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FARMÁCIA
PRÁTICAS EXTENSIONISTAS
Almenara
2021
Almenara
2021
RESUMO/ABSTRACT
PALAVRAS-CHAVE
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a automedicação consiste no uso de
medicamentos por pessoas para tratar doenças auto diagnosticadas ou sintomas sem o
aconselhamento do profissional de saúde qualificado para determinada função. A
automedicação pode ser vista como um elemento de autocuidado, (OMS, 1998) porém, o uso
indiscriminado de medicamentos, a automedicação inadequada, podem levar a tratamentos
ineficazes e pouco seguros (ARRAIS et. al, 2005).
No Brasil, cerca de 35% dos medicamentos adquiridos são feitos através de
automedicação (AQUINO, 2008). No estudo de Huertas e Campomar (2008) o Brasil está em
quinto lugar no ranking de consumo de remédios no mundo, apresentando uso abusivo de
medicamentos e denunciando abuso monetário das indústrias farmacêuticas. Um estudo
transversal de base populacional foi realizado com dados da Pesquisa Nacional de Acesso,
Utilização e Promoção do Uso Racional de medicamentos (PNAUM), e segundo Arrais
(2016) a prevalência de automedicação no Brasil foi de 16,1%, maior no sexo feminino;
residindo nas regióes, Norte, Nordeste ou Centro-Oeste, além disso, ser portador de uma ou
mais doenças crônicas. Dentro os grupos terapêuticos que mais são procurados por
automedicação há os analgésicos e relaxantes musculares, sendo a dipirona o mais consumido
no país.
Ainda pode ser destacado que o Brasil foi predilecto o país recordista mundial de
automedicação segundo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (2016), onde 72% dos
brasileiros se automedicam e além disso, há o aumento da dosagem por parte de muitos para
obter um maior alívio. Esses fatos muitas vezes são provenientes de um aspecto cultural, em
que tomar esses remédios de imediato, sem uma devida consulta, oferece um alívio
instantâneo. Além disso, pode ser ocasionado pela precariedade do Sistema de Saúde como:
Dificuldade de marcar consultas médicas, grande facilidade de acesso a informações na
internet e a variedade de produtos na indústria farmacêutica andando lado a lado com a falta
de orientação dos farmacêuticos a alertarem a população sobre esses riscos. (MINUTO
SAUDÁVEL, 2017). Outro fator a ser mencionado é o carecimento de investigação por parte
do governo sobre a mortalidade e morbidade relativa a esse uso de medicamentos, como, a
ainda recente implantação de Farmacovigilância que compromete um diagnóstico preciso da
situação do país (RAMOS, J. et al). O uso de analgésicos por automedicação representa uma
alta prevalência de dor na população em geral, de acordo com Carrera et al. (2013).
Segundo Melo (2007), cerca de pelo menos 10% dos casos de intoxicações
medicamentosas registradas por seis Centros de Controle de Intoxicações eram por fármacos
anódinos, como a dipirona, salicilatos e paracetamol. Dessa forma, conclui-se que
analgésicos que são vistos pela população como isentos de riscos são os que mais causam
complicações à saúde, devido a automedicação inadequada (VILARINO et al.,1998).
Em linhas gerais, os analgésicos podem ser classificados como: analgésicos comuns,
AINES e opióides. Pode ser citado primeiramente os analgésicos opióides, medicamentos
esses que são prescritos para o alívio da dor, mas não deixa o indivíduo isento de riscos. Esse
medicamento é derivado do ópio que é extraído da papoula que possui propriedades
analgésicas, como exemplo da morfina, oxicodona, metadona, entre outros. Os opióides são
contraindicados caso não haja prescrição médica, por causar adição (necessidade de tomar o
remédio sem ser por dor) dito isso, sendo usado da forma assertiva os sintomas a serem
sentidos apenas serão os comuns, com os quais encontramos em bula de fármacos, no caso
dos opióides os mais recorrentes são prisão de ventre, náuseas, enjôos, tonturas e confusão
mental (Cartas ao Editor, 2018). É de grande relevância ressaltar a epidemia dos Opióides
registrada nos Estados Unidos desde 1990, com mais de 87.203 mortes, se agravando com a
pandemia e batendo um novo recorde, fazendo correlação com o isolamento social e o
aumento das overdoses, enfatizando, mais uma vez, o perigo da automedicação (NÓBREGA,
et al, 2021). Pode ser citado também o Anti-inflamatório não-esteróide (AINE ou AINES),
age sobre processos inflamatórios no organismo, como dor aguda e crônica, possuindo
também ação antipirética (que previne ou reduz a febre), diminuindo a temperatura corporal
(J.M. Silva, et al, 2018). Alguns deles são: Paracetamol, Aspirina, Ibupofreno, Diclofenaco e
etc. Hodiernamente ocorreu uma análise no periódico Norte Americano, PloS, onde
sugeriram que o inflamatório não-esteróide diclofenaco deixasse de fazer parte das listas
nacionais de medicamentos essenciais devido seu alto risco cardiovascular, inclusive, se
destacando dos outros medicamentos, como o naproxeno (Revista Veja, 2013). Temos ainda
os anágésicos comuns, como dipirona, e paracetamol. Segundo Wannmacher (2005), é
inegável a eficácia do paracetamol como analgésico e antitérmico. Ele é considerado seguro
em doses terapêuticas. Entrando pelo viés do dipirona, há uma controvérsia entre eficácia e
risco. Na Polônia, onde há uso de dipirona sem prescrição médica, um estudo multicêntrico
encontrou dois casos não fatais de anemia aplástica e nenhum associado ao uso de dipirona.
A maioria dos fármacos utilizados por automedicação são classificados como isentos
de prescrição. Apesar disso, não se pode menosprezar que há possibilidade de intoxicações e
efeitos adversos nos seus usuários. Analgésicos e AINES, podem levar a distúrbios
gastrointestinais, reações alérgicas e efeitos renais, por exemplo (MENDES et al., 2014). Os
AINES são os medicamentos tópicos mais utilizados na prática clínica e, segundo McCleane
(2007), sua utilização sistêmica pode desencadear efeitos colaterais hepáticos,
cardiovasculares, gastrointestinais e renais.
Na visão de Junior (2011), paracetamol (medicamento antipirético, usado também
para alívio das cólicas menstruais, dor de cabeça) é um formante hepatotóxico e pode
promover lesão hepatocelular (acúmulo de sangue relativamente pequenos no fígado) por
meio de mecanismos, ocorrendo de maneira independente ou em associação. A forma mais
frequente de hepatotoxicidade é a overdose (ingestão de doses superiores a 10 g em adultos e
até 150 mg/kg em crianças. Dito isso, é de responsabilidade de todos, não tomar remédios em
altas doses sem saber suas causas, não interrompê-los abruptamente tendo apenas
informações concisas de tal medicamento.
REFERÊNCIAS
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