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SÍNDROME UNHA-PATELA (ONICOOSTEOARTRODISPLASIA HEREDITÁRIA)

Síndrome unha-patela
(onicoosteoartrodisplasia hereditária)
Relato de duas famílias afetadas*

JOSÉ ALBERTO D. LEITE1, FRANCISCO MACHADO2, ANTÔNIO VAGNER M.P. FILHO3, ANTÔNIO CAPIBARIBE4

RESUMO autosomal dominant trait, variable manifestation, and linked


to the ABO blood group.
Este trabalho apresenta cinco casos de síndrome unha-
patela em duas famílias distintas, envolvendo membros de Key words – Arthro-onychodysplasia, onycho-osteodysplasia, ili-
até três gerações. Os cinco acometidos foram submetidos ac horns
a exames clínicos e radiológicos. Em tais casos, há concor-
dância com a literatura mundial: tétrade de sinais (distro- INTRODUÇÃO
fia ungueal, displasias do cotovelo, da pélvis e do joelho),
A síndrome unha-patela (SUP) é uma afecção de natureza
transmissão autossômica dominante, apresentando com-
hereditária caracterizada por alterações em tecidos de origem
pleta penetrância com expressividade variável e ligação
meso e ectodérmica comprometendo, assim, estruturas ósseas,
com o sistema sanguíneo ABO.
articulares e ungueais(1). Chatelain, em 1820, descreveu um
Unitermos – Artroonicodisplasia; onicoosteodisplasia; cornos ilía- paciente com alterações ungueais associadas a displasias dos
cos cotovelos e joelhos(2). Little, em 1897, citou uma descrição de
Sedgwick, que observou quatro gerações de uma família, em
ABSTRACT
que 18 membros não possuíam unhas nos polegares nem pa-
Nail-patella syndrome (hereditary arthro-onychodisplasia). telas, sugerindo o caráter hereditário. Fong, em 1946, durante
Report on two affected families realização de uma pielografia de rotina, observou projeção
This paper presents five cases of nail-patella syndrome in óssea cônica elevando-se na face dorsolateral de ambas as lâ-
two different families, involving members of as many as three minas dos ilíacos, chamando-as “cornos ilíacos”(3), estabele-
generations. The five affected individuals were submitted to cendo, assim, a tétrade de sinais: a) distrofia ungueal; b) au-
clinical exams and X-ray. In such cases there is agreement sência ou hipoplasia de patela; c) hipoplasia de cabeça do rá-
with the world literature: fours signs (dystrophy of the nails, dio e capítulo; d) cornos ilíacos. Associada a essas alterações,
elbow, pelvic, and knee dysplasia), transmitted fully as an verificou-se uma forma nefropática presente em 30% dos ca-
sos(2), com proteinúria compatível com vida normal no adulto
* Trabalho realizado no Serviço de Ortopedia e Traumatologia da Facul- e outra forma não nefropática da doença. A genética contri-
dade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e no Hospital Go-
mes da Frota.
buiu sobremaneira, sugerindo ser esta patologia transmitida
Recebido em 26/5/99. Aprovado para publicação em 7/10/99. por herança autossômica dominante(4,5), havendo ligação en-
1. Professor Adjunto; Livre-Docente; Chefe do Serviço de Ortopedia do tre o gene responsável por ela e aquele do grupo sanguíneo
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC)/Universidade Federal
do Ceará (UFC).
ABO(2,5). Todos os indivíduos afetados pela SUP manifestam
2. Médico Assistente do Instituto José Frota, Fortaleza – Ceará. sinais e sintomas comuns (completa penetrância), variando,
3. Interno do Serviço de Ortopedia do HUWC/UFC; Monitor da Discipli- apenas, na forma de apresentá-los, ou seja, em diferentes graus
na de Ortopedia. de manifestação (expressividade variável)(6). As incidências
4. Ex-Residente do Hospital Gomes da Frota, Fortaleza – Ceará.
Endereço para correspondência: Av. Pe. Antonio Thomaz, 2.090 – 60140- de SUP nos EUA e na Inglaterra são de 4,5 e 22 por milhão de
160 – Fortaleza, CE. habitantes, respectivamente(7,8).
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J.A.D. LEITE, F. MACHADO, A.V.M.P. FILHO & A. CAPIBARIBE

O objetivo deste trabalho é apresentar cinco casos de SUP, bém realizou exames. A mãe, ao exame físico, não apresentava
comparando os nossos achados clínicos e radiográficos com os sinais clássicos SUP. A tabela 2 resume os principais achados.
os da literatura. RESULTADOS
MATERIAL As tabelas 1 e 2 mostram as alterações encontradas ao exa-
Primeira família – Estudamos uma família composta por me físico e radiológico das respectivas famílias. Os heredo-
cinco membros (pai, mãe, duas filhas e um filho), sendo a gramas podem ser observados na fig. 4.
mãe e uma filha acometidas pela síndrome. DISCUSSÃO
A mãe compareceu ao nosso serviço referindo dor no coto- A síndrome unha-patela caracteriza-se pela tétrade sinto-
velo direito decorrente de traumatismo local originado de que- matológica: distrofia ungueal, displasias de joelho, cotovelo e
da. À inspeção, notamos alterações outras não pertinentes à pelve.
queixa, tais como: distrofia ungueal nos dedos das mãos, pre- A distrofia ungueal é a anomalia mais freqüente de acordo
gas cutâneas em ambos os cotovelos que limitavam a exten- com revisão de literatura feita por Laredo Filho et al.(3) e ocor-
são dos mesmos, e ausência de patela. No exame radiográfi- re em 97% dos casos. Em todos os nossos pacientes verifica-
co, constatamos luxação da cabeça do rádio, displasia univer- mos: unhas finas, quebradiças, curtas (hipoplásicas), com fen-
sal dos cotovelos e ausência de patelas. das longitudinais, sendo o polegar o dedo mais acometido.
Todos os componentes da família foram chamados ao ser- Tais alterações comumente são simétricas(4), o que foi visto
viço para investigação. Verificamos que a filha apresentava em nossos casos. As displasias ungueais podem acometer ar-
alterações similares. Submetemos todo o grupo ao exame clí-
nico, radiológico e laboratorial (tipagem sanguínea para sis-
tema ABO). Os principais dados coletados são apresentados
na tabela 1.
Segunda família – Esta família é composta de sete mem-
bros vivos, sendo o pai, o filho e uma filha acometidos da
síndrome. Tivemos contato com a família quando o pai levou
o filho ao ambulatório de ortopedia da Faculdade de Medici-
na; a queixa deste era uma deformidade em flexo de joelho.
Realizamos anamnese e exame físico do pai e filho, direcio-
nando nossos procedimentos para possíveis casos de síndro-
Fig. 1 – Paciente A.F.S., 37 anos, masculino. Observar a distrofia ungueal
me unha-patela. Solicitamos as principais incidências radiológi- em todos os dedos. Notar a hipoplasia, o adelgaçamento e as estrias longi-
cas para ambos, bem como pedimos a presença da filha, que tam- tudinais.

TABELA 1

Paciente Idade Unhas Joelhos Cotovelos Pelve

R.O.A.O. 44 Distrofia ungueal em Forma e volume alte- Fletidos; presença de Projeção cônica ele-
Feminina. todos os dedos, sen- rados; ausência de pregas cutâneas bilate- vando-se da face dor-
Cor negra. do mais acentuada patela e hipoplasia de rais que limitam a exten- solateral de ambas as
Grupo nos polegares, apre- côndilo medial. Bilate- são em 60% da amplitu- lâminas dos ilíacos
sanguíneo “A” sentando fendas lon- ralmente. de; desvio póstero-late- (cornos ilíacos); acha-
gitudinais que se ral e hipoplasia da cabe- tamento das cristas
agravam no sentido ça do rádio, bilateral- ilíacas e proeminência
ulno-radial. mente ao RX. das espinhas ilíacas.

N.M.A.O. 12 Discreta distrofia un- Forma e volume alte- Limitação dos últimos
Feminina. gueal nos polegares; rados, com hipoplasia graus de extensão, ca-
Cor negra. ausência das pregas de patela e subluxa- beça do rádio luxada
Grupo dorsais das articula- ção lateral (bilateral) póstero-lateralmente ao
sanguíneo “A” ções interfalangianas confirmada ao RX. RX bilateral.
distais.

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telhos (raro) (7) , sendo as A displasia do joelho é a segunda alteração mais freqüente,
unhas dos 1º, 2º e 3º dedos conforme a literatura por nós pesquisada (92,4%)(3), sendo
as mais freqüentemente afe- caracterizada por hipoplasia ou ausência de patela, hipoplasia
tadas(9), apresentando-se em de côndilo femoral lateral, podendo levar à luxação recidi-
um dos nossos casos (20%). vante de patela, contratura de quadríceps e hipotrofia de vasto
Ausência ou diminuição de medial(7). As deformidades estavam presentes em nossos cin-
pregas dorsais em articula- co pacientes, sendo a hipoplasia patelar existente em quatro
ções interfalangianas distais casos (80%). A subluxação de patela ocorreu em três pacien-
podem ocorrer(2), estando pre- tes (60%) e a ausência patelar em um (20%). O flexo de joe-
sentes em três afetados lho foi observado em dois portadores de SUP (40%). O côn-
(60%). O comprometimento dilo femoral medial estava aumentado em um caso (20%) e o
ungueal foi uma constante em lateral diminuído em dois pacientes (40%). Notamos hipopla-
todos os nossos casos (100% sia bilateral de côndilo femoral medial em um caso (20%).
Fig. 2 – Paciente A.F.S., 37 anos,
de predominância), variando masculino. Notar no cotovelo a lu- A displasia de cotovelo é a terceira anomalia mais eviden-
apenas a forma de apresenta- xação da cabeça do rádio, assim te, ocorrendo em 72,6% dos casos(3); as alterações são hipo-
como o marcado pterígio. Os cornos
ção, o que está de acordo com ilíacos apresentam-se bastante pro-
plasia do capítulo, do côndilo lateral e da cabeça do rádio,
os dados de outros autores(3,9). eminentes nesta visão de perfil. com subluxação ou luxação póstero-lateral desta última, alte-

TABELA 2

Paciente Idade Unhas Joelhos Cotovelos Pelve

A.F.S. 37 Distrofia ungueal em Hipoplasia e subluxa- Luxação e hipoplasia da Cornos ilíacos; discre-
Masculino. todos os dedos: hipo- ção de patela; discre- cabeça do rádio; altera- ta flexão; aumento
Cor parda. plasia, adelgaçamen- to flexo de joelhos; ção de inserção muscu- das espinhas ilíacas
Grupo to, estrias longitudi- côndilo femoral me- lar e pterígio; limitação ântero-superiores.
sanguíneo “O” nais, sendo mais evi- dial aumentado e o la- dos últimos 90º de ex- Proteinúria assinto-
dentes nos polegares. teral diminuído. tensão (fig. 2). mática +/4.
Ausência de pregas
dorsais em articula-
ções interfalangianas
distais com limitação
na flexão. Artelhos
acometidos com se-
melhante distrofia
(fig. 1).

L.F.S. 2 Distrofia ungueal em Hipoplasia, sem sub- – Cornos ilíacos eviden-


Masculino. todos os dedos, prin- luxação de patela, de- ciados com TC.
Cor parda. cipalmente polegares: formidade em mem-
Grupo hipoplasia, adelgaça- bros inferiores, em fle-
sanguíneo “O” mento, estrias longitu- xão parcial, que impe-
dinais. Limitação da de a deambulação
flexão dos dedos de- normal.
vido à ausência das
pregas dorsais das ar-
ticulações interfalan-
gianas distais.

A.K.F.S. 4 Alterações ungueais Hipoplasia e subluxa- Limitação dos últimos Ao RX suspeita de cor-
Feminina. em todos os quirodác- ção patelar; hipoplasia 30º de extensão e sublu- nos ilíacos, mas não
Cor parda. tilos, exceto no 5º de- de côndilo femoral la- xação da cabeça do rá- tivemos oportunidade
Grupo do de ambas as mãos. teral. dio; pterígio. de realizar TC.
sanguíneo “B”

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J.A.D. LEITE, F. MACHADO, A.V.M.P. FILHO & A. CAPIBARIBE

mostra que o genitor apresenta um caso de mutação recente,


pois seus ascendentes familiares imediatos não são afetados
pela SUP, tendo, assim, transmitido a síndrome para dois de
seus filhos.
O gene da SUP e o do grupo sanguíneo ABO estão no mes-
mo cromossomo e a distância entre os dois loci pode ser me-
dida pela taxa de recombinação, que, segundo Rennwick &
Schulze, é de 10%(14). A distribuição dos grupos sanguíneos
entre os afetados de cada família concorda com as bem-esta-
belecidas relações de ligamento entre o lócus do sistema ABO
Fig. 3 – Paciente L.F.S., 2 anos, masculino. Observar no corte tomográfico
os dois cornos localizados nas tábuas externas dos ilíacos, que nessa ida- e o lócus da SUP.
de não foram detectados no exame radiológico simples. Quanto à nefropatia, apenas o genitor da segunda família
apresentava proteinúria assintomática: “+/4+”; em todos os
rações de inserção muscular, li- F A M ÍL IA 1
F outros afetados, assintomáticos, não se evidenciaram altera-
mitação da extensão, da pronação
ções laboratoriais. Na primeira família, não foi possível a in-
e da supinação do antebraço(3,10). A
A
vestigação laboratorial renal, mas nenhum dos membros apre-
Os cotovelos de nossos pacien- sentava queixas renais.
tes estavam displásicos em qua- Como não existe tratamento específico para essa patologia,
tro casos (80%). Ao exame radio- as deformidades foram corrigidas cirurgicamente, de acordo
lógico, quatro afetados (80%) A com a necessidade e alteração funcional de cada indivíduo.
apresentavam subluxação ou lu-
REFERÊNCIAS
xação da cabeça do rádio, com A feta
A feta do s
do s: oouu ou
1. Aggarwal N.D.: Nail patela sydrome. Study of an affected family. J
hipoplasia da mesma em dois Em
E xa xain
mad
in os:
ad os
Bone Joint Surg [Br] 52: 29-35, 1970.
G rG r u po
sansan güeo:
ín eo: AO
BO
pacientes (40%). Os cotovelos u po gu ín AB 2. Beals R.K.: Hereditary onycho-osteodysplasia (nail patella syndrome).
Report of nine kindreds. J Bone Joint Surg [Am] 51: 505-515, 1969.
encontravam-se com limitação da F A M ÍL IA 2 a
3. Laredo Fº J., Lazzareschi M., Mizusaki J.M., Nahas R.M.: Ósteo-ôni-
extensão, em graus variáveis, em codisplasia hereditária (“nail-patella syndrome”). Estudo de uma fa-
quatro portadores (80%). Presen- mília. Rev Bras Med 39: 636-642, 1982.
C
4. Darling D., Hawkins C.F.: Nail-patella syndrome with iliac horns and
ça de pregas cutâneas bilaterais hereditary nephropathy. Necropsy report and anatomical dissection. J
(pterígio) em três casos (60%), Bone Joint Surg [Br] 49: 164-173, 1967.
observando-se distrofia muscular 5. Tachdjian M.O.: Pediatric Orthopedics. W.B. Saunders, vol. 1, p.p. 257-
264, 1979.
em um portador da síndrome 6. Volpon J.B., Oliveira Filho S.M.: Síndrome unha-patela (ônico-osteo-
C E
(20%). artrodisplasia hereditária). Apresentação de uma família afetada. Rev
Bras Ortop 12: 55-67, 1977.
A deformidade pélvica ocorre Fig. 4 – Heredogramas das famí-
lias 1 e 2 7. Guidera K.G.: Nail-patella sydrome: a review of 44 orthopaedic pa-
em 62,3% dos acometidos pela cients. J Pediatr Orthop 11: 737-742, 1991.
SUP(3). A formação cônica óssea elevando-se da face dorsola- 8. Zenni Neto A., Ignácio A., Pimentel R., Terreri J.E., Faria G.S. de:
Onico-osteodistrofia: relato de caso. Rev Bras Ortop 24: 261-264, 1989.
teral de ambas as lâminas dos ilíacos (cornos ilíacos) é a prin- 9. Sugayama S.M.M.: Síndrome unha-patela: estudo de duas famílias e
cipal anomalia, sendo assintomática e geralmente palpável(11). revisão de literatura. Acta Ortop Bras 6: 61-66, 1998.
Tal alteração foi observada radiologicamente em quatro casos 10. Lucas G.L., Optitz J.M.: The nail-patella syndrome. J Pediatr 68: 273-
288, 1966.
(80%). Os cornos, ao exame físico, apresentavam-se indolo- 11. Karabulut N., Ariyürek M., et al: Imaging of “iliac horns” in nail-pa-
res à pressão local e palpáveis em dois pacientes (40%). A tella syndrome. J Comput Assist Tomogr 20: 530-531, 1996.
proeminência da espinha ilíaca ântero-superior também foi 12. McKusick V.A., Francomano C.A., Antonarakis S.A., Pearson P.L.:
“Nail-patella syndrome [NPS]; Onychoosteodysplasia; Turner-Kieser
vista ao raio X em dois portadores (40%). syndrome” in Mendelian inheritance in man, A catalog of human genes
A SUP é uma condição com padrão de herança autossômi- and genetic disorders. 11th ed. Baltimore and London, The Johns Hop-
kins University Press, p.p. 996-997, 1994.
ca dominante e expressividade variável(12). O risco de recor- 13. Looij Jr, Te Slaa R.L., Hogewind B.L., Van De Camp J.J.P.: Genetic
rência para um afetado pela SUP é de 50%(13). As duas famí- counselling in hereditary osteo-onychodysplasia (HOOD, nail-patella
lias estudadas mostram um padrão de transmissão vertical tí- syndrome) with nephropathy. J Med Genet 25: 682-686, 1988.
14. Renwick J.H., Schulze J.: Male and female recombination fractions
pico de herança autossômica dominante, sem história de con- for the nail-patella: ABO linkage in man. Ann Hum Genet 28: 379-
sangüinidade. A análise do heredograma da segunda família 392, 1965.

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