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1 - INTRODUÇÃO

O QUE É?

A técnica de lateralização do NAI consiste na exposição do nervo e tração delicada para fora
do canal mandibular desviando lateralmente seu trajeto e permitindo a instalação dos
implantes não havendo nenhuma interferência com o nervo incisivo. Esta técnica apresenta
baixa morbidade e proporciona resultados estáveis, possibilitando a fixação dos implantes nas
duas corticais aumentando a resistência às forças oclusais e garantindo uma boa proporção
entre o implante e a prótese.

TÉCNICAS

Técnica de deslocamento lateral: é criada uma incisão na mandíbula para acessar o nervo
alveolar inferior. O nervo é cuidadosamente deslocado para o lado, afastando-o da área de
intervenção. Isso permite o acesso à área cirúrgica enquanto preserva a integridade do nervo.

Técnica de osteotomia: além de deslocar o nervo alveolar inferior, o cirurgião pode realizar
uma osteotomia, que é o corte cirúrgico controlado no osso da mandíbula. Isso ajuda a criar
espaço para a movimentação do nervo.

Uso de biomateriais: Em alguns casos, biomateriais como enxertos ósseos ou membranas de


barreira podem ser usados para auxiliar na lateralização do nervo alveolar inferior. Isso ajuda a
manter o nervo afastado da área de intervenção e pode promover a regeneração óssea.

Técnica minimamente invasiva: Em situações selecionadas, a lateralização do nervo pode ser


realizada com técnicas minimamente invasivas, como a elevação do assoalho do seio maxilar e
a colocação simultânea de implantes. Essas abordagens são menos invasivas e têm tempos de
recuperação mais curtos.

É importante notar que a escolha da técnica dependerá das necessidades do paciente, da


complexidade do caso e da experiência do cirurgião

INDICAÇÃO

Reabilitações funcionais da região posterior da mandíbula

A lateralização do nervo alveolar inferior é uma opção de tratamento para mandíbulas


atróficas em que a reabilitação protética fica limitada pela reabsorção vertical na região
posterior que resulta na proximidade do canal mandibular a borda alveolar.

Foto: Involução da mandíbula por perda de dentes e atrofia. Comparação hipotética do antes e
depois.
CONTRAINDICAÇÃO

alterações sistêmicas que possam comprometer sua integridade e os resultados dessa cirurgia,
tais como, discrasias sangüíneas, osteoporose, diabetes não controlado, sendo também
relevantes as alterações de comportamento.

Segundo Garg (1998) o uso da técnica está contraindicado para pacientes que possuem o canal
mandibular posicionado lingualmente, já que exige uma maior remoção óssea cortical
necessária para obter acesso ao feixe vásculo-nervoso. Nesses pacientes a possibilidade de
fratura mandibular é aumentada, já que uma remoção de tecido ósseo pode provocar o
enfraquecimento da mandíbula, além do que a colocação de implantes numa área
comprometida pode resultar em uma concentração potencializada de stress e
enfraquecimento da área.

Falta de espaço adequado Para Davarpanah é contraindicado a utilização da técnica em


pacientes que possuem altura óssea insuficiente acima do canal mandibular com crista residual
inferior a 3 mm em associação com uma cortical vestibular espessa e um feixe vásculo-nervoso
fino.

Expectivas irrealistas pacientes com expectativas irrealistas sobre os resultados do


procedimento ou com expectativas fora do alcance das capacidades da cirurgia.

VANTAGENS

Menor risco de perda óssea do que os implantes curtos colocados em pacientes com a
mandíbula posterior atrófica.

Melhor estabilidade do implante a capacidade de se colocar implantes longos e com


ancoragem nas duas corticais ósseas para estabilidade do implante.

Estabilização primária bicortical, que envolve a crista alveolar e a cortical inferior ou base
mandibular, além do curto tempo de tratamento, na qual as próteses definitivas podem ser
inseridas depois de aproximadamente 5 meses.

DESVANTAGENS

Complicações cirúrgicas como qualquer outra cirurgia envolve riscos, como infecção, edma,
hemorragia, lesões nervosas, etc.

Complexidade da técnica essa técnica é complexa, pois envolve conhecimento amplo da


anatomia, a qual necessita de habilidades específicas.

Recuperação prolongada Por ser uma cirurgia invasiva exige que o paciente tenha uma
alimentação restrita por um período de tempo
PRINCIPAL COMPLICAÇÃO

Parestesia sensação de formigamento, dormência ou perda de sensibilidade, é um risco


potencial associado à lateralização do nervo alveolar inferior em casos de implante dentário.
Isso ocorre devido à manipulação do nervo durante o procedimento, o que pode resultar em
lesões temporárias ou permanentes do nervo, dependendo da gravidade da lesão nervosa. Na
maioria dos casos, a parestesia é temporária e melhora ao longo do tempo à medida que o
nervo se recupera. No entanto, em casos raros, a parestesia pode ser permanente.

2 – OBJETIVO
Este trabalho teve por finalidade relatar um caso clínico em que foi realizado a lateralização do
NAI e instalação de implantes osseointegráveis.

3 - METODOLOGIA

Paciente W.L.O, 65 anos, gênero masculino, leucoderma, compareceu a disciplina de


Implantodontia da Faculdade de Odontologia do Centro Universitário Santa Fé do Sul
(UNIFUNEC), relatando dificuldade para se alimentar pela ausência dos dentes posteriores
inferiores, em razão da pequena disponibilidade óssea da região foi proposto como
tratamento a realização da técnica da lateralização do Nervo alveolar inferior, com a instalação
de implantes.

RADIOGRAFIA - ao exame radiográfico não apresentava altura óssea para instalação dos
implantes devido a presença do canal mandibular, decidiu-se a realização da lateralização do
nervo alveolar inferior para posterior instalação de implantes.

Após antibioticoterapia preventiva, antissepsia e anestesia pela técnica mandibular com


mepivacaina 3 % foi realizada a incisão na crista do rebordo alveolar com lâmina de bisturi
15c

Fig 1 e 2 descolamento do ratalho muco periostal e exposição do forame e nervo mentoniano


que será usado como referência para a osteotomia na vestibular do canal mandibular.
Fig 3 e 4 realização da osteotomi com broca 702 em baixa rotação e irrigação com soro
fisiológico 0,9%
Fig 5 exposição do nervo alveolar inferior
Fig 6 tracionamento do nervo alveolar inferior com fio de sutura nylon 5.0
Fig 7 fresagem inicial com fresa lança 2 mm para confecção do alvéolo para a instalação do
implante
Fig 8 fresagem final com fresa cônica 3510 mm
Fig 9 implantes instalados com medidas 4 mm de diâmetro por 10 mm de comprimento (40x10
implalife)
Fig 10 colocação de osso bovino liofilizado no defeito ósseo criado
Fig 11 sutura com fio de nylon 5.0

Seguindo o protocolo cirúrgico sob anestesia local, foi realizada uma janela óssea na cortical vestibular com broca 702 em baixa
rotação, localização do NAI e afastamento do mesmo com fio de sutura, instalação de um implante, preenchimento com osso
autógeno triturado e bovino liofilizado, reposicionamento do retalho mucoperiostal e sutura.
4 – RESULTADOS

Apesar da manipulação do nervo alveolar inferior durante o procedimento, não houve queixas
neurossensoriais no pós operatório imediato.

Paciente apresentou parestesia nos primeiros 15 dias foi passado:


dexacitaneurin 3 ampolas , 1 por dia dia sim e dia não
etna 1 comprimido por dia 15 dias
aplicação de laser de baixa frequência 1x dia 15 dias
ocorrendo diminuição da parestesia.

O paciente aguarda a ossointegração do implante para posterior confecção da prótese.

5 – CONCLUSÃO

A lateralização NAI é uma técnica viável para as reabilitações funcionais da região


posterior de mandíbula, no entanto os procedimentos cirúrgicos exigem muita
delicadeza para diminuir os riscos de intercorrências associadas a alterações
neurosensoriais.

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