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Transformador de Instrumentação de Baixa Potência

Alimentado por Fibra Óptica Aplicado para


Medição da Qualidade da Energia Elétrica em
Média Tensão
Renê Augusto Benvenuti Maurício Hüsken Tiago Faria Perius
IMS Power Quality IMS Power Quality IMS Power Quality
Porto Alegre, RS, Brasil Porto Alegre, RS, Brasil Porto Alegre, RS, Brasil
rene.benvenuti@ims.ind.br mauricio.husken@ims.ind.br mecanica.tiago@ims.ind.br

Fabio R. Bassan João B. Rosolem


Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Telecomunicações - CPQD em Telecomunicações - CPQD
Campinas, SP, Brasil Campinas, SP, Brasil
fbassan@cpqd.com.br rosolem@cpqd.com.br

Resumo — Este artigo apresenta o desenvolvimento de um calculados, além de uma dinâmica, inerente à construção
analisador para a média tensão, que incorpora um física dos TI, às medições de QEE efetuadas na rede. Além
transformador de instrumentação de baixa potência, disso, a ligação dos TI à rede impacta diretamente nos dados
alimentado através de fibra óptica, em conjunto com um obtidos, adicionando complexidade na análise dos mesmos.
medidor de parâmetros da qualidade da energia elétrica em
redes de distribuição de até 35kV. O protótipo foi instalado em Como abordagem alternativa a esse processo de medição
uma rede de 13,8kV da Cooperativa CERTAJA Energia, na e obtenção dos parâmetros da QEE em redes de distribuição,
cidade de Taquari, região central do RS, onde foram coletados neste trabalho é apresentada a aplicação em campo de um
dados por um período de 30 dias. Deste estudo de campo, conjunto transdutor de tensão e corrente mais analisador,
foram levantados novos requisitos e oportunidades de melhoria doravante denominado analisador de média tensão, que
para o protótipo, tanto para a eletrônica quanto para a utiliza o transformador de instrumentação de baixa potência
mecânica. Por fim, são apresentadas as modificações realizadas (LPIT), alimentado através de fibra óptica, apresentado em
no projeto e a nova versão do equipamento. [4] e [5] em conjunto com um analisador da QEE classe S
IMS PowerNET PQ-700.
Palavras-chave — Transformador de Instrumentação de
Baixa Potência; LPIT; Power-over-Fiber; PoF; Fibra óptica; Primeiramente, no capítulo II, é descrito o princípio de
Sensor de Tensão; Sensor de Corrente, Sensor de média tensão, funcionamento e a concepção do LPIT alimentado por fibra
Medidor, Analisador para Rede de Distribuição; Qualidade da óptica, suas unidades eletrônicas, integração com o medidor,
Energia Elétrica. processo de ajuste e calibração unificado e a mecânica do
protótipo I do analisador para média tensão. No capítulo III é
I. INTRODUÇÃO apresentada a instalação e teste de campo em uma rede de
Qualidade da energia elétrica (QEE) é o termo utilizado 13,8kV da Cooperativa CERTAJA Energia, do Rio Grande
para designar uma série de fenômenos que abrangem do Sul. São discutidos os resultados desta instalação e os
diversas áreas do setor elétrico. Distorções harmônicas, retornos fornecidos pela equipe de linha viva da Cooperativa.
desequilíbrios, flutuações de tensão e variações de tensão de No capítulo IV se descreve o reprojeto da mecânica e da
curta duração (VTCDs) são parâmetros da QEE normalmente eletrônica do analisador para média tensão, motivado pelo
mensurados quando se deseja avaliar uma instalação elétrica retorno obtido da instalação em campo, chegando na versão
ou a qualidade da energia fornecida para determinados II do equipamento. Por fim, o capítulo V apresenta as
clientes por uma concessionária. Para a medição dos conclusões desse trabalho e os desenvolvimentos futuros.
parâmetros da QEE são utilizados analisadores, que são
equipamentos eletrônicos capazes de realizar os cálculos II. SENSORIAMENTO EM MÉDIA TENSÃO
segundo as definições das normas internacionais IEC 61000- Um transdutor utilizado para aquisição de sinais de tensão
4-30 [1], IEC 61000-4-15 [2] e IEC 61000-4-7 [3] e e corrente para posterior cálculo de parâmetros da QEE
disponibilizar estes dados agregados através de registros em deverá possuir:
memória de massa ou banco de dados.
• boa linearidade, de forma a garantir os requisitos de
Quanto à instalação em campo dos analisadores para incerteza para toda a faixa de medição;
realização das medições, de modo geral, estes são conectados
na baixa tensão e os resultados refletidos para o primário por • boa repetibilidade, de forma a atender os critérios de
meio da relação de transformação dos transformadores de incerteza independentemente do local de instalação e
instrumentação (TI), uma vez que os medidores não podem das condições do ambiente;
ser diretamente conectados ao primário devido aos seus • largura de banda suficiente para não comprometer o
limites de tensão. Esta prática de forma alguma desabona as conteúdo harmônico do sinal mensurado.
medições, contudo, adiciona a incerteza dos TI à do
analisador. Desta forma são inseridos erros aos parâmetros

XV CONFERÊNCIA BRASILEIRA SOBRE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA – CBQEE 2023

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Contudo, estes são conceitos qualitativos e, para
avaliarmos de maneira quantitativa os transdutores, fazemos
uso das normas IEC 61869-10 [6] e IEC 61869-11 [7], que
apresentam ensaios e critérios de classificação em classes de
exatidão para os transformadores de corrente e de tensão.
Transdutores de classes 0,2% e 0,5% são os que apresentam
melhor desempenho segundo estas normativas e, desta forma,
são os mais indicados quando se necessita de dados com a
menor incerteza.
Quando no contexto de QEE, a norma [1] é a que
estabelece as classes de equipamentos para análise da
qualidade da energia elétrica, A ou S, conforme os cálculos
realizados, margens de incerteza e capacidade de
processamento dos medidores. Como exemplo, analisadores
da classe A deverão, obrigatoriamente, possuir um método de
sincronismo temporal que os permita realizar a mesma Figura 1 – LPIT PoF. (a) Aplicação típica (b) diagrama de blocos do
medida, dentro da incerteza de 0,1% da tensão nominal da analisador para MT. Fonte [4].
rede mensurada, de forma a garantir medições comparáveis
para o mesmo ponto. Por isso são os únicos equipamentos
permitidos para casos em que os dados são utilizados em A. Unidade de sensoriamento
disputas judiciais. A unidade de sensoriamento é o componente do medidor
Somados aos critérios de linearidade, repetibilidade e que é posicionado na rede de média tensão. É composta por
largura de banda, tem-se os requisitos de usabilidade da uma mecânica que permite a conexão e fixação do
aplicação de um analisador para a média tensão: equipamento em cabos da rede de distribuição, um divisor
capacitivo para sensoriamento de tensão, transformador de
• possuir volume e peso reduzidos, podendo ser corrente e uma placa eletrônica responsável por instrumentar
transportado e instalado de forma relativamente os sinais de tensão, corrente e temperatura, realizar a
simples; conversão analógico para digital e enviar os dados
• poder ser instalado em campo por equipe de linha digitalizados para a unidade de processamento por meio de
viva, sem que a rede necessite ser desenergizada; fibra óptica. Esta unidade recebe o sinal óptico PoF e então
converte a luz em tensão para alimentação da eletrônica que
• deve ser alimentado externamente, evitando fica no potencial de média. Desta forma, a isolação entre as
interrupções na medição devidas ao esgotamento da unidades de processamento e sensoriamento é mantida,
bateria ou a condições específicas de rede e mantendo dados e potência trafegando por meio de fibras
ambiente. Sendo assim, não deve ser alimentado por ópticas.
baterias, energia solar ou pela própria rede (energy
A escolha pela tecnologia híbrida PoF permitiu que o
harvesting);
sensor atingisse os requisitos de linearidade e largura de
• possuir design compatível com instalação por vara banda para aplicação em medições de qualidade da energia,
de manobra; além de obter as classificações descritas na Tabela 1,
segundo ensaios das normas [6] e [7]. Isso de forma
• ser robusto e seguro para redes de média tensão com confiável frente a condições adversas de clima, como ventos
níveis de até 35kV. e chuva, que poderiam afetar o funcionamento de sensores
Pensando em todos estes desafios, em [4] e [5] foi puramente ópticos, por exemplo.
proposto um transformador de instrumentação de baixa
potência alimentado por meio de fibra óptica. Este transdutor
utiliza uma tecnologia híbrida, óptica e eletrônica, conhecida Tabela 1 – Resultados obtidos para LPIT PoF. Fonte [4][5].
como PoF (power-over-fiber), onde existe uma placa Largura de
Classe Linearidade [R2] Faixa
eletrônica e sensores localizados na média tensão e uma Banda
unidade de processamento, localizada na baixa tensão. A Tensão 0,5% 0,99 3kHz 1 – 35kV
transmissão de dados e de energia é feita através de luz, por
Corrente 0,2% 0,99 4kHz 37,5 – 900A
meio de fibras ópticas, o que garante a isolação do conjunto.
A Figura 1 ilustra o diagrama de blocos do LPIT PoF. Na
sequência são descritas as unidades do equipamento. B. Unidade de processamento
A unidade de processamento é composta por uma placa
eletrônica com função de receber os sinais digitais
provenientes da unidade de sensoriamento, aplicar os filtros
digitais, fazer a compensação de temperatura e novamente
converter os sinais digitais para o domínio analógico,
enviando-os para a instrumentação do analisador.
Nesta unidade fica posicionada a fonte e o driver de
potência do laser PoF, que é enviado para energizar a
unidade de sensoriamento.

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O LPIT PoF foi projetado de forma a se adequar a
diferentes analisadores. Para tal, a saída é analógica de baixa
tensão e composta por um conversor digital analógico e um
filtro de desacoplamento DC.
C. Analisador da Qualidade da Energia Elétrica
O equipamento utilizado em campo para o estudo deste
trabalho foi o PowerNET PQ-700, da IMS Power Quality.
Este analisador realiza todos os cálculos da QEE conforme a
Classe S da norma IEC 61000-4-30 [1], fazendo o registro
das grandezas e, opcionalmente, a captura de oscilografias de
tensões e correntes. A adequação necessária no hardware do
medidor se limita aos resistores de elevada impedância,
localizados no circuito de instrumentação.
O processo de ajuste e calibração do medidor foi
realizado com o conjunto de sensoriamento já acoplado, em
um padrão de referência trifásico Fluke 6106A, capaz de Figura 2 – Instalação do analisador de média tensão pela equipe de linha
gerar sinais de 1kV e 50A com exatidão melhor do que viva da CERTAJA.
0,02% e 0,06% para tensão e corrente, respectivamente. Com
o ajuste combinado do conjunto sensor mais analisador é
possível minimizar a incerteza.
III. INSTALAÇÃO E TESTE DE CAMPO – REDE 13,8KV
CERTAJA
O protótipo foi instalado em uma rede aérea de média
tensão da cooperativa CERTAJA energia, na cidade de
Taquari, Rio Grande do Sul. A instalação foi feita pela
equipe de linha viva da empresa, conforme ilustram as
Figuras 2 e 3. A fixação das unidades de sensoriamento na
rede de média tensão foi feita utilizando varas de manobra e
um caminhão com cesto aéreo.
O processo de instalação em poste envolve os seguintes
passos:
• instalação da haste metálica ao solo para obtenção
do potencial de terra;
• acomodação do analisador e da unidade de
processamento ao poste;
• instalação das unidades de sensoriamento na rede de
média tensão;
• energização do analisador e da unidade de
processamento na baixa tensão.
Figura 3 – Protótipo I do analisador de média tensão instalado.

Após instalação, o analisador foi comissionado para


envio de dados através da rede 3G para a plataforma IMS
PowerMANAGER web, de onde estes puderam ser
analisados remotamente. A Figura 4 apresenta os gráficos de
oscilografia dos sinais de tensão e corrente, além das curvas
de tendência da tensão, da corrente, do THD e da severidade
de flicker (Pst), obtidos.
Durante o período em que o medidor ficou instalado não
houve eventos na rede de média tensão. Contudo, obteve-se
uma massa de dados com os parâmetros da QEE do ponto de
instalação, além de dados de fluxo de potência e energia.

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A. Retorno da instalação em campo
Após conclusão do ensaio de campo, houve uma série de
oportunidades de melhoria vistas no protótipo, tanto pelos
desenvolvedores que acompanharam o processo, quanto pela
própria equipe de linha viva da cooperativa CERTAJA.
Deste retorno, elencou-se os seguintes tópicos principais:
• unidade de sensoriamento está com peso muito
elevado, dificultando a instalação por vara de
manobra;
• unidade de sensoriamento não é ergonômica,
girando no ponto de fixação e dificultando a
instalação por vara de manobra;
• parafuso para fixação da unidade de sensoriamento
não possui final de curso, gerando confusão e
dificultando a instalação;
• unidade de processamento e analisador da QEE
ficaram acomodados em gabinete metálico
volumoso e pesado, dificultando o transporte e a
instalação;
• fonte de alimentação do equipamento deverá ser
mais robusta e tolerar maior variação da tensão de
entrada.
IV. VERSÃO II DO ANALISADOR PARA MÉDIA TENSÃO
Com base no retorno de campo e visando transformar o
protótipo em um equipamento de produção, foi dado início
ao reprojeto da eletrônica e da mecânica. Para a estrutura do
analisador de média tensão o norteador do reprojeto foi a
mudança da carcaça metálica para material plástico injetado.
Isso permitiu manter as características de robustez, porém,
com custo, peso e dimensional reduzidos.
A. Reprojeto da unidade de sensoriamento
Após os testes do produto no ambiente de instalação,
contatou-se alguns pontos de atenção no projeto mecânico a
fim de aprimorar a solução para tornar a operação mais
segura e com melhor ergonomia para o operador.
Deste modo, uma nova versão do design do equipamento
se concentrou em:
• reduzir o peso da unidade de sensoriamento e do
gabinete onde estavam inseridos a unidade de
processamento e o analisador;

Figura 4 – Medição de QEE na rede de média tensão. Em (a) e (b) as • reduzir o dimensional do conjunto;
oscilografias de tensão e corrente. Em (c), (d), (e) e (f) as tendências de
tensão, corrente, THD e severidade de flicker (Pst), respectivamente, para
• melhorar a ergonomia para a operação durante a
um período de 24h. instalação;
• diminuir a quantidade de partes para facilitar o
A avaliação da linha de média tensão conforme o Módulo processo produtivo do produto.
8 do PRODIST da ANEEL [8] não foi possível devido à O novo design foi desenvolvido com o foco na
algumas falhas de comunicação e na alimentação do miniaturização do equipamento, integrando a eletrônica e a
protótipo, que impediram a obtenção dos registros válidos mecânica de forma que o novo projeto contemplasse a
necessários para cálculo dos indicadores de conformidade. montagem das partes sem folgas, sendo o dimensional
Este fato impossibilitou a análise de indicadores da qualidade adequado para a solução.
do produto, contudo, para fins de avaliação do protótipo I,
A redução de dimensional foi possível devido à mudança
foram pontos de melhoria considerados no reprojeto da
do material empregado e de seu processo de fabricação. O
eletrônica do equipamento. reprojeto do produto utilizou-se de material polimérico
(plástico) injetado. Esta mudança possibilitou uma redução
drástica do peso do equipamento e de seu dimensional, onde
a versão inicial em aço carbono pesava aproximadamente

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5,5kg, enquanto o novo projeto em plástico reduziu o peso versão I do protótipo para um cilindro de poliacetal com
para 2,5kg. Isso representa uma redução de 55% no peso de mufla isolante, favorecendo também a redução de peso do
cada sensor. conjunto.
Além da redução de dimensional e de peso, outro ponto
importante para o reprojeto era a melhoria da ergonomia para
a instalação do equipamento. A unidade de sensoriamento
teve uma mudança importante para facilitar a sua etapa de
fixação e instalação nos cabos de distribuição. A posição de
encaixe do isolador junto às partes plásticas da unidade de
sensoriamento foi modificada para que o centro de massa do
conjunto mudasse. Esta alteração favoreceu a operação, uma
vez que ao acoplar a vara de manobra na unidade de
sensoriamento, o peso exercido tendia para frente, e não mais
para trás como a versão inicial. Deste modo, ao aproximar a
unidade de sensoriamento ao cabo de energia, o peso do
equipamento vai ao encontro do cabeamento, encaixando-se
à rede de distribuição. Ainda para tornar este processo mais
facilitado, o novo design foi concebido para que a fixação do Figura 6 – Unidade de sensoriamento. Em (a) a primeira versão do
produto permitisse ao operador deslizar o produto sobre o protótipo feita em aço e resina. Em (b) a segunda versão, já em material
cabo da rede, e, assim, fixá-lo de maneira mais rápida e com plástico injetado e poliacetal.
alívio de peso durante a operação.
Na Figura 5 se apresenta o conceito desenvolvido para a B. Gabinete para a unidade de processamento e analisador
versão II do analisador de média tensão.
Para o gabinete que acomodará a unidade de
processamento e o medidor da QEE, objetivou-se a redução
de volume e a praticidade para instalação em poste. No
reprojeto foi idealizada a acomodação da eletrônica do
analisador e da unidade de processamento em uma única
caixa plástica, conforme se visualiza na Figura 7.
Foi utilizado o próprio gabinete plástico do IMS
PowerNET PQ-700 para acomodar a unidade de
processamento. Isso foi possível adequando a eletrônica e
reorganizando as placas de forma a deixar o analisador em
uma metade do gabinete e a unidade de processamento na
outra metade. A união entre as partes se dá por cabo flat.

Figura 5 – Conceito 3D da versão II do analisador de média tensão

Finalizadas as modificações no projeto mecânico foram


fabricados novos protótipos em processo de impressão 3D,
Figura 7- Gabinete mecânico. Em (a) a versão II, atual, e em (b) a versão
onde se pode avaliar inicialmente os encaixes das partes e instalada na cooperativa CERTAJA.
fazer uma primeira rodada de ensaios mecânicos. Contudo, a
impressão 3D não pode ser testada quanto à robustez do
conjunto, necessitando uma nova etapa de desenvolvimento. Comparando-se com o primeiro protótipo, houve redução
Após novos ensaios de ergonomia e ajustes, obteve-se o drástica no peso do equipamento, passando de 49kg para
resultado da Figura 6, que mostra o comparativo entre a pouco mais de 3kg, uma redução de 94%, que também
primeira versão e a versão atual da unidade de carregou uma redução no volume e dimensional do gabinete,
sensoriamento, já confeccionada através do processo de facilitando o transporte e a fixação do mesmo em postes.
vaccum casting injetado em material polimérico.
Adicionalmente à mudança do material da mecânica da
unidade de sensoriamento, houve adequação no material
isolante da cabeça do sensor, passando de resina moldada na

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V. CONCLUSÃO comerciais ou não técnicas. A ideia é obter remotamente
Neste trabalho se apresentou a aplicação em campo de dados de consumo de uma determinada região, através da
um analisador da QEE integrado a um transformador de instalação do analisador de média tensão em uma linha que
instrumentação de baixa potência inovador, com tecnologia atenda alguma comunidade onde o acesso e medição da
PoF. O protótipo apresentou bom desempenho, podendo ser energia diretamente nos transformadores da distribuição é
transportado e instalado de maneira mais fácil do que as dificultado. Com o ajuste e calibração do conjunto analisador
tecnologias convencionais e permitindo a obtenção remota de mais sensor de média tensão é possível reduzir a incerteza na
parâmetros da QEE de uma rede de média tensão. Foram medição da energia elétrica. Em testes preliminares se obteve
observadas oportunidades de melhoria durante o curso dos índice de classe B (1%), segundo NBR 14519. Estes
testes que motivaram um reprojeto da mecânica e da resultados são muito promissores uma vez que, para este tipo
eletrônica do equipamento. Foi desenvolvido então uma nova de aplicação, técnicas onde se mede apenas a corrente em
versão da mecânica do sensor PoF, que utiliza molde de média e se assume fixa a tensão, são utilizadas atualmente
injeção e material polimérico, além de projetado um novo com erros superiores a 30%, não passando de uma
case para acomodar o medidor da QEE e a unidade de aproximação grosseira do consumo real.
processamento. Já na versão II do equipamento, obteve-se Espera-se instalar a nova versão do equipamento em
aprimoramento significativo na estrutura, com redução de redes de média tensão de distribuidoras parceiras para avaliar
peso na ordem de 55% para a unidade de sensoriamento e de a efetividade das implementações feitas no projeto e estudar
94% para o gabinete da unidade de sensoriamento e novas aplicações para o medidor.
analisador, pontos chave do retorno recebido. Além de uma
redução no dimensional e redesign pensados para facilidade
de instalação e transporte do equipamento. BIBLIOGRAFIA
Observou-se com este estudo a relevância da
aproximação entre a equipe de desenvolvimento e o usuário [1] IEC 61000-4-30 Edition 3.0: Electromagnetic Compatibility (EMC) -
final para uma melhor concepção de produto. Com base no Part 4-30: Testing and Measurement techniques - Power quality
retorno dado pela equipe de linha viva da cooperativa measurement methods, International Electrotechnical Commission -
CERTAJA e das percepções obtidas pelos desenvolvedores IEC, 2015.
durante a instalação e posta em marcha do equipamento, foi [2] IEC 61000-4-15 Edition 2.0: Electromagnetic Compatibility (EMC) -
Part 4-15: Testing and Measurement techniques - Flickermeter -
possível aprimorar, tanto em funcionalidades quanto em Functional and design specification, International Electrotechnical
usabilidade, o analisador para média tensão, ressaltando-se a Commission - IEC, 2010.
importância deste tipo de prática desde a concepção do [3] IEC 61000-4-7 Edition 2.1: Electromagnetic Compatibility (EMC) -
protótipo. Part 4-7: Testing and Measurement techniques - General guide on
harmonics and interharmonics measurements and instrumentation, for
A. Trabalhos Futuros power supply systems and equipment connect thereto, International
Electrotechnical Commission - IEC, 2010.
A versão II do analisador de média tensão está na etapa
de introdução à fábrica, onde os processos de manufatura [4] Bassan, F. R., Rosolem, J. B., Floridia, C., Aires, B. N., Peres, R.,
Aprea, J. F., ... & Fruett, F. (2021). Power-over-fiber LPIT for voltage
estão sendo avaliados e aprimorados. and current measurements in the medium voltage distribution
networks. Sensors, 21(2), 547.R; doi 10.3390/s21020547.
Para estudos de qualidade de energia mais aprofundados,
está sendo incorporado um analisador classe A da energia [5] Bassan, F. R., Rosolem, J. B., Floridia, C., Aires, B. N., Peres, R.,
Hüsken, M., Nascimento, C. A. M, Fruett, F. (2022). Transformador
elétrica ao sensor PoF, o IMS PowerNET PQA-700. Desta de Instrumentação de Baixa Potência Alimentado por Fibra Óptica e
forma será possível obter todos os parâmetros da QEE Aplicados em Redes de Distribuição. X Workspot 2022.
definidos em [1] com a menor incerteza possível e de forma [6] IEC 61869-10. Instrument Transformers—Part 10: Additional
remota, com um conjunto sensor e medidor classe A Requirements for Low-power Passive Current Transformers;
ajustados conjuntamente e aplicados diretamente na média International. Electrotechnical Commission IEC: Geneva,
tensão. Esperasse utilizar dois analisadores classe A em Switzerland, 2017.
paralelo, um na média tensão através do sensor PoF e outro, [7] IEC 61869-11. Instrument Transformers—Part 11: Additional
Requirements for Low Power Passive Voltage Transformers;
como redundância, na baixa tensão através de métodos International. Electrotechnical Commission IEC: Geneva,
tradicionais. Isso permitirá compararmos os parâmetros Switzerland, 2017.
medidos pelos dois equipamentos, visto que analisadores da [8] PRODIST - Modulo 8: Qualidade da Energia Elétrica, Agência
classe A possuem mecanismos de sincronização via GPS que Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, 2021.
garantem a obtenção de medidas compatíveis e comparáveis.
Quanto a estudos de novas funcionalidades, está sendo
avaliada a aplicação do equipamento para o combate a perdas

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