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Equipe 4 - Catharina Teixeira, Amanda Nascimento, Emily Vitória, Eulder Dias, Maria Eduarda

Rosa, Nicole Bastos, Paulo Henrique de Oliveira e Mikaely Correia

Como ponto de partida para o debate acerca da tecnologia é interessante apresentar o


conceito primeiro e o contemporâneo. Afinal, a palavra “tecnologia” originou-se do grego
“tekhne” (técnica) junto à “logia” (estudo) sendo assim, o estudo de técnicas. A construção
do termo adjunto não remete apenas a tecnologia automatizada, mas técnicas
desenvolvidas desde os primórdios da história humana, como a da caça e plantio. Esteve
presente de maneira assídua em nossas formações como grupos, comunidades,
sociedades, transformando a forma de vida através dos grandes avanços nas técnicas já
consolidadas, inclusive com o advento de grandes máquinas, como na Revolução
Industrial e Pós Iluminismo. A tecnologia como conhecemos, nasceu do desenvolvimento
da ciência durante a idade moderna, na vitória do método científico, com a aceitação do
modelo de sistema solar heliocêntrico em 1922. O período serviu como teatro da
revolução científica e produziu saberes e avanços tecnológicos em áreas do
conhecimento, a exemplo: mecânica, informática, medicina, telecomunicação, ajudou a
reduzir a taxa de mortalidade e as fronteiras. Não obstante, também veio a gerar
impactos. Muitos desses reforçaram discriminações e acentuaram desigualdades entre
comunidades, sendo vetor de grande peso na construção de problemas sociais. A dispor
dos avanços da industrialização, as inovações tecnológicas não devem ocorrer
desassociadas das problemáticas sociais, o que nos leva a inevitáveis e necessárias
diretrizes éticas, como pilar principal para que comece a haver condições aceitáveis e
respeitosas para todos os usuários.
O filme “Ex-Machina: Instinto Artificial", dirigido por Alex Garland, é uma obra que aborda
questões éticas relacionadas à Inteligência Artificial (IA). O drama do protagonista Caleb,
um programador promissor, começa quando o bilionário Nathan o convida para participar
de um experimento avançado. Caleb é levado a realizar o teste de Turing, que avalia a
capacidade de uma máquina em exibir comportamento inteligente, equivalente ou
indistinguível ao de um ser humano, neste caso o robô Ava, uma IA. A obra instiga a
reflexão acerca da ética, pois a partir da relação construída entre Caleb e Ava, é trazida à
tona a capacidade dela em acessar a consciência, desenvolver emoções e a possibilidade
da relação entre humanos e máquinas, observados os conceitos de dissonância cognitiva
e projeção antropomórfica. O longa-metragem também aborda a manipulação e comércio
de informações e a falta de transparência na produção de tecnologias avançadas, quando
são acessados dados pessoais de usuários da rede em todo o mundo. Com isso,
expomos outra lacuna ética: o direito à privacidade e à proteção de dados. Essa
manipulação, além de construir novas máquinas, corrobora na construção de algoritmos
personalizados, limitando e induzindo os conteúdos acessados pelos usuários.
Em relação às problemáticas citadas entre os princípios éticos e o avanço das
Inteligências Artificiais, Marc-Antoine Dilhac, em entrevista para a UNESCO, afirma: "As
questões éticas levantadas pedem por uma legislação que assegure o desenvolvimento
responsável da IA”. Existem diversas IA's que são utilizadas em sistemas de vigilância por
vídeo em locais públicos, porém como tecnologias em desenvolvimento, são comuns
erros e programações tendenciosas por induzirem abusos, quanto a perfis de etnias
marginalizadas, ferindo a honra e os direitos de todo ser humano. É, portanto,
fundamental uma abordagem ética no contexto em que a IA se insere, pois, o que no
momento apresenta-se como uma ferramenta necessária à vida moderna, pode constituir
ameaça aos limites dos direitos civis, como a privacidade e a integridade. Outro exemplo
é o caso do software Faceapp (que usa Inteligência Artificial para criar transformações
altamente realistas de rostos nas fotos e vídeos) que pode se constituir numa potencial
ferramenta para uso tendencioso. As IA’s de reconhecimento facial levantam uma
problematização racial: “cerca de 90% das pessoas presas com o uso de reconhecimento
facial são negras”. O constrangimento, assédio e racismo observados nos casos citados
endossam o pensamento de que as questões éticas-sociais precisam ser trabalhadas
com marcos legais para desenvolvimento de IA’s, levando em conta as normas sociais e
jurídicas que estruturam a vida em sociedade. Ademais, a questão econômica-social
também merece atenção. As aproximações antropomórficas na construção das máquinas,
geram discussões importantes sobre a substituição do homem por essas ferramentas,
numa escala muito maior que na Revolução Industrial, mitigando vagas em diversos
setores do mercado de trabalho com a justificativa de que ao operá-lo, o trabalho é feito
de maneira mais eficiente e com menos riscos.
Em conclusão, é difícil negar a contribuição e importância das Inteligências Artificiais e
outras tecnologias para todos. Sobretudo, a Inteligência Artificial tem sido um assunto de
extrema importância na atualidade, tanto pelo seu uso na área da saúde e educação
inclusiva, mas também pelo desafio ético acerca do uso de plataformas conversacionais.
Então, faz-se necessário compreender, principalmente, que essa discussão deve
atravessar as diferentes realidades culturais e econômicas presentes atualmente, além de
ser fundamental demarcar direitos e responsabilidades com as bases jurídicas. É
necessário pensar que as sociedades evoluem e, portanto, o juízo de valor deve
acompanhar essas mutações, sem ferir a dignidade e conquistas civilizatórias.

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