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ATIVIDADE - UNIDADE 3 - FUNDAMENTOS

ANTROPOLÓGICOS PARA SERVIÇO SOCIAL

Fazer qualquer tipo de pesquisa, estudo ou atividade que requer a interação e/ou
participação com outras pessoas, requer atenção em algumas questões. Na pesquisa
antropológica, já que estamos constantemente abordando a vida de outras pessoas e
representando-as em textos públicos, lidos por um considerável número de pessoas,
precisamos ter uma atenção especial no que diz respeito a:

leitura
ética
escrita
abordagem
aplicação de testes

Refletindo sobre a questão ética na pesquisa antropológica, Ingold (2013) faz uma profunda
crítica ao modo como os antropólogos têm se relacionado com as pessoas com quem
estudam. Para ele, é antiético:

não perguntar o nome da pessoa e já partir para uma entrevista, por exemplo.
abordar as pessoas como se elas fossem obrigadas a nos dar respostas.
tratar bem e com educação as pessoas as quais procuramos.
entrar nesses mundos (nos mundos das pessoas as quais acessamos para produzir as nossas
pesquisas), recolher informações dessas pessoas – o que ele se refere como “encher a mala” – e ir
embora sem dar algo em retorno.
deixar as pessoas à vontade para responder os nossos questionamentos quando assim acharem
que deve.

Há na pesquisa, a tendência dos saberes universitários de se afastar da realidade prática e


cotidiana do mundo terreno. Como se vivessem isolados/as do mundo em um pedestal que
carrega uma sabedoria maior do que todas as outras. Para isso, utiliza-se uma metáfora que
se configura em dizer que algumas pessoas vivem em uma:

estrada sem fim


torre de marfim
ilusão de espelhos
rua larga embora torta
viagem sem fim
A antropologia é um campo de atuação em que seus profissionais não só observam e
estudam os outros, mas também se engajam em aplicações e proposições de ações juntos
com os outros. Segundo Wilkinson e Kleinman (2016), “Tudo isso envolve um forte
comprometimento com o desenvolvimento da ciência social como um campo de cuidado
social e de prática do cuidado. Tem que haver mais do que interesse intelectual e
preocupação emocional aqui; tem de ter também uma aplicação do trabalho que sustenta a
vida.”( WILKINSON E KLEINMAN) p. 19-20, tradução nossa). O objetivo é fazer com que as
ciências sociais sejam transformadoras em suas aspirações, quais sejam:

uma atividade de pouco cuidado e mudança de mundo.


um mecanismo de produção de dados e de mudança no mundo.
uma atividade despreocupada com o outro e com o mundo.
um conjunto de ações para mudar o mundo e intervir na sociedade.
uma atividade de cuidado e de mudança de mundo.

A antropologia foi constituída por um método que se preocupa em dar atenção ao outro. Esse
método é conhecido como:

etnografia
cartografia
análise do cotidiano
epinografia
mapeamento

A antropologia aconselha “Escute mais as pessoas, deixe-as falar, aproveite, e enquanto dá


atenção ao seu interlocutor, observe suas reações faciais e corporais, cheire e experimente o
ambiente ao redor, enfim, deixe o mundo se mostrar a você.” Dessa maneira, eu garanto,
sua atenção vai paulatinamente saindo de si e se abrindo ao outro. É aí que a mágica das
Segato (2006), a antropóloga argentina radicada no Brasil, denomina essa capacidade de
encontrar o outro de:

anseio dietético ou sensibilidade dietética.


anseio de liberdade ou libertação da alma.
anseio ético ou sensibilidade ética.
anseio de vida ou de sobrevivência social.
anseio moral ou sensibilidade jurídica

Certa vez, o historiador inglês Peter Burke escreveu que dois mitos sobre o Brasil convivem
nas mentes de estrangeiros e nas dos próprios brasileiros. Eles são os mitos do Brasil como
paraíso e do Brasil como inferno. Enquanto as imagens de praias idílicas e de uma população
hospitaleira, sem preconceitos e de beleza exuberante compõem o mito do paraíso, ideias
como antro de corrupção e principalmente de criminalidade e violência generalizadas
recheiam o mito do Brasil como um inferno. No sentido antropológico, mitos, como Claude
Lévi-Strauss ensina, não são nem verdades, nem mentiras. Mas, se configura como:

conjuntos de ideias que são produzidas pelo pensamento quando dormimos.


uma série de inverdades que são contadas pelas pessoas que convivem conosco.
conjunto de medos que as nossas sensações nos causam.
uma série de prosopopéias que são ditas quando o pensamento é exercitado.
conjuntos de alegorias, de metáforas e de imagens por meio das quais o pensamento é exercitado.

Gilberto Freyre (1900-1987) nasceu no Recife, no seio de uma família de posses e, na


juventude, mudou-se para os Estados Unidos para estudar antropologia com Franz Boas. Um
dos principais legados de Boas foi:

ter criado uma série de mecanismos para acentuar as diferenças que existem nas pessoas
hierarquizando-as.
ter demonstrado como as diferenças humanas não poderiam ser entendidas exclusivamente pelo
conceito de raça, mas, sim, pelo de cultura.
ter defendido que o preconceito imbuído na questão racial trata-se de apenas um deslize social e
cultural.
o fato de ter se desfeito da teoria evolucionista e ter construído outra teoria.
ter escrito Macunaíma e se aliado ao pensamento evolucionista.

Além de formular a miscigenação como tese antropológica sobre o Brasil, Freyre disserta
longamente sobre a contribuição do negro para a formação do Brasil. Nessas linhas, o autor
recusa o argumento racialista de que o africano:

ocuparia um degrau igual a qualquer outro ser humano para demonstrar suas ideias, práticas e
produções eram sintéticas, embora fossem ricas e interessantes.
merece respeito e valorização como qualquer outro ser humano.
ocuparia um lugar de superioridade em detrimento de toda e qualquer pessoa na escala evolutiva.
não merece atenção e precisa ser tratado hierarquicamente como um ser pormenorizado.
ocuparia um degrau inferior na escala evolutiva humana para demonstrar como suas ideias,
práticas e produções eram absolutamente ricas e inteligentes ao seu modo.

As mudanças intelectuais, artísticas e sociais acerca da miscigenação não deixaram de ser


notadas pelo Estado. Em 1930, Getúlio Vargas chegou ao poder e, em 1937, instalou uma
ditadura nomeada de Estado Novo que perdurou até 1945. Com um projeto de desencadear
uma transformação significativa no Brasil, Vargas e seus ideólogos se apropriaram das
perspectivas que identificavam na miscigenação uma marca identitária do brasileiro para
gerar novos símbolos nacionais. Seu objetivo era o de unificar o país, abrandando os conflitos
de classe entre capital e trabalho e, assim, gerar aprovação social ao seu governo. Com
Vargas e o Estado Novo, a miscigenação tornou-se símbolo nacional promovido oficialmente.
Dentre as medidas de Vargas, estão:

I - o financiamento dos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro;


II - a liberação de recursos para a construção do Maracanã;
III - a legalização do direito das mulheres a tomarem contraceptivos;
IV - a legalização dos até então proibidos terreiros de Candomblé e Umbanda;
V - ensino de capoeira nas escolas públicas e até mesmo a invenção da feijoada como
símbolo nacional e a criação do Zé Carioca;

I é correta
I e II são corretas
I, II, IV e V são corretas.
I, II e III são corretas.
Todas as afirmativas estão corretas.

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