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O conceito de região é polissêmico e por esta razão torna-se necessário clarificar a respeito
do que entendemos por região e regionalização. O conceito de região é um dos mais importantes da
geografia e foi desenvolvido como uma forma de entender o espaço geográfico a partir de sua
fragmentação em particularidades detentoras de características relativamente homogêneas e/ou
identificáveis. Das regiões naturais, passando pelas regiões homogêneas e depois pelas regiões
funcio-nais, o “desenho” de regionalizações foi tido como uma forma de compreender, ordenar e
planejar o território.
Já no início do século XX, o geógrafo Paul Vidal de La Blache propôs uma regionalização
do território francês baseado em características fisiográficas, traçando delimitações com base na
hidrografia e no relevo. Esta divisão foi a primeira utilizada pelo governo deste país para a
organização de seu território e até hoje corresponde à divisão regional oficial (Haesbart, Pereira e
Ribeiro, 2012).
Após a experiência de La Blache e a partir da crise de 1929, quando se constituiu em
diversos países um aparato institucional para o planejamento estatal, a constituição de planos de
desenvolvimento regionais se disseminou pelo globo – nos Estados Unidos da América, na década
de 1930, (Tennesse Valley Authority – TVA); na Itália, na década de 1950, (“Cassa per il
Mezzagiorno”); na França, em 1960 (Delegation à l’Aménagement du Territoire et à l’Action
Régionale – Datar).
No Brasil, o planejamento regional se manifestou com maior força no período militar, a
partir de políticas de criação de polos de desenvolvimento, baseadas nas teorias do pensador francês
François Perroux. Através das Superintendências de Desenvolvimento Regional, o governo
brasileiro buscou estimular a desconcentração industrial, econômica e populacional por meio da
criação de cidades polos que funcionariam como irradiadoras de crescimento para o restante da
região (A constituição destas superintendências baseou-se na divisão regional do Brasil proposta
pelo IBGE, que divide o brasil em cinco macrorregiões).
-Regiões Culturais: São regiões que se caracterizam por um modo de vida e tradições específicas,
a exemplo da Região Nordeste, com sua rica diversidade cultural.
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Divisão Regional do Brasil
O que é
A Divisão Regional do Brasil consiste no agrupamento de Estados e Municípios em regiões
com a finalidade de atualizar o conhecimento regional do País e viabilizar a definição de uma base
territorial para fins de levantamento e divulgação de dados estatísticos. Ademais, visa contribuir
com uma perspectiva para a compreensão da organização do território nacional e assistir o governo
federal, bem como Estados e Municípios, na implantação e gestão de políticas públicas e
investimentos.
A Divisão Regional do Brasil faz parte da missão institucional do IBGE desde os primórdios
do Instituto. A necessidade de um conhecimento aprofundado do Território Nacional, visando, na
década de 1940, mais diretamente à sua integração e, nas divisões posteriores, à própria noção de
planejamento como suporte à ideia de desenvolvimento, passou a demandar a elaboração de
divisões regionais mais detalhadas do País, isto é, baseadas no agrupamento de municípios,
diferentemente das divisões até então realizadas pelo agrupamento dos estados federados.
No século XX, foram elaboradas pelo IBGE divisões regionais contemplando os conceitos
de Zonas Fisiográficas (década de 1940 e 1960), Microrregiões e Mesorregiões Homogêneas (1968
e 1976, respectivamente) e Mesorregiões e Microrregiões Geográficas (1990). Além disso, diversos
artigos foram publicados na Revista Brasileira de Geografia tratando da regionalização do país. No
IBGE, as divisões regionais se estabeleceram em diversas escalas de abrangência ao longo do
tempo, conduzindo, em 1942, à agregação de Unidades da Federação em Grandes Regiões definidas
pelas características físicas do território brasileiro e institucionalizadas com as denominações de:
Região Norte, Região Meio- Norte, Região Nordeste Ocidental, Região Nordeste Oriental, Região
Leste Setentrional, Região Leste Meridional, Região Sul e Região Centro-Oeste. Em consequência
das transformações ocorridas no espaço geográfico brasileiro, nas décadas de 1950 e 1960, uma
nova divisão em Macrorregiões foi elaborada em 1970, introduzindo conceitos e métodos
reveladores da importância crescente da articulação econômica e da estrutura urbana na
compreensão do processo de organização do espaço brasileiro, do que resultaram as seguintes
denominações: Região Norte, Região Nordeste, Região Sudeste, Região Sul e Região Centro-Oeste,
que permanecem em vigor até o momento atual.
A divisão regional constitui uma tarefa de caráter científico e, desse modo, está sujeita às
mudanças ocorridas no campo teórico-metodológico da Geografia, que afetam o próprio conceito de
região. Assim, as revisões periódicas dos diversos modelos de divisão regional adotados pelo IBGE
foram estabelecidas com base em diferentes abordagens conceituais, visando traduzir, ainda que de
maneira sintética, a diversidade natural, cultural, econômica, social e política coexistente no
Território Nacional.
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Por meio desse critério, foram criadas três regiões: Amazônia; Nordeste; e Centro-Sul.
O norte de Minas Gerais, por exemplo, encontra-se no complexo regional Nordeste,
enquanto o restante do estado encontra-se no Centro-Sul. Na mesma situação, o estado do
Maranhão foi dividido. Sua porção leste encontra-se no complexo regional Nordeste, e sua porção
oeste no complexo regional Amazônia.
Para definir a organização das regiões geoeconômicas, foram utilizados como critérios a
situação socioeconômica e as relações entre a sociedade e o espaço natural. Como as estatísticas
econômicas e populacionais são produzidas por estados, a organização por regiões geoeconômicas
não se presta a análises quantitativas.
No entanto, é útil para a Geografia, pois ajuda a contar a história da formação do espaço
brasileiro e sobre o desenvolvimento e extensão dos aspectos socioeconômicos do país.
De acordo com essa divisão, o atual núcleo econômico brasileiro é o Centro-Sul, onde se
concentra a melhor estrutura de serviços e a parte mais moderna da indústria e da
agricultura do país. Além de ser a mais populosa e urbanizada também é onde Brasília, a capital
política, está localizada.
Já o complexo regional Nordeste é caracterizado pelo seu processo de povoamento, iniciado
nos primeiros momentos da colonização europeia, e também pelo contraste socioeconômico
presente entre as áreas litorâneas e o Sertão Nordestino.
Por último, o complexo regional Amazônia, correspondente em grande parte às áreas
da Floresta Amazônica. As principais atividades da região são ligadas ao setor primário, com
grandes projetos para o extrativismo mineral e vegetal.
Outra característica marcante desse complexo regional são os vazios demográficos, mesmo
com o aumento do povoamento em áreas de mineração e com a expansão da fronteira agrícola.
Percebe-se que, ao longo da história, vários critérios foram utilizados para definir os
agrupamentos regionais. No entanto, a definição das regiões ficou a cargo exclusivamente dos
critérios político-administrativos estabelecidos pelo Governo Federal. Ele também é o
responsável por propor mudanças, conforme as necessidades de planejamento e de atuação
sobre o território.
Região Nordeste
Com uma rica diversidade cultural e tradições culinárias únicas, a região é um importante foco do
turismo além de ser destaque nos setores agrícola, industrial e de construção civil.
Região Centro-oeste
É uma região importante para o plantio de soja, milho e algodão e abriga indústrias nas áreas de
mineração, siderurgia e alimentos. Possui também cidades consideradas polos empresariais do país,
como Brasília e Goiânia.
Região Sudeste
É a região mais populosa do Brasil, e apresenta o maior PIB do país. Destaque para indústrias
automobilística e siderúrgica, importância do Polo Industrial de Cubatão e a presença da Bolsa de
Valores de São Paulo (B3).
Região Sul
Devido aos solos férteis e ao clima propício, a região se destaca na produção de arroz, feijão,
soja e milho. É importante também pelas indústrias têxtil, de alimentos e metal-mecânica.
Críticas à regionalização do país
-Discussão política
A divisão em regiões pode ser vista como uma forma de centralização de poder, já que a
determinação das regiões é feita pelos órgãos públicos federais.
-Desigualdades internas
As diferenças entre as regiões geoeconômicas são muitas vezes acentuadas, o que leva à discussão
sobre a eficácia da divisão regional para fins políticos ou econômicos.
-Regionalismo
O processo de regionalização pode aumentar a identidade regional e despertar questionamentos
acerca das semelhanças e diferenças entre as diferentes regiões do país.
-Políticas públicas
Conhecer as especificidades de cada região geoeconômica auxilia na criação de políticas públicas
que atendam às necessidades de cada localidade.
-Desenvolvimento sustentável
A regionalização é importante para o desenvolvimento sustentável do país, pois ajuda a identificar
as características locais e os vínculos entre as diferentes regiões do Brasil.