Você está na página 1de 32

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

SHS0375 - IMPACTOS E ADEQUAÇÃO AMBIENTAL 1

ATIVIDADE 4

Análise preliminar de viabilidade ambiental do projeto de aterro sanitário em


São Carlos (SP)

Geovanna Damacena da Silva Galdino - NºUSP: 12544782

Henrique Marques Polakiewicz - NºUSP: 12544757

Maria Julia de Andrade Cardeal-NºUSP: 12730702

Paulo Bianchi Antunes- NºUSP: 11908778

Sara Alves– N°USP: 12566219

São Carlos - SP

Junho de 2023
I - Conceitualização da AIA

“O impacto ambiental corresponde à variação na qualidade


do meio percebida após a introdução de uma atividade humana,
comparada à situação que seria esperada sem que esta atividade
tivesse sido introduzida, levando-se em consideração seus efeitos
diretos e secundários, que se distribuem em uma determinada escala
temporal e geográfica”

Um impacto ambiental é classificado a partir das mudanças nos padrões de qualidade que se
verificam ao compará-las à baseline (linha de base que apresenta como o meio se comportaria sem
interferência). Assim, é válido ressaltar os seguintes conceitos: resposta, alterações sofridas pelo meio;
pressão, a ação exercida ao meio; estado, como o meio se encontra.

Os atributos ambientais a serem considerados nesta AIA são descritos na tabela abaixo.

Tabela 1. Critérios para AIA

Atributo Descrição Classificação

Natureza Forma como se vê o Negativo, neutro ou


impacto, a partir dos positivo
seus efeitos

Ordem Momento em que o Direto (primeira


impacto irá surgir ordem, primário);
indireto (segunda,
terceira, … ordens)

Extensão espacial Porção de território Local, regional, global;


afetada pontual, parcial ou
total.

Aspectos temporais Duração Período no qual a Curto, médio ou longo


alteração se perpetua prazo

Continuidade Persistência de uma Contínuo ou


característica no meio descontínuo

Periodicidade Frequência com que o Regular ou irregular


impacto age sobre o
sistema

Deflagração Período de tempo que Imediata ou latente


leva para a resposta do
ambiente

Reversibilidade Condição que o Reversível ou


sistema tem de reverter irreversível
os efeitos do impacto

Cumulatividade Soma das condições Cumulativo ou não


do passado e presente cumulativo
do sistema, com efeito
no futuro

Magnitude Grandeza da escala Baixa, Média ou


temporal e espacial de Elevada
um impacto

Significância Refere-se a intensidade Não significativo,


de um efeito Pouco significativo,
relacionado a um fator Significativo e Muito
ambiental com outros significativo
impactos

Fonte: Autores, 2023

II - Concepção do aterro sanitário

II.1 Projeto

Adendo 1: Resíduos sólidos domiciliares

O município de São Carlos conta com uma disposição de 130 toneladas de resíduos
sólidos domiciliares em média por dia. Deste modo possui cinco setores de coleta, nos dois
distritos pertencentes ao município, além da coleta de recicláveis, realizadas por três
cooperativas, que atualmente, abrange cerca de 60% da área urbana, recolhendo mensalmente
uma média 70 toneladas, o que equivale a aproximadamente 2.700 kg/dia.
Com isso, a fim de melhor atender as necessidades do município, a implantação do
aterro sanitário contará com a disposição de resíduos sólidos exclusivamente de origem
domiciliar, classificados como II - A (não inertes), gerados na sede do município e nos
distritos de Santa Eudóxia e Água Vermelha.
De acordo com estudo realizado por Frésca,et al (2008), na tabela abaixo temos a
comparação da composição dos resíduos sólidos domiciliares gerados pelo município de são
carlos nos anos de 1989 e 2005. Com isso conseguimos estimar uma média da composição
dos resíduos que serão enviados ao aterro sanitário e a identificação das principais medidas
mitigadoras a serem implementadas.
Tabela 2. Comparação entre a composição gravimétrica, em peso, dos resíduos sólidos domiciliares em
1989 e 2005.

Fonte: Frésca,et al (2008)

Adendo 2: Concepção do aterro sanitário

Para este projeto, utiliza-se a técnica de patamares sobrepostos, visto que necessita de
menor área quando comparada com outras técnicas. Patamares são utilizados para manter a
estabilidade dos taludes do aterro, para a colocação de drenagem de águas pluviais, para a
colocação de redes de drenos de biogás, e para o trânsito de veículos e máquinas na
manutenção futura dos taludes.
A movimentação de terra será realizada a fim de permitir a obtenção de material de
cobertura, para a cobertura diária e o selamento do aterro. Sendo levado em consideração,
aspectos geológicos da área e o volume necessário, para se estabelecer as dimensões dos
patamares.

Figura 1 - Principais elementos de um aterro sanitário


Fonte: Engecorps, 1996

As instalações a serem realizadas no projeto são:

Sistemas de proteção ambiental

● Impermeabilização do solo: percolação do chorume; falhas(emendas de


campo, ausência de teste de estanqueidade, ancoragem ou sub-base mal
preparada, perfuração pelo falta de camada de proteção)

Etapas:

1. Remoção de solo vegetal (50 cm)


2. Deposição
3. Drenagem superficial
4. Escavação -> processos erosivo, assoreamento de corpos d´água, e
material particulado em suspensão
5. Impermeabilização de fundo
6. Drenagem subterrânea
7. Sistema para dissipação de gases

Será previsto também a execução de drenagem pluvial provisória de maneira a evitar


o carreamento de solo pelo escoamento superficial.

● Sistema de captação e drenagem de líquidos percolados

- Drenagem subsuperficial

● Sistema de tratamento de líquidos percolados

Figura 2 -Fluxograma do sistema de tratamento de Líquidos Percolados

Fonte: Diagnóstico do empreendimento do Novo Aterro de São Carlos


Com relação aos efluentes líquidos, esgoto sanitário das instalações sanitárias
e os líquidos percolados gerados no aterro sanitário de São Carlos, o projeto não prevê o
lançamento de efluentes em corpos d’água. Os efluentes sanitários serão tratados em fossa
filtro, e os líquidos percolados encaminhados ao sistema de tratamento, por processo
biológico, e em seguida, lançados na Estação de Licenciamento ambiental do novo aterro
sanitário do município de São Carlos (SP) Plano de Trabalho para elaboração de EIA/RIMA –
ANEXO I 12 Tratamento de Esgotos Sanitários do município (ou de outro município, se for o
caso).

● Sistema de drenagem pluvial

O objetivo será a diminuição de líquido percolado.

1. Construção de canais
2. Conduzida para um ponto distante
3. No Aterro Sanitário serão previstas canaletas de concreto (tipo
“meia-cana”, com diâmetro de 60 cm) ao redor de todos os patamares.

● Sistema de dissipação e queima dos gases

Figura 3 - Detalhe do dreno de captação de gases no aterro sanitário

Fonte: Diagnóstico do empreendimento do Novo Aterro de São Carlos

Cobertura diária, selamento final e plantio de grama

Cobertura diária: Minimização de odores, evitação de proliferação de vetores, evitar


espalhamento de materiais leves pela ação do vento, redução de urubus.
20 cm de solo (local) diário. Plantio de grama: prevenir processos erosivos, auxiliar na
evapotranspiração.

Infra estruturas de apoio

● Sistema de abastecimento próprio


Poço freático com vazão de pelo menos 20 m3 /h e a instalação de um
reservatório elevado, com capacidade para 30 m3 .

● Energia elétrica
Para o fornecimento de energia elétrica, deverá ser instalado, no local, um
posto de transformação com capacidade para pelo menos 300 kVA, além de toda a
malha de iluminação interna da área do empreendimento.

● Estrutura de recepção
Guarita, sala de pesagem de resíduos, sanitários.

● Sistema de arruamento
Pistas duplas, pavimentadas, nas vias principais internas que darão acesso
interno ao aterro, separadas por canteiro central com guias rebaixadas e gramadas que
servirão como áreas de infiltração. Os estacionamentos também deverão ser
pavimentados com piso permeável e dotados de estruturas drenantes para auxiliar na
infiltração. Os canteiros centrais, rotatórias e estacionamentos serão arborizados e
ajardinados.

● Prédio administrativo
Sala de recepção, sala de gerência, sala de técnicos e demais funcionários, sala
de reunião, sanitários e copa.

● Auditório
Próprio para palestras.

● Operacionais
Sistema de almoxarifado/vestiário, um abrigo coberto para a guarda de
máquinas, um barracão que servirá de abrigo à oficina, borracharia e garagem para o
abrigo de veículos, utilizados na operação do aterro, estrutura para a lavagem desses
veículos e máquinas, com dimensões e equipamentos adequados para essa atividade.
Demais galpões cobertos, para a estocagem de matérias de uso diário na operação do
aterro (areia, britas, cimento etc), deverão integrar a infra-estrutura do novo aterro,
além, de outros equipamentos que se fizerem necessários, em função do grau de
atividades relacionadas com o tratamento e deposição final dos resíduos.

● Demandas funcionais
Um refeitório e um quiosque coberto também deverão integrar a infraestrutura
do aterro. Finalmente, uma sala devidamente preparada para a recepção e
armazenamento temporário de resíduos de serviços de saúde, dotada de equipamentos
para a coleta e cloração das águas de lavagem do local.

● Galpão de pneus
Para a recepção de pneus
Abaixo pode ser visualizado um esboço do aterro, contendo as suas instalações.

Figura 4 - Esboço do aterro

Fonte: Diagnóstico do empreendimento Novo Aterro de São Carlos

Pode se evidenciar por meio do reconhecimento das curva nível, que na parte mais
baixa do aterro será implementado as lagoas de armazenamento do chorume. Para deste modo
otimizar a rede de drenagem que terá uma base fixa, com o preenchimento do aterro de baixo
para cima, utilizando a área da melhor forma e gerando menos gastos e manutenção. Na
imagem abaixo podemos ver a base da rede de drenagem e a lagoa de chorume.
Figura 5 - Rede de drenagem e lagoa de chorume

Fonte: Diagnóstico do empreendimento do Novo Aterro de São Carlos

Sistemas auxiliares (isolamento da área e Cinturão Verde)

Cerca de isolamento da área em tela envolvida por um cinturão de eucaliptos.

II.2 Delimitação da área de influência

ADA - (Área diretamente afetada) Área que sofrerá intervenção direta do empreendimento.
Classificada como a área que receberá os resíduos, ou seja toda a área onde o aterro será
instalado.

AID - (Área de Influência Direta ) Porção do território no entorno da área de intervenção,


que congrega fatores ambientais afetados diretamente pelos impactos causados pelo
empreendimento.

AII - (Área de Influência Indireta ) Ocorrência de impactos indiretos, que incidem sobre os
componentes do meio.

Tabela 3. - Delimitação das áreas de influência

Delimitação das áreas de influência

Meio Físico Meio Biótico Meio Antrópico


ADA Delimitada pela área do Delimitada pela área do Delimitada pela área do
empreendimento e vias de empreendimento e vias de empreendimento
acesso acesso

AID Delimitada pela área do Delimitada pela área do Delimitada pela área do
empreendimento, bem como empreendimento, bem como empreendimento, bem como
pela topografia, hidrologia e pela topografia, hidrologia e pela topografia, hidrologia e
tipo de solo. tipo de solo. 5 km tipo de solo.

AII Delimitada pela soma de dos Delimitada pela soma de dos Delimitada pela soma de dos
impactos indiretos gerados pelo impactos indiretos gerados impactos indiretos gerados
aterro com raio de 5 km pelo aterro de 5 km pelo aterro com raio de 5 km e
o município.

Fonte: Autores

Abaixo podemos visualizar os mapas da delimitação das áreas de influência do


empreendimento, cujas justificativas se encontram mais adiantes no trabalho. A ADA
representada em cinza, pelo área onde será implantado o aterro, e em vermelho a área de
influência indireta. e em laranja temos o município de são carlos representado no segundo
mapa.

Figura 6 - Delimitação preliminar das áreas de influência do empreendimento

Fonte: Diagnóstico do empreendimento do Novo Aterro de São Carlos

III - Avaliação dos impactos ambientais do aterro


Tabela 4. - Características do Aterro

Características do aterro

Indicador Projeto Unidade

Área do 56,5 ha
empreendimento

Área da gleba 56,5 ha

Área de disposição dos 21,9 ha


resíduos

Altura do aterro 80 ? m

Volume total de 3.506.014,13 m³


resíduos

Capacidade de 320 t/dia


recebimento diária
licenciada

Camadas 9 n° de camadas

Altura da camada 4,50-5,20 m

Vida útil mínimo de 20 anos

Geração de percolado dados insuficientes m³

Capacidade de 2 lagoas de contenção


armazenamento de
percolado

Forma de tratamento do Captação e texto


percolado encaminhamento ao
sistema de
tratamento de esgoto
municipal

Volume de escavação 520.670 m³

Déficit de solo 0 m³

Material excedente 4.400 m³

Área de empréstimo 0 ha

Supressão de vegetação ha
nativa

Propriedades afetadas 7 n° de propriedades


Famílias afetadas 18 n° de famílias

Desapropriação/reassen 0 ha
tamento

Criação de novos 0,035 km²


acessos

Tráfego gerado na veículos/dia


implantação

Material particulado 0,12 t/ano


gerado por tráfego de
veículos diesel(Entorno
da Estação São Carlos)

Mobilização de mão de 53 n° de trabalhadores


obra na operação

Investimento total da 31.490.749,22 R$


obra (implantação e
operação inicial)
Fonte: Autores

Pode-se analisar na tabela um resumo das características principais do


empreendimento do Novo Aterro de São Carlos. A estruturação da tabela foi feita a partir do
molde disponibilizado pela CETESB.
Por meio da elaboração da Matriz de Leopold e Rede de Sorensen abaixo, foi possível
identificar os principais impactos ambientais causados pela implantação de um aterro
sanitário.
Figura 7 : Matriz de leopold Aterro sanitário

Fonte: Autores (2023).


Figura 8 : Rede de Sorensen do aterro sanitário

Fonte: Autores (2023).


3. 1 Hierarquização dos impactos

Abaixo temos o fluxograma, para os principais impactos gerados na instalação do


aterro, na área definida e identificada acima. Esses impactos foram selecionados por base nos
critérios da Tabela 1, sendo assim possível determinar os impactos mais significativos para o
local da implantação.

Fluxograma 1: impactos da fase de instalação do Aterro Sanitário

Fonte: Autores (2023)

1. Alteração da cobertura vegetal - Impacto de ordem Primária, com efeito cumulativo


e contínuo, com periodicidade regular e de carácter cumulativo, alta magnitude e
deflagração imediata.
2. Erosões - Impacto de ordem secundária, com efeito cumulativo e contínuo, de
periodicidade regular, de caráter cumulativo, de média magnitude e deflagração
latente.
3. Impermeabilização do solo - Impacto de ordem primária, com efeito cumulativo e
contínuo, significativo, com periodicidade regular e média magnitude, com
deflagração latente.
4. Perda da biodiversidade -Impacto de ordem primário, com efeito cumulativo e
contínuo e contínuo, significativo, de extensão local, alta magnitude e deflagração
imediata.
5. Escoamento superficial - Impacto de ordem secundária, com efeito cumulativo e
contínuo, significativo, com periodicidade regular e média magnitude, com
deflagração latente.
6. Qualidade das águas locais- Impacto de ordem secundária, com efeito cumulativo,
significativo, com extensão regional, de média magnitude com deflação latente.
7. Modificações da morfologia do terreno- Impacto de ordem primário, com efeito
cumulativo e contínuo, significativo, média magnitude com deflagração imediata.
8. Modificação da drenagem -Impacto de ordem secundária, com efeito cumulativo ,
significativo, com extensão local, baixa magnitude e deflagração latente.
9. Perda de matéria orgânica do solo - Pouco significativo, de baixa magnitude,
impacto de ordem secundária, com efeito cumulativo, de baixa magnitude e extensão
local.
10. Percolação de Líquidos - Impacto de ordem secundário, com efeito cumulativo e
contínuo, significativo, de baixa magnitude, com deflagração latente.
11. Emissão de Gases - Impacto secundário, com efeito cumulativo e contínuo, de
baixa magnitude.
12. Compactação do solo - Impacto de ordem Primário, com efeito cumulativo, de baixa
magnitude e pouca importância, de deflagração imediata.
13. Aumento do fluxo de veículos - Impacto de ordem secundário, com efeito
cumulativo, de baixa magnitude e pouca importância, de extensão local.
14. Plantação de eucaliptos - (Mitigação) - Impacto de ordem Primária, de baixa
magnitude e pouca importância, de extensão local.

3. 1. 1 Seleção de impactos

3. 1. 1. 1 Impactos considerados

● Impermeabilização do solo

Consideramos a ocorrência de três fatores que afetam a permeabilidade do


solo, sendo a Impermeabilização tanto pelas construções do empreendimento, a
geomembrana usada na valeta do aterro e a adição de um solo argiloso no nível mais
inferior do aterro, logo abaixo da geomembrana.
Essas medidas são padrão para o funcionamento do aterro servindo como uma
ferramenta de coleta e segurança dos resíduos presentes. Entretanto a
impermeabilização leva a mudanças consideráveis dentro do ciclo hidrológico da
região bem como a recarga do aquífero local, a água das chuvas não consegue mais
percolar no solo e atingir o lençol freático, levando ao escoamento superficial e
alagamentos em regiões de menor declividade, afetando não apenas a flora e fauna
como também as atividades antropológicas.
Também é preciso destacar que a impermeabilização do solo na região pode
acarretar em problemas de erosão. Com um maior volume de água percorrendo
horizontalmente a região e a alta suscetibilidade que a região de São Carlos possui
para a erosão e assoreamentos, mostrada no mapa abaixo (São Carlos está no círculo
vermelho). Portanto a impermeabilização do solo é considerada um impacto a ser
considerado e avaliado durante o período de operação e após o seu encerramento.
Figura 9. Áreas suscetíveis a erosão no estado de SP.

Fonte: IPT - Mapa das áreas de suscetibilidade do Estado de São Paulo

● Modificação da morfologia do terreno

A modificação na morfologia do terreno é um impacto primário de deflagração


imediata, ou seja, vê-se as alterações já imediatamente após as primeiras ações do projeto,
desde a retirada da vegetação local até a mudança causada pelas construções.
As alterações no terreno causadas pelo aterro são feitas continuamente conforme mais
resíduos são trazidos e depositados e as máquinas fazem a soterragem e compactação.
Portanto, o aumento da quantidade de resíduos leva a uma maior alteração morfológica da
região, causada pelo chorume produzido no local como também pelas grandes
movimentações de porções de terra que grandes porções do solo, levando a uma alteração no
solo e na paisagem do local.

● Modificação da drenagem

A modificação da drenagem ocorre, no caso do aterro de São Carlos - SP,


principalmente devido à impermeabilização do solo devido a implementação de
geomembranas e solo compactado, que vai fazer com que águas pluviais sejam direcionadas,
a partir das tubulações e canaletas instaladas, para um ponto específico no rio mais próximo

● Aumento do fluxo de veículos

O aumento do fluxo de veículos é um impacto relevante para este projeto,


visto que tem-se um aumento importante no número de caminhões circulando pelo
município. Destaca-se, a princípio, que veículos movidos a diesel, como os
caminhões, são responsáveis por aproximadamente metade da concentração de
compostos tóxicos na atmosfera. (Artaxo, 2018)
Este é um impacto gerado inicialmente pela fase de instalação do aterro; no
entanto, tem sua maior abrangência e magnitude na fase de operação, dado que no
segundo a área de influência é toda a cidade de São Carlos.
Nota-se que já havia anteriormente à instalação do Aterro o tráfego de
caminhões para transporte de cana e de ônibus de trabalhadores rurais.
O aumento do fluxo de veículos na fase de operação do aterro impacta os três
meios. No meio físico, tem-se a alteração na qualidade do ar, a partir da emissão de
gases poluentes (CO, CO2, MP). No meio biótico, tem-se também um aumento na
quantidade de ruído na área de influência, o que pode afugentar a fauna local; além
disso, o aumento da circulação de veículos na região pode ocasionar mais
atropelamentos de animais. No meio antrópico, tem-se o aumento de ruídos nas vias
da cidade, devido à movimentação de caminhões de coleta, além da intensificação dos
tráfegos, com aumento de riscos de acidentes; além disso, há a exposição da
população do município aos gases poluentes gerados por estes veículos.
Este impacto pode apresentar caráter secundário pois há a construção de vias
de acesso no projeto.

Tabela 5 - Emissões relativas de CO2 do transporte urbano - matriz modal de emissões CO2

Fonte: IPEA, 2011

Os veículos pesados, como é o caso dos caminhões de coleta, são responsáveis por
1,26 kgCO²/km, como demonstrado na tabela.
Além disso, tem-se também a geração de materiais particulados. De acordo com
estudo realizado no entorno da Estação São Carlos, nas Avenidas São Carlos e Alexandrina,
obteve-se os seguintes resultados:
Tabela 6 - Emissões de material particulado no Entorno da Estação São Carlos

Fonte: IPEA, 2011

Tomando estes dados como base, tem-se que no total os veículos movidos a diesel
(pesados, ex:caminhão) geram no total 0,12 t/ano de material particulado.

● Compactação do solo

De acordo com a linha de base, tem-se uma região de declividade mediana (inferior a
8%), relevo suavemente ondulado, próximo ao Vale do Ribeirão do Monjolinho.
Predominância de solos do tipo latossolos, situados sobre basaltos da formação Serra Geral.
Não se verificam processos erosivos intensos. Segundo Estanislau (1999), que realizou estudo
sobre a compactação de latossolos, à medida que a densidade do solo diminui, a umidade
gravimétrica aumenta, por conta da baixa compressibilidade da água que ocupa a maioria dos
poros. Nota-se, também, que os latossolos são geralmente profundos, argilosos e pouco
férteis. Assim, a compactação do solo na região pode ser considerada um impacto de ordem
primário, de baixa magnitude e baixa importância local. Esta compactação pode gerar
impactos como redução de poros, redução na taxa de infiltração de água e redução de
infiltração de oxigênio, tornando o solo menos nutrido e menos permeável. No entanto, dada
a àrea que será compactada e as características do solo na região, que já apresentam pouca
permeabilidade, não se verifica compactação muito intensa.
3. 1. 1. 2 Impactos desconsiderados

● Perda de biodiversidade

A escolha da perda da biodiversidade está envolvida com a mortandade ou


emigração de espécies, tanto da flora quanto da fauna, da região. Sua consideração é
importante pois a construção do empreendimento acarreta no desmatamento (e
inviabilidade) de uma porção do solo para as estruturas da obra, entretanto no local de
realização do empreendimento foi montado no que antes consistia numa plantação de
cana-de-açúcar. Portanto, a responsabilidade pela perda de biodiversidade não foi
totalmente culpa da implementação do aterro sanitário. O canavial que antes existia na
região está mais relacionado à perda da biodiversidade.
No mapa abaixo, mostra-se as divisões territoriais do município de São Carlos,
nele é possível observar a localização do aterro sanitário (sendo representado pelo
ponto vermelho na parte inferior esquerda do mapa), e observa-se que a região do
entorno do aterro é composta principalmente por canaviais.

Figura 10. Localização do aterro e usos e ocupação do solo (esquerda) e a legenda do mapa
(direita).

Fonte: Trevisan et. al (2018)

Logo se trata de uma região que naturalmente já estava afetada quanto a


biodiversidade, dado a agressividade que a agricultura da cana gera no ambiente.

● Alterações na cobertura vegetal


O aterro será instalado em uma região de antiga produção intensiva de açúcar
e álcool do município de São Carlos, ou seja, um local que já foi desmatado
anteriormente para a produção agrícola, desde modo a pressão exercida por esse
impacto na área de influência do aterro é desconsiderada, devido às suas condições
atuais, sendo um dos fatores relevantes para a escolha do local e deste modo diminuir
os impactos gerados ao meio pela implantação do empreendimento.

● Erosões

A área escolhida para a implementação do aterro, possui uma declividade de 2


á 8%, tendo uma alta aptidão para instalação de atividades. Além disso, ressalta- se
que o funcionamento do aterro consiste na sobreposição de camadas de resíduos e
material inerte, tendo também medidas para a diminuição da velocidade do
escoamento de chuva que incide na lateral da célula. Ou seja, a ocorrência de erosões
causadas pela implantação no aterro na área seria insignificante.

● Perdas matéria orgânica do solo

Como o local de instalação era utilizado para produção da monocultura de


cana açúcar, tem -se que o cultivo e queima da palha da cana, absorvem o material
orgânico e empobrecem o solo. Deste modo, tal impacto gerado pelo aterro não
causaria uma nova pressão no ambiente.

● Percolação de Líquidos

Apesar do solo do local ser caracterizado como Latossolo vermelho amarelo,


que possui uma alta permeabilidade com 95 mm/h (BEUTLER A.N, et al. 2001), a
instalação do aterro contará com a presença de geomembrana para impermeabilizar o
solo, bem como impermeabilização de base pela adição pela sobreposição de camadas
de argila compactada. Contando ainda com sistema de captação do percolado e seu
tratamento. Portanto a pressão gerada por esse impacto será insignificante para a área
de implantação.

● Escoamento superficial

O escoamento superficial é influenciado pela modificação da morfologia do


terreno (aumento da declividade), e impermeabilização do solo pelas geomembranas
instaladas e camadas de solo compactado ao redor das células e dos taludes. Ademais,
o sistema de drenagem de água pluvial também altera a dinâmica de escoamento
superficial, uma vez que coleta a água de chuva que incide sobre a área do aterro
escorre pela lateral da célula. Apesar disso, o empreendimento conta com rede de
drenagem das águas pluviais que visa captar toda a água que incide sobre a área em
que se desenvolvem as atividades do aterro, e direcioná-la por meio de canaletas com
baixa declividade para o rio mais próximo, fazendo com que a emissão da água seja
com a menor velocidade permitida para se evitar possíveis deslizamentos e erosões.

● Qualidade das águas locais

Com relação ao impacto que as lagoas de estabilização e tratamento de


percolados, estes oferecem risco ambiental mínimo para a qualidade das águas do rio
mais próximo que drena esta parte da bacia, onde no caso de vazamentos, não afetam
a dinâmica do sistema ambiental local, visto que a declividade da área é baixa (em
torno de 2%), o que faz com que o escoamento superficial seja lento e a chance de o
percolado atingir o curso d’água seja reduzida. Ademais, como pode ser visualizado
na Figura 11 abaixo, o sistema de tratamento de resíduos líquidos se encontra a 400
metros de distância do rio, e isso aliado à pequena declividade contribui para um
acúmulo menor de energia cinética e, consequentemente, baixa velocidade de
escoamento do percolado.

Figura 11. Distância das lagoas de estabilização ao curso d’água mais próximo

Fonte: Autores, utilizando Google Earth, 2023.

Por fim, no caso de que os rejeitos consigam chegar ao curso d’água, vencendo
as barreiras naturais da pequena mata ciliar em torno do rio, considerando o baixo
escoamento do rejeito líquido tratado no aterro, o volume que se mistura com a água
do riacho é mínimo e constante (devido ao escoamento superficial viscoso), fazendo
com que a alteração da concentração de oxigênio dissolvido (OD) nas águas seja
problemática no ponto de contato da mistura, uma vez que o percolado possui 0 mg/L
de OD, e o curso d’água tenha em torno de 7 mg/L. Contudo, pelo fato de o volume
ser baixo de rejeito, a autodepuração do córrego é elevada e, em curtas distâncias,
condições próximas ao original são observadas.
● Emissão de gases

Os impactos relacionados com a emissão de gases, oferecem riscos mínimos à


população e à fauna do entorno. Visto que o aterro possui sistema de dissipação e
queima dos gases como o metano, evitando assim possíveis incidentes na área.
Ademais, se localiza há cerca de 10 km da área urbanizada do município de são carlos,
como pode ser visualizado no mapa abaixo.

Figura 12. Distância do Aterro até a área urbanizada

Fonte: Autores, utilizando Google Earth, 2023.

Dando continuidade, com a distância de 10 km, e a tabela de emissão em


média gerada de metano e dióxido de carbono por um aterro sanitário, retirada de uma
pesquisa realizada UERJ, pode se estimar que o aterro vai gerar em torno de 400 ppm
de dióxido de carbono e 60 ppm de metano.

Figura 13. Concentrações de dióxido de carbono e metano no ar ambiente do aterro sanitário de Seropédica -
estudo realizado pela UERJ.

Fonte: Borba et. al ( 2018)


Ademais, utilizando o gráfico abaixo, que mostra o cálculo da dispersão de
plumas atmosféricas, pelo modelo de Screen, tendo o dióxido de enxofre como
exemplo. Pode-se observar que as maiores concentrações do poluente se encontram
nos 500 metros após sua emissão, e nos 5 km já se encontra reduzido pela metade. Foi
utilizado esse modelo como exemplo e assumindo que o dióxido de carbono e metano
se comportam da mesma forma, para se estimar o raio da área de influência indireta,
que foi estabelecido como 5 km pelos fatos então apresentados.

Figura 14. Cálculo de dispersão de plumas atmosféricas - cálculo de concentração do SO2 utilizando o modelo
de Screen

Fonte: Mendes - Poluição Ambiental 2

3. 2 Identificação de medidas preventivas e corretivas

Após a hierarquização dos impactos detectados, se estabeleceram as medidas


preventivas a serem consideradas ao longo da implantação do projeto.
Utilizou-se os impactos apontados como relevantes (tópico 3.1.1.1) anteriormente no
texto para planejar medidas preventivas para diminuir a magnitude dos impactos e de
possíveis efeitos secundários que possam vir a ocorrer.
Abaixo constam algumas medidas preventivas que podem ser implementadas nos
principais impactos classificados anteriormente.

● Impermeabilização do solo

A impermeabilização do solo é analisada e julgada de acordo com comparações feitas


sobre o comportamento dos componentes do ciclo da água, especificamente a infiltração no
solo (que pode ser verificada com ensaios geológicos) e o escoamento superficial. Também é
possível usar dados meteorológicos como os períodos de estiagem e os ventos.
Analisando-se esses fatores é possível se encontrar a melhor área para o aterro que
tenha um menor impacto na dinâmica hidrológica do local.
● Modificações da morfologia do terreno

As modificações da morfologia são obtidas principalmente através de mapas


topográficos e dados pedológicos, vistorias de campos e ensaios in-situ e laboratoriais são
opções para se verificar as características que foram alteradas pela presença do
empreendimento na região.

● Modificação da drenagem

As modificações da drenagem estão ligadas a fatores como a composição do solo (que


pode ser verificada com ensaios in situ e laboratoriais), análise da topografia e estudos sobre a
hidrologia do empreendimento. Se faz necessário também estudar sobre a localização dos
limites dos aquíferos que podem ser afetados na região.

● Aumento do fluxo de veículos

O fluxo de veículos que vão para o aterro varia de acordo com os horários de
funcionamento e com a quantidade de rejeito coletada pelos caminhões. A obtenção desses
dados pode ser obtida através dos dados de logística do aterro. Esses dados podem indicar
quantos caminhões e carros utilizam as vias de transporte do empreendimento.

3. 3 Medidas Mitigadoras

Ainda considerando os impactos tidos como significativos, citamos algumas medidas


que visam reduzir a magnitude dos impactos ambientais do projeto.

● Impermeabilização do solo

A impermeabilização do solo é importante para evitar impactos associados com a


percolação de chorume no solo levando a uma contaminação do solo. Entretanto uma região
com alta impermeabilização acarreta em impactos relacionados com o movimento lateral da
água das chuvas, podendo gerar erosões e assoreamentos nos cursos de água mais próximos.
O monitoramento deste impacto deve ser feito por ensaios nas regiões onde há a
necessidade de haver uma impermeabilização e nas regiões onde não deve haver, dessa forma
pode-se verificar os pontos do aterro com maior e menor impermeabilização. O que é
importante para verificar os limites da região do aterro que afeta a quantidade de água que
não irá infiltrar no solo.
● Modificações da morfologia do terreno

A modificação da morfologia do terreno deve ser feita por técnicas geotécnica


especializadas, tanto superficialmente como internamente. Tendo grande importância no
processo de deposição do aterro pois graças aos dados obtidos é possível observar variações
nos níveis horizontais e verticais do terreno. A relevância desses dados é garantir a segurança
do funcionamento do aterro e dos funcionários, pois caso haja modificações nas partes
inferiores do aterro é possível haver uma instabilidade nos resíduos depositados.

● Modificação da drenagem

A construção do aterro leva à exposição de grandes áreas de solo, portanto um


cuidado que deve ser tratado é a criação de sistemas de drenagem superficiais, para
guiar o escoamento das águas superficiais e controlar a velocidade que essas ganham
enquanto vão para locais onde é mais conveniente o seu deságue. Com esse tipo de
controle é possível evitar problemas como a erosão no aterro que pode levar a
problemas na estrutura do terreno do aterro.
Essas técnicas devem ser pensadas pela equipe de planejamento do aterro e
deve constar nos projetos para a segurança e bom funcionamento do mesmo.

● Aumento do fluxo de veículos

O fluxo de veículos que estarão operando no aterro causam diversos impactos


secundários dos quais foram considerados menos relevantes, entretanto, algumas
medidas de monitoramento podem ser empregadas para controlar os impactos dos
veículos. A montagem de uma logística para os caminhões entrarem e saírem do
aterro além de um limite de velocidade dentro do empreendimento podem contribuir
para diminuir o fluxo de veículos.
E manutenções frequentes desses veículos contribui tanto para impactos como
a geração de ruídos como a emissão de gases poluentes
3. 4 Monitoramento

Por meio do fluxograma causal abaixo, pode-se identificar de maneira mais


adequada as ações necessárias para a realização do monitoramento dos impactos
causados pelo aterro sanitário.

Fluxograma 2: Fluxograma causal do aterro sanitário

Fonte: Os Autores

● Alteração da cobertura vegetal

Como o projeto prevê a ocupação de 75 ha, em uma área de intensa produção


de açúcar e álcool , que conta com fragmentos significativos de cerrado e floresta
estacional semidecidual, tendo a presença de espécies de interesse, ressalta-se que
com a implementação do projeto será necessária a incorporação de estrutura das
camadas e patamares, drenagem superficial, impermeabilização da base e outros,
tendo a necessidade de movimentação de terra, escavações e locomoção de veículos.
Com isso, a remoção da vegetação para a instalação das estruturas para o atendimento
das necessidades do empreendimento será necessária, causando uma pressão
ambiental, pois gera um impacto de ordem primária e irreversível, tendo efeito
cumulativo e contínuo.
Portanto é de grande interesse o monitoramento contínuo da área de impacto
direto, o método mais eficiente, simples e barato é a análise de imagens de satélite,
obtidas em tempo real através de softwares como o Google Earth, QGIS e ArcMap,
sendo armazenadas no banco de dados, criando uma evolução temporal, para verificar
se os limites físicos pré-definidos para o empreendimento estão sendo respeitados e se
as áreas de compensação ambiental para empréstimos de solo estão em
funcionamento, cumprindo rigorosamente seu objetivo, ou se integridade ambiental do
projeto está sendo comprometida.

● Erosões

Com as alterações causadas pela remoção da cobertura vegetal, o solo do local


fica exposto e fragilizado, desde modo o desprendimento de suas partículas pelo
impacto da chuva é facilitado, sendo um impacto de ordem direta, com abrangência
local e reversível.
Para o controle deste impacto, é possível realizar medições sobre a declividade
e características físicas das encostas e do terreno ao redor do empreendimento para se
monitorar a evolução do desgaste do solo, além de ensaios semestrais e/ou após
chuvas intensas para a análise da intensidade e severidade do impacto causado pelas
águas pluviais na área afetada. Os ensaios a serem realizados para a investigação
geológica da área serão realizados in-situ a partir de fotografias tiradas ao longo do
tempo, montando-se uma linha do tempo e base de dados para comparações futuras e
análises da estabilidade dos taludes do aterro e regiões de entorno. Ademais, no ponto
de lançamento das águas pluviais coletadas no empreendimento, o monitoramento
deve ser feito após as grandes chuvas para que se garanta a estabilidade das margens
do rio e o controle da erosão seja realizado de maneira mais eficaz.

● Impermeabilização do solo

Para a instalação do aterro, uma das obras a ser realizada é a


impermeabilização da base e proteção com geomembrana. Essa obra tem como
objetivo evitar que os produtos gerados na degradação dos resíduos entrem em contato
com o solo, para dessa forma evitar a ocorrência de poluição. Entretanto como foi
mencionado acima a obra também acarretará em alterações na cobertura vegetal.
Juntando tal pressão com a gerada pela impermeabilização do solo , temos um
aumento do escoamento superficial da área, gerada pelo solo que foi
impermeabilizado para servir de armazenamento subterrâneo, juntamente com a
saturação dos poros do solo para suprir a carga hidráulica que não será mais absorvida
pela aquela área. Tem-se aqui um impacto de ordem direta, com média magnitude,
abrangência regional, porém é reversível, tendo efeito cumulativo e contínuo.
Com relação ao monitoramento, portanto ensaios geológicos regulares devem
ser realizados tanto in-situ quanto em laboratório, verificando-se parâmetros como a
permeabilidade do solo, granulometria, e ensaios de perda específica, realizados com
frequência na área do empreendimento pelo engenheiro responsável, e para as áreas de
entorno, apenas ensaio de permeabilidade realizado mensalmente para manter a
situação sob controle.
● Perda da Biodiversidade

Com a remoção da cobertura vegetal terá a perda de indivíduos arbóreos, bem


como a redução de habitat, causando um desequilíbrio área, levando a migração
desses animais para outros locais. Como isso é um impacto de ordem direta, com
abrangência local, reversível e de média magnitude.
Para o monitoramento, este será relevante apenas para as espécies de animais
afugentadas pelo ruído produzido devido à operação do empreendimento. Para tal,
pode-se realizar simples avistamento de espécies mais sensíveis, ou análise de
pegadas (para o caso de animais terrestres), realizadas periodicamente a cada mês
por meio de equipe especializada (biólogos, por exemplo).

● Escoamento superficial

O escoamento superficial é um impacto de ordem secundária com um relação


direta com a compactação do solo.
É um contribuinte para outros impactos como a erosão e assoreamento e pode
afetar diretamente o funcionamento do aterro. Análises com a utilização de fotos
de diferentes épocas e vistorias em campos após chuvas podem ser usados para
verificar os efeitos do escoamento.

● Qualidade das águas locais e percolação de líquidos

Para o possível vazamento de percolado é importante que se tenha


extrema cautela e análises visuais diárias para possíveis brechas na estrutura das
lagoas de estabilização e nas tubulações adjacentes para que se identifique
possíveis vazamentos e que a qualidade das águas possa ser mantida.
Análises sobre a qualidade do curso d’água são dispensáveis, uma vez
que as únicas alterações sobre ele são vindas de poluição difusa (as quais não
são causadas pelo aterro), e do percolado através de escoamento superficial.

● Modificação na morfologia do terreno


As modificações no terreno são causadas pelas máquinas que são usadas no
empreendimento contribuindo diretamente para o impacto. Acidentes
envolvendo a morfologia do aterro podem gerar perdas grandes de maquinário
e atrapalhar o cronograma das atividades internas. Dessa forma é importante
que sejam monitoradas por pessoal especializado que utilize meios da
geotecnia e de análises laboratoriais e in situ para averiguar a qualidade da
estrutura além de comparar os resultados com os que foram retirados
anteriormente ao momento atual.
● Modificação da drenagem

A implantação das estruturas essenciais do aterro acarreta na alteração da


drenagem e indiretamente impactam a região do aterro. Ocorrem mudanças de como o
escoamento e a percolação das águas da chuva, interagem na região como um todo.
Medidas para monitorar as modificações causadas pela drenagem envolvem a
manutenção das canaletas que guiam as águas para o destino já estabelecido
(podendo ser uma lagoa de infiltração ou um rio) e a observação dos volumes
de água que passam nessas valetas nos períodos de chuva e comparar com dados
anteriores.

● Perda da matéria orgânica do solo

Impacto pouco significativo com baixa importância para o funcionamento do


aterro, não apresentando um risco para as operações internas do aterro. Sua vistoria
consiste em testes pedologicos para averiguar a proporção de matéria orgânica
misturada na composição do solo

● Emissão de gases

O CH4 é inflamável quando misturado com o ar na proporção de 10 a 15%,


podendo também provocar a morte por asfixia se invadir, sob condições peculiares,
residências próximas ao aterro. Considerando que a média de emissão de CH4 após a
queima corresponde a concentrações próximas a 0 ppmv, sendo portanto, pouco
significante, como mencionado anteriormente. Contudo, devido a sua alta reatividade
com o oxigênio na presença de calor (combustão), merece especial atenção no
monitoramento. Para tal, deve-se fazer análise regular da chaminé de queima dos
gases para que se mantenha a concentração de metano sob controle. Amostras
coletadas pelo engenheiro responsável devem ser enviadas a um laboratório para
realização de cromatografia gasosa a fim de se identificar a composição exata e a
proporção dos gases. A mesma análise pode ser realizada para identificação do CO2,
visto que este gás contribui em peso para o efeito estufa.

● Compactação do solo

A compactação do solo é de ordem primária sendo responsável por contribuir


diretamente para outros impactos como a morfologia da drenagem e o escoamento
superficial, entretanto tem uma importância para garantir que a percolação de
chorume no solo seja mínima.
A verificação deste impacto deve ser feita em campo através de técnicas de
geotécnica (como ensaios SPT e de resistividade do solo) tanto em campo quanto em
laboratório.
● Aumento do fluxo de veículos

O monitoramento para impactos relacionados ao fluxo de veículos poderá se


dar através da estação de monitoramento de fumaça instalada pela CETESB no
município, na qual as amostragens são realizadas por 24 horas a cada 6 dias. Além
disso, prevê-se também a instalação de uma estação meteorológica na própria área do
empreendimento, tornando possível também o monitoramento das emissões de gases e
materiais particulados decorrentes de fluxo de veículos locais, o qual pode seguir os
parâmetros determinados pela CETESB, em análises por 24 horas a cada 6 dias.
Pode-se também realizar a amostragem de dióxido de enxofre por um período
contínuo de 30 dias.

Figura 15: Localização da estação de monitoramento em São Carlos

Fonte: CETESB, 2009


Referências bibliográficas

Estudos de impacto ambiental/ Relatório de impacto ambiental do novo aterro sanitário - 2009 -
Prefeitura de São Carlos - acesso em julho de 2023
Disponível em:
http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/meio-ambiente/155943-estudo-de-impacto-ambiental-relato
rio-de-impacto-ambiental-do-novo-aterro-sanitario.html

"Caminhões e ônibus respondem por metade da poluição do ar em São Paulo". Disponível em:
<https://agencia.fapesp.br/caminhoes-e-onibus-respondem-por-metade-da-poluicao-do-ar-em-sao-paul
o/28239/#:~:text=Ag%C3%AAncia%20FAPESP%20%E2%80%93%20Um%20novo%20estudo>.
Acesso em: 15 jul. 2023.

Trevisan1, Diego P.et al. “Avaliação de vulnerabilidade Ambiental de são carlos - SP “. Universidade
federal de São carlos - UFSCar. disponível em :
https://www.observasanca.ufscar.br/avaliacao-da-vulnerabilidade-ambiental-de-sao-carlos-sp/

Borba, Priscila F.S. et al. “Emissão de gases do efeito estufa de um aterro sanitário no rio de janeiro”.
UERJ – Rio de Janeiro (RJ), 2018. disponível
em:https://www.scielo.br/j/esa/a/xVZsksRyQVYm6VSKkKMwPgc/?format=pdf&lang=pt

BEUTLER; A.N.et al."Resistência à penetração e permeabilidade de latossolo vermelho distrófico


típico sob sistemas de manejo na região do cerrados". Departamento de Ciência do Solo – DCS,
Universidade Federal de Lavras – UFLA. MG, 2001. disponível
em:https://www.scielo.br/j/rbcs/a/wv4frQn9HMk5PhtLSCqFfps/?format=pdf&lang=pt

Governo de São Paulo. "Plano Estadual de Recurso Hídricos". disponível em:


https://sigrh.sp.gov.br/public/uploads/documents/7006/perh.pdf

CARVALHO, Carlos Henrique Ribeiro de. “Emissões relativas de poluentes do transporte motorizado
de passageiros nos grandes centros urbanos brasileiros”. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,
Brasília, 2011. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1578/1/td_1606.pdf

Você também pode gostar