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Belo Horizonte
2013
João Washington Azevedo Rodrigues
Belo Horizonte
2013
RODRIGUES, João Washington de Azevedo.
CID Emprego do cão de dupla aptidão na atividade de policiamento
ostensivo da polícia militar de minas gerais: avaliação do emprego
como fator de aumento da eficiência das guarnições de patrulhamento
com cães/ João Washington Azevedo Rodrigues - Belo Horizonte,
2013.109 fl.
FRIEDRICH NIETZSCHE
RESUMO
Palavras-chave:
Administração gerencial. Eficiência. Emprego de cães pela PMMG. Cães de dupla aptidão.
ABSTRACT
The goal of this research is to verify the applicability of the double dog fitness activity in
ostensive patrolling the Military Police of Minas Gerais (PMMG), as a factor in increasing the
efficiency of the garrisons patrolling with dogs. The use of dogs in police activity is an
increasingly widespread in police organizations around the world, it is important to discuss
the issue as a way to enhance the responsiveness of the trims that use dogs in service by
PMMG. This research analyzes the current employment model adopted by PMMG of dogs,
which the animal chooses to specialize in a specific function in the police service from the
perspective of the constitutional principle of efficiency, introduced in the caput of Article 37
of the Constitution of the Federal Republic of Brazil by Amendment Constitutional n º 19 of 4
June 1998, when it became one of the guiding acts Public Administration and main theoretical
foundation of the Public Administration Management. Meanwhile, seeking verification of the
hypothesis that the use of a dog capable of performing the activity of patrolling and detection
of narcotics through the nose, increase the efficiency of the trims that use dogs in operational
service provided by PMMG. This is exploratory research, literature and documents,
quantitative, where we used the technique of direct observation through extensive
questionnaires in a sample of police officers responsible for the command of the kennels of
Operational Execution Units (UEOP ) PMMG. It emerges from this study that the use of dogs
dual capability increases the effectiveness of seals, since they can respond to more than one
type of occurrence typical employment of dogs; units which already exist in PMMG dogs that
have dual fitness , with another structure that makes possible the implementation of training
and use of dogs in PMMG double aptitude. We conclude that it is feasible to use dogs double
aptitude in patrolling done by PMMG.
Keywords:
Administration management. Efficiency. Employment by PMMG dogs. Dogs dual fitness.
LISTA DE IMAGENS
1- INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14
5- METODOLOGIA...................................................................................................... 85
7- CONCLUSÃO............................................................................................................ 97
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 101
1- INTRODUÇÃO
O presente estudo possui como tema central a aplicabilidade do cão de dupla aptidão na
atividade de policiamento ostensivo da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) como
potencializador da eficiência das guarnições que utilizam cães.
O objetivo geral desta pesquisa é estudar a viabilidade do emprego do cão de dupla aptidão
pela PMMG como forma de aumentar a eficiência do policiamento com cães.
O tema objeto deste estudo é inédito na PMMG, havendo também na instituição uma lacuna
doutrinária a seu respeito, o que indica a necessidade precípua de explorar-se a respeito.
Dentro desse contexto, foi formulada a hipótese de que o emprego do cão de dupla aptidão no
patrulhamento ostensivo da PMMG aumentará a eficiência das guarnições que utilizam cães.
Desde a implantação do policiamento com cães na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG),
ocorrido no ano de 1957, o modelo de emprego operacional do cão prima pela especialização
do animal em uma atividade de policiamento, para o qual é treinado unicamente.
Assim, várias raças são utilizadas para o serviço policial na Instituição, as quais, basicamente,
dividem-se em cães que realizam atividades de faro, sendo empregados, em sua maioria raças
de companhia como Labrador, Cocker e Springer Spaniel Inglês; e cães de policiamento, os
quais realizam todas as outras atividades, sendo que, alguns deles, ainda realizam atividades
de faro, conforme dados obtidos junto às Unidades.
A padronização mais recente das raças a serem utilizadas pela PMMG ocorreu através da
Resolução n. 4 208 a qual passou a vigorar à partir de 3 de abril de 2012, passando a prever
que a PMMG adotará, preferencialmente para compor o seu plantel, a raça Pastor Alemão,
podendo ser utilizadas as raças Labrador Retriever, Pastor de Malinois, Springer Spaniel,
Cocker Spaniel e Beagle, a fim de atender missões específicas (MINAS GERAIS, 2012a,
p.14).
As raças Pastor Alemão e Pastor Belga Malinois, por outro lado, ganharam notoriedade a
partir da Primeira Guerra Mundial, justamente pelo sucesso alcançado pelas guarnições
militares que foram suplementadas pelo seu uso no combate. A partir daí, sua genética passou
a ser moldada justamente para reforçar as características necessárias às atividades militares e,
posteriormente, também para atividades policiais. Isso faz destas raças os cães ideais para o
serviço policial.
A literatura admite que os cães Pastores (Alemão, Malinois e Holandês) além de possuírem as
características físicas e de temperamento ideais para as atividades de policiamento, também
apresentam resultados satisfatórios nas atividades de faro, fazendo delas as raças mais
completas para uso policial. Chega-se, a partir deste enunciado, ao conceito de cão de dupla
aptidão, como sendo aquelas raças de cães com características genéticas comportamentais que
lhe possibilitem realizar duas funções no serviço policial.
Além desta seção, a qual indica o conteúdo do trabalho, a presente pesquisa foi estruturada em
mais seis seções.
Na seção 6 faz-se a análise dos dados obtidos com a pesquisa de campo, em face dos
objetivos específicos deste estudo, de forma a verificar a validade ou não da hipótese.
A seção 7 tece as conclusões obtidas, subsidiadas pelo conhecimento adquirido e que passou a
fazer parte do bojo do trabalho escrito, sendo finalmente verificada a validade ou não da
hipótese orientadora do estudo.
Nesta seção abordar-se-á o contexto histórico mundial que levou à reforma administrativa
Brasileira, com a transição da administração pública burocrática para a administração pública
gerencial, fator preponderante para a introdução da busca pela eficiência como foco principal
dos atos administrativos.
A Administração Pública, segundo Meirelles (2010), pode ser classificada sob três
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aspectos, ou seja, no sentido formal, representada pelo conjunto de órgãos constituídos para
realizar os objetivos governamentais; no plano material, onde é representada pelo conjunto
de funções estatais indispensáveis aos serviços públicos; e no plano operacional, onde se
traduz no desempenho permanente e sistematizado, sob aspectos legais e técnicos, dos
serviços de competência do Estado ou por ele assumidos. Trata-se, portanto, do
aparelhamento estatal apto à execução dos serviços de responsabilidade do Estado, com o
fito de atender às demandas da coletividade.
Administração Pública, em sentido amplo, para Alexandrino et al (2012), refere-se aos órgãos
de governo que exercem função política, juntamente com os órgãos e pessoas jurídicas que
exercem função meramente administrativa. A função política é aquela que trata do
estabelecimento das diretrizes e programas de ação governamental, dos planos de atuação do
governo, em síntese, da fixação das políticas públicas. Complementa ainda que função
meramente administrativa refere-se à execução das políticas públicas fixadas.
Advindo da pressão exercida pela crise mundial que eclodiu em meados da década de 70, e
aliado à necessidade de o Estado buscar soluções urgentes para, senão acabar, pelo menos
minimizar os seus efeitos nefastos a todas as camadas sociais, sobreveio um novo modelo
administrativo, focado na redução dos gastos públicos e voltado para a eficiência na
implementação de políticas públicas e verificação de resultados, o qual foi denominado
gerencial.
Abrucio (1997) considera as duas crises do petróleo em 1973 e 1979 o marco histórico que
deflagrou uma grande crise econômica mundial, cujos efeitos afetaram a economia até a
década de 90. Esta crise pôs fim à era de prosperidade que se iniciara após a Segunda Guerra
Mundial. A chamada “era dourada”, marcada por um período em que os países capitalistas
desenvolvidos, o bloco socialista e parte do Terceiro Mundo alcançaram altíssimas taxas de
crescimento, viu chegar o seu fim. Até aquele momento da história, havia um amplo consenso
social a respeito do papel do Estado, o qual procurava garantir prosperidade econômica e
bem-estar social suprindo as necessidades básicas do cidadão.
A crise econômica mundial gerada pelas duas crises do petróleo, ocorridas nos anos de 1973 e
1979, a crise fiscal que se instalou nos Estados, a dificuldade de governança e a globalização
são apontadas como fatores socioeconômicos que se constituíram em elementos facilitadores
da eclosão da crise, nesse sentido:
Neste sentido, segundo Sundfeld (2002), o Welfare State, que significa estado de bem
estar social, onde as políticas redistributivas eram o carro chefe da Administração Pública,
havia provocado um crescimento demasiado da máquina Estatal e a concentração do poder
econômico, o que possibilitou o surgimento de monopólios mercantis. A conseq uência
advinda foi a ineficiência da Administração Pública, que não conseguia exercer um
controle efetivo das diversas empresas estatais.
Certo é que, não somente a dimensão social do modelo de Estado vigente à época foi a
responsável pelo seu declínio, o assistencialismo provocou um crescimento demasiado da
máquina pública, mas, a constante intervenção na economia e as técnicas administrativas
voltadas ao modelo burocrático de gestão administrativa, com regras rígidas, mas sem
preocupação com a eficiência na gestão, também contribuíram sobremaneira o aumento do
déficit público que culminaria com a falência Estatal.
O Estado que entrava em declínio em meio à crise dos anos 70 é subdividido por Abrucio
(1997, p.9) em três dimensões (econômica, social e administrativa), afirmando serem todas
interligadas. O autor classifica a primeira dimensão como keynesiana, a qual era caracterizada
pela ativa intervenção estatal na economia, visando, principalmente, garantir o emprego e
proteger setores estratégicos como telecomunicações e petróleo, por exemplo. O Welfare State
(Estado de bem estar social) correspondia à dimensão social do modelo, era adotado em maior
ou menor grau nos países desenvolvidos, e tinha como objetivo primordial a produção de
políticas públicas na área social (educação, saúde, previdência social, habitação etc.) que
suprissem as necessidades básicas da população. Na dimensão administrativa, era adotado o
chamado modelo burocrático weberiano, caracterizado pela impessoalidade, a neutralidade e a
racionalidade do aparato governamental.
Para Secchi (2009), as principais críticas do modelo burocrático referiam-se aos impactos que
a ênfase dada à realização de tarefas, sem, contudo, verificar o resultado em termos de
qualidade gerava sobre a motivação dos funcionários, a resistência às mudanças, o
21
A ineficiência dos serviços públicos, aliada ao aumento das cobranças por parte do cidadão
que utilizava estes serviços, o qual estava cada vez mais informado como consequência do
processo de globalização que se iniciara mundialmente, o endividamento público motivado
pela crise, que aumentou o déficit público vertiginosamente, somados à incapacidade do
modelo burocrático de administração de traçar estratégias que visassem à solução de cada um
desses problemas, provocou uma crise de governabilidade que motivou a realização de
reformas administrativas em vários países, propiciando o surgimento de um novo modelo de
administração pública, que foi chamado administração pública gerencial.
Segundo Pereira (2005), na década de 80, com o endividamento internacional gerado pela
crise, o ajuste fiscal passou a ser o principal foco dos políticos e formuladores de políticas
públicas nos diversos países do mundo. Nos anos 90, embora ainda continuasse sendo dado
relevante importância ao ajuste fiscal, às atenções voltaram-se também para a necessidade de
uma reforma administrativa no Estado. Para o autor, a questão central passou a ser a forma de
redefinir um novo Estado em um mundo globalizado.
22
Kettl (2005 apud SECCHI, 2009), aponta que a administração pública gerencial é um modelo
organizacional que tem sido adotado nas últimas duas décadas nas reformas da Administração
Pública. O autor define administração gerencial como um modelo que valoriza a
produtividade, a orientação ao serviço, a descentralização de serviços, a eficiência na
prestação de serviços, a marketization1 e accountability2.
O modelo burocrático, ao voltar sua preocupação com a execução dos serviços e o controle
absoluto das ações, acabou por sucumbir aos anseios de uma sociedade em processo de
globalização, dotada de mais conhecimento e, a cada dia, mais exigente em ter suas
necessidades atendidas de maneira oportuna e mais eficiente possível.
Voltado cada vez mais para si mesmo, o modelo burocrático radicional vem
caminhando para o lado contrário dos anseios dos cidadãos. É a partir deste
processo que o modelo gerencial começa a preencher um vácuo teórico e
prático, captando as principais tendências presentes na opinião pública, entre
as quais se destacam o controle dos gastos públicos e a demanda pela melhor
qualidade dos serviços públicos (ABRUCIO, 1997, p. 7).
A percepção comum de que o modelo burocrático de gestão não correspondia com a atual
situação econômica e política mundial era comum. Era necessário mudar os métodos da
administração para tornar o Estado mais eficiente. As primeiras noções sobre administração
gerencial, a qual se fundamenta, em tese, na eficiência, e era utilizada exclusivamente na
administração privada, passaram a ser cooptadas por administradores de alguns países em
crise.
1
Termo usado para a utilização de mecanismos de mercado dentro da esfera pública. Exemplos de mecanismos
de mercado é a liberdade de escolha de provedor por parte do usuário do serviço púbico e a introdução de
competição entre órgãos públicos e entre órgãos públicos e agentes privados (SECCHI, 2009, p. 30).
2
Significa a prestação de contas por aquele que foi incumbido de realizar uma tarefa àquele que solicitou a tarefa
(relação entre o agente e o principal). A accountability pode ser considerada o somatório dos conceitos de
responsabilização, transparência e controle. (SECCHI, 2009, p.32).
23
Nesse mesmo sentido, Secchi (2009) aponta as diferenças dos modelos burocrático e
gerencial, no que tange ao modo de como o cidadão é visto pela Administração Pública.
Segundo o autor, enquanto na administração burocrática o cidadão é considerado como
usuário do serviço público, na administração gerencial o cidadão é visto como cliente, que
deve ter suas necessidades atendidas pelo serviço público.
Para Abrucio (1997) o modelo gerencial, também conhecido como Managerialism, e suas
aplicações, encontra-se disseminado pelo mundo, sendo responsável pelo delineamento de
reformas Estatais em diversos países. Os métodos de avaliação de desempenho, novas formas
de controlar o orçamento, aliados a serviços públicos direcionados às preferências do cidadão
constituem-se em parâmetros fundamentais adotados por diversos países, de acordo com as
condições locais, com o intuito de modificar as suas antigas estruturas administrativas.
A prestação de serviços por parte dos órgãos públicos, dentro do modelo gerencial de
administração pública, volta-se então para a satisfação do cidadão, o qual é visto como cliente
e a razão de existir do Estado. A eficiência desses serviços geraria a satisfação do cidadão,
porém, o Estado, assim como se encontrava organizado administrativamente, não conseguiria
melhorar a qualidade dos serviços prestados. A “flexibilização” advinda do modelo gerencial,
a descentralização e, principalmente, a maior liberdade de ação para a administração indireta
apresentaram-se como alternativas viáveis de resposta à crise.
No que tange às atividades de controle dentro do modelo gerencial, Pereira (2005) relata que
o incentivo à iniciativa na execução de serviços, e a ausência de procedimentos rígidos de
controle, poderiam suscitar que a adoção do modelo gerencial facilitaria a apropriação, pelo
setor privado, do patrimônio público, bem como, geraria desvios funcionais, porém, a própria
administração gerencial, a descentralização, a delegação de autoridade e de responsabilidade
ao gestor público, o rígido controle sobre o desempenho exercido através dos indicadores
acordados e definidos por contrato, traduzem-se, além de modos mais eficientes de
administrar o Estado, em excelentes mecanismos de controle.
Os conceitos da administração gerencial, para Abrucio (1997), alcançaram o setor público dos
Estados Unidos e da Grã-Bretanha após a eleição do que chamou de “governos
conservadores”, referindo-se à eleição de Ronald Reagan e Margaret Thatcher como
presidentes, respectivamente, daqueles países. No início, os instrumentos do modelo gerencial
foram usados de maneira modesta com o objetivo imediato de reduzir os custos do serviço
público e aumentar a sua eficiência e produtividade. Naquele momento, buscava-se a reforma
do Estado caracterizada, inicialmente, pela redução do número de atividades sob sua
responsabilidade de execução, remetendo, basicamente, à privatização de empresas
nacionalizadas no pós-guerra.
Seguindo o mesmo raciocínio, Pereira (2005) relata que os primeiros países a adotarem de
maneira consolidada e sequencial a administração gerencial, foram a Grã-Bretanha, com a
eleição de Margaret Thatcher em 1979 e os Estados Unidos, com a eleição de Ronald Reagan
em 1980. A Grã-Bretanha aplicou o gerencialismo ao serviço público logo após a posse do
novo governo, e possibilitou que o país passasse por uma reforma administrativa profunda e
bem sucedida.
Como principais medidas – conforme Pereira (2005) – implantou-se uma série de programas
voltados para a modernização dos serviços prestados pelo Estado, o que contribuiu para tornar
o serviço público daquele país mais flexível, descentralizado, eficiente e orientado para o
cidadão, a exemplo da redução do quadro de servidores, privatização de empresas estatais e
criação da Efficient Unity que era uma agência encarregada de acompanhar as melhorias da
administração do serviço público e executar avaliações de desempenho dos servidores.
Conforme destaca Abrucio (1997) a reforma imposta pelo governo da Grã-Bretanha foi mais
bem sucedida que a reforma Americana, principalmente por ter conseguido alcançar um maior
corte de gastos com a administração. Este sucesso ancorou-se basicamente na redução de
25
Países como Austrália e Nova Zelândia, segundo Paula (2005), promoveram reformas
administrativas seguindo o modelo Britânico, o qual havia criado um discurso apropriado para
as reestruturações implementadas, além de se tornar fonte de exemplos para as práticas que se
pretendia implementar.
O modelo adotado pelos Estados Unidos e Grã-Bretanha foi classificado por Abrucio (1997,
p.18) como “modelo gerencial puro”, e o autor delimita a busca pela eficiência como foco
central das mudanças advindas com a sua implantação. Em contrapartida, as novas estratégias
de ação implementadas pelo modelo tem como base a separação entre política e
administração, assim, a sua implementação deveria ficar a cargo dos responsáveis pela
reforma, independente do que ocorresse na política. O apoio político, portanto, é
imprescindível para a consolidação das reformas. Ronald Reagan não teve a capacidade de
articulação de Margaret Thatcher para conquistar o apoio majoritário no congresso às suas
reformas, prejudicando a implantação do gerencialismo puro na sua administração.
A primeira reforma administrativa no Brasil ocorreu a partir de 1930 com a chegada ao poder
do governo Getúlio Vargas. Advindo da necessidade constante de intervenções do Estado no
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setor produtivo, devido ao processo acelerado de industrialização pelo qual passava o país, o
modelo de administração burocrática foi implantado e as primeiras ações voltaram-se à
criação de carreiras e estabelecimento de regras para acesso ao serviço público. A criação do
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1936, teve como principal
objetivo a modernização da administração pública do país, que, naquela época, era marcada
pela centralização do poder e pelo patrimonialismo:
Segundo Paula (2005, p.87), o DASP representou a busca por um “Estado moderno” e por
uma “burocracia pública profissionalizada” sendo responsável pela organização do Estado nas
áreas de planejamento, orçamento e administração de pessoal. Entre os anos de 1945 e 1964
houve várias tentativas de se retomar a reforma, porém, estas tentativas foram limitadas pelas
forças políticas de sustentação do governo, para as quais interessava manter o atual sistema de
mérito e a negociação de cargos públicos como favores.
Conforme Pereira (2005) o primeiro sinal de administração pública gerencial no Brasil foi a
criação, em 1938, da primeira autarquia. Este fato marcou o surgimento da administração
indireta, com a descentralização de serviços públicos, os quais não precisariam obedecer
todos os requisitos burocráticos da administração direta. Seguindo o raciocínio, o autor relata
que a primeira tentativa de introduzir a reforma gerencial na administração pública brasileira
somente veio a acontecer no final da década de 60, com a edição do Decreto-Lei nº 200, de 25
27
de fevereiro de 19673, sob a orientação de Hélio Beltrão, que após participar da reforma
administrativa de 1967 foi ministro da desburocratização entre 1979 e 1983.
Segundo Paula (2005) a reforma administrativa advinda foi de implementação mais efetiva,
considerando que o país era governado pelo regime militar, que havia assumido o poder em
1964, não havendo, pelas características do próprio regime de governo, necessidade de se
fazer conciliações ou buscar apoio político para programar as reformas.
Porém, se por um lado o regime militar se beneficiou com esta centralização do poder de
decisão em suas mãos e inexistência de oposição que ensejasse negociações por apoio, por
outro lado, a sua tentativa de reforma não foi bem sucedida justamente por não permitir o
acesso das estratégias de mudança na administração direta, que ficou ilhada em meio às
mudanças promovidas na administração indireta.
Sob a ótica de Pereira (2005), a reforma administrativa objetivada pelo Decreto-lei nº 200/67
não se consolidou pelo fato de ter se dado total ênfase à descentralização, através da
concessão de autonomia à administração indireta e não seguir o mesmo padrão de reformas
com a administração direta, a qual se manteve envolta em rígidos padrões burocráticos. Com
isso, se por um lado verificou-se o aumento da eficiência da administração descentralizada de
produção de bens e serviços, por outro, não houve mudanças no âmbito da administração
central, que foi blindada pelos militares.
3
Dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a reforma administrativa no
Brasil no ano de 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm> Acesso
em: 30 janeiro 2013.
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Com a transição democrática ocorrida em 1985, com a eleição de Tancredo Neves e, devido à
sua morte, a posse de José Sarney, não houve nenhuma tentativa de reforma do aparelho
estatal. Pelas características populistas dos partidos que comandavam a transição, e pela
euforia democrático-populista gerada pela queda do regime militar, no plano administrativo
houve uma volta aos ideais burocráticos dos anos 30 e no plano político a tentativa de
reinstalar o populismo dos anos 50, não sendo considerada a grave crise que o país
atravessava naquele momento. Esta era a situação naquele momento:
Segundo Paula (2005) a crise fiscal, na qual o Brasil encontrava-se mergulhado, chamou a
atenção de organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial
(BIRD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) os quais, interessados em
apoiar a reconstrução da economia dos países emergentes, incentivaram a adesão destes países
a novos modelos de gestão e estratégias de desenvolvimento, todos eles incorporados na nova
administração pública, estas recomendações, provenientes de estudos sobre a viabilidade de
implantação de modelos gerenciais de administração nos países latinos, ficaram conhecidas
como “Consenso de Washington”.
A satisfação popular induziu o governo ao erro fatal de supor que o simples fato do Estado ter
passado por uma transição de regimes já produziria mudanças substanciais na economia,
mudanças estas capazes de promover o consumo e, consequentemente, o ajuste fiscal. Esta
inércia inicial, aliada a medidas subsequentes dotadas de caráter emergenciais e dissociadas
da realidade pela qual passava a economia mundial e brasileira, colocaram o país ainda mais
no centro da crise.
Salienta Pereira (2005), que o novo governo tentou retomar o crescimento e aumentar a
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Pereira (2005) tece severas críticas ao capítulo da CRFB que define e dita normas sobre a
administração pública, considerando-o um retrocesso administrativo para o Brasil:
Segundo Paula (2005), Luiz Carlos Bresser Pereira foi o grande responsável pela implantação
da administração pública gerencial no Brasil. Inicialmente, Bresser Pereira foi nomeado
Ministro da Administração Federal e da Reforma do Estado (MARE). Após sua indicação
para o MARE, Bresser Pereira viajou para a Grã-Bretanha, com o objetivo de estudar a nova
administração ali implantada.
Sob a ótica de Pereira (1999) a reforma gerencial brasileira implantada pelo governo
Fernando Henrique Cardoso foi, de certa forma, bem sucedida, e uma prova disto foi a
aprovação da emenda constitucional da reforma, pelo Congresso, com muito poucas
alterações em relação à proposta original do governo. Foram aprovadas ainda, as leis que
definiram as agências executivas e organizações sociais, com contratos de gestão que
permitiam medir o desempenho alcançado por cada organização depois de ganhar maior
autonomia; a lei do regime jurídico único foi alterada, extinguindo privilégios e diversificando
o regime trabalhista dos servidores públicos; a gestão pela qualidade total foi potencializada.
Além disso, a reforma contou com o apoio da opinião pública, das elites políticas dos altos
funcionários o que facilitou para que a reforma gerencial modificasse as atividades exclusivas
do Estado, privatizasse empresas estatais, diminuísse o clientelismo e as políticas
redistributivas, fatores estes que alavancaram o ajuste fiscal e possibilitariam ainda a melhor
prestação dos serviços públicos pelo Estado.
Em sentido oposto, para Bucci (2002, p.75), a reforma brasileira ocorreu obedecendo uma
posição subalterna do país perante o conjunto de nações, sendo orientada por pressões dos
4
Emenda constitucional que promoveu a reforma administrativa no Governo Fernando Henrique Cardoso.
Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/.../emc19.htm> Acesso em:04 Fevereiro
2013
32
A crise econômica mundial na qual, vários países dentre eles o Brasil, encontravam-se
mergulhados desde os anos 80, afetava, consequentemente, os estados da federação. O estado
de Minas Gerais, no início dos anos 90, se viu diante de uma grave crise fiscal delineada pelo
esgotamento do modelo burocrático e pelo aumento gradual do déficit de desempenho na
qualidade e quantidade de serviços públicos prestados.
A grave crise instalada no Estado de Minas Gerais naquela época, conforme destaca Anastasia
(2006), motivou-se pelo fato de o Estado não ter feito os ajustes necessários de adaptação à
nova situação econômica nacional, marcada pela estabilização da moeda, que provocou,
consequentemente, alterações nos mecanismos fiscais do Poder Público. Sem promover os
ajustes necessários, a Administração Estadual encontrava-se impossibilitada de cumprir seus
objetivos, a deficiência apresentada por setores como os da educação, saúde, segurança
pública, transportes, fomento ao desenvolvimento econômico, dentre outros, aumentavam o
descrédito do aparato estatal perante a população.
Em 2002, a candidatura de Aécio Neves contou com a aliança de várias correntes políticas do
Estado, o que culminou com a sua eleição, com recorde de votação, ainda no primeiro turno.
Estava sendo delineado naquele momento um importante requisito para a implementação das
mudanças necessárias no modelo administrativo do Estado de Minas Gerais, qual seja, o
apoio político.
A estratégia de reforma adotada pelo governo Aécio para combater a crise e levar o Estado ao
ajuste fiscal foi chamada “Choque de Gestão”.
O programa de governo, que havia sido escrito com o apoio de um grupo de técnicos de
diversas áreas do serviço público, sob coordenação do professor Antônio Augusto Junho
Anastasia, foi precedido de um pormenorizado estudo das condições de resposta do Estado,
sendo detectado que o principal foco de mudanças deveria ser o modelo de produção de
serviços por ele prestados.
O choque de gestão, sob a ótica de Vilhena et al (2006, p.21), corresponde a “um conjunto
integrado de políticas de gestão pública orientado para o desenvolvimento”. As políticas de
gestão pública, nesse contexto, compreendem ações com aplicações em três áreas: a)
macrogovernamental (governo), b) institucional (organizações governamentais) e c)
individual (servidor) com vistas a possibilitar agregação de valor público nas categorias de
resultados (qualidade), processos (agilidade) e recursos (economicidade). Essas ações foram
precedidas da edição de um conjunto de 63 leis delegadas em janeiro de 2003, e contaram
com a extinção de secretarias, superintendências, diretorias, unidades administrativas e cargos
comissionados.
Ao observarem-se as estratégias adotadas pelo Governo de Minas Gerais, pode ser verificado
que visaram reduzir o tamanho da máquina estatal e aumentar a eficiência dos serviços
prestados, principais traços da administração gerencial. Na primeira reunião gerencial do
governo, realizada em 18 de fevereiro de 2003, foi apresentado aos executivos-chave da sua
área gerencial o conceito e os objetivos do novo modelo de planejamento a ser implantado,
que seria chamado “Duplo Planejamento”.
Assinala Vilhena et al (2006), que o duplo planejamento, também conhecido como “processo
dual”, nasce da necessidade dos agentes econômicos competir no presente e, paralelamente,
preparar-se para o futuro. Portanto, não basta somente traçar uma estratégia englobando
presente e futuro. A abordagem dual exige duas estratégias simultâneas e coerentes entre si,
uma com foco na excelência na gestão do presente e outra com foco nas mudanças necessárias
para o gerenciamento futuro.
Todas estas medidas adotadas pelo Governo de Minas Gerais causaram forte impacto nos
efeitos da crise e na capacidade administrativa do Estado, logrando êxito em reduzir
drasticamente o déficit público, culminando com o anúncio em novembro de 2004, do déficit
zero.
A necessidade de uma visão de futuro pregada pelo duplo planejamento provocou a revisão
do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2004-2007, no ano de 2006,
ocasionando a edição da Lei 17 007 de 28 de setembro de 2007, a qual estendeu a projeção de
metas até o ano de 2023, sendo que a tônica “Tornar Minas o melhor Estado para se viver”
permaneceu inalterada. O planejamento estratégico, consolidado na nova administração
mineira como tema imprescindível à consecução dos objetivos Estatais, levou a introdução do
conceito de gestão pública por resultados em todos os setores da Administração Pública do
Estado, surgindo assim, os primeiros indícios da implantação no Estado da Reforma de
Segunda Geração, a qual foi denominada “Segunda Geração do Choque de Gestão”.
Assevera Lemos (2009) que o principal desafio para a consolidação da reforma de segunda
geração no Estado de Minas Gerais passava pela forma de se fazer o planejamento
governamental, no funcionamento do seu aparato e respectivos arranjos institucionais e na
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gestão dos recursos, principalmente os recursos humanos. Para tanto, foram implementadas as
seguintes estratégias:
a) Revitalização do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) precedida de
estudos de cenários exploratórios para os contextos mundial, nacional e estadual, de modo a
propor os objetivos prioritários de governo e do Plano Plurianual de Ação Governamental
(PPAG) que estabeleceu os programas de governo e a carteira de projetos estruturais;
b) Criação de um novo arranjo institucional com modelo próprio de gestão orientado a
resultados que tem como base a avaliação de desempenho institucional realizada a partir da
celebração de acordo de resultados5. Além de novas formas de relacionamento entre o setor
público e o setor privado através da realização de parcerias sem fins lucrativos, com as
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e com fins lucrativos, através
das Parcerias Público-Privadas;
c) Incremento no padrão de gestão de pessoas, com incentivo a capacitação e estabelecimento
de política de recursos com ênfase na avaliação de desempenho.
O acordo de resultados, desta forma, surge como um mecanismo importante que visa agregar
eficiência à execução das políticas públicas orientadas para o desenvolvimento econômico,
social e sustentável do Estado de Minas Gerais. A partir de 2003 foi adotado um sistema de
contratualização (acordo de resultados) com base na Lei 14 6946 de 30 de julho de 2003 e dos
decretos 43 6747 e 43 6758 ambos de 04 de Dezembro de 2003, sendo que, à partir de 2007
essa legislação sofreu algumas alterações, quando da implementação da segunda geração do
Choque de Gestão, sendo a Lei 14 694/03 revogada pelo artigo 51 da Lei nº 17 600, de 1 de
julho de 2008 a qual, juntamente com algumas outras disposições legais, visaram adequar o
acordo de resultados à política de governo do Estado naquele período em que foram
aprovadas.
5
“Instrumento de pactuação de resultados, mediante negociação entre dirigentes de órgãos e entidades do Poder
Executivo e as autoridades que sobre eles tenham poder hierárquico ou de supervisão” (LEMOS, 2009 p47).
6
Disciplina a avaliação de desempenho institucional, o acordo de resultados, a autonomia gerencial,
orçamentária e financeira, a aplicação de recursos orçamentários provenientes de economias com despesas
correntes, no âmbito do poder executivo e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/index.html> Acesso em: 07 Fevereiro 2013.
7
Dispõe sobre a aplicação, no âmbito do Poder Executivo, de recursos em desenvolvimento institucional e
prêmio por produtividade, provenientes da economia de despesas de que trata a Lei nº 14.694, de 30 de Julho de
2003. Disponível em: <http://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/index.html> Acesso em: 07 Fevereiro 2013.
8
Dispõe sobre a avaliação institucional, o acordo de resultados e a autonomia gerencial, orçamentária e
financeira, no âmbito do poder executivo, de que trata a lei 14.694, de 30 de julho de 2003. Disponível em:
<http://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/index.html> Acesso em: 07 Fevereiro 2013.
37
A crise instalada no Estado de Minas Gerais desde o final da década de 80, e que se agravou
severamente em meados da década de 90, afetou gravemente a capacidade de resposta dos
órgãos públicos estatais. A falta de recursos para investimento, e até mesmo para o custeio
básico dos serviços, colocava em xeque perante a opinião pública a crença de ter seus anseios
atendidos pelos serviços públicos existentes em Minas Gerais.
Neste contexto, afirma Souza et al (2011) que a PMMG, no ano de 2003, marco inicial da
introdução da administração gerencial em Minas Gerais, encontrava-se sucateada, com sérios
déficits em seus quadros de efetivo e problemas generalizados de ordem logística.
No ano de 2003, ainda era muito recente a criação da Secretaria de Estado de Defesa Social
(SEDS), a qual foi incumbida de gerir os esforços operacionais dos órgãos do Sistema de
Defesa Social e os recursos alocados à segurança pública, em que pese expressivos quando
38
Com técnicas importadas da Polícia de Nova York (Estados Unidos), no final dos anos 90 foi
criado na PMMG um programa de modernização organizacional caracterizado pela
introdução do georreferenciamento como ferramenta complementar do planejamento.
agência procurou desdobrar os indicadores pactuados com os órgãos que compunham a sua
pasta de governo, iniciando a pactuação de metas entre a PMMG e o Governo, via SEDS.
A Administração Pública, conforme conceituada na subseção 2.1, trata-se de cada setor que
constitui a máquina estatal, cada órgão responsável pela execução das políticas públicas do
Estado, bem como, os serviços prestados à população, ou seja, trata-se do conjunto de órgãos
os quais têm por lei a função de administrar o Estado e executar as políticas públicas.
Como regra geral, está submetida a esses princípios a Administração direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal, Municípios. Assim, as Autarquias,
Fundações Públicas, Agências reguladoras e executivas, Empresas Públicas e Sociedades de
Economia Mista9.
9
Disponível em: < http://www.webjur.com.br/doutrina/Direito_Brasil.htm> Acesso em: 8 janeiro 2013
41
Para Marinela (2012) princípios são proposições básicas, fundamentais, típicas, que
condicionam as demais estruturas e institutos subsequentes de uma disciplina. São, portanto,
os alicerces, os fundamentos da ciência e surgem como parâmetros para a interpretação das
demais normas jurídicas.
Não se devem confundir princípios com orientações que, segundo a discricionariedade dos
atos administrativos, o Administrador pode furtar-se de obedecê-los quando da atuação em
razão de sua função, pelo contrário, sendo a Constituição da República Federativa do Brasil
uma lei, tudo o que nela se encontra inserido são leis, adotando os princípios da
Administração Pública posição de superioridade sobre as demais leis, por fundamentar a
aplicação delas:
Neste sentido, o referido autor conclui que os cinco primeiros princípios estão expressamente
previstos no artigo. 37 Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) e os demais,
embora não mencionados, foram acrescidos pelo artigo 2º da Lei Federal 9 78410 de 29 de
janeiro de 1999 que dispõe que “A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”(BRASIL,
1999).
Complementa Meirelles, que a Lei Federal 9.784/99 determina que todos os entes federados
devem obedecer aos princípios da administração pública, na prática de atos inerentes às
funções públicas.
[...] decorrem do nosso regime político, tanto que, ao lado daqueles, foram
textualmente enumerados pelo art. 2º da Lei Federal 9.784, de 29.1.99. Essa
mesma norma diz que a Administração Pública deve obedecer aos princípios
acima referidos. Pelo que nela se contém [...] normas gerais da atividade
administrativa não só da União, mas também dos Estados e Municípios.
(MEIRELLES, 2010, p.88).
Para Pazzaglini Filho (2003), os princípios são multifuncionais, e possuem como principais
funções: a normogenética (direcionam a laboração, o alcance e a aplicação das leis); a
sistêmica (promovem a harmonia entre as normas promovendo a unidade do sistema jurídico);
a orientadora (servem de mandamentos direcionadores da aplicação da constituição no
exercício da função pública administrativa e jurisdicional); a vinculante (todas as demais
regras do ordenamento jurídico estão atreladas aos princípios que as ensejaram); a
interpretativa (a interpretação dos princípios constitucionais deve acompanhar a evolução dos
valores éticos, sociais e políticos da sociedade, e, consequentemente, a interpretação das
10
Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Disponível em: <
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9784.htm> Acesso em: 08 janeiro 2013.
43
normas vinculadas a estes princípios também deve acompanhar tal evolução); e a supletiva (
os princípios, além de nortear a aplicação das normas reguladoras, possuem força para suprir
a insuficiência ou falta de norma jurídica peculiar a determinado caso concreto, sendo
aplicados diretamente).
Para Mello (2002) o interesse público não deve ser entendido como antagônico aos interesses
privados, ou seja, o interesse do todo não é dotado de consistência autônoma, não é uma
realidade independente e estranha a qualquer interesse privado, muito antes, pelo contrário,
trata-se de uma forma específica da manifestação dos interesses das partes.
11
Procedimento através do qual o Poder Público compulsoriamente despoja alguém de uma propriedade
e adquire, mediante indenização, fundado em um interesse público. Disponível em: <
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6976> Acesso em: 08 janeiro 2013.
44
Uma parte ainda minoritária da doutrina brasileira reúne esforços para desconstruir o
princípio da supremacia do interesse público, por considerá-lo como base do autoritarismo
retrógrado e ultrapassado, onde a conceituação inexata do termo “interesse público” justifica,
muitas vezes, abusos e arbitrariedades praticados pelos administradores (MARINELA, 2012).
deve ter no trato para com a coisa pública, sob a qual detém somente o dever legal de bem
administrar, e, em hipótese alguma, o poder de gerir como assim julgar melhor ou, de acordo
com seus interesses ou de terceiros.
Marinela (2012) salienta que o princípio da indisponibilidade do interesse público atua como
contrapeso na concessão de posição de superioridade fornecida à Administração Pública pelo
princípio da supremacia do interesse público. Neste contexto, o princípio em pauta exige
maiores cuidados e obediência a inúmeras formalidades, tendo em vista que esta atuação deve
ocorrer nos limites da lei.
Segundo Pazzaglini Filho (2003, p.58) a máxima do direito Inglês “rule by the law, not by
men”, que significa: as leis governam, não os homens, define bem o Estado de Direito. Nele, o
Administrador está condicionado a fazer somente o que está previsto na lei.
Complementa Pazzaglini Filho (2003), que a atuação do agente público não se encontra
subordinada somente à lei aplicável à determinada conduta frente a um caso concreto, ela
subordina-se também a todas as normas jurídicas e aos princípios constitucionais que regem a
atuação administrativa.
Assinala Pazzaglini Filho (2003) que o homem pode fazer tudo que não for proibido pela
norma jurídica, além de não poder ser compelido a fazer ou deixar de fazer o que ela não lhe
determine. Já o Agente Público possui sua atividade vinculada à previsão legal, ou seja, a
existência de uma lei prevendo a conduta adotada é pressuposto básico para que seja lícita.
47
Moral12 é uma palavra de origem latina, que provém do termo moris (“costume”). Refere-se
ao conjunto de crenças, costumes, valores e normas de uma pessoa ou de um grupo social, e
guia o comportamento dos indivíduos pertencentes a determinado grupo estabelecendo o que
é correto e o que não é dentro do pacto social. A moralidade constitui o conjunto de normas
morais as quais devem ser respeitadas enquanto indivíduo pertencente a um grupo social.
Para Marinela (2012) o princípio da moralidade exige que a administração e seus agentes
12
Disponível em: <http://conceito.de/moral#ixzz2KyJD7QFg> Acesso em: 13 fevereiro 2013.
13
Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=387196>. Acesso em:
08 Janeiro 2013.
48
atuem em conformidade com princípios éticos aceitáveis socialmente, logo, este princípio
associa a ideia de honestidade, de obediência a padrões éticos, de boa fé, de lealdade, de
disciplina interna na Administração Pública.
Salienta Pazzaglini Filho (2003), que o princípio da publicidade atua como requisito essencial
para a transparência do ato administrativo, para o controle interno e externo das atividades do
Estado e como provedor de segurança jurídica para os cidadãos e para a sociedade, sendo
requisito para eficácia dos atos produzam efeitos externos aos Poderes Públicos.
Nesse mesmo sentido, destaca Marinela (2012) que o princípio da publicidade nada mais é
que a divulgação tendo como finalidade o conhecimento público. Este princípio parte da ideia
de que o administrador exerce função pública, atividade esta em nome do interesse público,
logo, nada mais justo que o povo, titular desse interesse tenha ciência do que está sendo feito
com seus direitos.
51
Com isso, as guarnições de patrulhamento com cães, lançadas nos diversos turnos de serviço,
também estarão aptas a atuar somente de acordo com a especialidade do cão a qual
transportam. Dentro dos pressupostos básicos do princípio da eficiência, é importante
verificar se há possibilidade de se treinar um mesmo cão para executar mais de uma função,
quais sejam, policiamento ostensivo e localização de entorpecentes através do faro, e verificar
ainda, qual(is) os benefício(s) que podem advir desta estratégia de ação.
Marinela (2012) ressalta que o princípio da eficiência requer dos serviços prestados pela
Administração Pública um aperfeiçoamento, que tem que ser eficaz quanto aos meios para a
sua implementação e quanto aos resultados obtidos, além da necessidade de eficiência
qualitativa e quantitativa dessas atividades, o que está distante da realidade brasileira. Quanto
aos servidores, a Autora relata que a eficiência aparece como requisito indispensável para a
aquisição e perda da garantia da estabilidade, conforme regras do artigo 41 da CRFB.
A busca pela eficiência, conforme amplamente debatido na seção 2 desta pesquisa, é o foco
14
Deixamos de elencar as provas funcionais, apresentações cinotécnicas de adestramento e as atividades de
cinoterapia (terapia com uso de cães) pelo fato de não constituírem-se diretamente em atividades de preservação da
ordem.
52
central da administração pública gerencial, que busca alinhar os métodos de gestão públicos
aos métodos bem sucedidos da gestão privada, concedendo autonomia aos órgãos,
descentralizando o poder, auferindo resultados e premiando as iniciativas de destaque.
Os métodos de controle a que a administração pública está sujeita, aliados aos seus métodos
de gestão, tornam-na ineficiente, nesse sentido:
Verifica-se que o princípio da eficiência na Administração Pública possui vínculo direto com
a economia de meios (humanos ou logísticos) para se atingir determinado objetivo ou realizar
determinada função pública de forma mais produtiva.
Para Marinela (2012) a eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com
presteza, perfeição e rendimento funcional. Consiste na busca de resultados práticos, de
53
Neste enfoque, o tema desta pesquisa encontra-se embasado teoricamente pelo princípio
constitucional da eficiência, onde será verificado se o emprego do cão de dupla aptidão
agregará eficiência ao policiamento com cães na PMMG, gerando economia de recursos
logísticos e humanos (economicidade) e aumentando a capacidade de resposta das guarnições
(produtividade).
15
Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 5º, inciso LIV.
54
Segundo Marinela (2012) é preciso considerar que este controle ou revisão de atos por parte
de Administração Pública só pode ser implementado com respeito à lei, sob pena de se
cometer ilegalidades e abuso de poder.
Os atos praticados pela Administração Pública devem estar vinculados à lei. Dessa forma,
necessário se torna explicitar a norma justificadora da decisão quando da sua divulgação.
Marinela (2012) esclarece que continuidade significa ausência de interrupção, sequência, ação
incessante. Tal princípio exige que a atividade administrativa seja prestada de forma contínua,
sem intervalos, sem lapsos ou falhas, sendo constante e homogênea.
Dentre os serviços prestados pelos vários órgãos estatais da administração direta e indireta, o
serviço da Polícia Militar de Minas Gerais assume grande importância. O seu fornecimento de
forma ininterrupta é condição essencial para a garantia da estabilidade da vida em sociedade.
A potencialização das guarnições policiais militares através de treinamento, fornecimento de
equipamentos sempre foi uma preocupação do Comando, de forma a garantir uma resposta
satisfatória no teatro de operações frente às diversas situações as quais os militares podem se
deparar.
A especialização de um cão policial para executar mais de uma função poderá permitir,
consequentemente, que a guarnição da qual faça parte possa dar a devida resposta em mais de
56
um tipo de situação advinda em uma mesma ocorrência, sem necessitar solicitar cobertura de
outra guarnição de patrulha com cães, permitindo assim, a prestação de um serviço mais
dinâmico, contínuo e qualificado.
Na próxima seção abordar-se-á sobre a utilização de cães pela PMMG, precedida de uma
breve contextualização histórica da origem e domesticação do cão, do início de seu uso militar
e da introdução do policiamento com cães no Brasil.
57
A suplementação da força de resposta do policial militar através do uso de cães treinados para
o serviço policial é uma atividade difundida mundialmente entre as forças de segurança
pública.
O cão possui características biológicas tais como velocidade, potência lesiva no ataque e
excelente faro, que fazem dele, após treinamento direcionado à atividade policial,
praticamente mais uma arma à disposição de seu condutor no combate à criminalidade.
Para que possamos compreender melhor sobre a evolução do emprego do cão pelo homem,
desde sua domesticação até o momento em que passou a ser usado pelas polícias ao redor do
mundo, iniciaremos esta seção com uma explanação sobre a sua origem.
A literatura científica não é precisa quanto ao período exato de surgimento do cão, bem como,
sobre o animal do qual descende. Em que pese não ser uma teoria com aceitação unânime
entre os cientistas, a maioria das fontes consultadas aponta o lobo cinzento asiático como
ancestral direto do cão, amparadas por semelhanças morfológicas e genéticas entra as duas
espécies, nesse sentido: Geary (1978), Andrade (1990), Maciel (1999) e.Costa (2008).
No passado, o lobo originou-se, segundo Fogle (2009), do leptocyon, que viveu há 7 milhões
de anos e é apontado como ancestral direto dos canídeos, dando origem, primeiramente, aos
lobos, chacais, raposas, e mabecos .
Esta evolução pode ser visualizada através da FIG. 1, a qual apresenta a cadeia evolutiva do
lobo, atribuindo sua descendência ao leptocyon:
58
Segundo Taylor (2006), os primeiros cães surgiram na Eurásia entre 12 e 14 mil anos e sua
descendência foi atribuída, num primeiro momento, ao chacal. Alguns estudiosos aventaram a
hipótese de terem descendido de um híbrido resultante do cruzamento entre o chacal e o lobo.
Porém, a corrente majoritária considera como ancestral do cão o lobo asiático (Canis lupus
pallipes).
Nesse sentido, Geary (1978) afirma que a maioria das autoridades cinólogas considera que o
lobo seja o canídeo primitivo que mais se assemelha ao cão. Os principais indícios genéticos
que corroboram esta afirmativa são as semelhanças na formação dentária, a similaridade
cromossômica, que permite obter uma fecundação através do cruzamento entre cães e lobos
resultando em um indivíduo capaz de reproduzir-se. Como características externas, o lobo e o
cão apresentam ainda outras semelhanças tais como alta sociabilidade entre os membros de
uma matilha ou alcateia e a capacidade de praticar a caça em grupo.
Não há um estudo publicado que aponte de maneira exata a época em que surgiu o primeiro
cão. Estudos arqueológicos indicam, segundo Fogle, que há aproximadamente 15 mil anos
atrás, uma espécie de lobo asiático passou a rondar os acampamentos humanos, ocorrendo
assim os primeiros contatos:
A domesticação do lobo pelo homem foi preponderante para o surgimento do cão, uma vez
que possibilitou que houvesse interferência humana nos acasalamentos, direcionando-os de
modo a fixar as características que mais lhe seriam úteis nas futuras crias.
Assim como a origem e possível época de domesticação do cão são imprecisas, não se tem
conhecimento da época exata em que foi utilizada pela primeira vez no combate. Certo é que,
mesmo nas vilas primitivas, ele já era utilizado visando repelir o ataque de outras tribos.
Nessa linha, Maciel (1999) aponta que as civilizações egípcias, romanas, gaulesas e celtas na
antiguidade já se utilizavam de cães em suas guerras. O tipo de cão empregado à época era
uma espécie de molosso pelo porte avantajado e agressividade demonstrada para com
estranhos. Estes cães eram vestidos com armaduras munidas de pontas afiadas que serviam
para ferir os cavalos ou soldados nos quais encostassem .
Segundo Maciel (1999), na batalha entre bretões e a cavalaria romana no século I antes de
Cristo (a.c), os ingleses empregaram cães na tentativa de evitar a invasão de seu país pelos
romanos. Átila, conhecido rei dos Hunos, também utilizou cães nas batalhas travadas com
Roma para aumentar seus territórios.
O ápice do emprego de cães por forças militares de uma forma nunca vista anteriormente
ocorreu quando da eclosão da 1ª guerra mundial. Na 1ª Guerra Mundial foi empregado um
total aproximado de 400.000 (quatrocentos mil) cães pelos exércitos combatentes, sendo que,
as ações que contavam com o apoio de cães conseguiam atingir de maneira mais abrangente
os seus resultados (ESPÍRITO SANTO, 2008).
Segundo Costa (2008) foi na 1ª guerra mundial que o emprego de cães pelas forças armadas
assumiu um patamar elevado de importância perante os diversos comandos. Após ter sido
usado por quase todos os países que participaram da guerra, seu emprego deixou de ser
61
unicamente para atacar as tropas inimigas, passando a executar funções de busca e salvamento
e guarda de estabelecimentos.
Há relatos de emprego de cães “suicidas”, nos quais era amarrada uma mina explosiva que, no
momento em que o animal passava por baixo dos tanques inimigos, explodia, inutilizando
assim, o veículo de guerra inimigo:
No presente, a intervenção militar mais técnica que se tem conhecimento contou com a
participação de um cão. No dia 02 de maio de 201116, uma equipe de 80 agentes do esquadrão
de elite da marinha americana, conhecido como Seals, após localizar a fortaleza do terrorista
Osama Bin Laden no Paquistão, realizou uma intervenção que durou 40 minutos e culminou
com a morte do terrorista e mais quatro pessoas. A operação contou com o apoio de um cão,
que segundo o jornal The New York Times, possivelmente trata-se de um exemplar da raça
Pastor Alemão ou Pastor Belga Malinois, considerando que todos os dados da operação são
de caráter ultrassecreto.
16
Disponível em: <http://g1.globo.com/morte-de-bin-laden/> Acesso em: 13 de fevereiro de 2013.
62
Segundo Silva (2003) foi na França, no século XIV, onde se originou o sistema de
patrulhamento com cães, onde esporadicamente, o cão era utilizado como guarda de fronteira.
Em 1886 o cão Pastor Alemão começou a ser utilizado em sua terra natal, a Alemanha, em
manifestações, conduções de presos, em presídios e nas rondas, o que o tornou conhecido
como cão policial. Em 1900, a Holanda e a Bélgica também implantaram as patrulhas com
cães.
O marco teórico do surgimento dos cães farejadores foi o ano de 1902, quando, em 28 de
Junho o farmacêutico alemão Adolfo Goeschel fundou a Sociedade para Promoção e Criação
de Cães Policiais. Adolfo havia se perdido e acabou por cair no rio Reno, ocasião em que foi
encontrado e salvo pelo seu cão chamado Hector, que havia seguido o seu rastro pelo odor. A
partir daí, teve a ideia de treiná-lo inicialmente para seguir rastros de ciganos descalçados e,
posteriormente, os rastros de pessoas em geral. Após certo período de treinamento,
evidenciou-se que os cães da raça Pastor Alemão possuem qualidades específicas que lhe
possibilitam destacar em tal atividade (ESPÍRITO SANTO, 2008).
Na América, assinala Andrade (2009), o cão começou a ser utilizado a partir do ano de 1931,
nos Estados Unidos. O departamento de Berkeley desenvolveu um programa de adestramento
e emprego de cães que, após alcançar resultados muito positivos, foi expandido para outros
departamentos como o Departamento de Repressão a Drogas (DEA) e o Federal Bureau of
Investigation (FBI). Devido ao sucesso do emprego de cães na segurança pública americana,
as unidades caninas, conhecidas como K-9, hoje se encontram disseminadas pela maioria dos
seus departamentos de polícia.
Conforme Silva (2003) Inglaterra implantou o uso de cães nas suas Forças Provinciais no ano
de 1935, e o cão foi usado para suprir o déficit de policiais existente à época, suplementando
as patrulhas a pé. Neste mesmo ano, foi criada no Canadá, na cidade de Calgary, uma unidade
de policiamento com cães na Real Polícia Montada, unidade esta que tinha a função principal
de patrulhar áreas rurais. Na década de 60, a unidade de policiamento com cães compunha a
seção de apoio da polícia de Calgary, onde trabalhava em cooperação com a Unidade Tática
63
Na América do Sul, conforme Silva (2003), o primeiro país a utilizar cães no policiamento foi
à Argentina, após o fim da Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, militares alemães
detentor da doutrina de emprego militar de cães conseguem promoveram um grande
aperfeiçoamento da raça. A Argentina possui hoje o segundo melhor plantel de cães pastores
alemães do mundo, ficando atrás somente da Alemanha. Posteriormente, o Chile e o Uruguai
adotaram o uso de cães no policiamento.
Prosseguindo no raciocínio, Silva (2003) ainda cita que o sucesso alcançado com a
implantação do uso de cães, em termos de aumento da eficiência, atingido por outros países
chamou a atenção das forças de segurança brasileiras, as quais buscaram conhecer as técnicas
junto aos países vizinhos, principalmente a Argentina. As forças policiais da região sudeste
foram as primeiras a impostarem os conhecimentos necessários à implantação do
policiamento com cães.
Nessa mesma linha, Maciel aponta os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro como
precursores da implantação de cães no policiamento. Porém, o Estado de São Paulo foi o
primeiro a inaugurara efetivamente o canil da então Força Pública do Estado de São Paulo:
Nesse mesmo sentido, Silva (2003) destaca que os primeiros Estados a implantarem o
policiamento com cães foram São Paulo e Rio de Janeiro, fato ocorrido no final da década de
40. Com a experiência inicial destes dois Estados, não tardou para que outros estados como
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Distrito Federal e Mato Grosso,
constituíssem também unidades cinófilas em suas corporações.
64
Segundo Maciel (1999), em 1950 inaugurou-se na capital do Estado o canil da Força Pública
de São Paulo, atualmente Polícia Militar do Estado de São Paulo. Inicialmente, este canil era
composto por quatro cães, dos quais dois provinham da Argentina. Em 1967 o canil foi
elevado ao status de Companhia de Cães de Polícia, ocorrendo gradualmente a
descentralização desta modalidade de policiamento para as Unidades do interior do Estado
Paulista.
Frank (2008) assinala que a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro criou efetivamente o
seu canil em 1955, na cidade do Rio de Janeiro. Inicialmente, foi chamado de Canil da Polícia
(CP), o qual constituía a 4º Companhia do 4º Batalhão. Posteriormente, foi denominado
Companhia Independente de Cães de Policiamento (CICP) e, após passar a fazer parte do
Destacamento de Atividades Especiais (DAE), recebeu a designação de Companhia de
Policiamento com Cães. Após as experiências lograrem êxito nos Estados do Rio de Janeiro e
São Paulo, o método tornou-se bastante divulgado, o que o levou a ser implantado em Minas
Gerais em junho de 1957, seguido pelas Polícias Militares do Distrito Federal, Paraná,
Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul.
Segundo Silva (2003), após verificar a grande utilidade do uso do cão pelas Polícias Militares
Brasileiras, a Polícia Federal, Polícia Rodoviária e a Polícia Civil também implantaram canis
em algumas Unidades, passando a contar, principalmente, com a capacidade dos cães de
detectar drogas e explosivos através de faro, além da proteção aos agentes.
O uso de cães foi introduzido na Polícia Militar do Estado de Minas Gerais em 1957 quando
era comandante geral o Sr Coronel Manoel Assumpção e Souza. O chamado serviço com cães
foi criado então pelo Cap Antônio Norberto dos Santos e subordinou-se à 4ª Companhia de
Policiamento (4ª CP) do 5º Batalhão de Infantaria (5º BI). O 5º Batalhão de Infantaria foi
transformado então no 5º Batalhão de Policiamento Ostensivo (5º BPO) recaindo sobre o
canil a missão de auxiliar no policiamento ostensivo (MINAS GERAIS, 2004).
65
A doutrina de adestramento foi obtida junto à Polícia Militar do Distrito Federal, onde
estagiaram o 2º Ten Cícero Magalhães e o 1º Sgt Eurípides Gomes da Silva, pertencentes à 4º
Companhia de Policiamento. Concluída a instrução dos referidos militares em Brasília, a
PMMG adquiriu em criatórios do Estado de São Paulo doze cães da raça pastor alemão (seis
machos e seis fêmeas) ( MINAS GERAIS, 2004).
A primeira sede do canil foi o Departamento de Instrução (DI), no bairro Prado, atual
Academia de Polícia Militar, de onde saiu em 31 de janeiro de 1958, transferindo-se para o
bairro Taquaril, atualmente bairro Saudade, onde encontra-se sediado até os dias atuais
( MINAS GERAIS, 2004).
No decorrer dos anos, o Canil da PMMG pertenceu a várias unidades, dentre elas o 1º
Batalhão (BG) e o Batalhão de Polícia Choque (BPChq), sendo em 1999 designado 4ª Cia do
então recentemente criado Batalhão de Policia de Eventos (BPE).(MINAS GERAIS, 2004).
17
Define mudanças no organograma da PMMG no ano de 2010. Disponível em: <
https://intranet.policiamilitar.mg.gov.br/intranet/app/legislacao/consulta.action> Acesso em: 13 fevereiro 2013.
66
Em 03 de abril de 2012, foi editada pela PMMG a resolução 4 208, a qual dispõe sobre a
assistência médica veterinária, controle patrimonial e otimização do uso e da durabilidade dos
semoventes da PMMG e dá outras providências no que tange à administração do manejo e
emprego de semoventes, classificando a Cia Ind PCães como Unidade Central de
Policiamento com Cães do Estado:
A PMMG conta hoje com 26 Unidades de Execução Operacional dotadas de canil, localizadas
em 26 municípios do Estado de Minas Gerais. A tabela 1 elenca as Unidades possuidoras de
canis, o município onde se localizam e a quantidade de cães de seus plantéis.
67
TABELA 1
Unidades da PMMG que possuem canil, município onde se localizam e nº de cães do plantel –
Janeiro/2013.
UNIDADE CIDADE Nº DE CÃES
CIA IND PCães Belo Horizonte 84
1ª CIA MESP Contagem 14
2ª CIA MESP Uberlândia 09
3ª CIA MESP Juiz de Fora 14
6ª CIA MESP Uberaba 09
8ª CIA MESP Montes Claros 02
3º BPM Diamantina 05
8º BPM Lavras 08
9º BPM Barbacena 09
11º BPM Manhuaçu 05
12º BPM Passos 03
14º BPM Ipatinga 07
15º BPM Patos de Minas 07
20º BPM Pouso Alegre 06
21º BPM Ubá 09
23º BPM Divinópolis 08
24º BPM Varginha 09
25º BPM Sete Lagoas 10
26º BPM Itabira 09
31º BPM Conselheiro Lafaiete 06
37º BPM Araxá 08
42º BPM Curvelo 08
45º BPM Paracatu 09
46º BPM Patrocínio 03
47º BPM Muriaé 01
56º BPM Itajubá 05
Fonte: PMMG/CPE/Cia Ind PCães.
Segundo Costa (2008), o uso de cães em regiões de fronteira é uma prática consagrada nas
polícias de todo o mundo. Nestes locais, esta modalidade de policiamento atua no combate ao
tráfico de drogas, tráfico de armas, fuga e entrada de indivíduos procurados pela justiça.
68
• Policiamento ostensivo;
• Operação de busca, resgate e salvamento;
• Demonstração de cunho educacional / recreativo;
• Policiamento em praças desportivas;
• Controle de distúrbios civis;
• Contra guerrilha rural e urbana;
• Provas oficiais de trabalho e estrutura;
• Controle de rebeliões e / ou fuga de presos;
• Formaturas e desfiles de caráter cívico - militar;
• Detecção de entorpecentes;
• Detecção de explosivos, e
• Outras missões para as quais estejam treinados.
(ESPÍRITO SANTO, 2008, p.127).
69
Considerando ser desnecessária para esta pesquisa a abordagem pormenorizada de cada uma
das missões de um canil, daremos ênfase nas duas missões que se constituirão nos requisitos
da dupla aptidão do cão objeto do tema, quais sejam policiamento ostensivo e detecção de
entorpecentes através do faro.
É a modalidade mais comum e mais utilizada pelas polícias do Mundo inteiro e é empregada,
segundo Frank (2008), em apoio a qualquer Unidade Operacional, sobretudo, naquelas que
sobrevierem à eclosão de zonas quentes de criminalidade18 (ZQC) . Nela a dupla cão/condutor
pode estar a pé ou embarcada em viatura.
O cão empregado nesta modalidade de policiamento é chamado cão de patrulha, que, na visão
de Maciel, possui as seguintes características:
Complementando, Frank (2008) considera que este tipo de policiamento deve ser executado
principalmente em zonas residenciais e comerciais, possibilitando assim, que a grande
influência psicológica advinda da presença do cão aumente a segurança da população e
também a segurança dos policiais, principalmente durante a execução de abordagens e buscas
pessoais. Os cães utilizados neste tipo de policiamento são treinados para a patrulha e guarda.
A patrulha deve ser formada por um policial e seu cão, ou, de acordo com os critérios do
comando, é possível montar uma patrulha com dois policiais e dois cães, ou dois policias e
um cão, levando sempre em conta que o cão, estando bem adestrado, tem plenas condições de
18
Locais com índices criminais mais elevados[...](MINAS GERAIS, 2002).
70
fornecer segurança para o policial trabalhar sozinho. O nível de adestramento necessário para
que o cão execute este serviço é o básico (ESPÍRITO SANTO, 2008).
Cães de dupla função são usados pelo exército americano em diversas funções. O exército
americano busca um cão de patrulha com temperamento equilibrado, tolerante com a presença
de pessoas, que permita ser utilizado em diversas áreas e ambientes de uma instalação,
incluindo locais com grande fluxo de pessoas como aeroportos, lojas e áreas industriais,
possibilitando o emprego das equipes de policiamento com cães procederem à detecção e
localização de drogas (UNITED STATES, 1993).
odores, alertando o seu condutor quando da constatação da presença destes odores em algum
local (UNITED STATES, 1993).
A equipe deve ser formada pelo cão, seu condutor (guia), e por outro policial, chamado de
auxiliar, que terá a missão de segurar o cão enquanto o guia realiza uma vistoria no local no
sentido de retirar qualquer material que possa oferecer perigo ao cão (fios desencapados, caco
de vidro, materiais suspensos que possam cair e machucá-lo ou distraí-lo), além de alimentos,
restos de comida, animais de estimação (SANTA CATARINA, 2003).
Segundo Mesloh (2000) o cão possui uma capacidade olfativa 44 vezes maior que a do
homem, além de possuir ainda a capacidade de distinguir uma enorme gama de odores,
imperceptíveis aos humanos e até mesmo a mais alta tecnologia.
Várias raças de cães demonstram aptidão para serem utilizados como farejadores, dentre elas,
o Pastor Alemão e o Pastor Belga Malinois, os quais são também considerados típicos para
emprego em outras atividades policiais, demonstrando que estas duas raças possuem dupla
aptidão, senão vejamos:
A raça dos cães pode variar em muito, dependendo das diferentes regiões, de
aspectos ambientais e da própria disponibilidade das raças. A raça ideal será
aquela em que a habilidade do faro seja altamente instintiva, associada a um
ímpeto intenso para brincar e recuperar objetos. Praticamente todas as raças
esportivas de cães pertencem a essa categoria, muito embora predominem
animais como o Labrador Retriever, o Golden Retriever e o Pointer Alemão
de pelo Curto. Além disso, os cães empregados em atividade policial em
geral, como Pastores Alemães e Pastores Belgas Malinois revelam a sua
eficácia no campo da detecção de drogas (HELFERS, 2005, p. 7). Destaque
nosso
72
O pressuposto básico do uso do cão nas atividades de polícia ostensiva reside na fobia natural
que a maioria dos seres humanos tem em reação a ele, advinda de nossos antepassados
primitivos que já temiam o ataque das alcateias de lobos. Nesse sentido:
A utilização técnica do cão com treinamento para a atividade policial propicia economia de
efetivo, maior impacto psicológico, maior segurança do Policial, valorização da tropa e maior
possibilidade de êxito em determinadas missões (DISTRITO FEDERAL, 2008).
Corroborando este pensamento, tem-se que o uso adequado do cão permite ao policial realizar
sua missão de forma mais eficaz e, em muitos casos, com significativa economia de mão de
obra, tempo e dinheiro. O cão possui um forte elemento psicológico dissuasor de intenções
criminosas (UNITED STATES, 1993).
O direcionamento pelos humanos dos cruzamentos entre os cães, de forma intencional a fixar
características que aumentassem sua capacidade de satisfazer as necessidades daqueles, foram
provocando mudanças morfológicas que culminavam com o aparecimento de novas raças
(COSTA, 2008).
Nesse sentido, Taylor (2006) atribui à versatilidade das raças já existentes e às combinações
biológicas entre estas raças, promovida pelo homem os fatores determinantes para o
surgimento de animais cada vez mais inteligentes, enérgicos, providos de força, velocidade,
excelente visão, um fantástico sentido do olfato, sociabilidade e habilidades de caça.
A evolução do cão para uso policial não foi diferente, tendo acompanhado esta especialização
das raças de cães, conferindo à sua genética atributos voltados para reforçar as habilidades
pretendidas, aliadas a cientificidade incorporada à nutrição e às técnicas de treinamento.
73
Assim, as forças policiais foram determinando qual cão atenderia de maneira mais eficiente às
suas necessidades. Dessa forma, algumas raças assumiram posição de superioridade em
relação aos resultados alcançados quando empregadas no apoio aos policiais (UNITED
STATES, 1993).
Existem cães que realizam mais de uma função policial, o que lhes confere a denominação de
cães de dupla função. As raças destes cães, por sua vez, por apresentarem aptidão dupla, são
conhecidas como raças de dupla aptidão. Neste contexto, considera-se cão de dupla aptidão
aquele animal cuja raça possua condições de realizar mais de uma função, sendo chamado de
cão de dupla função à partir do momento que possuir o treinamento e condições para executar
estas funções(UNITED STATES, 1993).
Segundo Costa (2008) um cão de dupla aptidão possui características físicas que o privilegiam
na execução de funções específicas, onde consegue realizar duas tarefas no serviço policial,
sendo mais comuns a de policiamento ostensivo e a de faro de entorpecentes.
Far-se-á uma abordagem sobre as raças de cães previstas para emprego na PMMG, com
ênfase nas que, por ventura, se enquadrarem no perfil para o treinamento de dupla aptidão.
A legislação interna da PMMG estabelece como raça principal formadora do plantel a raça
Pastor Alemão, e considera que as raças Labrador Retriever, Pastor Belga Malinois, Springer
Spaniel, Cocker Spaniel, e Beagle podem eventualmente serem incorporadas ao plantel, para
o atendimento de missões específicas (MINAS GERAIS, 2012a, p. 14-15).
Em que pese não constar na lista de raças permitidas para uso na PMMG, abordar-se-á sobre a
raça Pastor Holandês, por ser considerada pela literatura consultada como muito semelhante
ao Pastor Belga Malinois, e um excelente cão para uso policial, sobretudo para treinamento de
dupla aptidão.
74
Trata-se de uma raça de origem Alemã, usada inicialmente para pastoreio, guarda e
companhia. Segundo Taylor (2006) após a Primeira Guerra Mundial, onde demonstrou sua
aptidão para uso militar de forma preponderante para o sucesso das guarnições que lhe
possuíam, foi introduzido nos Estados Unidos e na Comunidade Britânica espalhando-se pelo
mundo após comprovarem sua performance.
A Alemanha, por ser o país natal da raça Pastor Alemão possui o melhor plantel do mundo.
A FIG. 2 demonstra o padrão do cão da raça pastor alemão, raça que vem sendo moldada para
o uso militar desde o século XVIII.
19
Confederação Brasileira de Cinofilia, entidade ligada à Federação Cinológica internacional e que é
responsável pelo registro e controle do padrão racial de cães criados no território brasileiro. Disponível em:
<http://www.cbkc.org/padroes/grupo1.html> Acesso em: 13 fevereiro de 2013.
75
Segundo Fogle (2009), o pastor alemão é provavelmente a raça mais numerosa do mundo, e
seus atributos fazem dele o cão policial e militar mais bem sucedido do mundo.
Para Andrade (1990) o ponto forte do pastor alemão é o seu temperamento extremamente
inteligente e atitude confiável, o que fazem dele um cão dedicado, atento, amável e afetuoso.
No convívio com outros cães não assume postura provocativa, bem como aceita a presença de
pessoas sem assumir postura de ataque, facilitando o transporte de vários cães no mesmo
veículo.
Complementando, Andrade (1990) afirma que a raça pastor alemão é a raça canina que possui
mais utilidade aos humanos, sendo capaz de seguir pistas, farejar drogas, caçar fugitivos da lei
e guiarem cegos. Também pode ser utilizado como cão de guarda e é muito empregado como
cão policial em vários países, realizando, dentre outras atividades, o combate ao tráfico de
drogas em aeroportos, estações rodoviárias e ferroviárias.
O Pastor Alemão é considerado apto a realizar todas as atividades inerentes a um cão policial,
tanto aquelas relacionadas cujo desempenho requer força física, quanto àquelas que requeiram
faro aguçado, nesse sentido: Helfers (2005) e Maciel (1999).
76
A raça Pastor Belga originou-se de cães de pastoreio existentes nos campos da Bélgica .
Devido à grande variedade de cores e diversidade morfológica alguns Cinófilos20 Belgas,
encabeçados pelo professor de veterinária A. Reul reuniram-se em Cureghen (Bélgica) entre
1891 e 1897 para definir o padrão da raça.
A CBKC admite quatro variedades da raça pastor belga, as quais representam subdivisões que
buscaram agrupar cães que apresentam características externas tais como: cor e pelo mais
padronizadas. Para tanto, a raça Pastor Belga subdivide-se em: Pastror Belga Groenendael,
Pastor Belga Laekenois, Pastor Belga Malinois e Pastor Belga Tervueren.
A raça Pastor Belga Malinois possui excelente faro, e é considerada mais independente que as
demais variedades de pastor belga; já chegou a ser considerado pelo Guiness Book , como o
maior farejador de drogas de todos os tempos. É tão eficiente no serviço policial que durante a
ECO 92, no Rio de Janeiro, foi a raça escolhida para compor a equipe encarregada da
segurança do então Presidente Bush. Entre as quatro variedades, é a que tem apresentado
maior crescimento em termos de popularidade em todo mundo.
Segundo Scanziani (1983) a raça reúne todas as qualidades concebíveis para um cão farejador
de narcóticos, apresentando apenas uma falha, a qual relaciona-se com o seu comportamento
rebelde, que lhe confere certa resistência a rotina de adestramento, bem como uma
rejeição a pessoas estranhas, sendo passível de correção através da paciência e experiência
do adestrador.
20
Palavra que caracteriza o homem que lida, estuda os cães (MINAS GERAIS, 1987, p.32).
77
A dentre as variedades de Pastores Belgas existentes, a Polícia Militar de Minas Gerais possui
exemplares da raça Pastor Belga Malinois, a qual considera mais apta ao serviço policial .
Também integrante do grupo dos cães pastores, a raça Pastor Holandês “surgiu no século XIX
como um cão de fazenda, para vários papéis: pastorear, guardar e puxar pequenas carroças. É
nativo da região sul dos países baixos (província de Brabant) e da Bélgica” (FOGLE, 2009,
p.191).
Segundo Helfers (2005), a raça Pastor Holandês chegou à beira da extinção após a primeira
guerra mundial, quando se iniciou a crescente fama do pastor alemão. Porém, após algum
tempo, a raça ressurgiu com a utilização de pastores belga nos cruzamentos para sua
reformulação.
78
Alderton (2002) admite que o padrão do Pastor Holandês é muito semelhante ao dos pastores
belgas, sobretudo o malinois, atribuindo a cruzamentos entre estas raças a principal
explicação para a tese.
Segundo Fogle (2009), a Associação Holandesa Real de Cães Policiais (KNPV) treina o
Pastor Holandês para todos os papéis do trabalho do cão policial, sendo considerado pelo
autor uma das raças pastoras mais completas.
O Pastor Holandês começou a ser utilizado em atividades de segurança após a diminuição dos
rebanhos, sendo considerado excelente farejador e cão de trabalho por Alderton (2002),
Helfers (2005) e Fogle (2009).
A CBKC considera que Labrador “surgiu na costa da Groelândia, oriundo de cães que eram
utilizados por pescadores para recuperar peixes. O Labrador é um excelente nadador, seu
pelo, resistente às intempéries, e sua cauda singular, que assemelha-se à cauda de uma lontra,
reforçam essa sua característica” (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE CINOFILIA,
2011).
79
Segundo Fogle (2009), o Labrador foi exportado do Canadá para a Inglaterra, a partir do ano
de 1700, onde foi utilizado para recolher caça em regiões alagadas. Seu temperamento dócil e
personalidade amável o fizeram atingir o status de cão de companhia ideal.
Alderton (2002) considera o Labrador como excelente cão farejador, muito inteligente e
carismático, sendo empregado por várias forças policiais pelo mundo na atividade de
localização de entorpecentes.
Nesse sentido, Scanziani (1983) afirma que o Labrador se firmou como cão de polícia, em
especial na busca de drogas dissimuladas em bagagens e automóveis, considerando que seu
temperamento amigável e gentil não lhe credencia para atividades que requeiram uso de força.
Muito ativo, ágil, seguro de si mesmo, teimoso, esse cão é dotado de um faro
excepcional (“Pointer dos Retrievers”!), nada muito bem e é o rei dos
retrievers.[...] É um rastreador tenaz e bom farejador de sangue de caça
ferida. Muito equilibrado, nunca agressivo, o seu bom caráter o torna um
agradável cão de companhia. Sua educação exige firmeza e suavidade
(CANYN, 2001, p.289).
O labrador é utilizado pela PMMG somente nas atividades de faro, conforme informações
prestadas pela Cia Ind PCães.
80
A raça Cocker Spainel Inglês foi utilizada para auxiliar o homem na caça desde sua criação.
De origem Inglesa, sua expansão iniciou-se após ser exportado para a França e Estados
Unidos por volta de 1883, para ser utilizada também em atividades de caça, atualmente,
grande parte da utilização da raça encontra-se voltada para a companhia e para exposições de
beleza (CANIN, 2001).
A “palavra ‘spaniel’ era utilizada antigamente de maneira genérica para se referir a cães que
levantam aves do mato ou pântano e depois as recolhiam para o dono” (FOGLE, 2009, p.150).
Os cães desta raça adoram recolher objetos e nadar. Nesse sentido, Alderton (2002) assevera
que o Cocker é muito utilizado pela polícia para realizar atividades de faro de entorpecentes,
principalmente por conseguirem adentrar em locais onde raças maiores como o pastor alemão
e o labrador não conseguem, além de causarem menos danos nos objetos do suspeito durante
a busca.
Segundo Fogle (2009), a raça nasceu por volta do ano de 1800, através da divisão dos cães
Spaniels existente naquela época, formando uma raça menor, a Cocker, usada para caçar aves
de vegetação rasteira densa, e o Springer, que por ser maior, era especialista na caça de presas
maiores.
As características do Springer o credenciam para uso como cão farejador, aos moldes do
Cocker Spaniel.
82
4.5.7 O Beagle
Fogle (2009) atribui ao Beagle à origem britânica, onde era usado para caça de lebres e
pássaros. O tamanho foi sendo moldado através da seleção genética para que pudesse ser
carregado nas bolsas das selas durante as caçadas.
Segundo Alderton (2002), a raça é dotada de um faro invejável, e possui imensa vontade de
agradar seu dono. Na antiguidade, foi usada para caçada em matilhas no reinado de Elizabeth
I, era considerado o melhor cão de caça inglês, isso por volta de 1570. Em meados da década
1860 foi introduzida na França, e, ao final do século XIX até o início da primeira Guerra
Mundial sua criação se expandiu por toda a Europa chegando aos Estados Unidos, onde se
tornou popular como cão de companhia.
A capacidade olfativa do Beagle é utilizada, segundo Fogle (2009), pelo Serviço de Inspeção
e Quarentena Australiano e pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos nos
aeroportos daqueles países, para detecção de bens ilegais e contrabando de alimentos
proibidos sendo chamada, pelo seu sucesso, de Brigada Beagle.
5 METODOLOGIA
Para estruturar metodologicamente esta pesquisa, ordenando sua redação de forma metódica e
lógica, utilizamos os ensinamentos de Pasold (2000), Fachin (2001), Marconi e Lakatos
(2010), e Gil (2010), sendo que a normalização seguiu os parâmetros ditados por França
(2011).
Quanto aos objetivos, a pesquisa foi exploratória e, quanto ao modelo conceitual operativo,
foi bibliográfica e documental. Quanto à natureza, foi quantitativa, haja vista que foram
aplicados questionários aos oficiais e praças da PMMG que comandam canis nas Unidades de
Execução Operacionais os quais foram analisados nos aspectos subjetivos e numéricos.
Como técnica de documentação indireta para a confecção desta pesquisa, foi realizada
pesquisa bibliográfica e documental desenvolvidas a partir de material já elaborado,
constituindo principalmente de livros, artigos e monografias existentes que tinham relação
com o tema. Paralelamente foi realizada pesquisa documental que se valeu documentos
elaborados, principalmente, por organizações envolvidas na defesa social ou cinófilos.
Como fontes primárias de pesquisa foram utilizados principalmente arquivos da Cia Ind
PCães sobre a administração do plantel de cães da PMMG e que continham informações
sobre as Unidades que possuem canis .
85
Como técnica de pesquisa de documentação direta foi realizada pesquisa de campo através de
uma observação direta extensiva com aplicação de um questionário que, conforme
APÊNDICE ÚNICO, foi construído e teve seus itens originados nos objetivos específicos
desta pesquisa, procurando identificar fatos ou situações no âmbito de cada canil das
Unidades da PMMG, bem como experiências dos seus Comandantes, que pudessem fornecer
subsídios para confirmar ou não a hipótese.
O Universo pesquisado foi formado pelos Oficiais e Praças que atuam no comando dos Canis
das Unidades da PMMG sendo adotado o procedimento Censitário, perfazendo um total de
vinte e seis questionários.
Os dados obtidos com a pesquisa direta foram agrupados em gráficos, de acordo com a
correspondência entre as respostas das questões do questionário, sendo usada a estatística
descritiva em sua análise, de forma a permitir verificar a comprovação ou não da hipótese.
Nesta seção, buscar-se-á, através da análise e interpretação dos dados coletados com a
pesquisa de campo, de forma a evidenciar se é viável a implantação do uso de cães de dupla
aptidão pela PMMG.
Considerou-se necessário também conhecer sobre a estrutura física dos canis existentes na
PMMG, sua capacidade de realizar treinamento para a dupla função e a existência de animais
no plantel que realizem dupla função, possibilitando que os militares alvos da pesquisa, de
acordo com a experiência individual, manifestassem ainda sobre as raças mais indicadas ao
treinamento de dupla aptidão.
0%
4% Sim
11%
Não
Dos 26 canis da PMMG, 38 % possuem cães que realizam dupla função, 58% não possuem e
4% deixaram de responder a pergunta. Considerando o vazio doutrinário existente na PMMG
à respeito do tema, considera-se, como ponto de partida, que trata-se de um número
considerável de Unidades possuidoras de cães de dupla função, o que facilitará a difusão para
as demais Unidades da nova doutrina por ventura criada.
4%
Sim
38%
Não
Não responderam
58%
GRÁFICO 2 – Unidades da PMMG que possuem cães que realizam dupla função – Minas Gerais –
jan. 2013
Fonte: Pesquisa de Campo.
Nas Unidades que possuem cães de dupla função, 55% são da raça Pastor Alemão, 36% são
da raça pastor belga Malinois e 9 % da raça Pastor Holandês. Fogle (2009) considera o Pastor
88
Alemão como a raça mais completa para o serviço policial; Helfers (2005) descreve o Pastor
Alemão e o Pastor Belga como cães capazes de realizar atividades de dupla função; Alderton
(2002) considera o pastor holandês uma raça derivada do pastor Belga Malinois, com o qual
se assemelha muito, sendo excelente cão policial. Assim, verifica-se que dentre as raças
admitidas na PMMG o pastor Alemão e o Pastor Belga malinois são as mais propensas a
terem sucesso na atividade de dupla função.
6
6
4 Pastor Alemão
4
Pastor Belga Malinois
2 Pastor Holandês
1
0
GRÁFICO 3 – Nr de cães e raças que realizam dupla função na PMMG – Minas Gerais – jan. 2103
Fonte: Pesquisa de campo.
15%
Sim
Não
85%
GRÁFICO 4 – Possibilidade imediata de se treinar um cão para dupla função na PMMG – Minas
Gerais – Jan. 2013
Fonte: Pesquisa de campo.
Sim
50
25 Não
Não responderam
0 1
0
Sim Não
Não responderam
GRÁFICO 5 – Possibilidade do uso do cão de dupla aptidão gerar benefícios para o serviço
operacional da PMMG – Minas Gerais – jan.2013
Fonte: Pesquisa de campo.
Dentre os principais efeitos benéficos que poderão advir com o uso do cão de dupla aptidão,
oito Unidades indicaram que haveria uma maior agilidade no atendimento, considerando que
diminuiria os casos em que a guarnição, pela especialidade única de seu cão, não conseguiria
dar suporte à ocorrência; seis Unidades indicaram que haveria o aumento da eficiência do
serviço com cães; outras seis apontam a redução de custos e cinco apontaram a redução do
plantel como importante benefício; uma Unidade não se manifestou.
90
10
8
6
4
2
0
Maior Agilidade Aumento da Redução do plantel Redução de custos Não responderam
Eficiência
GRÁFICO 6 – Benefícios que o emprego do cão de dupla aptidão trará à PMMG – Minas Gerais –
jan. 2013
Fonte: Pesquisa de campo.
Por tratar-se de atividade nova, verificaram-se quais os principais óbices que podem interferir
na implantação do uso de cães de dupla aptidão na PMMG, quando, para 39% a principal
dificuldade seria a falta de cães qualificados. Considerando que a seleção deverá ser ainda
mais criteriosa, se levarmos em conta que mesmo dentro das raças que possuem dupla aptidão
existirão exemplares que não corresponderão ao treinamento, haverá maior dificuldade para
encontrar cães aptos a participarem do programa.
Assim, nas Unidades em que o número de cães adultos existentes coincidir com o número
máximo previsto, somente poderá ser introduzidos cães de dupla função após a descarga de
algum exemplar.
Em 17% das unidades a falta de estrutura para treinamento seria o maior óbice para a
implantação do programa. Por tratar-se de um percentual relativamente baixo em relação ao
total de Canis, entende-se não constituir em fator impeditivo à implantação do uso de cães de
dupla aptidão na PMMG.
Somente 14% dos militares entenderam que não há nenhum óbice à implantação.
GRÁFICO 7 – Dificuldades para a implantação do uso de cães de dupla aptidão pela PMMG
– Minas Gerais – jan. 2013
Fonte: Pesquisa de campo.
poucos casos não puderam ajudar e 31% disseram que em todas as ocorrências que deram
cobertura conseguiram resolvê-la.
Estes dados levam ao raciocínio de que hoje, há uma probabilidade muito grande de uma
guarnição com cães ser chamada a dar cobertura em uma ocorrência e não fazer frente à
demanda daquela ocorrência devido ao seu cão possuir treinamento específico para função
diferente da exigida no local.
0%
Sim, várias vezes
31% 34%
Sim, poucas vezes
35%
Não
GRÁFICO 8 – Ocorrências nas quais as guarnições com cães não conseguem dar apoio pela falta de
especialização do cão para mais de uma função – Minas Gerais - jan. 2013
Fonte: Pesquisa de campo.
Das Unidades pesquisadas, 69% possuem estrutura capaz de introduzir o treinamento para
dupla função a cães previamente selecionados. Os 31 % das Unidades restantes não possuem
essa estrutura.
Verifica-se que a maioria das Unidades da PMMG possui estrutura capaz de introduzir o
treinamento para dupla função na PMMG, devendo ser adequada a estrutura das Unidades
restantes de forma a padronizar o treinamento e, consequentemente, o emprego de cães no
Estado como um todo.
93
0% 0%
Sim
31%
Não
69%
GRÁFICO 9 – Unidades que possuem estrutura capaz de introduzir o treinamento para dupla função a
cães previamente selecionados – Minas Gerais - jan. 2013
Fonte: Pesquisa de campo.
50 Sim
5 21
Não
GRÁFICO 10 – Unidades da PMMG que possuem militares capacitados a treinar um cão para dupla
função – Minas Gerais – jan. 2013
Fonte: Questionários aplicados aos Cmt de Canis da PMMG.
Na opinião dos técnicos da PMMG sobre qual raça se corresponderia melhor ao treinamento
para dupla função, o Pastor Belga Malinois foi o mais bem conceituado, alcançando 54% dos
votos, sendo seguido pelo Pastor Alemão, que para 41% é raça que mais corresponderá ao
treinamento. O Pastor Holandês, que, como já demonstrado, também pertence ao grupo dos
cães pastores foi considerado por 5% como a melhor raça de dupla aptidão.
94
Outras
16 Labrador
0 21 Rottweiler
0 Pastor Belga
2
Pastor Alemão
0 5 10 15 20 25
GRÁFICO 11 – Raças mais indicadas para o treinamento para dupla função na PMMG – Minas Gerais
– jan. 2013
Fonte: Pesquisa de campo.
95
7- CONCLUSÃO
Para a compreensão do objeto de estudo proposto, qual seja a aplicabilidade do cão de dupla
aptidão na atividade de patrulhamento ostensivo da PMMG, foi elencado como objetivo geral
estudar a viabilidade do emprego do cão de dupla aptidão pela PMMG como forma de
potencializar a eficiência do policiamento com cães.
Desta forma, entende-se ser importante compreender o emprego de cães que possam executar
mais de uma tarefa no serviço policial, de forma a identificar se a sua utilização resultará em
aumento real da eficiência das equipes policiais que possuem estes animais.
Considerando-se a eficiência como a melhor forma de realizar uma tarefa com qualidade e
com menor dispêndio de recursos logísticos e humanos, constata-se na seção 4 que a
utilização do cão no serviço policial possibilita diminuir o número de policiais necessários
96
para executar a tarefa. Propicia ainda o aumento da segurança da guarnição pelo fator
dissuasor de reação por parte do suspeito, que passa a temer o ataque do animal e ainda,
aumenta as chances de êxito na solução da ocorrência.
Verifica-se que o atual modelo de emprego utilizado pela PMMG prima pela especialização
do animal em uma só função, e que a doutrina interna sobre treinamento encontra-se
desatualizada, considerando-se que remonta ao ano de 1987.
Comprova-se pela pesquisa de campo realizada, que a maioria dos técnicos responsáveis pelo
emprego de cães na PMMG possui conhecimento a cerca da doutrina interna de treinamento.
Basicamente, esta doutrina resume-se ao Manual de Cinocomandos, editado em 27 de julho
de 1987 pela Instituição. Após quase 26 anos de vigência, o presente manual encontra-se
defasado, carecendo ser revisado.
Verifica-se que existem dentro do plantel da PMMG cães que realizam dupla função, estando
presentes em 38 % das Unidades que possuem canil. Destes cães de dupla função existentes
na PMMG, 54% são da raça Pastor Belga Malinois e 41% são da raça Pastor Alemão, o que
corrobora com a opinião da maioria dos autores consultados, bem como, com os militares da
PMMG questionados, os quais indicam estas duas raças como sendo as melhores raças para o
emprego no serviço policial, por sobressaírem-se no treinamento e execução das atividades de
dupla função.
Nos manuais de emprego de cães editados por outras Polícias do Brasil e pelo Exército Norte
Americano, consultados para a realização desta pesquisa, constata-se que há naquelas
instituições uma busca por um cão de consiga trabalhar no policiamento, fazendo a segurança
do policial e realizando atividades de detecção de drogas através do faro. O uso de cães de
dupla função possibilitaria que a guarnição atendesse uma gama maior de ocorrências,
considerando que poderá intervir em mais de uma situação que requeira treinamento
específico. Atualmente na PMMG, 69% dos militares consultados já deslocaram para dar
97
cobertura a outra guarnição e não puderam resolver a ocorrência por falta de treinamento do
cão para aquela atividade.
Verifica-se que a maioria dos canis da PMMG, 85%, possui condições de implementar o
treinamento para cães realizarem atividades de policiamento ostensivo e faro de
entorpecentes, sendo que 96% dos militares consultados entendem que tal medida trará
benefícios para o serviço operacional.
São indicados como principais benefícios que podem advir com o uso do cão de dupla aptidão
pela PMMG uma maior agilidade no atendimento da ocorrência, aumento da eficiência,
redução do plantel de cães e redução de custos. Constata-se que todos os fatores indicados
representam objetivos inerentes ao princípio da eficiência, tendo relação direta com a
economia de recursos, se considerarmos que o tempo de emprego de uma guarnição está
diretamente relacionado com o valor gasto pelo Estado para prestar aquele serviço. A maior
agilidade representa ainda uma melhor qualidade do serviço, o qual deve ser prestado no
menor tempo possível.
Nota-se que as maiores dificuldades para a implementação do uso do cão de dupla aptidão na
PMMG são a falta de uma doutrina para interna para o treinamento e também a falta de cães
qualificados. Acredita-se que o novo organograma da PMMG, com a Cia Ind PCães
encarregada da reprodução dos cães e de elaborar a doutrina interna de treinamento, facilita
para que sejam selecionados os cruzamentos de forma a obter animais de dupla aptidão, bem
como, a edição de doutrina referente ao treinamento destes animais, cujos cursos pilotos
poderiam ser ministrados na própria Cia Ind PCães.
Constata-se que a maior parte das Unidades da PMMG dotadas de canil possuem estruturas
capazes de implementar o treinamento para dupla função, porém, somente 31% das Unidades
possuem militar capacitado para tal treinamento, sendo necessário a implementação de cursos
afetos ao tema.
Desta forma, verifica-se que a hipótese formulada foi comprovada, na medida em que foi
constatado que o emprego do cão de dupla aptidão pela PMMG aumentará a eficiência das
equipes de policiamento com cães, uma vez que diminuirá custos e aumentará a agilidade do
98
Conclui-se, finalmente, ser viável a implantação do uso de cães de dupla aptidão pela PMMG.
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104
Anexo: Questionário .
Senhor Comandante,
Respeitosamente,
JOÃO WASHINGTON AZEVEDO RODRIGUES, CAP PM
ALUNO – CESP II 2012
106
Caro amigo,
Com vistas à conclusão do CESP II/2012, estou realizando uma pesquisa para
elaboração do TCC, o qual versará sobre “ O emprego do cão de dupla aptidão no
patrulhamento ostensivo da PMMG”. Entende-se cão de dupla aptidão, para fins da
pesquisa, aquele capaz de realizar as funções de faro de entorpecentes e de policiamento
ostensivo.
PERGUNTAS
2- A sua Unidade possui algum cão que consegue realizar mais de uma função no
serviço operacional? Caso possua, cite a raça do animal
a( ) sim. raça_______________________;
b( ) não.
6- Você já deslocou em cobertura a uma outra guarnição e não pode ajudar devido ao
seu cão não ser treinado para a demanda apresentada pela ocorrência?
a( ) sim, várias vezes
b( ) sim, poucas vezes;
c( ) não.
8- Você possui ou conhece algum policial militar ou policial civil que possua curso
específico nesta atividade de treinamento de cães para dupla função?
a( ) sim; citar o curso ou policial ____________________________
b( ) não.
9- Qual (is) raça (s) você julga ser(em) mais apta(s) a realizar atividade de dupla
aptidão na PMMG?
a( ) pastor alemão;
b( ) pastor belga malinois;
c( ) rottweiler;
d( ) labrador;
e( ) outras, citar _______________________________