Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
2 Digo isso pois concordo com Hall (2015, p. 38) quando ele afirma que “As identidades nacionais não
subordinam todas as formas de diferença e não estão livres do jogo de poder, de divisões e
contradições internas, de lealdades e de diferenças sobrepostas. [...] devemos ter em mente a forma
pela qual as culturas nacionais contribuem para ‘costurar’ as diferenças numa única identidade.”.
Anais eletrônicos -
XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 2
ISSN 1808-9690
Agamben (2017), no capítulo Para além dos direitos do homem no livro Meios sem fim5, traz à
discussão um fator fundamental para a ideia de “identidade nacional”, seu caráter jurídico, a
inscrição de uma vida como uma vida provida desse direito apenas se configurada como um
cidadão de um Estado. Agamben (2017) explora a figura do refugiado, que vive em caráter
provisório e que só pode ter sua condição de humano-cidadão resolvida se ou naturaliza-se ou
3 Na medida em que este tema é abordado por pesquisadores importantes do mundo anglófono e
que tem maior alcance internacional nas redes de pesquisadores.
4 Gellner (2008) afirma que é muito melhor abordar os conceitos não através da busca de uma
definição, mas sim investigando o que a cultura faz.
Gellner (2008) argumenta, nas primeiras linhas de sua obra mais importante sobre o tema,
6 Gellner (2008, p. 02) escreve que “It follows that a territorial political unit can only become ethnically
homogeneous, in such cases [no caso do Estado-Nação], if either kills, or expels, or assimilates all
non-nationals.”. Apesar de Gellner usar o termo etnicamente homogêneo, essa sentença aponta para
o mesmo princípio discutido por Agamben, não pode haver uma categoria dentro do Estado-Nação
que não seja resolvidamente (seja lá por qual maneira) encaixada na lógica “nacional” identitária de
pertencimento.
8 Em sua especial dualidade significante, de um lado uma unidade política de uma dada
circunscrição, do outro, um grupo populacional excluído e necessitado (AGAMBEN, 2017).
9 Concepção que Anderson (2008) vai explicar como tendo origem na aliança entre o protestantismo,
o capitalismo editorial e a difusão de vernáculos como instrumentos de centralização administrativas
do século XVI estendendo-se ao século XVIII. Cf. Capítulo As origens da consciência nacional da
obra Comunidades Imaginadas.
Anais eletrônicos -
XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 4
ISSN 1808-9690
Nations and Nationalism10, que o nacionalismo é um princípio político, este que é dividido entre
sentimento nacionalista e movimento nacionalista, o primeiro sendo resultado da violação do princípio
nacionalista (que pode ser variado, mas é geralmente sensível quando os líderes de uma “unidade
nacional” pertencem à outra “nação” que àquela da maioria dos governados) e o segundo sendo a
ação motivada pelo primeiro. Gellner resume que o
11 Texto original: “[…] nationalism is a theory of political legitimacy, which requires that ethnic
boundaries should not cut across political ones, and, in particular, that ethnic boundaries within a
given state [...] should not separate the power-holders from the rest.” (GELLNER, 2008, p. 01).
12 Texto original: “[...] the state is the specialization and concentration of order maintenance. The
‘state’ is that institution or set of institutions specifically concerned with the enforcement of order
(whatever else they may also be concerned with). The state exists where specialized order-enforcing
agencies, such as police forces and courts, have separated out from the rest of social life. They are
the state. (GELLNER, 2008, p. 04).
13 Texto original: “[...] it also seems to be the case that nationalism emerges only in the milieux in
which the existence of the state is already very much taken for granted.” (GELLNER, 2008, p.04)
Anais eletrônicos -
XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 5
ISSN 1808-9690
voluntarista:
14 Texto original: “1 Two men are of the same nation if and only if they share the same culture, where
culture in turn means a system of ideas and signs and associations and ways of behaving and
communicating.” (GELLNER, 2008, p. 06)
15 Texto original: “2 Two men are of the same nation if and only if they recognize each other as
belonging to the same nation. In other words, nations maketh man; nations are the artefacts of men’s
convictions and loyalties and solidarities. A mere category of persons (say, occupants of a given
territory, or speakers of a given language, for example) becomes a nation if and when the members of
the category firmly recognize certain mutual rights and duties in virtue of their shared membership of it.
It is their recognition of each other as fellows of this kind which turns them into a nation, and not the
other shared attributes, whatever they might be, which separate the category from non-members.”
(GELLNER, 2008, p. 07)
Anais eletrônicos -
XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 6
ISSN 1808-9690
sim é implantada para toda uma população, a qual gera uma massa relativamente educada sob a
mesma unidade cultural, “A fusão de vontade-própria, cultura e uma entidade política torna-se a
norma, e uma que não é fácil ou frequentemente desafiada.” (GELLNER, 2008, p. 54, tradução
nossa)16. Estas duas contingências discutidas anteriormente, o Estado e a nação, são
fundamentalmente diferentes, mas a retórica nacionalista cria o mito de que uma foi destinado à
outra, e que a impossibilidade de alcançar tal fim constitui uma tragédia.
Hobsbawm (2013) argumenta, em sua obra Nações e Nacionalismos desde 1780 17, que sua
primeira objeção face a análise ao conceito de nação (ou nacionalidade) é qualquer tentativa de
estabelecer uma definição cristalizada apriorística. Recomenda que para qualquer pesquisador
sério o agnosticismo é a melhor postura inicial. Mas para pensar o nacionalismo, Hobsbawm
(2013) escreve que se deve olha-lo por duas matrizes, a “nação concebida” e a “nação real”, a
primeira sendo a comunidade elucubrada pelos nacionalismos e a segunda que pode ser
“reconhecida” a posteriori. Hobsbawm concorda com Gellner em relação ao nacionalismo ser um
princípio político que pretende a congruência entre a unidade política e a “nacional”, mas insiste
que a exigência de lealdade para o nacionalismo é sempre maior que outras formas de
identificação grupal modernas. O autor também deixa muito claro seu alinhamento com Gellner
na questão da nação com entidade moderna e fundamentalmente inventada, uma entidade social
que apenas o é dentro de “[...] uma certa forma de Estado territorial moderno, o ‘Estado-
Nação’.” (HOBSBAWM, 2013, p. 18). Por isso Hobsbawm considera que não é a nação que
forma os Estados ou os nacionalismos, mas exatamente a união aposta. O autor, então, propõe
analisar uma “nação” através de seus fenômenos associados, como as condições econômicas,
políticas, administrativas, etc. (HOBSBAWM, 2013). E, Hobsbawm afirma que as nações são
sempre formadas pelo alto, mas absolutamente dependentes das aspirações, esperanças e interesses
das pessoas comuns. Neste ponto o autor faz uma crítica a Gellner por dar atenção à uma
avaliação apenas pelo alto, e obliterar o povo-comum, que ao fim e ao cabo é por excelência o
foco da propaganda, do “projeto nacional”, estes [povo-comum] que se tornarão, para os
nacionalistas, o Volk.
Anderson (2008) critica tanto a teoria marxista (Hobsbawm) e a liberal (Gellner) como
“[...] um derradeiro esforço ptolemaico de ‘salvar os fenômenos’.” (ANDERSON, 2008, p. 30). E
propõe lermos os conceitos de nacionalismo e nação (ou como ele prefere chamar, de condição
nacional [nation-ness]) como produtos culturais específicos, que possuem uma história, significados
16 Texto original: “The fusion of will, culture, and polity becomes the norm, and one not easily or
frequently defied.” (GELLNER, 2008, p. 54).
e transformações. Assim, Anderson (2008) recusa usar a ideia de nacionalismo ao lado de termos
como liberalismo ou fascismo, e propõe trata-lo como trata-se parentesco ou religião, e através de
um “espírito antropológico” define nação como uma comunidade imaginada
Já para Hall (2015) a nação não é apenas uma entidade política, é uma forma particular de
identidade cultural que existe na representação simbólica de uma ideia, assim como outras formas de
identidade cultural, entretanto, a nação é fundamentalmente moderna e especialmente poderosa
pois congrega uma identidade cultural (a ideia de nação) com uma instituição política anterior (o
Estado). Hall argumenta ainda que a cultura nacional é um discurso proferido pelos proponentes
desta “nação” e, um discurso, tem a função de criar um sentido, este sentido que pode ser
transformado em referência para os indivíduos alvo deste discurso que podem assumi-lo como
elemento identificador. Este sentido do discurso existe principalmente na história e na memória –
no nível em que estas são assumidas como tal – dessa “nação”. Sendo assim, a “nação” existe –
ou qualquer comunidade, como argumentaria Anderson (2008) – no plano da imaginação. Desta
forma, Hall elenca cinco tópicos essenciais para compreender as “estratégias representacionais”
(HALL, 2015, p. 31) gerais da constituição dessa identidade cultural: 1) A narrativa da nação, que
existe nas literaturas e histórias “nacionais” e que “[...] representam as experiências partilhadas, as
perdas, os triunfos e os desastres que dão sentido à nação.” (HALL, 2015, p. 31, grifo do original)
Como escreveu Hall
fornecem uma “inquestionabilidade” existencial para essa comunidade (HALL, 2015) 18; 3) A
invenção das tradições19, ancorada na mesma prerrogativa da anterior, mas diretamente relacionada
com a ação criadora de símbolos, signos e características que podem ser capazes de referenciar à
uma “cultura nacional”; 4) O mito fundacional, localizado em um tempo imemorial, que “[...]
fornece uma narrativa através da qual uma história alternativa ou uma contranarrativa, que
precede as rupturas da colonização 20, pode ser construída.” (HALL, 2015, p. 33); 5) A ideia
simbólica do povo ou “folk” puro e original, que circunscreve as fronteiras étnicas dos portadores
– determinados pelo grupo que assume-se como tal – dessa “identidade nacional”. Para Hall o
discurso da cultura nacional frequentemente existe em uma tensão temporal entre passado e
futuro
19 Em uma referência ao termo cunhado por Hobsbawm e Ranger na obra A invenção das tradições
(1983).
20 Não que necessariamente todas as narrativas nacionais contemplem a colonização direta como
parte de seu discurso, mas sempre haverá um elemento de subjugação (seja ela qual for) pelo
outro/estrangeiro.
Anais eletrônicos -
XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 9
ISSN 1808-9690
O “caso finlandês”
22 Texto original: This courageous and loyal people will bless Providence, which has determined the
present course of events. Placed from this time on amongst the rank of nations, under the governance
of its own laws, it will remember nothing of past domination except in order to foster friendly relations
when these are re-established by peace. (Printed in the original French, with footnotes on the draft text
of the speech, by K. Ordin, Pokorenie Finlyandii, vol. 2. (St Petersburg 1889) pp. 407-8. apud KIRBY,
1975, p.16).
Anais eletrônicos -
XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 10
ISSN 1808-9690
“Nós já não somos mais suecos; não podemos nos tornar russos:
devemos ser finlandeses; e ainda mais: o sueco é a língua dos suecos,
russo dos russos; não deveriam os finlandeses ter o direito de possuir sua
língua, e felizmente eles possuem tal. Mesmo a percepção de que esta
unidade nacional da língua é uma condição necessária para a
sobrevivência da Finlândia é evidente”. (SNELLMAN, 1861, p. 146 apud
FEWSTER, 2006, p. 116, tradução nossa).23
A afirmação de Snellman é característica muito clara dessa concepção discutida acima do
imbricamento de povo e língua, além da própria sobrevivência dessa comunidade identitária
cultural residir neste fato, como Agamben, Gellner e Hall argumentaram. A “Finlândia” teria – e
não só ela – como única saída criar sua identidade sob um Estado-nação. A criação da
representação simbólica (HALL, 2015) da “nação finlandesa” deveria ser, então, feita
primordialmente pela criação de uma cultura vernacular e literária, compatível com as outras
culturas “nacionais” europeias. Apesar de o finlandês como língua ter sua forma gramatical
estabelecida já no século XVI24, ela não possuía um caráter literário de “alta cultura”, o que para os
românticos era fundamental. A busca então pelo “finlandês original”, “adormecido” em sua
“autoconsciência” identitária deveria passar pelo – na perspectiva dos intelectuais nacionalistas –
povo comum, pelo camponês (Volk, ou na sua versão finlandesa, Suomen Kansa) “portador” da
Finnishness. E nas primeiras décadas do Grão-Ducado da Finlândia o grande responsável por isso
foi Elias Lönnrot (1802-1884) com a publicação da obra Kalevala em 1835 e uma segunda versão
em 1849. Financiado pela Sociedade de Literatura Finlandesa 25 que “[...] foi fundada em 1831
com a tarefa específica de publicar e financiar a ininterrupta coleta de tradição oral do
campesinato, além de um desejo mais idealista de promover a literatura em língua finlandesa [...].”
(FEWSTER, 2006, p. 96, tradução nossa). 26 O Kalevala foi escrito/compilado para ser o épico
“nacional”, especialmente porque as histórias “nacionais” dos outros Estados-nação europeus
baseavam-se na intemporalidade e origem mítica de épicos como Niebelungenlied, os poemas
homéricos, Edda ou os Poemas de Ossian, etc. E na visão de Lönnrot o lugar por excelência onde
ele poderia arquitetar tal obra era visitando e coletando a tradição oral de camponeses iletrados da
23 Texto original: “We are no longer Swedes; we cannot become Russians: we must be Finns; and
further: Swedish is the language of the Swedes, Russian of the Russians; should not the Finns have a
right to own their language, and luckily they do own a such. Even the insight, that this national unity of
the language is a necessary condition for the survival of Finland, stands clear by that.” (SNELLMAN,
1861, p. 146 apud FEWSTER, 2006, p. 116).
24 Através da reforma protestante pelas mãos do clérigo Mikael Agricola (1510 – 1557).
26 Texto original: “[…] was founded in 1831 with the specific task to publish and finance the continued
gathering of oral traditions of the peasantry, besides a more idealistic wish to promote literature in the
Finnish language […]”. (FEWSTER, 2006, p. 96).
Anais eletrônicos -
XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 11
ISSN 1808-9690
região da Carélia. Ele mesmo deixou claro quando escreveu no prefácio do Kanteletar27
Considerações finais
28 Texto original: “The soil that nurtures them is the mind and thought, the seeds from which they
spring all manner of dispositions. But since the mind, thoughts and dispositions are at all times and in
all people as one, then the poems that are born of them are not the special property of one or two but
common to the nation as a whole” (LÖNNROT [1840] apud HONKO, 1990, p. 213).
29 Texto original: “Along with providing people with important practical and spiritual knowledge,
Lönnrot also considered it necessary to enlighten them about their own past. This was his primary
justification for publishing the Kalevala.” (PENTIKÄINEN, 1999, p. 74).
30 Texto original: “the influence of Elias Lönnrot on the fueling of a latent Finnish medievalism and the
creation of a sparkling piece of national heritage should not be underestimated” (FEWSTER, 2006,
p.95).
Anais eletrônicos -
XVI ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA – Tempos de transição - 12
ISSN 1808-9690
baseou-se nos princípios românticos, definiu seu povo, sua língua, seu território. Exigiu o
reconhecimento horizontal de sua entidade “nacional”. Implementou esforços e recursos para
padronizar a administração central, bem como padronizar a cultura em um dado território e
pessoas onde foi suficientemente capaz e deliberadamente limitado (nos limites, também
deliberados, das outras “nações”). Entretanto, e não poderia ser de outra forma, esse território
“nacional” é o que Hall (2015) chamou de hibrido cultural.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Meios sem fim: Notas sobre a política. Tradução de Davi Pessoa. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: Reflexões sobre a origem e difusão do
nacionalismo. Tradução de Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Assembleia Geral da ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 217 (III) A. Paris,
1948. Disponível em: <http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>. Acesso em: 02 de
maio de 2018.
CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU, 1945. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/carta/cap1/>. Acesso em: 02 de maio de 2018.
Declaração de direitos do homem e do cidadão - 1789. Universidade de São Paulo. Biblioteca
Virtual de Direitos Humanos. 1978. Disponível em:
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria
%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-
de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html>. Acesso em: 02 de maio de 2018.
FEWSTER, Derek. Visions of a Past Glory: Nationalism and the Construction of Early Finnish
History. Studia Fennica Historica 11. 2nd Edition. Finnish Literature Society. Tammer-Payno Oy:
Tampere, 2006.
GELLNER, Ernest. Nations and Nationalism. 2. ed. Ithaca: Cornell University Press, 2008.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina,
2015. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva & Guacira Lopes Louro.
HOBSBAWM, Eric. Nações Nacionalismo desde 1780: Programa, mito e realidade. 6. ed.
Tradução de Maria Celia Paoli e Anna Maria Quirino. São Paulo: Paz e Terra, 2013.
HONKO, Lauri. The Kalevala: The Processual View. In: HONKO, Lauri (Org.). Religion,
Myth and Folklore in the World’s Epics: The Kalevala and its Predecessors. Berlin; New
York: Mouton de Gruyter, 1990.
KIRBY, D. G.. Finland and Russia 1808-1920 From Autonomy to Independence: A
Selection of Documents. London And Basingstoke: The Macmillan Press Ltd., 1975.
PENTIKÄINEN, Jouha Y. Kalevala Mythology. Translated and Edited by Ritva Poom.
Revised Edition. Bloomington and Indianapolis: Indiana University Press, 1999.