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1- TCBC, TSBCO, Membro Associado da SBAIT , Coordenadora da Equipe de Cirurgia Geral, Oncológica e
Coloproctologia do Instituto Mário Penna (email: renicecilia@hotmail.com)
2- Médica Cirurgiã Geral e residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Luxemburgo/Instituto Mario Penna
(email: isabelaspaula@hotmail.com)
3- Médico residente de Cirurgia Geral do Hospital Luxemburgo/Instituto Mario Penna (email:
mariquintao@gmail.com)
4- Médico residente de Cirurgia Geral do Hospital Luxemburgo/Instituto Mario Penna (email: bruno-r-b@hotmail.com)
5- Médico residente de Cirurgia Geral do Hospital Governador Israel Pinheiro - IPSEMG (email:
henriquexavier_mc@hotmail.com)
Abstract- Splenosis is a benign condition, usually caused by traumatic splenic rupture or surgical manipulation. LFM,
39-year-old man. The patient complained fatigue, myalgia, palpable right subcostal nodule and fever. Past medical
history of stroke, mechanical mitral valve carrier and splenectomy for trauma with 8 years old. Abdominal computed
tomography scan (CT) demonstrated multiple abdominal nodules and right iliac fossa lymphadenopathy. All the other
imaging tests, sorology and tumor markers were negative. The patient underwent exploratory laparotomy and biopsy.
The histological tissue sample result was compatible with splenic tissue. The splenic implants may mimic malignancy
in healthy patients. The splenosis should be taken into account in the differential diagnosis in every patient presented
with abdominal, pelvic, thoracic or subcutaneous nodules and a previous history of splenic injury is known.
Key words: Splenosis. Trauma. Splenectomy. Laparotomy. Spleen.
RELATO DE CASO
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A principal hipótese sobre a etiologia pélvica após a ruptura do órgão (FREMONT
da esplenose é de que, após ruptura et al., 2007).
traumática do baço, os fragmentos do A esplenose se diferencia em cor e
parênquima esplênico se implantam sobre os consistência de tumores malignos e em
tecidos adjacentes. Ocorre revascularização consistência da fibrose. Os implantes são
desses implantes e crescimento tecidual, geralmente azulados, mas podem variar de
principalmente sobre a superfície serosa do cor de róseos até vermelho escuro ou pretos.
abdome e tórax, tornando-os funcionalmente Eles não possuem hilo e são supridos por
ativos e, por vezes, histologicamente artérias locais que penetram sua cápsula
idênticos ao órgão normal (FREMONT et al., fibrótica. Na maioria dos casos o tecido se
2007). Outro mecanismo é a disseminação apresenta menos elástico em relação ao baço
hematogênica do parênquima esplênico, original, com menor número de estruturas
proposto na origem de nódulos intrahepáticos. trabeculares. A polpa branca é deficiente e a
Células progenitoras de eritrócitos do baço polpa vermelha tem aparência normal.
alcançam o fígado via veia porta, e crescem Microscopicamente, pode simular uma
em resposta à hipoxia tecidual (SARDA, desordem linfoproliferativa, um Sarcoma de
2001). Nos casos de esplenose subcutânea é Kaposi ou uma malformação vascular,
proposto que o tecido esplênico se dissemina exigindo amostras extensas da lesão para
a partir da cavidade abdominal, após o dano possibilitar o encontro de arranjo esplênico
do órgão, por meio, por exemplo, da incisão típico (PAPAKONSTANTINOU et al., 2013;
cirúrgica ou de lesões causadas pelo YEH et al., 2006).
mecanismo do trauma, como o trajeto de um Os pacientes geralmente são
projétil de arma de fogo. A maioria dos casos assintomáticos, e os nódulos esplêncios são
de esplenose subcutânea ocorre sobre encontrados acidentalmente durante um
cicatrizes geradas após a esplenectomia. O exame de imagem ou um ato cirúrgico.
tecido esplênico se apresenta Entretanto, a esplenose pode ocasionalmente
macroscopicamente como nódulos causar sérios problemas incluindo hemoptise,
subcutâneos tumorais assintomáticos e pleurite (no caso de acometimento torácico),
vinhosos (PAPAKONSTANTINOU et al., sintomas mimetizando infarto do miocárdio,
2013). febre de origem desconhecida, hemorragia
O número de nódulos da esplenose gastrointestinal (quando há implantes no
parece estar relacionado ao grau de dano do estômago ou intestino delgado), obstrução
baço e à quantidade de parênquima esplênico intestinal, infarto intestinal, massa abdominal
liberado sobre as cavidades abdominal e ou pélvica, dor em flanco por compressão
ureteral e hidronefrose (KSIADZYNA et al.,
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2011; VARMA et al., 1991). A recorrência de presença de tecido esplênico
doenças hematológicas, previamente tratadas autotransplantado pode ser sugerido por
com esplenectomia também podem gerar achados laboratoriais como a presença de
sintomas (SHORT et al., 2011). corpos de Howell-Jolly no exame de sangue
A capacidade funcional dos periférico e a ausência de esferocitose.
autoimplantes esplênicos ainda não foi (KSIADZYNA et al., 2011). Estudos de
esclarecida. Estudos experimentais em imagem convencionais, US TC e RNM, são
modelos animais mostram que a freqüência de limitados, com baixa especificidade, e
infecções pós esplenectomia é menor no apresentam frequentemente resultado falso
grupo que apresenta esplenose positivo para doenças metastáticas, linfoma
(PAPAKONSTANTINOU et al., 2013; abdominal, carcinomatose, hemangiomatose,
KSIADZYNA, 2011). A presença de mesotelioma peritoneal, endometriose
3
aproximadamente 20-30 cm de tecido multifocal, adenomas, hepatocarcinoma,
esplênico é suficiente para garantir resposta neoplasia renal, adenopatia reacional e
imune satisfatória à bacteremia. Entretanto, gliomatose peritoneal (SHORT et al., 2011).
em humanos, a presença de tecido esplênico Dessa forma, a pouca experiência com essa
heterotópico autotransplantado não é capaz de condição pode levar a muitos erros de
normalizar a resposta imunológica após diagnóstico em um paciente com vários
esplenectomia, apesar de fornecer algum grau nódulos abdominais no exame de imagem.
de proteção contra a infecção bacteriana Apesar do aspecto radiológico desses nódulos
sistêmica de germes encapsulados, um dos não ser específico de esplenose, a história
principais problemas apresentados por prévia de esplenectomia deve levantar a
pacientes asplênicos. Além disso, existem possibilidade dessa patologia, especialmente
relatos de recorrência de doenças em casos sem evidência sugestiva de outras
hematológicas em pacientes doenças na anamnese e exame físico. O
esplenectomizados como anemia hemolítica diagnóstico muitas vezes é feito apenas
congênita, púrpura trombocitopênica durante uma laparoscopia ou laparotomia
idiopática e síndrome de Felty (KSIADZYNA exploradora e confirmado por estudo
et al., 2011). anatomopatológico. (SHORT et al., 2011).
O diagnóstico de esplenose necessita de O padrão-ouro para o diagnóstico é a
uma alta suspeita clínica, já que a presença de cintilografia utilizando o tecnécio-99m (99m-
múltiplos nódulos abdominais sugere TC) como contraste, um método não invasivo
principalmente neoplasia. Durante a que evita a intervenção cirúrgica e possibilita
anamnese, a história de ruptura traumática do um diagnóstico precoce (VARMA et al.,
baço deve ser levada em consideração. A 1991). A importância em se diagnosticar
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precocemente a esplenose se justifica por, Nos casos sintomáticos e naqueles em
além de evitar procedimentos invasivos que há recorrência de doenças hematológicas,
desnecessários, em pacientes sabidamente a excisão cirúrgica dos implantes via
portadores de uma neoplasia maligna laparotomia ou laparoscopia é o tratamento de
primária, diferenciar uma condição benigna escolha. O procedimento também está
de uma doença metastática ou recidiva da indicado nos casos em que não se consegue
neoplasia, o que impacta diretamente no definir o diagnóstico, principalmente quando
estadiamento da doença e na sua conduta a cintilografia não está disponível e existe a
(SHORT et al., 2011). suspeita de doença maligna (KSIADZYNA,
A esplenose abdominal também deve 2011).
ser diferenciada da presença de baço
CONCLUSÃO
acessório, uma condição congênita resultante
de uma variante do desenvolvimento Com o aumento da prevalência de
embrionário do mesogastro dorsal do lado trauma abdominal em decorrência de
esquerdo. No primeiro caso, podem ser acidentes automobilísticos e a diversidade de
encontrados inúmeros nódulos pequenos em métodos de imagem disponíveis, o
diversos sítios de localização, apresentando diagnóstico de esplenose abdominal é cada
vascularização própria sem um hilo, diferindo vez mais frequente. Geralmente o diagnóstico
do segundo, que geralmente se apresenta é difícil, pois os implantes esplênicos podem
como nódulo único ou em baixo número, de muitas vezes ser interpretados como lesões
maior tamanho e suprido por um ramo da neoplásicas ou adenopatia, como no caso
artéria esplênica, apresentando arranjo descrito. Por isso, a esplenose deve ser
tecidual idêntico ao baço normal (FREMONT incluída no diagnóstico diferencial em todos
et al., 2007). os pacientes com nódulos abdominais,
A necessidade de conduta frente ao pélvicos, torácicos ou subcutâneos com
achado de esplenose em um paciente depende história de trauma esplênico ou esplenectomia
da presença de sintomas. Implantes prévia. A cintilografia, utilizando o tecnécio-
assintomáticos não devem ser removidos, pois 99m (99m-TC), é o exame de escolha, pois
o tecido esplênico pode ser funcional, confirma o diagnóstico e é importante na
fornecendo teoricamente algum grau de avaliação da progressão da esplenose.
benefício ao paciente. Além disso, há risco
aumentado de sangramento durante as
BIBLIOGRAFIA
excisões e pode ocorrer lesão de órgãos
adjacentes (KSIADZYNA et al., 2011).
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Splenosis: multiple peritoneal splenic
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