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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

TECNOLOGIA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

6- Materiais Cerâmicos

Profa. Sandra M. F. C. Petrauski


6.1. Introdução

• Indústria cerâmica é uma das mais antigas do


mundo.

• Razões técnicas e econômicas de permanecerem


em uso

• Principais usos do material cerâmico no setor de


construção
Alvenaria
Alvenaria racionalizada (ou modular)
Alvenaria
estrutural
Coberturas
Revestimento fachadas
Revestimentos pisos e paredes
Refratários

Louça sanitária
6.2. Definição
➢ Cerâmica é a pedra artificial obtida pela
moldagem, secagem e cozedura de argilas ou
misturas contendo argilas
Argila é um material natural, terroso, de
baixa granulometria (com elevado teor de
partículas com diâmetro inferior a 2 μm),
que apresenta plasticidade quando
misturados com quantidades adequadas de
água.
- úmidas alta plasticidade
- secas torrões duros e resistentes
➢ As argilas são provenientes da decomposição de
rochas. São constituídas por argilominerais e
minerais acessórios.
➢ Os argilominerais são silicatos hidratados de
alumínio, ferro e magnésio com pequenas
quantidades de álcalis e alcalinos terrosos.
➢ Na composição das argilas os silicatos
hidratados encontram-se juntamente com a
sílica, alumina, ferro, magnésio, cálcio e
materiais orgânicos.
Formulação das massas cerâmicas

Areia ( Plasticidade Estabilidade dimensional)

Silte ( Plasticidade Estabilidade dimensional)

Telha
Extrusão de tijolo furado
Propriedades dos principais constituintes das argilas

Elementos Principais propriedades


Aumenta a plasticidade e a refratariedade (propicia
Alumina
estabilidade dimensional em temperaturas elevadas)
Diminui a plasticidade e a refratariedade (funde no
Sílica cozimento formando o vidro que aglutina e
endurece o material)
Carbonato e
Resultam em expansão volumétrica; agem como
sulfato de cálcio
fundentes
e magnésio
Matéria Resulta em retração e fissuras durante os processos
orgânica de queima
Sais solúveis Propiciam o aparecimento de eflorescências
Eflorescência

Sais solúveis
(K2SO4, Na2SO4, NaCl, Na2CO3)
➢ Um dos critérios mais tradicionais para
classificação das cerâmicas é a cor da massa,
que pode ser branca ou vermelha
➢ Caulim – argila com muita caulinita. É a
forma mais pura da argila, mas pode estar
misturada com grãos de areia, óxido de ferro e
outros elementos. Conforme sua pureza é
usada para a produção de porcelana, louças,
refratários, etc.
- Cerâmica Branca
Materiais constituídos por um corpo branco, geralmente
recobertos por uma camada vítrea

✓ Louça sanitária

✓ Isoladores elétricos (para alta e baixa


tensão)
- Materiais Refratários
Têm por finalidade suportar temperaturas elevadas,
variações bruscas de temperatura, ataques químicos e
outras solicitações
✓ Lareira

✓ Churrasqueiras e fornos
➢ Óxido de ferro – argila com altos teores de
compostos de ferro apresentam cor avermelhada
após a queima.
- Cerâmicas Vermelhas
Utilizadas na fabricação de tijolos, blocos, telhas,
tubos, dentre outros.
6.2.1. Propriedades Importantes das Argilas

- Plasticidade
Propriedade de se deformar quando submetido à uma
força e conservar a deformação quando esta é
retirada.
- Atração entre partículas coloidais
- Umidade “excessiva” elimina a plasticidade

- Retração
Ocorre devido à evaporação da água e formação de
vazios.
- Retração não uniforme provoca deformação
e fissuras
- Influência da Temperatura

O aquecimento da argila gera alterações físico-


químicas irreversíveis*, que resultam em mudanças
nas suas propriedades

* Estudadas na fase
da queima, durante a
produção da cerâmica
6.3. Produção
6.3.1. Fabricação de Componentes de Cerâmica
Vermelha

OBS.: Mesmo processo para a fabricação de materiais refratários


a) Preparação da massa
a.1) Extração da argila
• Definição do local f (tipo de componente a ser fabricado)
Os principais fatores a serem considerados:
- Composição da jazida (tipos de argilominerais)
- Quantidade de argila disponível
- Custos do transporte até a fábrica.

❖ Extração realizada
com o auxílio de
retroescavadeiras,
pás carregadeiras e o
transporte feito em
caminhão basculante
- Camada superficial descartada % de matéria orgânica
- Encontram-se diferenças acentuadas na mesma jazida
a) Preparação da massa
a.2) Sazonamento
• exposição da argila às intempéries f (alterações de suas
características, como a desagregação dos torrões e a lixiviação
de sais solúveis)
a.3) Mistura
• corrigir deficiências na argila
adequando ao produto fabricado
a) Preparação da massa
a.4) Homogeneização
• amassamento com auxílio de laminadoras f (reduzir
dimensões dos grãos e adequar o teor de água da mistura)
b) Conformação (ou Moldagem)
b.1) Extrusão
b) Conformação (ou Moldagem)

b.2) Prensagem
c) Secagem

c.1) Natural
c) Secagem

c.2) Artificial
d) Queima
O calor sobre as argilas gera alterações físico-químicas irreversíveis:
- Até cerca de 110º C, perde água de capilaridade e amassamento
- Entre 200º C à 300º C, ela perde água adsorvida, e argila vai se
enrijecendo.
A partir desta temperatura começam as alterações químicas:
- Entre 400 e 800º C, desidratação química, a água de constituição é
expulsa, resultando o endurecimento, e as matérias orgânicas são
queimadas,
- Entre 800 e 950º C, ocorre a oxidação, os carbonetos são calcinados
e se transformam em óxidos;
- A partir de 950º C, ocorre a vitrificação, aparecendo a cerâmica
propriamente dita.
d) Queima (Forno contínuo)

❖ Perda da água e
fusão de minerais
internos
e) Resfriamento e
expedição
6.3.2. Fabricação de Revestimentos Cerâmicos
6.3.3. Fabricação de Louças Sanitárias
- Etapas:
1- Preparação da massa: o material argiloso é disperso em
água (barbotina).
2- Conformação: a pasta fluida é vazada para um molde. São
dois os tipos de molde: gesso e resina acrílica.
3- Secagem: estufa (100oC por aproximadamente 8 hs) e
após as peças são inspecionadas.
4- Queima: forno contínuo e tempo de passagem de 15 hs.
Temperatura ambiente no início e final do forno e em torno de
1250°C no meio. A aplicação do esmalte pode ser manual (com
revólver de ar comprimido) ou por máquinas. A esmaltação é
feita individualmente em quase todos os produtos.
- Moldagem de Louças Sanitárias
- Secagem de Louças Sanitárias
- Inspeção de Louças Sanitárias
- Esmaltação de
Louças Sanitárias
- Queima de Louças Sanitárias
- Inspeção para Expedição de Louças Sanitárias
6.4. Produtos Cerâmicos para Construção
6.4.1. Blocos Cerâmicos
- Tipos:
✓ Tijolos maciços
✓ Blocos vazados
✓ Blocos estruturais
Normas:
✓ ABNT NBR 15270-1: 2017 Componentes cerâmicos – Blocos e tijolos para
alvenaria Parte 1: Requisitos
✓ ABNT NBR 15270-2:2017 Componentes cerâmicos – Blocos e tijolos para
alvenaria Parte 2: Métodos de ensaios.
Inspeção e Aceitação (NBR 15270:2017)

✓ Nunca receber em obra lotes acima de 100.000 unidades


✓ Escolha de elementos de amostragem deve ser aleatória
✓ Critérios de controle definidos em norma
✓ Se o lote for rejeitado na primeira inspeção, deve ser feita uma nova
amostragem e inspeção
Empresas de pequeno e médio porte
apresentam maior dificuldade de controle
de qualidade
Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos segundo a NBR 15270

OBS.: também são averiguadas as medidas


de paredes internas e externas

Largura Altura Comprimento do bloco


(cm) (cm) principal (cm)
9 19 ou 24
9 14 19 ou 24 ou 29
19 19 ou 24 ou 29 ou 39
11,5 24
11,5 14 24
19 19 ou 24 ou 29
14 19 19 ou 24 ou 29 ou 39
19 19 19 ou 24 ou 29 ou 39
24 24 24 ou 29 ou 39
Características exigidas para blocos cerâmicos (NBR 15270:2017)

Características do bloco Especificações da norma


Medida das faces Tolerância dimensional de ± 5 mm
Espessura dos septos e paredes externas Septos: espessura  6 mm
dos blocos de vedação Paredes externas: espessura  7 mm
Espessura dos septos e paredes externas Septos: espessura  7 mm
dos blocos estruturais de paredes vazadas Paredes externas: espessura  8 mm
Espessura dos septos e paredes externas Septos: espessura  8 mm
dos blocos estruturais de paredes Paredes externas: espessura  20
maciças mm
Espessura das paredes externas dos
Espessura  8 mm
blocos estruturais perfurados
Desvio em relação ao esquadro Desvio ≤ 3 mm
Planeza das faces Flexa ≤ 3 mm
Índice de absorção de água Entre 8% e 22%
Determinação da Planeza das Faces

Determinação do Desvio ao Esquadro

✓ Ambos buscam evitar


consumo excessivo
de argamassas
Determinação do Índice de Absorção de Água

✓ Varia conforme elemento


Determinação da
Resistência à Compressão
de Blocos Cerâmicos
(NBR 15270:2017)
Determinação da Resistência à
Compressão (NBR 15270:2017)

✓ Blocos
saturados
Apresentação dos Resultados
Especificações (NBR 15270:2017)
Especificações (NBR 15270:2017, continuação)
Especificações (NBR 15270:2017, continuação)
Especificações (NBR 15270:2017, continuação)
Especificações (NBR 15270:2017, continuação)
Especificações (NBR 15270:2017, continuação)
Especificações (NBR 15270:2017, conclusão)
6.4.2. Telhas Cerâmicas
Inspeção e Aceitação (NBR 15310:2009)

➢ Devem atender a requisitos de ensaios de impermeabilidade


Características geométricas (NBR 15310:2009)
Inspeção e Aceitação (NBR 15310:2009)
* Lote de 100.000 unidades amostra de 30 unidades

Característica da telha Especificação da norma

Admitidos pequenos defeitos que não prejudiquem o


Características visuais
desempenho
Sonoridade som semelhante ao metálico, quando percutida
Telhas planas: ≤ 1% do comprimento efetivo e ≤ 1% da
largura efetiva
Retilineidade
Telhas simples de sobreposição e telhas compostas de
encaixe: ≤ 1% do comprimento efetivo

Determinação da retilineidade
Inspeção e Aceitação (NBR 15310:209)
Planaridade ≤ 5 mm
A massa da telha seca não deve superar em mais de 6%
Massa
o valor declarado no projeto do modelo da telha
Tolerância ± 2% em relação às dimensões de fabricação
dimensional especificadas na norma

- Clima temperado ou tropical: AA ≤ 20%


- Clima frio e temperado: AA ≤ 12%
Absorção de água
- Clima muito frio e úmido, inclusive sujeito a ciclos
frequentes de gelo e degelo: AA ≤ 7%

Determinação da planaridade
Inspeção e Aceitação (NBR 15310:209)
Não deve apresentar vazamentos ou formação de gotas em
sua face inferior, sendo tolerado o aparecimento de manchas
Impermeabilidade de umidade.
A telha que atender ao item anterior será qualificada como
impermeável á água, caso contrário, como permeável á água.
Determinação da Resistência à Flexão
Carga de ruptura à flexão (por 3 pontos)
Cargas de ruptura à flexão mínimas para telhas
cerâmicas (NBR 15310:2009)

Carga de ruptura
Tipo de telha Exemplo
a flexão (N)
Plana de encaixe Telha francesa 1000
Composta de encaixe Telha romana 1300
Telha capa e canal
colonial
Simples de
Telha plana 1000
sobreposição
Telha paulista
Telha Piauí
Plana de
Telha alemã 1000
sobreposição
6.4.3. Tubos Cerâmicos
Resistência mínima de tubos cerâmicos, em ensaio
de compressão diametral, em função do diâmetro
nominal (NBR 5645:1991)

Diâmetro 75,100,
250 300 350 375 400 450 500 600
nominal (mm) 150 e 200

Resistência à
compressão 15000 16000 17000 19000 20000 22000 25000 28000 35000
diametral (N/m)
6.4.4. Revestimentos ou Placas Cerâmicas
• Norma ABNT NBR 13818:1997

Características Geométricas
➢ I até 3%
➢ II acima de 3%
até 10%
➢ III acima de 10%
6.4.5. Louças Sanitárias

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