Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
https://www.migalhas.com.br/depeso/340291/os-5-c-s-da-boa-redacao-juridica 1/4
24/08/2023, 12:38 Os 5 C's da boa redação jurídica
https://www.migalhas.com.br/depeso/340291/os-5-c-s-da-boa-redacao-juridica 2/4
24/08/2023, 12:38 Os 5 C's da boa redação jurídica
vencimento a uma maior quantidade de casos. Por outro lado, aqui também pesa a crescente
obsessão pelo cumprimento de metas de produtividade nos tribunais de justiça brasileiros.
Entretanto, convém frisar que nem sempre qualidade e quantidade precisam ser variáveis
inversamente proporcionais na produção do texto jurídico.
A preocupação demasiada com o conteúdo das petições e decisões judiciais, em detrimento
da forma durante a produção delas, também contribui fortemente para incorreções, sobretudo
de pontuação e ortografia.
Sejam quais forem as razões que levem os juristas a claudicar das regras gramaticais, certo é
que o devido desvelo para com a norma culta representa elemento indispensável não apenas
na seara jurídica, mas em qualquer ramo profissional. Em vista disso, é necessário que os
operadores do direito realizem sempre uma reciclagem das normas gramaticais, a fim de
assegurar o respeito à norma culta nas peças jurídicas.
Traçadas essas considerações acerca dos atributos essenciais da boa redação jurídica,
devemos ressaltar que a presença uníssona desses cinco elementos em qualquer
manifestação forense permitirá, sem grandes tribulações, uma comunicação eficaz de fatos e
fundamentos jurídicos, contribuindo para o atingimento do mister profissional de qualquer
jurista. De outra banda, é útil lembrar-nos de que qualquer erro cometido na manufatura do
texto forense poderá sempre ser remetido à ausência de uma ou outra das qualidades
retrocitadas.
Ainda transita em abundância nas interações do foro uma linguagem marcada pelas exatas
antípodas de todos esses atributos, de modo que a comunicação entre as partes processuais
se torna cada vez mais obnubilada, engessada e ineficiente. Essa nebulosidade que impregna
a comunicação jurídica, causada também pelo famigerado "juridiquês", pode ser facilmente
evitada por meio do respeito à norma padrão da língua portuguesa, bem como pelo emprego
de técnicas redacionais que ajudem a deixar a escrita jurídica sempre arejada e agradável.
Posto isso, seguem algumas recomendações de escrita que reputamos relevantes e que
podem ser usadas pelo operador do direito para dar substância e solidez à sua redação
jurídica.
A PRIMEIRA delas é a de sempre vincular fundamentos a argumentos. Sói ocorrer nos
petitórios e decisões judiciais a consignação de artigos de leis, ementas de julgados e citações
doutrinárias desprovidos de conexão com o caso concreto. Ou mesmo o inverso: a disposição
de elementos fáticos sem qualquer base jurídica a eles atrelados. Aqui se viola, a um só
tempo, os requisitos da coesão e da coerência.
A SEGUNDA recomendação a ser observada é a abolição de termos pretensamente
rebuscados que em nada contribuem para o desenvolvimento dissertativo do texto. O emprego
de palavras "pseudoeruditas" é precisamente o que caracteriza o "juridiquês" e empobrece a
dissertação jurídica, mormente quando o resto do texto não dá sustento ao uso dessas
expressões "bonitas". É o que o professor Eduardo Sabbag apelida de "plantio de palavras".
Tal prática se presta à mera ocorrência de agradar o ego do emissor da mensagem, dando-lhe
uma falsa sensação de erudição e satisfação com sua própria habilidade textual. De outra
banda, em nada agrada o receptor da informação, razão pela qual esses termos devem ser
afastados o máximo possível, sob pena de se frustrar toda a razão de ser da peça jurídica.
A TERCEIRA observação a ser feita é a de se afastar da escrita forense os chamados
"ISMOS". São eles: os solecismos, os estrangeirismos (anglicismos, galicismos,
espanholismos, etc.), os arcaísmos, os preciosismos e os modismos. Dar vazão à presença
https://www.migalhas.com.br/depeso/340291/os-5-c-s-da-boa-redacao-juridica 3/4
24/08/2023, 12:38 Os 5 C's da boa redação jurídica
https://www.migalhas.com.br/depeso/340291/os-5-c-s-da-boa-redacao-juridica 4/4