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Desafios:

Muitas crianças e adolescentes têm dificuldade em falar sobre suas histórias


espontaneamente.
O sofrimento, especialmente em crianças pequenas e bebês, muitas vezes se
manifesta através de comportamentos e reações físicas.
É essencial que os adultos tenham uma escuta atenta e sensível para entender o que
as crianças estão tentando comunicar.

Histórias que Curam:


A técnica "Histórias que Curam" é uma estratégia de trabalho que utiliza narrativas
fictícias para ajudar crianças e adolescentes a compreender e elaborar suas próprias
histórias de vida. Estas narrativas são construídas com personagens e enredos que
refletem os principais elementos da situação vivida pela criança, permitindo que ela se
identifique e elabore seus sentimentos. A história é construída de forma cuidadosa,
utilizando fantasias, personagens e outros elementos trazidos pela própria criança. A
ideia é permitir que a criança se veja na história e, assim, consiga processar e entender
suas próprias experiências.

1. Estabeleça um Ambiente Seguro:


Antes de começar, garanta que a criança esteja em um ambiente confortável e seguro,
onde ela se sinta à vontade para expressar seus sentimentos e emoções.

2. Construa um Vínculo:
Desenvolva um relacionamento de confiança com a criança. Este vínculo é
fundamental para que a técnica seja eficaz.

3. Coleta de Informações:
Converse com a criança para entender seus interesses, gostos, desgostos e quaisquer
outros detalhes que possam ser incorporados na história. Isso pode incluir
personagens favoritos, animais, lugares, etc.

4. Identifique os Elementos-chave:
Determine os principais eventos ou experiências que a criança está tentando
processar. Isso pode ser feito através de conversas, observações ou com a ajuda de
outros profissionais envolvidos no cuidado da criança.

5. Escolha um Personagem Principal:


Baseado nos interesses da criança, escolha um personagem com o qual ela possa se
identificar. Pode ser um animal, um objeto animado ou qualquer outro personagem que
ressoe com ela.
6. Construa a Narrativa:
Comece a criar a história, incorporando os elementos-chave da experiência da criança.
Certifique-se de que a narrativa tenha um início, meio e fim. Introduza conflitos ou
desafios que reflitam as experiências reais da criança, mas sempre com uma resolução
positiva.

7. Inclua Emoções:
É crucial que a história aborde os sentimentos e emoções associados aos eventos.
Isso ajuda a criança a reconhecer, nomear e processar suas próprias emoções.

8. Revise e Ajuste:
Depois de criar um rascunho da história, revise-a para garantir que ela seja adequada e
ressoe com a criança. Faça ajustes conforme necessário.

9. Apresente a História:
Compartilhe a história com a criança de uma maneira envolvente. Isso pode ser feito
lendo em voz alta, usando ilustrações ou até mesmo encenando partes da história.

10. Acolha as Reações:


Esteja preparado para qualquer reação da criança. Algumas crianças podem ficar
emocionadas, outras podem ter perguntas, e algumas podem querer ouvir a história
repetidamente. Acolha todas as reações com empatia e compreensão.

11. Encoraje a Participação:


Se apropriado e dependendo da idade da criança, encoraje-a a participar ativamente
da criação ou adaptação da história. Ela pode querer adicionar detalhes, mudar partes
da narrativa ou introduzir novos personagens.

12. Revisite e Adapte:


Com o tempo, à medida que a criança cresce e suas compreensões e emoções
evoluem, pode ser útil revisitar e adaptar a história para refletir essas mudanças.

13. Avalie e Reflita:


Após compartilhar a história várias vezes, reflita sobre sua eficácia. Está ajudando a
criança a processar suas experiências? Existem áreas que podem ser melhoradas ou
ajustadas?
Exemplo:

Pingo era um pinguinzinho feliz que vivia na neve. Ele tinha uma mamãe pinguim,
chamada Penélope, e um papai pinguim, chamado Paulo.

Um dia, mamãe Penélope e papai Paulo decidiram morar em casinhas de gelo


diferentes. Pingo brincava com mamãe em alguns dias e com papai em outros.

Às vezes, quando era hora de Pingo voltar para a casinha da mamãe, papai Paulo
ficava triste e as gotinhas caíam dos seus olhos, como chuva.

Pingo não entendia por que papai chorava e também se sentia tristinho.

Então, uma amiga baleia, chamada Bela, disse a Pingo: "Sabe, Pingo, às vezes o céu
chora e temos dias chuvosos. Mas depois, o sol sempre volta a brilhar."

Pingo entendeu que, mesmo que papai chorasse às vezes, o amor deles sempre
brilharia como o sol depois da chuva.

Erros Comuns a Serem Evitados:


1. Forçar a Criança:
Nunca pressione uma criança a compartilhar sua história se ela não estiver pronta.

2. Minimizar Sentimentos:
Evite desconsiderar ou invalidar os sentimentos da criança.

3. Inventar Detalhes:
Não adicione detalhes que possam confundir a criança ou distorcer sua realidade.

4. Evitar Temas Difíceis:


Não fuja de temas delicados; eles são essenciais para a compreensão da criança.

5. Impor uma Narrativa:


A história deve refletir a experiência e perspectiva da criança, e não a interpretação do
adulto.

6. Desconsiderar a Idade:
Adapte a técnica e a narrativa de acordo com a idade e maturidade da criança.
7. Negligenciar o Acompanhamento:
Sempre faça um acompanhamento após compartilhar a história.

8. Usar Histórias Predefinidas:


Evite usar histórias padronizadas; a personalização é crucial.

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