Você está na página 1de 21

Teorias Sociológicas II

Resumos

1
Escola De Chicago:
Entre 1890 e 1935: período em que se afirmou.
• A cidade tornou-se num laboratório de pesquisa social e como um centro
industrial
• Com a revolução industrial, Chicago cresceu física e socialmente acompanhada
pela transformação da estrutura da cidade.
• Trouxe dinamismo á cidade, mas esta acabou por ter problemas sociais e urbanos.
• Pretendia captar alunos a produzir conhecimentos próprios: vontade de renovação.
• Procura pela interpretação da realidade social do país. (industrialização e
urbanização aceleradas)
• Primeira no mundo a oferecer cursos superiores de sociologia.
• Sociedade vista como organismo formado por um conjunto de órgãos: Ecologia
Humana.
• Valoriza a Ação.

Ecologia Humana: Comparação entre o mundo vegetal e animal de um lado e o dos


Homens do outro. O autor usa os conceitos de competição "A competição pela cidade
para ocupar a cidade". Além disso, o processo de sucessão também é associado. Ambiente
físico e social em que as pessoas vivem, e que acaba por condicionar os seus
comportamentos. (dentro da escola de Chicago)
Lei Seca: proibido beber e vender bebidas alcoólicas neste período em Chicago. Isto leva
ao tráfico das mesmas.
Principais autores: Robert Park, Ernest Burguess e George Mead.

Havia vontade de renovação, cujos estudantes foram impulsionados a desenvolver novas


visões e formas de pesquisa pois a teoria não chegava.
Apostas:
• estudos urbanos;
• relações raciais;
• patologias;
• comportamentos de massas.
Valorizam mais a micro-sociologia e preocupam-se mais com a Ação.
1900-1920: aumento exponencial da população bem como gangs, criminalidade e
desemprego.
Destacou-se pelo interacionismo simbólico e observação participante pois apresentavam
fortes afinidades com o quotidiano das pessoas, com as coisas que as pessoas fazem
quotidianamente.
Contribuíram para o desenvolvimento do método de investigação qualitativo.

2
Do ponto de vista teórico: os sociólogos de Chicago entendiam os símbolos e as
personalidades como emergentes da interação social
Do ponto de vista metodológico: todos se baseavam no estudo de caso, quer se
tratasse de um indivíduo, de um grupo, de um bairro, ou de uma comunidade.
Baseavam-se nos dados recolhidos em primeira mão para as suas investigações.
Tornou se por si só um meio onde se pode investigar e saber acerca de muita coisa.

Motivos que levaram ao sucesso da Escola de Chicago:


• Conseguiu captar a atenção de vários sociólogos, professores, alunos que queriam
ir trabalhar para Chicago;
• Os sociólogos de Chicago interessaram-se por: desvio, criminalidade, raça,
cidade, delinquência juvenil (áreas de estudo lançadas pela escola a uma escala
mundial);
• No Departamento de Sociologia de Chicago surge a 1.ª Revista especializada
nesta área;
• Membros desta escola e as suas obras desempenharam um papel fundamental para
o desenvolvimento da Sociologia mundial e americana.

William Thomas (sociólogo e psicólogo americano)


• Analisou imigrantes polacos que chegam a Chicago (de que maneira mantêm ou
afastam a sua bagagem cultural)
• Além de analisar a trajetória de vida, analisava também as cartas (análise
documental).
• O interesse deste acerca dos camponeses polacos, surgiu devido a terem aparecido
tantos imigrantes.
• Informações de jornais, sermões religiosos, certificados agrícolas.
• Queria saber como as pessoas lidavam com a alteração cultural, estudando as
comunidades de imigrantes e a pobreza.
• Neste livro descreve-se a trajetória de um grupo social através do depoimento do
imigrante Wladeck

Obra principal: O Camponês Polaco (obra mais central da Escola De Chicago): aplica
o método comparativo ao estudo das nacionalidades.

Tentou mostrar que o ajuste era explicável pela perceção e avaliação pessoal (definição
da situação) e pelas diferenças socialmente derivadas da personalidade.

Definição da situação- tentou mostrar que o ajuste era explicável pela perceção e
avaliação pessoal. Qualquer ação que tenhamos em sociedade é precedida por uma
definição por parte de cada individuo envolvido, a partir da qual será escolhida uma linha
de ação a ser seguida, entre as possibilidades disponíveis. Afirma que antes de agirmos
em determinado contexto, vamos avaliar a situação e adaptarmo-nos ao contexto

3
Metodologia que distinguiu o seu trabalho: ter dado valor a documentos como
cartas, dados de jornais, serões religiosos, registos de propriedades agrícolas, panfletos
religiosos e políticos
Thomas numa visita à Polónia juntou 8000 documentos e informações diversas que
obteve juntos dos imigrantes.

Objetivo: Queria observar como o comportamento dos indivíduos tinha mudado ao


longo da vida. Por exemplo: com a análise das cartas pretendia notar a mudança de
comportamento em relação à família, casamento, entre outros, e porque é que se
alteravam…

Louis Wirth
• Wirth foi influente em diferentes áreas, tais como: relações raciais, ecologia
humana, sociologia como disciplina científica e sociologia do conhecimento, a
cidade e modo de vida urbano, estudos sobre culturas urbanas e, ainda,
planeamento social e urbano.

• Antes interessava-lhe compreender como os imigrantes abandonavam os valores


e costumes do Velho Mundo à chegada ao Novo Mundo; agora, interessava-lhe
entender como os imigrantes conseguiam manter os seus valores e costumes do
Velho Mundo apesar do contacto com o Novo Mundo.

• A sua tese de doutoramento, The Ghetto é a confirmação disso: representou a


continuidade da sua dissertação de mestrado ao nível do objeto de estudo, agora
ampliado para as comunidades de imigrantes judeus de Chicago.

Ghetto
• A obra trata de uma história do gueto judaico na Europa e nos EUA. Por um lado,
ataca a ideia de um determinismo cultural baseado na ideia racial. Por outro,
defende um pluralismo de grupos culturais socialmente determinados,
considerando o gueto como um microcosmo da cidade.
• Nesses guetos, os judeus de uma variedade de lugares desenvolveram um largo
espectro de grupos internacionais e de tipos de personalidades e partilharam
experiências entre eles mesmos e com outsiders, processos que tiveram
continuidade mesmo depois do aparecimento dos guetos compulsórios, cercados
por muralhas e sinalizados
• O gueto possibilitava uma acomodação humanamente diversa e vicinal, um
símbolo de pobreza e de humilhação para os outros, e uma fonte de divisibilidade
que minava a coerência da comunidade judaica.

Wirth sustentava uma justificação positiva do gueto. Ali, grupos culturais socialmente
determinados constroem uma comunidade pluralista e, através da interação com o outro
e o outsider, adquirem novas experiências e a resiliência para elaborar estratégias flexíveis
para a sobrevivência. Incluindo uma estratégia da integração pluralista.

4
Com o crescimento da importância económica dos judeus e com as Cruzadas, o gueto foi
legalmente formalizado. E a segregação que antes era voluntária, tornou-se compulsória.
Wirth chama a atenção para o facto de que o gueto formalizado representou a cristalização
de uma situação anterior, marcada por distâncias físicas e sociais entre judeus e cristãos.
(sociologicamente foi o momento histórico de institucionalização do gueto).

Wirth identificou seis características sociologicamente importantes


dessa instituição:
[1] representou um caso prolongado de isolamento social;
[2] foi resultado do esforço de um povo para ajustar-se, pelo menos aparentemente, aos
estranhos entre os quais se estabeleceu;
[3] foi uma forma de acomodação entre grupos de população divergente, através da qual
um grupo efetivamente se subordinou a outro;
[4] representou uma forma histórica de lidar com uma minoria dissidente dentro de uma
população maior;
[5] foi uma forma de tolerância na qual um modus vivendi se estabeleceu entre grupos
que estavam em conflito em assuntos fundamentais;
[6] finalmente, do ponto de vista administrativo, serviu como um instrumento de controlo

.
Guetto De Chicago
• Distrito mais povoado de Chicago e caracterizava-se por ser um misto de residências,
estabelecimentos comerciais e pequenas indústrias.
• Deterioração da área e constantes invasões: levam a que as gerações a quererem deixar o
ghetto. Posto isto, começa um processo de desorganização devido à saída dos filhos dos
imigrantes judeus, que mais tarde levariam os pais para outras partes da cidade.

A principal diferença entre o gueto da Europa Medieval e o que se formou em Chicago,


estava no facto de que a instituição do Velho Mundo era um todo homogéneo,
concentrado numa única parte da cidade. O gueto americano consistia numa organização
dividida em grupos nacionais e espalhada pela cidade de forma a refletir a cronologia das
correntes imigratórias.
Uma importante semelhança manteve-se com a transposição do gueto da Europa para a
América: a sinagoga permanecia como a instituição central de toda a vida da comunidade.

Segundo Wirth, que estudou bastante acerca desta desintegração, o principal motivo para a saída
dos judeus do gueto eram os próprios judeus que permaneciam nele. Ao sair do gueto, muitos
esperavam adquirir status ou, pelo menos, fazer com que o seu status de imigrante fosse
esquecido. Assim, à medida que esses judeus assimilavam a cultura norte-americana,
deslocavam-se do centro da cidade em direção à periferia

5
Guetto na Cidade Moderna
A partir do estudo empírico do gueto de Chicago, Wirth refere que o gueto moderno
possuía novos significados que se somam àqueles seis identificados para o gueto
medieval:
[1] demonstrar o processo em curso de distribuição e agrupamento da população em
comunidades urbanas. Isto é, a espacialização das forças da ecologia humana;
[2] ilustrar originalmente a) a maneira como um grupo cultural deu expressão à sua velha
herança quando transplantada para um cenário estrangeiro;
b) a constante distribuição e redistribuição dos seus membros no espaço social e
geográfico;
c) as forças através das quais a comunidade mantém a sua integridade e continuidade;
[3] demonstrar os meios pelos quais uma comunidade cultural gradualmente se
transforma para se misturar com a comunidade mais ampla.

O urbanismo como Modo De Vida


• O aumento de habitantes numa determinada área constante, não só aumenta a
densidade demográfica como também afeta as relações entre as pessoas e tende a
diferenciá-las de acordo com a especialização de funções, volume de rendimentos,
bairro residencial ou tipo de habitação, pertença estatuária, étnica ou outra.

• Na cidade abrandam os laços de parentesco e amizade, as relações sociais deixam


de ser primárias ou face a face, como na comunidade tradicional. Passam a ser
secundárias e contratuais, instrumentais e transitórias

• A cidade constitui assim um mosaico de mundos sociais diferenciados, cujos


atores, apesar das distâncias sociais, interagem e conhecem processos

Cidade: como um núcleo relativamente grande, denso de indivíduos socialmente heterogéneos.

Para Wirth, a cidade pode ser abordada a partir de três ângulos:


• Ecológico: O meio urbano marca os modos de utilização do solo e o seu diferenciado
valor conforme os locais da cidade, distribui e seleciona os indivíduos nas diversas zonas
da cidade
• Organizacional: as formas de organização da vida substituem os contactos primários
pelos secundários, enfraquecem os laços de família e de vizinhança
• Normativo Cultural: na medida em que as atitudes e os comportamentos dos indivíduos
são condicionados ou influenciados pelos padrões de vida e comunicação urbanas, aos
quais não são alheias situações de stress e desorganização social.

Relaciona-se com o interacionismo simbólico.

6
Ernest Burgess
• Para este, a cidade é formada por várias zonas concêntricas
• A competição por terra e recursos levou à diferenciação espacial do espaço urbano em
zonas com área mais desejáveis em que havia rendas mais elevadas.

Para este autor haviam 5 zonas:


• Zona comercial: Com poucos ocupantes, dedicada ao comércio e à banca durante o
dia;
• Intersticial: Traseiras da cidade - zona de transição (espaço desenraizado e de
transição).
• Zona percorrida por muita gente, pois não havia tanta especulação fundiária e
mobiliária.
• Zona escolhida pelos imigrantes para se fixarem – zona mais barata.

• Classe trabalhadora respeitável: Emprego fixo e modo de vida estruturado;


• Subúrbios: Ocupada por poucas pessoas e com elevado rendimento. Tinham
possibilidade de se deslocar ao centro
• Zona despovoada: Os imigrantes chegavam à cidade e eram “obrigados” a habitar
as zonas mais degradadas [2.ª zona];
Os imigrantes chegavam ás cidades e eram obrigados a habitar nas zonas mais degradas
(intersticial) o que davam origem à segregação espacial e social.

Analisou as taxas de crime nas cidades (problema de incidência criminal e não de instinto
criminoso) - conclui que o facto da pessoa ter crescido num determinado meio, acaba por
influenciar o estilo de vida que segue.

Nos anos 30 (1930) a Escola de Chicago começou a declinar:


▪ Professores envelhecem e não houve seguidores;
▪ A Sociologia preocupava-se em ser científica (quantitativa) e não havia lugar para o qualitativo.

Estruturo-Funcionalismo
Estruturalismo considera que não há nenhum facto humano ou social, que não implique uma
estrutura.

• Estrutura: conformada pelo modelo orgânico num paralelismo entre a organização e a


evolução dos organismos vivos, a organização e a evolução das cidades
• Funcionalismo: considera a sociedade como um sistema. Orientação metodológica e
teórica em ciências sociais que não se ocupa preferencialmente com as suas causas dos
fenómenos, mas com as suas consequências.

7
Origens
As origens do estruturo-funcionalismo encontram as suas principais influências:
▪ nas teorias positivistas de ordem e progresso;
▪ no funcionalismo organista antropológico de Malinowski;
▪ no estruturalismo de Levi-Strauss;
▪ na teoria de ação social de Max Weber; no elitismo italiano representado por Pareto;
▪ principais postulados de Saint Simon, Augusto Comte e Emile Durkheim..

Teoria Funcionalista ou Funcionalismo


▪ Os funcionalistas usaram analogias orgânicas para comparar a atividade da sociedade com a de
um organismo vivo.
▪ Defendem que, à imagem dos vários componentes do corpo humano, as partes da sociedade
conjugam-se em benefício da sociedade enquanto um todo.
▪ Enfatiza a importância do consenso moral na manutenção da ordem e da estabilidade de uma
sociedade

CONCEÇÃO FUNCIONALISTA
• Considera a sociedade um todo orgânico, que tem uma articulação interna. A sua finalidade é a
reprodução através do funcionamento dos seus vários componentes. Isto pressupõe que os
indivíduos sejam integrados no sistema de valores da sociedade, que partilhem os mesmos
objetivos, valores, regras e se comportem de acordo com elas.
• Abordagem que enfatiza mais o CONSENSO do que o conflito

Robert Merton:
Funcionalismo Relativo (multifuncionalidade das estruturas-um só elemento pode
desempenhar muitas funções e uma só função pode ser exercida por vários elementos, podendo
ser possível a mudança social até porque existem equivalentes funcionais)

• Afirmava que tínhamos de ter certos valores e objetivos. Quem consegue, é


conformista, que tem mais dificuldade, está em disfunção entrando em estado de
anomia.
• Sugeriu que havia probabilidade de ocorrer anomia quando, aos membros da sociedade,
eram negados os meios para alcançar os próprios objetivos culturais que a sociedade
projetara como riqueza, poder ou fama.
• Disfunção: sociologicamente definida como uma consequência de uma prática social
ou padrão de comportamento que mina a estabilidade de um sistema social. O conceito
de disfunção permite que a teoria funcional se concentre na mudança. Baseia-se em
tensão, resistência ou contradições dentro de elementos componentes de sistemas
socioculturais. Elementos disfuncionais criam pressões para mudanças dentro do
sistema.
• Este pode ser sociologicamente um sintoma de dissociação entre as aspirações
culturalmente prescritas e os caminhos socialmente estruturados para realizar tais
aspirações.
• A falta de sucesso em atingir as metas culturais, devido a escassez dos meios
institucionalizados, pode produzir o que Merton chama de anomia (manifestação de um
comportamento no qual as regras sociais são abandonadas ou contornadas)

Estrutura Cultural: sociedade define qual é objetivo.


Estrutura Social: define os meios que se podem usar.

8
Crime
• Decorre da pressão da estrutura cultural e das contradições e ineficiências da estrutura
social.

• A anomia, fomentadora da criminalidade, advém do colapso na estrutura cultural, um


descompasso entre os valores prestigiados pela cultura e os meios disponibilizados pela
estrutura social.

A anomia, para Merton, é o desajuste entre os valores a serem conquistados e os meios legais
que o sistema, ou estrutura social, viabiliza. Este desajuste leva ao surgimento de condutas que
vão desde a indiferença perante as metas culturais até a tentativa de atingi-las por meios
diversos daqueles socialmente prescritos.

A anomia convoca a uma reflexão acerca dos valores sociais que predominam, bem como dos
meios que ela oferece. Portanto, convoca a uma reflexão moral e sociológica.

A contribuição de Merton para o funcionalismo reside no seu esclarecimento e codificação da


ANÁLISE FUNCIONAL, especificamente, ele:
▪ Expõe as suposições não examinadas de muitos de seus praticantes;
▪ Amplia a análise para incorporar mudanças, bem como estabilidade;
▪ Faz distinções críticas entre funções e motivos pessoais;
▪ Envolve-se na análise de uma variedade de fenómenos socioculturais para mostrar a utilidade
da perspetiva.

Funções e Motivos
A não distinção entre função e motivos é uma das principais fontes de confusão para os
estudantes do funcionalismo.
▪ Funções são consequências observadas que causam ajuste dentro de um sistema social
(leva cada instituição a ter uma sociedade)
▪ Motivo é a orientação subjetiva do agente envolvido no comportamento (nossas
vontades).
Os dois são muitas vezes (embora nem sempre) muito diferentes.

Existem Funções manifestas (mesmo necessárias) e Funções Latentes (acontecem por estar
associadas a outras e não são pretendidas, mas acontecem na mesma).

FUNÇÕES MANIFESTAS E LATENTE


• As funções manifestas são aquelas consequências objetivas que contribuem para o
ajuste ou adaptação do sistema que se destinam e são reconhecidos pelos participantes
do sistema;
• Funções latentes, correlativas, sendo aquelas que não são nem pretendidas nem
reconhecidas.

Merton passou a sugerir que é através do foco em funções latentes que os sociólogos podem
fazer suas contribuições distintas para a compreensão das sociedades humanas. A exploração de
funções latentes pode apontar a análise para questões teoricamente importantes, podendo
avançar nosso conhecimento de sistemas socioculturais.

9
Comportamento Desviante: formas ou alternativas de agir que não vão de acordo com o que a
sociedade acha que se deve seguir em conformidade. Surge da sociedade.
• Das várias contribuições ao pensamento social de Merton, talvez a mais conhecida
tenha sido suas considerações sobre a natureza do comportamento desviante.
• Mais do que afirmar que os depravados são produtos tristes da sociedade que os gerou,
o autor está interessado em especificar o processo pelo qual a ação desviante é gerada
dentro de uma estrutura social.

Na sua abordagem para este problema, Merton refere a estrutura social e duas condições
elementares que sustentam qualquer sociedade

Merton afirma que nessas circunstâncias sociais em que os objetivos sociais são altamente
valorizados e os meios para a obtenção dos objetivos não são tão valorizados, a probabilidade de
inovação aumenta.

O comportamento criminoso é provável em uma sociedade que coloca grande ênfase no sucesso
e na riqueza e não enfatiza o valor dos meios legítimos para a obtenção desses objetivos.

Formas Mais Relevantes De Adaptação Social


• Conformismo: garante a estabilidade da sociedade. (aceitam as regras, valores e metas)
• Ritualismo: faz tudo o que a sociedade manda, mas não atinge os objetivos culturais da
riqueza.
• Retraimento: mendigos, viciados em drogas, que renunciam a objetivos e meios que
não se ajustam.
• Inovação: delinquência propriamente dita. Acham que os meios justificam os fins,
independentemente do que seja. Inovam os meios para chegarem aos fins.
• Rebelião: Rejeitam os fins e os meios e substituição de um pelos outros.

Talcott Parsons
Autor considera a sociedade como um TODO, destacando as FUNÇÕES principais que devem
ser realizadas pelos indivíduos, grupos ou instituições, para que a sociedade se configure e
perdure.

Para Parsons, a SOCIEDADE é formada pelos sistemas culturais, sistemas de personalidade e


organismos comportamentais, que são definidos como constituintes primários.

A ESTRUTURA SOCIAL é resultante da institucionalização de ideias, valores e símbolos


pelos quais zelam as instituições (família, escola, direito, etc.).
A estrutura possui: elementos do sistema, os papéis, as coletividades, normas e auto-suficiência.

• Não existe a ideia de conflito nesta teoria.


• Não há mistura de funções
• As pessoas têm de integrar a função de cada instituição.
• Quando há algo que pode afetar o sistema, tentamos repôr para voltar a harmonia.

10
Quais são as funções da religião?
▪ Coesão social;
▪ Apoio social;
▪ Bem-estar emocional;
▪ Funções de serviço social;
▪ Funções de controlo social Disfunções da religião
▪ Causa de conflitos e violência fanática;
▪ Segregação religiosa.

7 pressupostos do Sistema:
1.Os sistemas pautam-se pela ordem e interdependência das partes;
2. Os sistemas tendem a uma ordem que mantém um equilíbrio;
3. Os sistemas podem ser estáticos ou serem envolvidos num processo ordenado de mudança; 4.
A natureza de uma das suas partes influi na forma que podem adotar as outras partes;
5. Os sistemas mantêm fronteiras com os seus ambientes;
6. A distribuição e a integração constituem dois processos fundamentais e necessários para o
estado do sistema;
7. Os sistemas tendem à automanutenção: os sistemas mantêm as fronteiras; os sistemas
mantêm as relações entre as partes e o todo; os sistemas operam o controlo das variações do
meio; os sistemas mantêm o controlo das tendências de mudança do sistema a partir do seu
interior.

Segundo Parsons, a ação humana desenvolve-se em 4 contextos: cultural, social, psíquico e


biológico.
Cada um desses contextos, pode ser concebido como sistemas referindo-se assim aquilo que ele
chama de sistema geral da ação. Cada um destes sistemas está em correspondência exata com o
que o autor chamou "Imperativos funcionais". Temos então a estabilidade normativa,
integração, prossecução de objetivos e adaptação.
Assim considerados enquanto partes do sistema geral de ação, ao sistema cultural corresponde a
estabilidade normativa; ao sistema social corresponde a integração; ao sistema psíquico
corresponde a prossecução de objetivos; e ao sistema biológico corresponde a adaptação.

O Sistema Social tem quatro subsistemas:


▪ Economia;
▪ Política;
▪ Sistema financeiro;
▪ Comunidade societal.

A CULTURA é um sistema ordenado de símbolos que se convertem objetos que orientam os


atores;
São componentes do sistema da personalidade e do sistema social.
▪ A CULTURA é simbólica e subjetiva;
▪ A CULTURA tem a capacidade de se transmitir de um sistema para o outro com facilidade:
De um sistema social a outro mediante a difusão;
De um sistema de personalidade a outro mediante a socialização e aprendizagem.

PARSONS procurava vincular a Personalidade com o Sistema Social através:


▪ Os atores percecionam em função do lugar que ocupam na sociedade;

11
▪ Papéis desempenhados pelos atores individuais;
▪ Aprendizagem da autodisciplina, orientações de valor e identificação.

ORGANISMO DE COMPORTAMENTO
É incluído como um dos 4 jogos de ação, porque é a fonte de energia para outros sistemas.

EDUCAÇÃO
A escola deve assegurar, através de situações estruturadas, aprendizagens adequadas aos papéis
que os indivíduos devem internalizar para serem representados corretamente pela sociedade;
▪ A aquisição de status começa na escola básica, primeira agência socializadora da
experiência da criança, que vai institucionalizar uma DIFERENÇA DE STATUS sobre
as bases não biológicas;
▪ O antecedente sócio-económico-familiar não é tão relevante como a escola, pois é esta
que confere o status através do qual se promove a mobilidade social.
▪ A instituição escolar persiste, mesmo com a mudança dos seus membros, pelo facto de
possuir uma estrutura e cumprir uma função.

TEORIA EVOLUCIONISTA DA MUDANÇA SOCIAL DE PARSONS


Passo 1. DIFERENCIAÇÃO
Passo 2. ADAPTAÇÃO PROGRESSIVA
Passo 3. INTEGRAÇÃO
Passo 4. GENERALIZAÇÃO DE VALORES

12
Interacionismo Simbólico
Socialização: somos organismos de comportamento; as identidades individuais formam-se no
sistema de personalidade; a socialização opera-se pela internalização de valores do sistema
cultural; os papeis são apreendidos no sistema social.

É um processo de aprendizagem continuo que começa desde a infância até à idade adulta.
• Assim a capacidade de pensar começa na infância e é refinada na idade adulta
• Podem ocorrer processos de socialização que alteram a conceção individual do Eu
• Não é um processo unidirecionado
• Processo que ocorre ao longo do tempo.

Princípios básicos:
• O homem tem a capacidade de pensamento e de raciocinar.
• É a partir do processo de socialização que o homem desenvolve a sua capacidade
humana é pensar.

Interação: implica a linguagem e a comunicação.


Símbolos fazem referência a objetos, estados de espírito etc. (exemplo: emojis)
A preocupação dos interacionistas é saber o impacto dos significados e símbolos na ação e na
interação humana.
Nós enquanto pessoas somos um objeto de análise sociológica.
Não se valoriza tanto a estrutura pois querem uma análise mais micro.
Significados e símbolos permitem a ação humana.

Principais autores: George Mead; Hebert Blumer; Erving Goffman; Howard Becker.

• A ação envolve um ator e reporta-se à ação de um ator relativamente ao pensamento dos


outros;
• A interação envolve dois ou mais atores ao processo no qual as pessoas comunicam
simbolicamente significados aos outros. Os outros interpretam os símbolos e deste modo
orientam a sua resposta~

George Mead:
Interacionismo- A sociedade é produto das interações entre indivíduos.
Todos os nossos gestos têm um significado associado.
O ato tem 4 fases: Impulso(reação imediata), Perceção(escolher), Ação, Consumo.

Os gestos
A função dos gestos é a de possibilitar a adaptação entre os indivíduos a qualquer ato social;
um gesto e uma palavra tomam um significado quando são enunciados e percebidos.
Existe os significados produzidos por quem os faz e por quem os recebe

Blumer:
Temos de atribuir um sentido à ação que vamos realizar.
No contexto de interação, podemos mudar a visão que a pessoa teve da nossa ação.
Abordagem Terra A Terra: Visão pragmática (indo lá e vendo, saindo do mundo das teorias)

13
Recusa teorias predefinidas.
Exemplo da teoria de Blumer: Ninguém é consumidor de cocaína só porque sim
Os significados criam-se através da interação social e não através da estrutura.
Valorização a nível micro.

Goffman:
Compara a vida social a uma peça de teatro
Exemplo: um cirurgião quando se prepara para uma cirurgia, trabalha nos bastidores primeiro.
Agimos consoante a situação na qual estamos inseridos, tal como os atores
Gestão das impressões: podemos manipular as impressões que os indivíduos têm de nós.
Estamos todos a agir e a atuar pois não somos completamente puros.
• Persona: máscara de personalidade
• Performance: forma como usamos a nossa persona.
• Encenação: locais físicos; adereços ou objetos; traje ou uniforme.
• Papel: papel de amigo, inimigo, professor, filho etc

EQUIPAS: O grupo de pessoas que associamos a uma interação social ou também apoio em um
evento/circunstância. Goffman sugeriu que as nossas equipas são as empresas em que
trabalhamos; os nossos amigos e colegas.

Manicómios, prisões e conventos.

Em todas essas instituições:


• Não se pode fazer nada sem autorização
• Os indivíduos lá presentes, são controlados, geridos por outros.
• Deixam de ser autores e donos de si.
• São instituições totais- estão todas concentradas no mesmo espaço
• Agregam várias dimensões da vida num só local

Vida fechada: barreira física e simbólica de uma relação social com o mundo.
Estas instituições totais, exercem sobre nós um certo fascínio devido a este ser um mundo
desconhecido para muitos de nós.
Goffman foi o primeiro autor que se envolveu no estudo das instituições totais (implica que haja
um edifício)
Além do individuo estar sob esse controlo, as pessoas de fora sabem que estes estão a ser
controlados.
Enuncia a existência de 5 grupos de instituições:
• Cuidar de pessoas tidas como incapazes e inofensivas (lares)
• Cuidar de pessoas tidas como incapazes de cuidarem de si mesmas (manicómios)
• Protegem a comunidade face a perigos (prisões)
• Realizam uma ação de forma disciplinatória (quarteis, colégios internos)
• Refúgio do mundo, locais de formação religiosa (conventos, mosteiros)

Há um despojamento do eu: o eu está a ser controlado por autoridade exógena.


• Não há lugar para o eu individual.
• Rompem as barreiras que comumente ditam as 3 esferas de vida (dormir, lazer,
trabalhar)
• Horários estabelecidos e rigorosos
• Atividades ou tarefas obrigatórias.
• Expressão muito usada: estufas para mudar pessoas- ressocialização.

14
• Há pessoas que quando abandonam essas instituições, acabam por ter degradações
individuais, ou seja, mutila-se o eu.

Vigilância Total: os individuos estão a responsabilidade de outros acima destes.


Dirigentes olham para eles com desconfiança (sentem-se superiores)
Mobilidade Social limitada e grande distância social.
O internado não tem autonomia e tem pensamentos como "faço aquilo e não recebo"
Incompatibilidade com a vida familiar ou amigos- falta de contacto com o exterior.
Há muita criação de rótulos- delinquente, drogado, burro, maluco…

4 características de uma instituição Total:


• Caracteristicas totalitárias: ocorre sempre no mesmo ligar, com os mesmos
protagonistas; quotidiano rigorosamente programado; atividades projetadas.

• Mundo dos presos: passam por um processo de mortificação que retira as identidades
individuais e lhes dá uma nova. Tiram -se as roupas, bens pessoais, e substituem por
itens padronizados que são propriedade da instituição. Essa nova identidade, é
estigmatizada e diminui o status da pessoa em relação ao mundo exterior.

• Sistema de privilégios: cumprimos as regras, somos recompensados; quebramos as


regras, somos castigados.

• Alinhamentos de adaptação: Rebelião ou retirar-se da situação.

As carreiras morais:
4 modelos de socialização-
• Estigma cogénito e que recebem rótulos pela sua desvantagem
• Capacidade de uma família ou vizinhança constituir uma cápsula protetora do seu
membro
• Tornam-se estigmatizados numa fase adiantada da vida
• Socializados numa comunidade diferente ou fora das barreiras geográficas consideradas
normais pela sociedade

Estigma (segundo goffman)


Meio de destruir a identidade- pode ser construída por aquilo que os outros vêm.
Atributo que veicula esteriótipos desvalorizados
Atributo que desacredita profundamente e que pode ser facilmente discernível- visto como
inferior.
Estigma é um controlo social pois sem sociedade não se pode ser estigmatizado.
3 tipos de estigma: físico (surdez, mudez, deformações) ; comportamentos (bipolares, doentes
mentais); por raça, cor, nação e religiosa.
Termo usado para aqueles que não possuem aceitação da sociedade.

Becker (Teoria da etiquetagem e estudos de desvio)


Quem é visto como desviante- vê os outros como outsider (tudo o que soa a estranheza)
Desvio não é: uma doença mental, uma desorganização/disfunção social, uma essência do
indivíduo (não se nasce desviante)
Desvio é uma forma de julgamento do outro
Teoria da rotulagem- se esse rotulo for aplicado com sucesso, podemos dizer que o desvio é
uma forma de julgamento.

15
Empreendedores Morais (podem ser indivíduos, instituições, estado etc) : quem tem a
capacidade de julgar os outros. Criam as normas e as leis e quem não as cumpre é desviante. O
mundo não está em ordem sem normas.

Desviante: aquele a quem o rótulo foi aplicado com sucesso.


Outsider: é aquele que é classificado como desviante por violar as normas do grupo dominante.
É rotulado por quem tem o poder de o rotular.

Exemplo: o facto de consumir uma vez por mês marijuana, não é suficiente para ser considerado
desviante.

Becker começa por dizer que o desvio não é:


▪ Uma doença mental (manifestação psicológica);
▪ Uma desorganização / disfunção social;
▪ Uma essência do indivíduos (não se nasce desviante)

Becker diz que os EMPREENDEDORES MORAIS – grupos sociais que criam as normas e
fazem obedecer as normas – fazem uma cruzada pela reforma das políticas e leis. Para os
empreendedores morais, o mundo não está em ordem sem normas. Defendem que tudo deve ser
feito para se manter a ordem – cruzada moral.

Tipologia dos comportamentos desviantes:


Falsamente acusado: alvo de falsas acusações, não desrespeitando as regras sociais.
Conformista: indivíduo que respeita as normas e é entendido como comportamento não
desviante pelos outros (como a maioria de nós é)
Desviante puro: indivíduo, que não respeita as normas e é percebido como tal perante a
sociedade. Cometem o desvio e assumem-se como desviantes.
Desviante secreto: indivíduo que pratica rotineiramente atos desviantes, não sendo visto pela
sociedade como desviante.

Existe uma grande pressão para que as pessoas sejam conformistas: as rotinas quotidianas leva-
nos a tal. A maior parte de nós, é conformista perante as normas e expectativas que se criam
sobre nós.

Estatuto Principal e Estatuto Auxiliar


Diz que na sociedade ser negro contamina os outros estatutos.

Exemplo:
• Principal- ser médico
• Auxiliar- ser branco

Se for só um contacto, não se torna desviante.


Temos de saber consumir drogas de maneira consciente.

Modelo diacrónico: leva-nos às principais fases do desvio.


Momento de quebra de regras por parte de um determinado ator social: relativiza a importância
da primeira infração, pois se existir uma vontade por parte do desviante em ultrapassar os
compromissos sociais convencionais.
A segunda fase relaciona-se com o desenvolvimento de interesses e motivações desviantes
A terceira fase baseia-se no facto de sermos rotulados de acordo com o que temos, e que o nosso
comportamento depende de como a sociedade lida connosco.

16
Na quarta etapa, ao tratar uma pessoa como desviante, vai haver a perda de um autoconceito.
Na quinta etapa: emerge uma subcultura

Fases da carreira do consumidor de drogas:


Consumo fortuito de drogas
Deteção e rotulação por parte das agências de controlo social
Deterioração da imagem pessoal
Celebração do ritual de degradação
Organização e estruturação progressiva do comportamento desviante

Assim, a teoria da etiquetagem baseia-se na ideia de que os comportamentos são desviantes


apenas quando a sociedade os rotula como desviantes.

ETAPAS DOS DESVIOS

DESVIO PRIMÁRIO
▪ Começa com um ato criminoso inicial, após o qual uma pessoa deve ser rotulada como
depravada ou criminosa não adere sim a este rótulo. Com isso, significa que eles não se veem
como criminosos, é essa falta de se verem como um criminoso que diferencia o primário do
desvio secundário.
DESVIO SECUNDÁRIO
▪ Este rótulo criminal é colocado num indivíduo durante o que é conhecido como uma
“cerimónia de degradação” em que o acusado é oficialmente rotulado como um criminoso.
Muitas vezes isso ocorre durante a sentença judicial, mas pode acontecer de forma social
também.

Porque é que as pessoas se envolvem numa atividade desviante como o uso de marijuana?
-As explicações psicológicas não são suficientes para dar conta do consumo da marijuana.
Para ter conclusões que fossem do seu agrado, fez 50 entrevistas a fumadores de marijuana-
método naturalista. E parte do particular para o geral.

Tornando-se um consumidor, têm de aprender a técnica (para o prazer surgir) e aprender a


perceber os efeitos ("vou fumar aquilo porque me vai proporcionar bem-estar").

Há diferentes consumidores: Nabiço, Ocasionais, Reguladores.

Para Becker o último passo para a “carreira de desviante” é quando o indivíduo subverte as
forças da moral, ou seja, quando reconhece que as sanções não importam ou quando já nem
sequer as reconhece.
Assim, pode formar-se uma SUBCULTURA: a visão do mundo de quem a partilha (fuma
marijuana) não é partilhada pelo resto da sociedade, mas é suficiente para envolver aquelas
pessoas.

17
Anthony Giddens
Tem um intuito sistematizador
Procura conciliar dois aspetos da sociologia como o ator e a estrutura.
• Quando regressa a Londres, tenta reforçar a sua Teoria da estruturação.
• Foi o melhor intérprete da Sociologia.
• Analista tardio da globalização.
Diz-nos que é importante não olhar apenas para a teoria, pois temos de conseguir ir aos locais.
Precisamos de teorias, paradigmas, ler bastante.
Valoriza a conciliação das duas coisas.
Função de comando da teoria: utilizar a teoria como forma de nos orientarmos no processo
científico.
Segundo este, os conceitos sociológicos obedecem a uma dupla hermenêutica (arte de
interpretar)
Principal tarefa da análise sociológica: quer explicar o porquê da apropriação dos conceitos.

Teoria da estruturação:
Estrutura condiciona a ação do indivíduo.
A estrutura social tem uma longa história nas ciências começando por:
• Karl Marx: defendeu que a base económica determinou substancialmente o cultural e o
político na superstrutura de uma sociedade.
• Louis Altusser: Propôs uma relação mais complexa que afirmava a autonomia relativa
das instituições políticas e culturais e uma determinação geral, apenas por fatores
económicos.
• Emile Durkheim: distingue dois tipos de relação estrutural: a solidariedade mecânica e
solidariedade orgânica.
• Strauss: deu origem ao conceito de estruturalismo em si (procurando uma ordem lógica
nas estruturas culturais)
• Simmel: tentou basear a teoria formal da estrutura social nos padrões numéricos das
relações - analisando, por exemplo, de que forma os fatores como o do tamanho do
grupo moldam as relações intergrupais.

Segundo Giddens…
Toda a ação humana é realizada no contexto de um estrutura social pré-existente, que é regida
por um conjunto de normas e/ou leis que são distintas das de outras estruturas sociais.
Ou seja, toda ação humana é ao menos parcialmente pré determinada, com base nas regras
variáveis do contexto em que esta ocorre ( vou agir de uma maneira nesta determinada estrutura
democrática, que é diferente da forma como eu agiria numa estrutura autoritária e totalitarista).

A estrutura e as regras não são permanentes, mas são sustentadas e modificadas pela ação
humana.
A nossa capacidade de ação vai ser influenciada pela estrutura em que estamos inseridos, no
entanto, a ação consegue mudar a estrutura.

18
A teoria procura…
Entender como a sociedade funciona, considerando a interação dinâmica entre a estrutura social
e a ação individual
É uma tentativa de superar algumas das dicotomias tradicionais na sociologia como a oposição
entre a ação individual e estrutura social.
A ação e a estrutura sobrepõem-se uma à outra.
As estrutura sociais tornam a ação social possível.
A ação humana, molda a estrutura e vice-versa.
A dualidade da estrutura organiza-se em função de três niveis:
• Monotorização reflexiva da ação;
• Racionalização da ação;
• Motivação da ação.

O Teorema da dualidade da estrutura


Estrutura simultaneamente condição e resultado da ação, tanto constrangendo como
possibilitando a ação do ator na reprodução dos sistemas sociais

A estrutura é: conjunto de regras e de recursos organizados como propriedades dos sistemas


sociais. Estão "fora do tempo" a priori, sendo por isso marcados pela ausência de sujeito. A
estrutura apenas existe sob a forma de propriedades estruturais.
Implicações:
• Propriedades estruturais: regras e recursos
• Recursividade entre ação e estrutura para práticas sociais, constrangendo e
possibilitando a ação.
• Necessidade de atribuição de significados e de reconhecimento comum.
Estrutura não é algo palpável, é imaterial e teórico (usa regras e recursos). A parte prática da
estrutura é o sistema. Organiza as interações.
Faz distinção entre sistema (quando as coletividades agem) e estrutura, ao contrário dos
estruturo funcionalistas. (giddens é crítico destes)

Conceitos Básicos:
Sistema: critica a falta de precisão do funcionalismo e estruturalismo. Conjuntos de relações
entre atores e coletividades.
Recursos: meios de ação (aquilo que nós temos). Permitem analisar o poder enquanto
capacidade transformadora.

Giddens argumenta que a ação humana é orientada por regras (normas e valores) e
recursos (habilidade, poder, conhecimento, etc). As regras fornecem a orientação para a
ação, enquanto que os recursos permitem que os atores alcancem os seus objetivos.

Escrever "agência" = "ação"


Agência: capacidade de transformação dos sistemas sociais baseadas no conhecimento e na
reflexividade do ator. (por exemplo, pensamos sobre a nossa relação amorosa pois temos a
capacidade de refletir.)
A ação refere- se ao comportamento individual ou coletivo. Giddens enfatiza a importância dos
indivíduos fazerem escolhas e agirem de maneira consciente.

Estruturação: processo duplo em que as regras e os recursos são usados para organizar a
interação ao longo do tempo e, por meio deste uso, reproduzem-se ou transformam-se estas
regras e recursos. Desta forma, o sistema de reprodução efetiva-se através de ciclos duradouros
de relações reproduzidas onde as práticas recorrentes constituem os elos e nós de ligação.

19
Integração: A nossa capacidade de ação faz parte da nossa competência como seres sociais
como integrados na sociedade. Existem dois tipos, integração social (interação face a face) e
integração sistémica(conexões com aqueles que estão fisicamente ausentes no tempo ou no
espaço).

Nem todos os nossos atos são intencionais. Por exemplo, ao falarmos, o nosso objetivo não é
manter a língua portuguesa viva. No entanto fazemos isso involuntariamente.

Agente: ator competente. Tem conhecimento e capacidade para agir.

Monotorização reflexividade da ação: caráter intencional da conduta humana e ocorre através


da consciência discursiva e consciência prática.
• Consciência discursiva: toda a capacidade que temos enquanto sujeito para
justificarmos as nossas ações.
• Consciência prática: postura, olhar, habilidades que temos para uma determinada ação.

Motivação da ação: pode ser inconsciente, não existindo uma relação direta entre ato e motivo.
Segurança ontológica: segurança de que as coisas vão ocorrer devido à rotina.
Rotinização: rotineiro, fornece continuidade aos padrões de interação.
Regionalização: regiões onde podem ocorrer as ações, podem variar.

Fala nos riscos que há na modernidade (por exemplo divórcios mais frequentes, trabalhos mais
incertos)
Diz-nos que na modernidade há um maior processo reflexivo do eu.

Modernidade

Características da modernidade:
• Descontextualização
• Soberania do Estado
• Globalização
• Reflexividade.

Descontextualização: algo que não tem contexto. tem várias fontes como abstração do tempo e
do espaço; dinheiro; sistemas periciais abstratos; mercadorização da força de trabalho.

• Abstração:
descontextualizado do tempo e do espaço embora não seja necessário (posso mandar uma
mensagem às 3h da manhã mas isso vai ser descontextualizado pois a essa hora já não se
incomoda as pessoas). Antigamente tinha-se mais noção de tempo e espaço pois estavam num
espaço e tempo comum. Nos tempos de hoje, não é necessária essa noção de estar no mesmo
espaço e tempo.

• Dinheiro:
A economia não-monetarizada é uma economia em que não há moeda, é arcaica: é uma
economia de troca direta – troco um bem concreto por outro, na hora;
A economia pode ser quase exclusivamente monetarizada: não há lugar para trocas não
monetarizadas, tudo é vendido. Assim, as trocas perdem esta contextualização, perdem o
contexto, fazem-se sempre através do dinheiro

20
• Sistema periciais abstratos:
tem a ver com peritos informáticos, médicos, eletricidade… confiamos nestes).

• Mercadorização da força de trabalho:


força de trabalho é uma mercadoria pura e uma variável abstrata na produção; um trabalhador
pode ser substituído por uma máquina

Soberania Do Estado
Estados são exclusivamente soberanos; somos controlados por ele.

Globalização:
estamos à distância de um clique. Temos a globalização política, militar, dos conflitos,
económica, globalização cultural.

Reflexividade:
Temos noção daquilo que somos e do que fazemos.

Modernidade: em suma
Níveis de confiança nas culturas pré-modernas
• Parentesco: modo estável de organizar feixes de relações através do espaço e do tempo;
Comunidade local: ponto de localização de feixes de relações sociais. As populações
viviam de forma imóvel e isolada;
• Cosmologia religiosa: forneciam interpretações morais e práticas da vida pessoal e
social fornecendo um ambiente de segurança para o crente

Características da Modernidade tardia (Giddens)


▪ A separação do tempo e do espaço – a rotina da tradição e a confiança na continuidade do
passado, presente e futuro deixa de existir sendo substituída pela confiança nos sistemas
abstratos;
▪ Desenvolvimento de mecanismos de descontextualização das instituições sociais – a
interferência dos sistemas abstratos anula as formas preexistentes de controlo social. Eles
desqualificam e fragmentam;
▪ Reflexividade institucional – a narrativa biográfica é continuamente revista. A certeza do
conhecimento, mesmo das ciências é sujeita à revisão.

21

Você também pode gostar