

& Se

= e é qualquer inteiro, temos

( ) = .

' Se = e = e ≠ , então
→ →


= =

( Se = , então

= =
→ →

Neste caso, é necessário que seja ≥ e qualquer inteiro positivo, ou


quando < seja qualquer inteiro ímpar positivo.

) Se = então = .
→ →

*+ Use as propriedades e calcule os limites.

(i)

( − + ).
+ −
(ii) .
→ +
+ ⋅ +
(iii) = =
→ − −

(iv) .
→ −

(v)
→ − +

, %

(i)

( − + ) = (− ) − (− ) +
=− + + =
+ − ⋅ + ⋅ −
(ii) =
→ + +
+ −
= =
+

+ ⋅ +
(iii) = =
→ − −

(iv) Neste caso,


− ( − )( + + )=
= + +
− ( − )


→ −
=

( + + )
= + ⋅ +
=
(v) Neste caso,
− ( − )
= =
− + ( − )( − ) ( − )

⇒ = =−
→ − + → ( − )

*+ -

Calcular os seguintes limites


+ − + − −
1) . 2)
→ → +
+ − −
3) . 4)
→ → −
+ − +
5) 6)
→ − →− − +

Respostas. 1) . 2) . 3) 1. 4) 15. 5) 0. 6) .

. /
% & = ( )=
+
→ +

Figura 4.3

". / 0

% &
= ( )=


Figura 4.4

Por exemplo,

 >
=
− <

Figura 4.5

Temos

=−

e
+
=

!" # % = = +
→ → →

 ≤
=
 + >

Figura 4.6

Neste caso,

= −
=
→ →
e

→ +
=
→ +
( + )= .
!" # %'

Seja = , existe ?

Temos

 = >
=
 =− <
 −
Logo,


=− e +
= .
→ →

Como

≠ +
⇒∃ ,
→ → →

ou seja, não existe.



*+ -

Verificar se existe os limites seguintes:



1) Seja = ,∃ ? Resposta: não existe
− →

+
2) Seja = ,∃ ? Resposta: não existe
− →

3) Seja = ,∃ ? Resposta: não existe


+ →

4) Seja = , existe ? Resposta: não existe


(i) =∞⇔ > ( ) * + >


→∞

∀ > ⇒ >

Figura 4.7

(ii) = −∞ ⇔ > ( ) * +
→−∞

> ∀ < ⇒ <


(iii) =∞⇔ > ( ) * + >
→−∞

∀ < ⇒ > .

Figura 4.8

(iv) = −∞ ⇔ > ( ) * + >


→∞

∀ > ⇒ <

(v) = +∞ ⇔ > ( ) * + δ>


∀ − <δ ⇒ > →
>

Figura 4.10

(vi) = −∞ ⇔ ε> ( ) * + δ>


∀ − <δ ⇒ <

Figura 4.11
2- " Há varias maneira de identificar uma
indeterminação. As sete situações ou símbolos dados abaixo são
utilizados para identificar uma inderminação.

∞ ∞
∞−∞ ⋅∞ ∞ ∞∞ .

!" # % Seja uma constante diferente de zero, então:


(i) = =∞;

(ii) ⋅ = ⋅∞ = ∞ ;
→∞


(iii) = = ∞;
→∞

(iv) = = .
→∞ ∞

".

!" ( ∞ ,
=
→∞

+ - ε> >
− <ε >

%! " −∞ ,
=
→−∞

- ε> < − <ε


<

!" #

$ '
( . → →∞ → −∞

($ (
-
#$ = /
→∞

# $ =
→−∞

$ 0
+
= +∞

+∞
=
−∞

.

3 Seja = = + + + , ≠ :

(i) Quando → , então


= .

Por exemplo, − = ⋅ − = − =

(ii) Quando → ±∞ , neste caso calculamos inicialmente para → +∞ ,

 −

=  + + + 
→+∞ →+∞
 
 −

=
→∞
( ) ⋅
→+∞
 + + + 
 
=
→∞
( ) ⋅[ + + + + ]
=
→∞
( )
=
→∞

Assim, será +∞ ou −∞ , dependendo do sinal do e também de , inteiro


→∞

seja par ou ímpar.

Agora, analisando quando → −∞ vem também será +∞ ou −∞ .


→−∞

Por exemplo,

(i)
→∞
( + − )= →∞
= +∞ ;
(ii) + + − = = +∞ ;
→−∞ →−∞

(iii)
→−∞
− + + =
→−∞
( − ) = +∞ ;
(iv)
→−∞
( − + )= →−∞
= −∞ .
.

Seja = , ≠ ∀ , onde e são polinômios em .

(i) Quando → , então


= ≠ ,

quando = ⇒ = ∞.

Por exemplo,
+ + +
= = = =
→ + + +

(ii) Quando → ± ∞ . Analisamos inicialmente, quando → + ∞ . Temos


+ + +
= −
→+∞ →+∞ + + +
 −

 + + + 
=  
→∞  −

 + + + 
 
Como
 −

→∞
 + + + =
 
e
 −

→∞
 + + + = ,
 
então


= = ,
→+∞ →+∞ →∞

isto é, o limite da função racional é dado pelo limite da razão dos termos
de maior grau dos polinômios e .

Agora, analisando quando → −∞ temos



= .
→−∞

Por exemplo,
+
(i) = = = .
→∞ − →∞ →∞

(ii) = = = .
→−∞ + →−∞ →−∞

+
(iii) = = =∞.
→∞ →∞ →∞

A seguir apresentaremos alguns exemplos de calculo de limite.

*+ %

→∞ +
∞
, % Neste caso, temos uma indeterminação do tipo   . Temos
∞


=
→∞ + →∞ +

 
 − 
=  = − =
→∞   +
 + 
 

*+ Calcular
− +
→−∞ −
, %
− +
− +
=
→−∞ − →−∞ −

− +
− +
= = =
→∞
− −

*+ Determinar
+ +
(i) .
→ +
+ −
+ +
(ii) .
→ −
+ −
+ +
(iii) .
→ + −
, %
+ + + + + +
(i) = quando → ⇒ − →
→ +
+ − → +
( − )( + )
+ +
= +
= +
=∞

+ + + + − −
(ii) = quando → ⇒ − →
→ −
+ − → +
( − )( + )
+ +
= −
= −
= −∞

(iii) Conforme (i) e (ii), podemos concluir que

+ +
não existe.
→ + −

!" # 1

+ +
=∞
→ + −

"

*+ %
+
.
→−∞

, % Como no exemplo anterior, dividimos numerador e denominador por .


Neste caso, temos → − ∞ , os valores de podem ser considerados negativos.
Então, para o denominador, tomamos =− .

Sabemos que
 >
= .
− <

Neste caso, também


 >
= .
− <

Então, temos
+
+ →−∞
=
→−∞
−  
→−∞
− − 
 
+
= = =−
− − −

*+ -

Determinar os seguintes limites:


+  
1) . 2)  + + .
→∞ + + →∞
 
− + +
3)
→∞
( − + ) 4)
→∞ + − + +
.

− + +
5) . 6) .
→ − →∞ +
− + + +
7) . 8) .
→∞ + →∞ − + − +

+ + −
9) .
→∞
− ( − )( + )

Resposta.


1) ∞ . 2) Zero. 3) ∞ . 4) − . 5) .

6) ∞ 7) −∞ . 8) Zero. 9) −

4
2 . ∈ ( )

#$

( )
# $

( )= ( )

4
(i) ( ) existe para ∈ ( );
(ii) ∃ ( ) , isto é, → +
( )= → −
( );

(iii)

( )= ( ).

4 056

#$ 2 ( ) 3 ( )/
# $ ' ( ) . [ ] .
/
# $ 2 3

# $ ! 4 . + − ⋅

( )≠ ( .
# $ 2 . .
(vi) 2 . . .

*+ , 4 (
)

#$ ( )= =

 − ≤
# $ =  =
 >

, % (i) Observe que ∉ ( )



+
= +
= e −
= −
=−
→ → → →

Logo,


( ).

Figura 4.12
Logo, ( ) é descontínua no ponto = .

(ii) A função é descontínua no ponto = , pois,



= −
− = − = e +
= +
= , logo não existe .
→ → → → →

Observe que = − = , mas isto não é suficiente para a continuidade de .


Seria necessário que se tivesse = o que jamais poderia ocorrer visto que

não existe . Veja o gráfico de abaixo.


4
2

-1 0 3 x

-2

Figura 4.13

2 . " 5 .
5


Por exemplo, a função = + − + + +
é continua em todos os pontos ∈ .

*+ -

1) Seja a função definida por


 + ≥
=
 − <
Determinar o valor da constante tal que a função seja contínua no
ponto = .

2) Seja
 + >

= =
 − <

Verificar se é contínua em = .
3) Verificar se a função definida por
 − <−

= + >−
 =−

é contínua no ponto =− .

4) Seja
 − <

= =
 − >

Verifique se é contínua em = .

5) Determinar o valor de de modo que a função definida por


 ≠
=
 − =
seja contínua em = .

,*2 !27 2%
1) =− .
2) Sim, é contínua em = .
3) A função dada não é contínua em = − .
4) A função não é contínua em = .
5) A função será contínua em = usando = .

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