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IC907 – ESTRUTURAS MISTAS

AULA 10 – PILARES MISTOS DE AÇO E CONCRETO: PARTE II


Prof. Dr. Cilmar Basaglia
Método de dimensionamento

• Condições de cálculo
• A seguinte condição deve ser obedecida:

• Nc,Sd é a força axial de compressão solicitante de cálculo


• Nc,Rd é força axial de compressão resistente de cálculo do pilar misto

• Hipóteses básicas
• A primeira hipótese: o perfil de aço e o concreto trabalhem em conjunto, sem
escorregamento relativo significativo na superfície de contato: a interação entre o
aço e o concreto deve ser completa, sem necessidade de uso de outros elementos.
Método de dimensionamento

• Hipóteses básicas
• A segunda hipótese: as imperfeições iniciais sejam consistentes com as adotadas na
determinação da força axial de compressão resistente das barras de aço submetidas à
compressão axial.
• A terceira hipótese: o perfil de aço do pilar misto não sofra flambagem local. Para
tanto, nos pilares totalmente revestidos com concreto, os cobrimentos de concreto
nas duas direções, cx e cy, devem ser suficientes para impedir a ocorrência do
fenômeno, o que se garante estabelecendo:

• bf = largura da mesa
Método de dimensionamento

• Hipóteses básicas
• Nos pilares parcialmente revestidos com concreto, a seguinte condição precisa ser
atendida:

• bf = largura da mesa
• tf = espessura da mesa
• Ea = módulo de elasticidade
• fy = resistência ao escoamento do aço do perfil
Método de dimensionamento

• Hipóteses básicas
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Quanto à seção transversal
• Ela deve:
• a) ser invariável ao longo do comprimento do pilar e possuir dupla simetria;
• b) possuir razão entre altura, hc, e largura, bc, situada entre 0,2 e 5,0.
• Nos pilares totalmente revestidos com concreto, deve-se ter, para os cobrimentos do
perfil de aço:

• bf = largura da mesa
• d = altura do perfil de aço
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Quanto às armaduras longitudinal e transversal
• Os pilares mistos devem possuir armadura longitudinal com área de seção transversal
mínima de 0,3% da área do concreto. Porcentagens superiores a 4% não podem ser
levadas em conta no dimensionamento em temperatura ambiente.
• As barras dessa armadura devem ter diâmetro mínimo de 10 mm e máximo de 1/8 da
menor dimensão do pilar (menor valor entre hc e bc) e ser dispostas com
espaçamento livre entre as faces igual ou superior ao maior dos seguintes valores:
• 20 mm;
• diâmetro das barras;
• 1,2 vez a dimensão máxima do agregado graúdo (nos pilares mistos totalmente
ou parcialmente revestidos com concreto, normalmente é utilizada Brita 1, cuja
dimensão máxima pode alcançar 25 mm).
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Quanto às armaduras longitudinal e transversal
• O espaçamento máximo entre os eixos das barras da armadura longitudinal deve ser
inferior ou igual a duas vezes a menor dimensão da seção transversal do pilar misto,
sem exceder 400 mm.
• Deve ser também colocada armadura transversal ao longo de todo o pilar, inclusive
nas regiões de cruzamento com vigas e lajes, com diâmetro mínimo de 5 mm ou de
1/4 do diâmetro das barras da armadura longitudinal
• O espaçamento entre os estribos, medido na direção do eixo do pilar misto, deve ser
igual ou inferior ao menor dos seguintes valores:
• 200 mm;
• menor dimensão da seção transversal (menor valor entre hc e bc);
• 12 vezes o diâmetro das barras da armadura longitudinal que tiver aço CA-50.
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Quanto às armaduras longitudinal e transversal
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Quanto à concretagem
• O fator de contribuição do perfil de aço, deve ser superior a 0,2 e inferior a 0,9:

• Aa = área da seção transversal do perfil de aço


• fyd = resistência de cálculo ao escoamento do aço
• γa1 = coeficiente de ponderação da resistência para escoamento do aço = 1,10
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Quanto à concretagem
• A força axial resistente de cálculo da seção transversal à plastificação total é:

• Ac = área da seção transversal do concreto


• As = área da seção transversal da armadura longitudinal
• fck = resistência característica à compressão do concreto
• γc = coeficiente de ponderação da resistência do concreto = 1,40,
• fys = resistência ao escoamento do aço da armadura longitudinal e
• γs = coeficiente de ponderação da resistência do aço da armadura longitudinal = 1,15.
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Força axial de compressão resistente de cálculo
• A força axial de compressão resistente de cálculo, de modo similar ao das barras de
aço axialmente comprimidas, é:
• O fator de redução associado à resistência à compressão, χ, deve ser obtido da
mesma maneira que nas barras de aço axialmente comprimidas, substituindo-se o
índice de esbeltez reduzido, λ0, por um novo índice reduzido para pilares mistos:

• Npl,Rk é a força axial resistente nominal da seção transversal à plastificação total


substituindo-se as resistências de cálculo pelas resistências características = trocando
fyd, fcd e fsd por fy, fck e fys, respectivamente.
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Força axial de compressão resistente de cálculo
• Ne é a menor força axial de flambagem elástica, entre as forças que provocam a
flambagem em relação aos eixos x e y da seção transversal do pilar misto:

• KL = comprimento de flambagem do pilar,


• (EI)e = rigidez efetiva à flexão da seção mista.
• Essa rigidez, representada pela soma das rigidezes do perfil de aço, do concreto e da
armadura longitudinal, pode ser dada por:
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Força axial de compressão resistente de cálculo
• Essa rigidez, representada pela soma das rigidezes do perfil de aço, do concreto e da
armadura longitudinal, pode ser dada por:

• Ea = módulo de elasticidade do aço estrutural


• Ia = momento de inércia da seção transversal do perfil de aço em relação ao eixo de flexão na flambagem
• Ic = momento de inércia da seção transversal do concreto em relação ao eixo de flexão na flambagem
• Es = módulo de elasticidade do aço da armadura e
• Is = momento de inércia da seção transversal da armadura em relação ao eixo de flexão na flambagem
• O fator 0,6 deve-se à fissuração do concreto
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Força axial de compressão resistente de cálculo

• Ec = módulo de elasticidade do concreto


• φ = coeficiente de fluência do concreto
• NG,Sd = valor da força axial de compressão solicitante de cálculo devida às ações
permanente e variável de atuação quase permanente
• Nc,Sd = força axial de compressão solicitante de cálculo.
• Admite-se que φ = 2,5 e que a relação entre NG,Sd e Nc,Sd seja 0,6.
Ec,red = 0,4 Ec
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Quanto às armaduras longitudinal e transversal
Método de dimensionamento

• Requisitos de projeto
• Quanto à concretagem
Regiões de introdução de carga

• Ligações de vigas nos pilares


• Na maioria das vezes, as vigas são ligadas apenas ao perfil de aço do pilar misto. Parte
da carga que é introduzida diretamente no perfil de aço precisa ser transferida para o
concreto sem que ocorra escorregamento significativo na interface entre os dois
materiais. Essas regiões de ligação são denominadas regiões de introdução de carga,
e o comprimento em que ocorre a transferência de carga é denominado
comprimento de introdução de carga, sendo representado por a, cujo valor é o
menor entre:
• duas vezes a menor dimensão do pilar;
• 1/3 da distância entre pontos de introdução de carga (essa distância é a altura
dos andares em edifícios de andares múltiplos).
Regiões de introdução de carga

• Ligações de vigas nos pilares


Regiões de introdução de carga

• Ligações de vigas nos pilares


• O comprimento de introdução de carga, a, pode ser disposto acima e abaixo das
vigas. Por simplicidade, esse comprimento pode ser medido a partir do topo da
ligação, no sentido descendente.
• A parcela de carga a ser transferida do perfil de aço para o concreto é

• VSd = soma das cargas introduzidas pelas vigas, ou seja, a soma das reações das vigas
que se apoiam no pilar misto
• Aa = área da seção transversal do perfil de aço

Regiões de introdução de carga

• Ligações de vigas nos pilares


Regiões de introdução de carga

• Ligações de vigas nos pilares


• Dessa maneira, para que apenas a resistência ao cisalhamento consiga efetuar a
transferência de carga, deve-se ter:

• ps = perímetro da interface entre o perfil de aço e o concreto a ser levado em conta


• Para o pilar totalmente revestido com concreto:
ps = 4bf+ 2 (d – tw)
• Para o pilar parcialmente revestido com concreto:
ps = 2(bf – tw)
• Caso Vl,Sd supere Vl,Rd, de modo conservador, deve-se desconsiderar completamente
o atrito e usar conectores de cisalhamento para efetuar a transferência da totalidade
da carga. Quando isso ocorre, normalmente são utilizados conectores pino com
cabeça.
Regiões de introdução de carga

• Ligações de vigas nos pilares


• O número mínimo de conectores é fornecido por:

• QRd é a força resistente de cálculo de um conector


Regiões de introdução de carga

• Ligações de vigas nos pilares


• Com a força Vl,Sd transmitida por atrito ou por conectores de cisalhamento, a soma
das cargas introduzidas pelas vigas, VSd, não pode provocar plastificação localizada do
perfil de aço.
• A seguinte condição precisa ser atendida:
VSd ≤ Aa fyd
• Se o pilar for parcialmente revestido com concreto ligado ao perfil de aço com auxílio
de conectores de cisalhamento, recomenda-se que o espaçamento longitudinal
máximo entre esses elementos seja reduzido para 250 mm, metade do valor máximo
permitido no restante do pilar.
Regiões de introdução de carga

• Ligações de vigas nos pilares


Regiões de introdução de carga

• Bases e emendas de pilares


• O comprimento dentro do qual devem ser instalados os conectores é igual ao
comprimento de introdução de carga, a, medido agora a partir da placa de base ou
da chapa de ligação. Para barras nervuradas com diâmetro de até 32 mm, o
comprimento pode ser tomado como igual a (em milímetros):
Regiões de introdução de carga

• Bases e emendas de pilares

• O valor de η, simplificadamente, pode ser tomado igual a 1,0 quando a concretagem


for feita com o perfil de aço na posição vertical, depois da sua montagem, situação
considerada de boa aderência, e igual a 0,7 quando for feita com o perfil de aço na
posição horizontal, antes da sua montagem, situação considerada de má aderência.
Regiões de introdução de carga

• Bases e emendas de pilares


Regiões de introdução de carga

• Bases e emendas de pilares


• Nas bases dos pilares, a colocação de chapas adicionais pode ser evitada se as barras
da armadura longitudinal tiverem continuidade até o bloco de fundação.
Regiões de introdução de carga

• Bases e emendas de pilares


Considerações sobre a continuidade
da armadura longitudinal

• As barras da armadura longitudinal precisam manter sua continuidade ao longo do


comprimento do pilar misto.
• Para isso, muitas vezes essas barras precisam ser emendadas.
Considerações sobre a continuidade
da armadura longitudinal

• As emendas podem ser feitas por trespasse, com solda, com luvas rosqueadas ou
com outros dispositivos.
• As emendas por trespasse são as mais empregadas por serem menos dispendiosas e
de execução fácil e rápida. Mas não são permitidas para barras com diâmetro
superior a 32 mm.
• O comprimento mínimo deve ser tomado como igual ao maior valor entre 15 vezes o
diâmetro das barras da armadura longitudinal que estão sendo emendadas e 200
mm.
Considerações sobre a continuidade
da armadura longitudinal

• Para garantir a eficácia da emenda, as seguintes regras precisam ser atendidas:


• a distância livre entre as barras emendadas pode ser, no máximo, igual a 4f, e f
é o diâmetro das barras;
• pelo menos um estribo deve ser posicionado a uma distância de 4f das
extremidades da emenda, e a distância entre esse estribo e o mais próximo,
situado no interior da emenda, não pode ser maior que 150 mm;
• estribos devem ser concentrados nos terços extremos da emenda (recomenda-
se colocar pelo menos 3 estribos em cada terço extremo da emenda, sem violar
em qualquer parte da emenda a exigência de espaçamento máximo entre os
estribos).
Considerações sobre a continuidade
da armadura longitudinal
Determinar a força axial de compressão resistente de cálculo de um pilar misto birrotulado, com 3,0 m de comprimento, situado
em ambiente urbano. A seção transversal é invariável ao longo do comprimento do pilar, retangular, com largura (bc ) de 300 mm
e altura (hc ) de 350 mm, e composta por um perfil de aço PS 350 x 300 x 9,5 x 8 parcialmente revestido com concreto. Sabe-se
que o perfil possui aço USI CIVIL 350, o concreto tem resistência característica à compressão ( fck ) igual a 40 MPa e agregado
graúdo constituído por Brita 1 de gnaisse. Como armadura longitudinal, foram usadas oito barras com diâmetro de 12,5 mm e
cobrimento (distância livre até a borda do concreto ou até a face do perfil de aço) de 35 mm, em aço CA-50 e, como estribos,
barras de diâmetro de 5 mm espaçadas em 150 mm.

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