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Estudo de caso

A partir das leituras acima realizadas aponte quais são as diferenças existentes entre o
diálogo inter-religioso e diálogo ecumênico?

Conforme a minha pesquisa, o diálogo inter-religioso demonstra-se mais difícil de acontecer


que o diálogo ecumênico, posto que o primeiro prevê que pessoas de diferentes religiões não
necessariamente cristãs se reúnam para realizar discussões, eventos e atividades em que haja
troca de idéias e de propostas para o bem comum, diferentemente do segundo que manifesta
o encontro de diferentes religiões de viés cristão. Observei muito mais iniciativas de cunho
cristão, reunindo vertentes diversas do cristianismo como catolicismo e pentecostalismo.
Porém, são raros os fóruns onde religiões não-cristãs, como as religiões afro-brasileiras, por
exemplo, que estão fortemente presentes de norte a sul do país, fazem parte.
Na região onde fiz a pesquisa, Porto Alegre e Região Metropolitana, identifiquei apenas um
fórum onde há espaço para religiões não cristãs. Um deles é o Fórum Inter-religioso e
Ecumênico do Rio Grande do Sul, que se propõe a ser um espaço livre e aberto para diálogo,
reflexão e formação, e atua a partir de três eixos: Democracia, Diversidade e Direitos. Este ano,
no dia 22 de junho, o fórum realizou um ato inter-religioso no Monumento ao Expedicionário
no Parque da Redenção, em Porto Alegre, onde 500 velas foram acesas, cada uma
representando1000 vidas, simbolizando as 500.000 vidas perdidas na Pandemia do
Coronavírus. “500 velas são acesas para jamais esquecer, para sempre lembrar as 500 mil
brasileiras e brasileiros vítimas da covid-19 e do governo genocida,” disseram em coro as
pessoas que participaram da ação contou com a presença de lideranças religiosas de diversos
credos, ativistas de movimentos sociais e pessoas sem ligação com grupos organizados,
reivindicando pautas urgentes como a vacinação em massa, o auxílio emergencial de R$ 600 e
segurança alimentar num país que vê a fome retornar. Baba Diba de Yemonjá, liderança do
povo de terreiro, reafirmou que “todas as religiões do mundo devem se manifestar porque
elas primam pela potencialização da vida, nós estamos muitos revoltados com o descaso de
ditos governantes com a saúde pública”.

Após a explanação, demonstre de que maneira é possível estabelecer uma relação entre o
diálogo inter-religioso e os direitos humanos? (1,0)
A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade, como afirma a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual somos signatários.

Agora, faça uma pesquisa sobre a legislação brasileira e explique como é possível relacionar
o diálogo inter-religioso com o artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988. (1,0)
A laicidade é a garantia de espaços democráticos onde se articulam as diferentes filosofias
particulares em todos os âmbitos da esfera pública e a garantia da liberdade de consciência, de
crença e de culto. Diz o artigo 5º., inciso VI, da Constituição: “É inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.”
Estado laico não significa Estado ateu ou intolerante à liberdade religiosa, mas a laicidade do
Estado permite que cada pessoa decida se quer ou não seguir alguma crença religiosa. Isso
significa que o Estado brasileiro tem o dever de tratar com igualdade as diferentes religiões e
crenças e não deve se manifestar por meio de seus órgãos e estabelecer preferências ou
privilégios em favor de alguma religião em particular, conforme disposto no Artigo 19 da
Constituição Federal. Mas tem o dever de garantir que todas as religiões possam conviver em
igualdade, que as escolhas individuais sejam respeitadas, que ninguém seja perseguido ou
discriminado por sua crença e que o espaço público seja assegurado como espaço de todos e
todas. Uma Constituição laica é justamente a que reconhece o direito de religiosos e não
religiosos, de ateus, agnósticos e de entidades filosóficas humanísticas.

Descreva em sua cidade ou região de que forma se verifica a presença ou não da existência
de práticas alinhadas aos princípios do diálogo inter-religioso. (1,5)
Com excessão de iniciativas como o ato inter-religioso realizado em junho pelo o Fórum Inter-
religioso e Ecumênico do Rio Grande do Sul, como já foi citado, não há outras iniciativas neste
sentido, pelo contrário. O que se observa, por exemplo, pelo poder público, que deveria
primar pela laicidade que está prevista na Constituição Brasileira, é que há espaço de diálogo
com religiões cristãs. Em inaugurações de espaços públicos, há forte presença de pastores
evangélicos e padres, oferecendo suas bênçãos e orações. Na prefeitura de Cachoeirinha, onde
fica meu Pólo, há inclusive na agenda oficial do prefeito encontros semanais com pastores. Nas
datas comemorativas que são lembradas nas postagens oficias da prefeitura, sempre há
destaque para santos católicos, marcha para Jesus, dia da Bíblia e outras celebrações de
orientação cristã, em detrimento de outras fés.

Estudo de Caso Fase C1 – novembro 2021

São diferentes e variadas as concepções de uma pessoa considerada intelectual. Há que se


considerar a variação do conceito ao longo da história, do local e do ponto de vista de quem o
define. Porém parece ser um consenso entre os autores das obras indicadas nas leituras
propostas para o trabalho de que um intelectual é, além de obviamente ser um pensador de
sua época e de seu contexto, alguém que está comprometido em trazer à tona reflexões e
problematizações que contribuam para o progresso do pensamento humano. O intelectual
precisa também ser reconhecido pelo seu meio e levado em consideração nos grandes debates
da sociedade, alguém cuja fala represente um impacto na tomada de consciência de cidadãos
e cidadãs.
Assim, entre os intelectuais que escolhi como destaque para este trabalho, estão duas
mulheres. No âmbito internacional, cito a escritora nigeriana e ensaísta, com envolvimento e
liderança no pensamento feminista, Chimamanda Ngozi Adichie, que nasceu em 1977 em
Enugu. Adichie é formada na Universidade Escola da Nigéria, vencendo diversos prêmios por
excelência acadêmica. Escreve desde a juventude, influenciada pelos romancistas africanos
Chinua Achebe, seu conterrâneo, e Câmara Laye, que ofereceu a ela perspectivas de pensar a
africanidade.
Em 1997, publicou uma coleção de poemas “Decisions”, e deixou a Nigéria para estudar
Comunicação na Universidade Drexel, na Filadélfia. Depois de dois anos, na Universidade
Estadual de Eastern Connecticut, onde completou o bacharelado em Comunicação e
especialização em Ciência Política (2001), começou a escrever o romance Purple
hibiscus (Hibisco Roxo), publicado em 2003, ganhando reconhecimento internacional.
Em 2004, com o Mestrado em Escrita Criativa (Universidade John Hopkins), paralelamente
continuava sua carreira de escritora, publicando numerosas histórias em periódicos
internacionais como Granta e o New Yorker e diversos ensaios em jornais de prestígio, como
Guardian e o Washington Post.
Em 2006 foi publicado Meio sol Amarelo, que venceu o Prêmio Internacional de Conto David T.
Wong, o Orange Broadband Prize de Ficção em 2007 e foi pré-selecionado para o
Commonwealth Writers’ Prize de Melhor Livro (Região Africana) no mesmo ano. A obra teve
também grande êxito comercial, e selou o status da escritora como um dos principais nomes
da literatura africana no início do século XXI. Como escritora de ficção, suas obras tratam de
dramas sociais nigerianos, mas também das situações dos imigrantes nos Estados Unidos,
tema abordado em sua conhecida conferência no TED, intitulada “Os perigos de uma história
única” (2009). Sua atuação e denúncia das desigualdades de gênero levou a que proferisse a
conferência “ Sejamos todos feministas” (2012), em que compartilha sua experiência como
mulher africana feminista.
Já no contexto nacional, destaco a filósofa Marilena Chauí, cujo livro “Convite à Filosofia” foi o
primeiro da área que li, muito anos antes de querer ingressar na graduação em Filosofia, mas
pelo qual me apaixonei. Formada em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1965), onde
também obteve os títulos de Mestrado (1967) e de Doutorado (1971), atuando principalmente
nos seguintes temas: democracia, política, direitos, cidadania e luta de classes. É considerada
uma das filósofas mais importantes no Brasil, Doutora Honoris Causa por diferentes
instituições de ensino e detém o título de professora emérita pela USP. Algumas de suas obras
mais conhecidas são “Convite à Filosofia” e “Da Realidade sem Mistérios ao Mistério do
Mundo”. Recebeu, em 2017, o Prêmio Jabuti por “A Nervura do Real II”. Apesar de ter uma
carreira profissional brilhante, a professora Chauí não é apenas respeitada devido às suas
obras acadêmicas, mas também por manter uma intensa e frequente atuação no âmbito
intelectual e político Brasileiro, sendo uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores.
Uma rara exceção entre os filósofos, majoritariamente homens, e ainda mais entre os gaúchos,
está outra feminista: Márcia Tiburi. Graduada em Filosofia (1990), mestre (1994) e doutora
(1999) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e formada
em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, 1996). Seus
principais temas são ética, estética, filosofia do conhecimento e feminismo. Publicou livros
de filosofia, entre eles a antologia As Mulheres e a Filosofia e O Corpo Torturado. Em 2005
publicou Metamorfoses do Conceito e o primeiro romance da série Trilogia Íntima, Magnólia,
que foi finalista do Prêmio Jabuti em 2006. Escreve também para jornais e revistas
especializados, assim como para a grande imprensa.
Márcia Tiburi fez parte do elenco do programa de TV Saia Justa, do canal GNT, de 2005 a 2010.
Em 2012 publicou o romance Era Meu esse Rosto (Editora Record) e os livros Diálogo/Dança e
Diálogo/Fotografia (editora do SENAC-SP). Atualmente, reside na França onde realiza
atividades de ensino e pesquisa.

PROTOCOLO: 2021111235738743DC2621C99E

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