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RESUMO – O objetivo do presente trabalho foi estabelecer a relação entre os pigmentos fotossintéticos
extraídos em dimetil sulfóxido (DMSO) e as leituras obtidas no clorofilômetro portátil Clorofilog 1030
gerando modelos matemáticos capazes de predizer os teores de clorofila e carotenóides em folhas de
algodoeiro. Para a geração dos modelos matemáticos foram colhidas folhas de algodoeiro com
diferentes tonalidades de cor e idades. Das folhas foram feitos 200 discos com área conhecida (113
mm2) para as leituras com o clorofilômetro e posterior extração de clorofila e pigmentos. Logo após as
leituras, os discos foliares foram acondicionados em tubos de ensaio numerados e imersos em solução
de 5 mL de DMSO. Os tubos de ensaio foram então incubados em banho-maria a temperatura de 70
ºC por um período de 150 minutos. Após o resfriamento do extrato líquido, uma alíquota de 3 mL foi
utilizada para obtenção das leituras em 470, 646 e 663 nm com espectrofotômetro. Após a obtenção
dos resultados foram ajustados modelos matemáticos utilizando-se as leituras do Clorofilog na predição
dos teores de clorofila a, clorofila b, carotenóides e clorofila total. O determinador portátil de clorofila
pode ser utilizado para estimar, de maneira fácil e rápida a concentração dos pigmentos fotossintéticos
em folhas de algodoeiro.
INTRODUÇÃO
O teor de clorofila foliar tem sido utilizado como um indicativo do estado nutricional e da
necessidade ou não da aplicação de nitrogênio (N) em culturas de interesse agrícola, baseado no fato
de ser o N um dos principais elementos da estrutura molecular da clorofila. As clorofilas proporcionam a
cor verde às plantas devido à baixa absorção de luz na região do espectro electromagnético
CONGRESSO BRASILEIRO DO ALGODÃO, 7., 2009, Foz do Iguaçu. Sustentabilidade da cotonicultura Brasileira e
Expansão dos Mercados: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2009. p. 852-858.
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correspondente a esta cor, enquanto apresentam forte absorbância na região espectral do vermelho
(BROGE; LEBLANC, 2001). A clorofila a apresenta picos máximos de absorção aos 665 e 465 nm, com
uma absortividade molar superior a 105 M−1 cm−1, uma das mais altas em compostos orgânicos (BERG
et al., 2002). A determinação do conteúdo de clorofila é um procedimento comumente utilizado na
pesquisa com plantas. Técnicas destrutivas são tradicionalmente utilizadas para a determinação do
teor de clorofila em folhas de plantas. Em geral, os métodos destrutivos utilizam vários protocolos de
laboratório com elevado consumo de reagentes químicos, tornando-os caros além de extremamente
trabalhosos (TUCKER, 1977). Esses métodos utilizam solventes orgânicos que incluem acetona,
DMSO (HISCOX; ISRAELSTAM, 1979), metanol, N, N-dimetil formamida e éter de petróleo (INSKEEP;
BLOOM, 1985; LICHTENTHALER; WELLBURN, 1983; MORAN; PORATH, 1980). Durante a extração
e diluição, podem ocorrer significativas perdas de pigmentos, ocasionando elevada variabilidade nos
dados. Shoaf e Lium (1976) utilizaram DMSO para modificar a metodologia de extração e eliminar o
estágio de centrifugação. O método permitiu aumentar o período de armazenamento dos pigmentos
extraídos, assim a análise em espectrofotômetro não precisa ser feita imediatamente após a extração.
Para redução de tempo e custos, vários modelos empíricos para predizer a quantidade da
clorofila através da refletância espectral foram desenvolvidos e são baseados, em sua maioria, na
região do vermelho do espectro eletromagnético (BANNARI et al., 1995; BROGE; LEBLANC, 2001).
Utilizando as características de refletância da clorofila, foram desenvolvidos na década de 90,
equipamentos portáteis baseados em sensores ópticos para estimar o conteúdo de clorofila foliar.
Esses disposiitivos, também chamados de clorofilômetros, determinam com rapidez o conteúdo de
clorofila nas folhas e permitem estimar o estado nutricional de uma cultura para aplicações eficientes
de fertilizantes nitrogenados (MALAVOLTA et al., 2004). O clorofilômetro possui diodos que emitem luz
na faixa do vermelho e infravermelho. Durante a mensuração, a luz passa pela folha e é recebida por
um fotodiodo, onde é convertida primeiramente em sinais analógicos e depois convertidos em sinais
digitais. Após a leitura o próprio aparelho utiliza equações matemáticas que convertem os valores de
absorbância em um índice que é relacionado com os teores de pigmentos fotossintéticos.
Com o índice obtido no clorofilômetro pode-se estimar a concentração de clorofila em uma
amostra, utilizando modelos matemáticos que expressem a relação entre o conteúdo de pigmentos
extraídos pelo método tradicional e a leitura feita no clorofilômetro portátil. Entretanto, para estimar
adequadamente os teores de pigmentos fotossintéticos nas folhas os modelos matemáticos devem ser
gerados para cada espécie de planta e modelo de clorofilômtero portátil. Nesse sentido, para a cultura
do algodoeiro não há relatos de calibração do clorofilômetro portátil Clorofilog 1030 (FALKER
AUTOMAÇÃO AGRÍCOLA LTD., 2008) visando à determinação da concentração de pigmentos
fotossintéticos.
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MATERIAL E MÉTODOS
O algodoeiro cultivar BRS 187 8H foi cultivado em área experimental localizada no município
de Apodi, no Rio Grande do Norte, com coordenadas 5º37’19” S e 37º49’06” W e altitude média de
129m. O clima da região é caracterizado como tropical quente e semi-árido com predominância do tipo
BSw´h´, da classificação climática de Köppen, sendo o solo classificado como Cambissolo eutrófico.
A semeadura ocorreu em setembro de 2008, utilizando-se 10-12 sementes por metro linear,
com espaçamento entre linhas de 0,9 metros. Os demais tratos culturais, adubação, controle de
plantas daninhas e pragas foram realizados conforme as recomendações da cultura.
Para a extração da clorofila e obtenção do índice Clorofilog, no estádio de florescimento, foram
colhidas folhas completamente expandidas com diferentes idades e tonalidades de cor, sendo as
mesmas acondicionadas em sacolas plásticas, as quais foram transportadas em caixas de isopor com
gelo até o laboratório de fisiologia vegetal da Embrapa Algodão.
Das folhas colhidas, foram extraídos discos foliares com área de 113 mm 2 para a leitura com o
Clorofilog 1030. A determinação do índice de clorofila em cada disco foi realizada por meio da média
de cinco leituras com o clorofilômetro portátil. Aproximadamente 200 discos foliares foram utilizados,
onde as leituras variaram entre 9 e 69.
Após as leituras com o clorofilômetro, as amostras foram acondicionadas em tubos de ensaio
numerados, onde foram adicionados 5 mL de Dimetil sulfóxido (DMSO). Os tubos de ensaio com as
folhas imersas foram então incubados em banho-maria a temperatura de 70 ºC (HISCOX;
ISRAELSTAM, 1979) por um período de 150 minutos. Após o resfriamento do extrato líquido, uma
alíquota de 3 mL foi utilizada para leituras em 470, 646 e 663 nm com o espectrofotômetro. A partir das
leituras obtidas no espectrofotômetro determinou-se o conteúdo das clorofilas a, b e total além do
conteúdo de carotenóides utilizando-se as equações propostas por Wellburn (1994).
Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão, ajustando-se modelos
matemáticos que apresentassem elevados coeficientes de determinação. Para gerar os modelos
matemáticos utilizou-se as leituras do índice obtido no clorofilômetro como variável dependente e a
concentração dos pigmentos extraídos pelo método clássico como variáveis independentes. Os
gráficos e as análises estatísticas foram feitas utilizando-se o software SigmaPlot 10.0.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
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600 150
Yˆ -56,23 4,62 X 0,07 X 2 Yˆ 20,27 0,31X 0,018 X 2
R 2 0,91 R 2 0,80
500 125
Clorofila a ( mol m-2)
300 75
200 50
100 25
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70
Leitura Clorofilog 1030 Leitura Clorofilog 1030
(a) (b)
Figura 1 – Relação entre as leituras no clorofilômetro portátil clorofilog 1030 e a concentração de
clorofila a (a) e clorofila b (b) em folhas do algodoeiro
400 700
Yˆ 90,67 0,06 X 0,05 X 2 Yˆ -35,95 4,94 X 0,09 X 2
350 R 0,79
2
600 R 2 0,91
Clorofila total ( mol m-2)
Carotenóides ( mol m-2)
300
500
250
400
200
300
150
200
100
50 100
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70
Leitura Clorofilog 1030 Leitura Clorofilog 1030
(a) (b)
Figura 2 – Relação entre as leituras no clorofilômetro portátil clorofilog 1030 e a concentração de
carotenóides (a) e clorofila total (b) em folhas do algodoeiro.
8,0
2,5
Yˆ -0,41 0,08 X - 0,0006 X 2
Yˆ -1,61 0,21X - 0,0017 X 2
R 2 0,92
7,0 R 2 0,76
2,0
Clorofila total / carotenóides
6,0
Clorofila a / b
5,0
1,5
4,0
1,0 3,0
2,0
0,5
1,0
0,0 0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70
Leitura Clorofilog 1030 Leitura Clorofilog 1030
(a) (b)
Figura 3 – Leituras obtidas no clorofilômetro portátil clorofilog 1030 e as relações entre clorofila
total/carotenóides (a) e clorofila a/b (b) em folhas do algodoeiro
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A relação entre clorofila a/b e a leitura no Clorofilog 1030 é apresentada na Figura 3b.
Semelhantemente às demais características avaliadas, o modelo quadrático foi o que melhor se
ajustou aos dados com coeficiente de determinação de 0,76. Da mesma forma que ocorreu com a
relação entre clorofila total/carotenóides, a relação entre clorofila a/b apresentou acentuada redução
nas leituras do clorofilômetro com valores abaixo de 40. Provavelmente, essa redução é decorrente da
clorofila a ser degradada mais intensamente do que a clorofila b (WOLF, 1956).
Com os resultados deste trabalho, foi possível a obtenção de modelos matemáticos, que
associados as leituras obtidas com o clorofilômetro portátil Clorofilog 1030, possibilitam a predição da
concentração dos pigmentos da fotossíntese em folhas de algodão herbáceo de maneira simples e
com elevado grau de precisão, economia de recursos, espaço físico e tempo no processamento de
amostras, comumente demandados nestas análises.
CONCLUSÃO
O determinador portátil de clorofila pode ser utilizado para estimar, de maneira fácil e rápida a
concentração dos pigmentos fotossintéticos em folhas de algodoeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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