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Microscópio óptico

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O microscópio óptico (português brasileiro) ou microscópio ótico (português europeu) [1] é um


instrumento óptico que faz uso da refração da luz oriunda de uma série de lentes, dotadas ou não
de filtros multicoloridos e/ou ultravioleta, para ampliar a imagem de objetos invisíveis (ou de
difícil visualização) a olho nu.

É constituído por uma parte ótica para ampliação das imagens e por uma parte mecânica para
suportar o sistema ótico e focar a imagem. Alternativas à microscopia ótica que não usam a luz
visível incluem a microscopia eletrônica de varredura e a microscopia eletrônica de transmissão.

Configurações ópticas
Há duas configurações básicas do microscópio ótico
convencional: o microscópio simples e o microscópio composto.
A grande maioria dos modernos microscópios de pesquisa é
composto, enquanto alguns microscópios digitais comerciais
mais baratos são simples microscópios de lente única.[carece de
fontes?]

Microscópio simples

Um microscópio simples é um microscópio que usa uma lente


ou conjunto de lentes para ampliar um objeto através de
ampliação angular sozinho, dando ao espectador uma imagem
virtual ampliada ereto.[2][3] Foi Galileu quem trabalhou com o
primeiro microscópio.[4] A utilização de uma única lente
convexa ou grupos de lentes ainda se encontram em
dispositivos de ampliação simples, tais como a lupa, e oculares
como telescópios e microscópios.[5]

Microscópio composto

O microscópio composto, é constituído por três sistemas de


lentes: o condensador, a objetiva e a ocular. O condensador tem
como finalidade projetar um cone de luz sobre as células que
Diagrama do microscópio simples
estão sendo examinadas no microscópio. Após atravessar as
células, esse feixe luminoso em formato de cone penetra na
objetiva, que projeta uma imagem aumentada no plano focal da ocular e a amplia novamente.
Enfim, a imagem fornecida pela ocular pode ser percebida pela retina (Figura 2) como uma
imagem situada a 25 cm da lente ocular, ou então pode ser projetada sobre uma tela ou uma chapa
fotográfica. A ampliação total oferecida por um microscópio é correspondente ao aumento da
objetiva, multiplicado pelo aumento da ocular. Chama-se poder de resolução de um sistema óptico
a sua capacidade de separar detalhes. Na prática, o poder de resolução é expresso pelo limite de
resolução, que é a menor distância que deve existir entre dois pontos para que eles apareçam
individualizados. O que determina a riqueza de detalhes da imagem fornecida por um sistema
óptico é o seu limite de resolução, e não o seu poder de aumentar o tamanho dos objetos. A
propriedade de aumentar apenas tem valor prático se acompanhada de um aumento paralelo do
poder resolutivo. O limite de resolução depende essencialmente da objetiva. A ocular não pode
acrescentar detalhes à imagem; sua função é apenas aumentar de tamanho a imagem, que é
projetada em seu plano de foco pela objetiva.[6]

Microscópio digital

Um microscópio digital é aquele que apresenta uma câmera digital que permite a observação da
amostra com o auxílio de um computador. Outras partes do microscópio também podem ser
controladas por computadores atingindo maiores e mais complexos níveis de automação. A partir
da digitalização obtém-se uma melhor análise das imagens como, por exemplo, medição de
tamanhos e quantificação de manchas.

Microscópios digitais de baixa potência e microscópios USB são facilmente encontrados no


comércio. Em alguns modelos simples a câmera é conectada diretamente à porta USB de um
computador, para que as imagens sejam mostradas diretamente no monitor. Eles oferecem
ampliações modestas (até cerca de 200×) sem a necessidade de usar oculares e a um custo muito
baixo. A iluminação de alta potência é geralmente fornecida por uma fonte de LED ou fontes
adjacentes à lente da câmera.

A microscopia digital com níveis de luz muito baixos para evitar danos a amostras biológicas
vulneráveis também está disponível usando câmeras digitais de contagem de fótons sensíveis. Foi
demonstrado que uma fonte de luz que fornece pares de fótons emaranhados pode minimizar o
risco de danos às amostras mais sensíveis à luz. Nesta aplicação da imagem fantasma à
microscopia esparsa, a amostra é iluminada com fótons infravermelhos, cada qual está
espacialmente correlacionado com um parceiro emaranhado na banda visível para imagens
eficientes por uma câmera de contagem de fótons.[7]

História
Existem relatos de cristais chamados lentes de Layard desde 721 a. C., já as lupas são constituintes
da história de vários povos antigos. Os romanos também possuem relatos de lentes biconvexas,
mas a popularidade das mesmas só aumentou quando o óculos foi inventado por volta de 1280, na
Itália.[8]

Mesmo com a maior utilização das lentes após a invenção dos óculos no final do século XIII, a
conhecida estrutura do microscópio, que engloba uma parte mecânica associada ao aparelho
óptico, só foi convencionada mais de três séculos depois.

Linha do Tempo

▪ 721 a.C. Lente de Layard, uma das primeiras lentes criadas.


▪ 1280 Invenção dos óculos

▪ 1608 Zacharias Jansen constrói um microscópio com duas


lentes convergentes.
▪ 1611 Johannes Kepler sugere como fazer um microscópio
composto.
▪ 1665 Robert Hooke utiliza um microscópio composto para
estudar cortes de cortiça e descreve os pequenos poros na
forma de células que ele chama de "células". Publicou seu
livro Micrographia.
▪ 1674 Leeuwenhoek relatou sua descoberta de
protozoários. Observará bactérias nove anos depois.
▪ 1828 W. Nicol desenvolve microscopia de luz polarizada.
▪ 1838 Schleiden e Schwann propõem a teoria celular e
afirmam que a célula nucleada é a unidade estrutural e
funcional de plantas e animais.
▪ 1849 J. Quekett publica um tratado prático sobre o uso do
microscópio.
▪ 1876 Abbé analisa os efeitos da difracção na formação da
imagem no microscópio e mostra como aperfeiçoar a
concepção do microscópio.
▪ 1878 Ernst Abbe formula uma teoria matemática
relacionando a resolução ao comprimento de onda da luz. Microscópio de 1751
▪ 1881 Retzius descreve muitos tecidos animais com um
detalhe que não foi superado por nenhum outro
microscopista luz. Nas próximas duas décadas, ele, Cajal e outros histologistas desenvolvem
novos métodos de coloração e propõem as bases da anatomia microscópica.
▪ 1886 Carl Zeiss fabrica uma série de lentes, com design de Abbé que permite ao
microscopista resolver estruturas nos limites teóricos de luz visível.
▪ 1903 Richard Zsigmondy desenvolve o ultramicroscópio e é capaz de estudar objetos abaixo
do comprimento de onda da luz.
▪ 1908 Köhler e Siedentopf desenvolvem o microscópio de fluorescência.
▪ 1930 Lebedeff projeta e constrói o primeiro microscópio de interferência.
▪ 1932 Zernike inventa o microscópio de contraste de fase.
▪ 1933 Ernst Ruska começa a desenvolver o microscópio eletrônico. A capacidade de usar
elétrons em microscopia melhora muito a resolução e expande as fronteiras da exploração.
▪ 1937 Ernst Ruska e Max Knoll, físicos alemães, constroem o primeiro microscópio eletrônico.
▪ 1952 Nomarski inventa e patenteia o sistema de contraste de interferência diferencial para o
microscópio de luz.
▪ 1981 Gerd Binnig e Heinrich Rohrer inventam o microscópio de tunelamento por varredura que
fornece imagens tridimensionais de objetos ao nível atômico.

Estrutura do instrumento[9]
Composição mecânica de um microscópio óptico

Parte Imagem Descrição

Peça fixa à base, na qual estão aplicadas todas as outras partes constituintes
Pé ou base
do microscópio..

Coluna ou
Fixo à base, serve de suporte aos outros elementos.
Braço

Onde se fixa a lâmina a ser observada, possui uma janela por onde passam
Mesa ou
os raios luminosos e também parafusos dentados que permitem deslocar a
Platina
preparação.

Peça ligada à platina que possibilita mover a lâmina, permitindo a melhor


Charriot
centralização da mesma.

Tubo ou Cilindro que suporta os sistemas de lentes, localizando-se na extremidade


canhão superior a ocular e na extermidade inferior o revólver com objectivas.

Disco adaptado à zona inferior do tubo, que suporta duas a quatro objectivas
Revólver ou
de diferentes ampliações: por rotação é possível trocar rápida e
Óptico
comodamente de objectiva.
Composição óptica de um microscópio óptico

Parte Imagem Descrição

Conjunto de duas ou mais lentes convergentes que orientam e espalham


Condensador regularmente a luz emitida pela fonte luminosa sobre o campo de visão do
microscópio.

É constituído por palhetas que podem ser aproximadas ou afastadas do


Diafragma centro através de uma alavanca ou parafuso, permitindo regular a
intensidade da luz que incide no campo de visão do microscópio.

Permitem ampliar a imagem do objecto 10x, 40x, 50x, 90x ou 100x. Existem:

▪ As objectivas de 10x, 40x e 50x são designadas objectivas secas pois


Lentes entre a preparação e a objectiva existe somente ar.
Objectivas ▪ As objectivas de imersão, uma vez que, para as utilizar, é necessário
colocar uma gota de óleo de imersão entre elas e a preparação, o qual,
por ter um índice de refracção semelhante ao do vidro, evita o desvio do
feixe luminoso para fora da objectiva.

Sistema de lentes que permitem ampliar a imagem real fornecida pela


objectiva, formando uma imagem virtual que se situa a aproximadamente
Oculares 25 cm dos olhos do observador. As oculares mais utilizadas são as de
ampliação 10x, mas nos microscópios binoculares também existem oculares
de 12,5, 8x e 6x.

Aplicações
Nas ciências, a microscopia ótica foi de suma importância, sendo aplicada na área da química (no
estudo de cristais), física (na a investigação das propriedades físicas dos materiais), a geologia (na
análise da composição mineralógica e textura de rochas) e, evidentemente, no campo da biologia
(estudo das estruturas microscópicas da matéria viva), entre outros.[10]

A microscopia ótica é usada para o diagnóstico médico, campo que está sendo chamado de
histopatologia quando se trata de tecidos, ou em testes de esfregaço em células livres ou
fragmentos de tecido.

Em uso industrial, microscópios binoculares são comuns. Além de aplicações que necessitem
verdadeira percepção de profundidade, o uso de oculares duplos reduz o cansaço visual associado
com longos dias de trabalho em uma estação de microscopia. Em certas aplicações, microscópios
de longo foco são benéficos.[11]

Operação
A intensidade luminosa é regulável: aumenta-se a intensidade luminosa subindo-se o condensador
e abre-se o diafragma ou diminui-se a intensidade luminosa descendo o condensador e baixa-se o
diafragma.[12]

A ampliação consiste no grau de aumento da imagem em relação ao objeto. A ampliação total


obtida com o microscópio óptico consiste no produto da ampliação da objetiva pela ampliação da
ocular. Esta, sem distorção, não ultrapassa as 1200x.
O fator mais significativo para a obtenção de uma boa imagem
é, contudo, o poder de resolução, que corresponde à distância
mínima que é necessário existir entre dois pontos para que
possam ser distinguidos ao microscópio. Para o microscópio
óptico essa distância é de 0,2 µm devido ao comprimento de
onda das radiações visíveis. Com efeito, a propriedade da
ampliação só tem interesse prático se for acompanhada de um
aumento do poder de resolução.

No que respeita a microscopia óptica vulgar existem dois


métodos fundamentais de observação, de acordo com o tipo de
preparação a observar:

▪ Se a lâmina não está corada (exame a fresco): a observação é


feita com objetivas secas, do seguinte modo:
1. Desce-se o condensador e sobe-se o diafragma para que a
iluminação não seja muito intensa, já que as lâminas não estão
coradas.
2. Com a objetiva de 10x escolhe-se o pormenor a observar.
3. Seguidamente foca-se com a objetiva de 40x, fazendo uma
primeira aproximação da objetiva à lâmina por controlo visual
externo, e só depois a focagem por afastamento usando o
parafuso macrométrico e posteriormente o micrométrico para
focagem final.
▪ Se a lâmina está corada: a observação é feita com objetivas de
imersão, procedendo do seguinte modo.
1. Sobe-se o condensador, abre-se o diafragma e regula-se a
iluminação da fonte luminosa no máximo, de modo a
conseguir-se uma iluminação intensa, apropriada à observação
de lâmina coradas.
2. Coloca-se na lâmina uma gota de óleo de imersão e procede-
se à focagem. Primeiro aproximando a objectiva à lâmina com
controlo visual externo, seguidamente a focagem propriamente
dita com o parafuso macrométrico e finalmente o
aperfeiçoamento da focagem com o parafuso micrométrico.

Alguns microorganismos estão no limiar do poder de resolução


do microscópio óptico. A sua observação pode ser facilitada
Esquema do microscópio óptico. com o emprego de técnicas especiais de microscopia óptica.

Microscopia de fundo escuro


É uma aplicação do princípio de Tyndall. Assim os corpúsculos a examinar são fortemente
iluminados por feixes luminosos que penetram lateralmente, o que é conseguido com
condensadores especiais. Deste modo, a única luz que penetra na objectiva é a difractada pelas
partículas presentes na preparação, pelo que passam a ser visíveis em fundo escuro também. A
raios luminosos que são captados pela objetiva, ou seja, a iluminação oblíqua, são resultados dos
fenômenos de difração e reflexão. Existe ainda uma equação
matemática que nos permite verificar a iluminação oblíqua,
também chamada de contraste no campo escuro: Contraste =
[(If -Ia)/If]/100, onde I corresponde a intensidade luminosa da
luz no campo(f) ou na amostra(a) . Se o resultado obtido for
negativo, significa que a amostra é mais clara do que o próprio
plano de fundo. Dessa forma, permite apenas a passagem de
raios desviados num ângulo suficiente para serem captados pela
objetiva.[13]

Microscopia de fluorescência
Permite observar microorganismos capazes de fixar substâncias
fluorescentes (fluorocromos). A luz UV, ao incidir nessas
partículas, provoca a emissão de luz visível e observa-se os
microorganismos a brilhar em fundo escuro. Como exemplo, o
bacilo da tuberculose fixa a auramina, pelo que o diagnóstico da
Microscópio óptico. 1-Ocular;
doença pode ser feito por microscopia de fluorescência.
2-Revólver; 3-Objectiva; 4-Parafuso
macrométrico; 5-Parafuso Microscopia de contraste de fase
micrométrico; 6-Platina; 7-Espelho;
8-Condensador Permite visualização de microrganismos vivos, sem coloração,
através do contraste devido à diferença de fase dos raios
luminosos que atravessam o fundo relativamente à fase da luz
que atravessa os microrganismos. Esta diferença de fase é conseguida por utilização de uma
objectiva de fase, que consiste num disco de vidro com um escavação circular, de modo que a luz
que atravessa a escavação tem diferença de 1/4 de fase em relação à que travessa a outra porção do
vidro. Assim, os objectos não corados podem funcionar como verdadeiras redes de difracção, pois
os pormenores da sua estrutura resultam de pequenas diferenças nos índices de refracção dos
componentes celulares, e estes originam diferenças de fase nas radiações que os atravessam.

Referências
1. «Esclarecimentos» (https://porticodalinguaportuguesa.pt/index.php/acordo-ortografico/esclareci
mentos/item/vocabulos-opticaoptico-vs-oticaotico-uma-questao-da-nova-ortografi). Pórtico da
Língua Portuguesa. Comissão do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa.
17 de novembro de 2015. Consultado em 22 de janeiro de 2021
2. «Microscopes» (https://www.msnucleus.org/membership/html/jh/biological/microscopes/lesson2
/microscopes2c.html). www.msnucleus.org. Consultado em 28 de julho de 2021
3. The IIT Foundation Series - Physics Class 8, 2/e (https://books.google.com.br/books?id=NKh9d
QKnTdEC&pg=PA213&dq=eyepiece+simple++microscope&hl=en&sa=X&ei=575vUqDaDvLA4
AOS-YH4CA&redir_esc=y) (em inglês). [S.l.]: Pearson Education India
4. Infopédia. «História da microscopia - Infopédia» (https://www.infopedia.pt/$historia-da-microsco
pia). Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 30 de julho de 2021
5. «Microscópio Simples e Composto» (https://www.infoescola.com/fisica/microscopio-simples-e-c
omposto/). InfoEscola. Consultado em 28 de julho de 2021
6. Carneiro, José; Junqueira , Luiz (2000). *Bilogia Celular e Molecular* 9 ed. [S.l.]: Gupo GEN
7. Aspden, Reuben S.; Gemmell, Nathan R.; Morris, Peter A.; Tasca, Daniel S.; Mertens, Lena;
Tanner, Michael G.; Kirkwood, Robert A.; Ruggeri, Alessandro; Tosi, Alberto (20 de dezembro
de 2015). «Photon-sparse microscopy: visible light imaging using infrared illumination» (https://
www.osapublishing.org/optica/abstract.cfm?uri=optica-2-12-1049). Optica (em inglês). 2 (12):
1049–1052. ISSN 2334-2536 (https://www.worldcat.org/issn/2334-2536).
doi:10.1364/OPTICA.2.001049 (https://dx.doi.org/10.1364%2FOPTICA.2.001049)
8. «Microscopia» (http://kasvi.com.br/microscopio-microscopia-historia-evolucao/). Kasvi. 2 de
março de 2018
9. «Casa das Ciências - Os Componentes de um Microscópio» (https://www.casadasciencias.org/
recurso/7921). www.casadasciencias.org. Consultado em 28 de julho de 2021
10. O1 Optical Microscopy By Katarina Logg. Chalmers Dept. Applied Physics. 2006-01-20
11. «The Macrolens Collection Database» (http://www.macrolenses.de/ml_detail_sl.php?Objektive
Nr=315). www.macrolenses.de. Consultado em 28 de julho de 2021
12. «Casa das Ciências - Como Fazer uma Preparação» (https://www.casadasciencias.org/recurso
/6424). www.casadasciencias.org. Consultado em 28 de julho de 2021
13. «Home» (http://www.ccs.ufpb.br/dmorf). UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB
DMORF - DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA. Consultado em 28 de julho de 2021

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