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LET 104 – Profa. Cida Araújo –ABREU, Antônio Soares. Curso de Redação. 12. ed.

São Paulo: Ática,


2004. Cap. 9

Parágrafo

Tópico e desenvolvimento

 Definição: “O parágrafo é uma estrutura superior à rase, que desenvolve, eficazmente, uma
única ideia-núcleo. Apesar disso, o parágrafo não deve ser uma camisa de força do texto.
Com um pouco de sensibilidade, todos nós somes capazes de perceber o momento em que
devemos fazer a transição entre um parágrafo e outro.” (p. 73)

Tópico do parágrafo: mais comumente aparece no início do parágrafo e estabelece a base do assunto
tratado, como um “quadro de referência”.

Tipos:

1. Declaração inicial:
O hábito de correr, benéfico para o coração, os pulmões e a
manutenção da forma física, também dá origem a sérios problemas,
principalmente ortopédicos.

2. Alusão histórica: nesse caso, a declaração se dá na forma de uma narrativa, como se observa
abaixo.
Em algum dia perdido na noite dos tempos, há cerca de seis mil
anos, o homem lançou seu primeiro barco na água, e, flutuando,
movimentou-se pela primeira vez fora de terra firme.

3. Interrogação: uma pergunta cuja resposta será o desenvolvimento do parágrafo.


De que maneira uma nação pode conciliar seu desenvolvimento com
uma pesada dívida externa?

4. Omissão de dados identificadores: cria suspense no leitor sobre elementos que só vão
aparecer no desenvolvimento do parágrafo.
De uns tempos para cá, tem surgido um elemento novo no cenário
político nacional. Extremamente movediço, ele sempre aparece onde
não se espera. Se o espreitamos, ele se esconde, em hibernação
cautelosa.

Desenvolvimento do parágrafo

Dependerá da macroestrutura do texto. Alguns tipos se adequam melhor ao discurso argumentativo.


Outros, ao discurso narrativo.

Exemplos de desenvolvimento do parágrafo a partir de um único tópico:


A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de
doenças do coração.

1. Desenvolvimento por detalhes:


A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de
doenças do coração. O tráfego intenso, o ruído do tráfego, as
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preocupações geradas pela pressa, o almoço corrido, o horário de


entrar no trabalho, tudo isso abala as pessoas, produzindo o stress
que ataca o coração.

2. Desenvolvimento por definição:


A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de
doenças do coração. Vida agitada é aquela em que o indivíduo não tem
tempo para cuidar de si próprio, mercê dos compromissos assumidos e
do tempo exíguo para cumpri-los. Entre as doenças do coração, a mais
comum é a que ataca as artérias coronárias, assim chamadas porque
envolvem o coração, como uma coroa, para irriga-lo em toda a sua
topologia.

3. Desenvolvimento por exemplo específico:


A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de
doenças do coração. Imaginemos um chefe de família que deixa sua
casa, às 6h30 da manhã. Logo de início, tem de enfrentar a fila da
condução. A angústia da demora: será que vem ou não vem o ônibus?
Finalmente, vem. Superlotado. Sobre ele, aos trancos, e logo
enfrenta a roleta. _ Troco? _ Não tem troco pra cem. _ Espera um
pouco pra passa na roleta. _ Agora tem, pode passar. Finalmente o
ponto de descida. O relógio de ponto. Em cima da hora. Nesse
momento, o relógio do coração do nosso amigo já passou do ponto.
Está acelerado. Suas coronárias sofrem sob o impacto do stress e
entram em débito de fluxo sanguíneo.

4. Desenvolvimento por fundamentação da proposição


A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de
doenças do coração. Somente na última década, segundo informações da
Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, o paulistano se infartou
vinte vezes mais do que no decênio anterior. O stress causado pela
vida intensa acelera os batimentos cardíacos, por intermédio da
injeção exagerada de adrenalina, e apressa o surgimento dos
problemas do coração.

5. Desenvolvimento por comparação


A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de
doenças do coração. Imagine o leitor, por exemplo, um automóvel
dirigido suavemente, com trocas de marcha em tempo exato, sem
freadas bruscas ou curvas violentas. A vida útil desse veículo tende
a prolongar-se bastante. Imagine agora o contrário: um automóvel
cujo proprietário se compraz em arrancadas de “cantar pneus”, curvas
no limite de aderência, marchas esticadas e freadas violentas. A
vida útil deste último tende a decais miseravelmente. O mesmo
podemos fazer com o nosso coração. Podemos conduzi-lo com doçura, em
ritmo de alegria e de festa, ou podemos tratá-lo agressivamente,
exigindo-o fora de seu ritmo e de seu tempo de recuperação.
LET 104 – Profa. Cida Araújo –ABREU, Antônio Soares. Curso de Redação. 12. ed. São Paulo: Ática,
2004. Cap. 9

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