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Indústria

Cerâmica
Processos Orgânicos e Inorgânicos

Adroaldo Boeira, Leonardo Lima e Maria Luiza Fries


Conceito de cerâmica
● O setor cerâmico tem como objetivo fornecer insumos para as indústrias de
energia, metal-mecânica e, principalmente, a indústria da construção de
imóveis residenciais, comerciais ou governamentais;

● Materiais cerâmicos são todos os materiais inorgânicos, de natureza não


metálica, obtidos de matérias-primas em pó e geralmente após
tratamentos térmicos em temperaturas elevadas.
Cerâmica Industrial
A cerâmica industrial começou a
ser usada no início do século XIX,
tendo como primeiro
desenvolvimento a porcelana para
isolamento térmico.

Ela foge da ideia convencional, e


utiliza materiais mais avançados,
fazendo com que os materiais feitos
possuam uma qualidade superior
para atender altas demandas,.
Indústria cerâmica do Brasil
● A Indústria cerâmica brasileira tem uma participação de 1% no PIB;

● Empresas distribuídas em maior parte na região sul e sudeste;

● Para um melhor entendimento, é viável definir o setor cerâmico pelos


produtos obtidos e pelo mercado em que estão inseridos.
Principais segmentos, classificados Segmento Valor da Produção
(1.000 US$ / Ano)
pelo valor anual de sua produção: Cerâmica Vermelha 2.500.000

Revestimentos 1.700.000

Matérias Primas Naturais 750.000

Refratários 380.000

Cerâmica Técnica, especiais e outras 300.000

Sanitários 200.000

Louça de Mesa e Adorno 148.000

Fritas, Vidrados e Corantes 140.000

Matérias Primas Sintéticas 70.000

Cerâmica Elétrica 60.000

Equipamentos para Cerâmica 25.000

Abrasivos 20.000

Total do Setor 6.253.000


—Someone Famous

Figura 2: Distribuição geográfica do consumo interno de


revestimentos cerâmicos(Fonte: Anfacer)
Figura 3: Destino da exportação brasileira de
revestimentos cerâmicos (Fonte: Anfacer).
Tipos de materiais de cerâmica

Cerâmica branca
● As cerâmicas brancas fazem parte do
grupo das cerâmicas tradicionais,
incluindo produtos à base de silicatos;

● Seu material é resistente, duradouro e é


muito usado por fins estéticos;

● Se divide em um outro grupo além do


tradicional que é o das cerâmicas
avançadas ou de engenharia.
Cerâmica de revestimento
● 121 unidades industriais no Brasil;

● Responsável pela produção de


azulejos, pisos e revestimentos de
paredes externas;

● Ocupa a quarta posição no ranking de


produção mundial, atrás apenas da
China, Itália e Espanha;

● Melhora gradativamente sua


participação no mercado exterior.
Cerâmica vermelha
● Responsável por produzir tijolos,
telhas, pisos rústicos, entre
outros;

● Presente por todo o país;

● Pesquisas realizadas mostram


que existem 11.000 unidades
produtivas.
Materiais refratários
● Fazem parte de um grupo resistente a
altas temperaturas, por isso seu ambiente
de operação inclui condições extremas de
temperatura;

● Precisa ter propriedades específicas para


assim, o revestimento não precise de
muitas manutenções;

● Sua utilização se dá por indústrias


petroquímicas, produtoras de cimentos e
siderúrgicas, porém também são
encontrados em equipamentos como
estufas, fornos e churrasqueiras.
Cerâmicas avançadas

● Possuem materiais desenvolvidos a


partir de matéria-primas com um grau
alto de pureza;

● Sua composição se dá por materiais


metálicos e não metálicos, onde possui
ligação iônica na maioria dos casos.
Isolantes térmicos
● Principal matéria-prima é a
fibra cerâmica;

● Formada pela fusão da


alumina e da sílica;

● Pode ser utilizada em


caldeiras e fornos.
Fritas
● São um material básico usado na
produção de esmaltes cerâmicos, seu
material possui natureza vítrea;

● Durante seu processo de fabricação,


formam uma massa fundida que no
final do processo acabam sendo
resfriadas instantaneamente em água
ou ar, originando a frita.
Abrasivos
● Podem ser aplicados tanto em
composições cerâmicas ou ferramentas
abrasivas;

● Os abrasivos cerâmicos podem possuir


diferentes graus de consolidação;

● Finalidades: desgastar, polir e limpar


outros materiais;

● Abrasivos que podem ser encontrados no


mercado: óxido de alumínio, carbeto de
silício e nitrito de boro.
Equipamentos Prensa e secador – formata e seca a base;

Box de matérias-primas – estoca a


Balança para esmalte – pesa o esmalte
matéria-prima para a base;
conforme a formulação;

Balança – pesa as matérias-primas conforme


a formulação; Moinho de esmalte e tanque com agitação –
mói e estoca o esmalte;

Moinho de bolas – mói, via úmida, as Linha de esmaltação – aplica o esmalte e


matérias-primas e produz a massa (barbotina); decora o revestimento cru;

Atomizador – atomiza a barbotina para obter o Forno de monoqueima – queima o


pó; revestimento esmaltado à temperatura da
ordem de 1.160°C;
Silos de pó atomizado – armazena e
Máquina de classificação – escolhe,
homogeneíza o pó atomizado;
classifica e embala o produto.
Organização do processo produtivo

● De acordo com a ABCERAM (Associação ● Esses processos de fabricação podem diferir

Brasileira de Cerâmica), os processos de de acordo com o tipo de peça ou material

fabricação empregados pelos diversos desejado. O setor que mais se diferencia

segmentos cerâmicos assemelham-se parcial quanto a esse aspecto é o do vidro, embora

ou totalmente. exista um tipo de refratário (eletrofundido),


cuja fabricação se dá através de fusão, ou
seja, por processo semelhante ao utilizado
para a produção de vidro ou de peças
metálicas fundidas.
Etapas de fabricação de cerâmica vermelha

Com argila mole Com argila dura


1. Britagem; 9. Corte;
1. Dosagem; 7. Corte (produto
2. Moagem; 10.Prensagem
2. Alimentação; – tijolos furados);
3. Dosagem; (produto - telhas);
3. Desintegração; 8. Secagem;
4. Alimentação; 11. Secagem;
4. Mistura; 9. Queima;
5. Desintegração; 12. Queima;
5. Laminação; 10. Inspeção;
6. Mistura; 13. Inspeção;
6. Extrusão; 11. Estocagem;
7. Laminação; 14.Estocagem;
12. Expedição.
8. Extrusão; 15. Expedição.
Fluxograma: Processo de
Fabricação de Cerâmica
Vermelha

Os processos de fabricação
empregados pelos diversos segmentos
cerâmicos assemelham-se parcial ou
totalmente. Para exemplificar, a seguir
estão alguns Fluxogramas representando
os diferentes processos de fabricação:
O modelo apresentado no fluxograma do processo conforme a Figura acima é um modelo geral do processo fabril
nas indústrias cerâmicas.

● Na fase 1 ocorre a exploração da jazida que atualmente é feita em sua maioria por equipamentos automotores,
embora em regiões mais pobres a extração seja feita manualmente utilizando-se de picaretas, enxadas, enxadões
e pás, e o transporte até à fábrica através de carrinhos de mão ou carroças com tração animal, realizando a fase 2.
● A fase 3 demonstra o estoque de argila que na maioria das fábricas é feito ao tempo sem qualquer tipo de
preparação e o sazonamento é feito sem qualquer técnica de preparação de massa.
● Na sequência vêm os equipamentos da linha de produção: caixão alimentador - fase 4; desintegrador.
● Seguindo a sequência dos equipamentos da linha de produção: fase 5; homogeneizador - fase 6;
laminador - fase 7; extrusora - fase 8; cortadeira - fase 9. Após a etapa da cortadeira os produtos
cerâmicos seguem para a secagem que pode ser feita de duas formas: natural ou artificial.

Em ambas, a atividade principal é eliminar água dos produtos permitindo assim que os mesmos
possam ser encaminhados aos fornos. Dois tipos de água precisam ser expelidas no processo de
secagem: água higroscópica, que vaporiza entre 50 e 200 ºC; e água interfoliar (lamelar), que
vaporiza entre 250 e 650 ºC.
● A secagem natural consiste em encaminhar os produtos para galpões apropriados ou ao ar livre, onde são
empilhados em leiras de forma que favoreça a passagem da ventilação. Este sistema pode ser bem lento em
função das condições climáticas. Outra forma de realizar este processo é através da secagem artificial. A
secagem artificial consiste na utilização de secadores para acelerar a extração de água dos produtos após a
extrusão.
● Uma vez que os produtos estejam secos, os produtos cerâmicos serão encaminhados para a sinterização nos
fornos. Sinterização é o processo químico pelo qual a argila modifica seu estado adquirindo resistência à
compressão e à umidade. Este processo ocorre em fornos específicos podendo ser realizada a queima, como
informalmente é conhecida a sinterização, de forma contínua ou intermitente. O sistema de queima contínua
utiliza fornos com estrutura capaz de manter o fogo aceso sem interrupção, são chamados de fornos contínuos.
Encontra-se no mercado os fornos Hoffman e túnel como os mais utilizados neste tipo de queima.
● O combustível utilizado no processo de
queima é muito diverso. Cada região do país
utiliza elementos que se encontram em
maior oferta. Entre os mais utilizados
encontram-se: madeira de reflorestamento,
aparas de eucalipto, resíduos de madeira não
contaminados, óleo combustível apropriado,
GLP - gás liquefeito de petróleo, casca de
arroz, serragem, GN - gás natural.
● Após a sinterização os produtos cerâmicos
são encaminhados para a área de estocagem
das fábricas onde são armazenados em
pilhas. Algumas empresas utilizam sistema
de paletização e carregamento com
empilhadeiras. Em sua maioria, as fábricas
carregam de forma manual os caminhões
que realizam a entrega aos clientes.
Vídeo sobre a produção
de louça de cerâmica Como é Feita a Louça de Cerâmica |
Por Dentro da Fábrica
https://www.youtube.com/watch?v=Xq
F5eIrdOKk&ab_channel=HulkGiannelli
-ATOMstudios
Conclusão
● A abundância de matérias-primas naturais, ● Esses processos de fabricação podem diferir
fontes alternativas de energia e de acordo com o tipo de peça ou material
disponibilidade de tecnologias práticas desejado. De um modo geral eles
embutidas nos equipamentos industriais, compreendem as etapas de preparação da
fizeram com que as indústrias cerâmicas matéria-prima e da massa, formação das
brasileiras evoluíssem rapidamente e muitos peças, tratamento térmico e acabamento. No
tipos de produtos dos diversos segmentos processo de fabricação muitos produtos são
cerâmicos atingissem nível de qualidade submetidos a esmaltação e decoração.
mundial com apreciável quantidade
exportada.
Referências
● SILVA, A. C. DA. et al. Análise de viabilidade econômica financeira para a implantação de uma central de
massa em uma indústria cerâmica de Itaboraí, RJ. Cerâmica, v.60, n.356, p.490–500, out. 2014.
● BUSTAMANTE, G.; BRESSIANI, J. C. A indústria cerâmica brasileira. Cerâmica Industrial, São Paulo, v.5, n.3,
2000.
● SEBRAE. Manual de ideias de negócios sustentáveis. Cerâmica, 2012. Disponível em:
http://www.biblioteca.sebrae.com.br/ Acesso em: 23 jun. 2023.
● ABCERAM, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA. https://abceram.org.br/. Acesso em: 23 jun. 2023.
● ANICER, ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA CERÂMICA. https://www.anicer.com.br/. Acesso em: 23
jun. 2023.
● ANFACER, ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE CERÂMICA PARA REVESTIMENTOS,
LOUÇAS SANITÁRIAS E CONGÊNERES. https://www.anfacer.org.br/. Acesso em: 28 jun. 2023.
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