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Helena Nogueira
Rita Santos
Cláudia Costa
A evidência científica vem reforçar a importância dos Science has shown how important urban green spaces are
espaços verdes urbanos na saúde, directamente, através for health. The effects are both direct (they are associated
da associação com bons estados de saúde auto-avaliada with good self-assessed health status and longevity, after
e longevidade ou indirectamente, através da melhoria da control of individual, demographic or socioeconomic
qualidade ambiental. Alguns autores argumentam que a factors) and indirect, through improved environment
relação entre os espaços verdes e a prática de actividade quality. Some authors have argued that the relationship
física não é clara. Este texto é apenas o primeiro de outros between green spaces and the practice of physical exercise
que, se espera, venham a clarificar a relação entre espaços is unclear. This paper therefore aims to contribute towards
verdes urbanos e a prática de actividade física e os a clarification of that relationship and its impact upon the
impactes dessa associação na saúde da população. O que population’s health. It is hoped that it might encourage
se pretende com este texto é motivar a realização de outros
further work on the subject, a task which clearly requires an
trabalhos, tarefa claramente de âmbito interdisciplinar.
interdisciplinary approach.
Algumas das conclusões deste estudo indicam que na
The study suggests that, despite the fact that the green
Amadora, apesar da oferta de espaços verdes urbanos
spaces available in Amadora are not really adequate for
não ser adequada à dimensão populacional, se observam
the size of the population, they are much used, particularly
valores de utilização de espaços verdes elevados,
principalmente por quem vive próximo, independentemente by those living nearby, irrespective of gender, age or
do género, idade ou factores socioeconómicos. Por outro socioeconomic factors. Moreover, there are also strong
lado, também se concluiu que a actividade física da interrelationships between levels of physical activity, and
população apresenta fortes inter-relações com o estado emotional state and self-assessed health status. Therefore,
emocional e com o estado de saúde auto-avaliado. the existence of green spaces in the vicinity of residential
A disponibilidade de espaços verdes próximo da residência neighbourhoods encourages physical exercise, walking and
potencia a sua utilização, para a prática de exercício recreational activities, thereby helping to raise the quality
físico, para caminhar e relaxar, podendo revelar-se um of life for residents. This study identifies aspects that
factor fundamental na melhoria da qualidade de vida da contribute to the use of green spaces, thus enabling them to
população. A identificação dos aspectos mais relevantes be improved in order to better respond to the needs of the
para a utilização dos espaços verdes permitirá a melhoria citizens.
destas infra-estruturas, tornando-as mais adequadas à
população da cidade.
1. Introdução
2. Dados e Métodos
guesia possuem mais actividade física. A actividade física parece ainda melhorar
o estado de saúde auto-avaliado, contribuindo também para estados emocionais
equilibrados.
No entanto, não se registam diferenças significativas na prática de actividade física
em função da percepção de insegurança no bairro ou do sentido de pertença à Ama-
dora (gostar ou não de viver na Amadora), o que pode estar relacionado com a maior
actividade física dos indivíduos residentes em áreas de maior vulnerabilidade.
Acresce que não foi encontrada diferença significativa entre a frequência de espa-
ços verdes e a prática de actividade física (não foi aqui incluído o caminhar). Pelo
contrário, verificou-se menor actividade física entre indivíduos que mais utilizam
os espaços verdes, resultado que, sendo contrário ao esperado, merece reflexão. Este
facto poderá estar relacionado, por um lado com a percepção que as pessoas têm
da actividade física (genericamente não inclui caminhar) e, por outro lado, com a
estrutura dos espaços verdes urbanos da Amadora, como veremos no ponto seguinte.
O modelo logístico binomial permite verificar que as mulheres praticam duas
vezes menos actividade física do que os homens. Relativamente à idade, tendo
por base a idade média (38 anos), verifica-se que um aumento de 10 anos implica
uma diminuição de 26% na probabilidade do indivíduo praticar actividade física.
A instrução influencia a actividade física, concluindo-se que indivíduos com menos
de 4 anos de escolaridade praticam três vezes menos actividade física e os que
possuem o ensino superior praticam duas vezes mais, relativamente àqueles quem
têm entre 5 e 12 anos de escolaridade. No que respeita à ocupação, quem é estu-
dante ou reformado apresenta, relativamente ao empregado, maior probabilidade
de praticar actividade física (1,7 e 2,4 vezes, respectivamente). Como referido ante-
riormente, quem utiliza o transporte público no seu trajecto diário pratica menos
actividade física (probabilidade 50% maior de não praticar actividade física) do
que quem utiliza transporte privado. Verificou-se ainda que indivíduos com auto-
avaliação negativa do estado de saúde têm uma probabilidade 53% menor de pra-
ticar actividade física (figura 1).
Figura 1.
Resultados do modelo logístico
de prática de actividade física.
Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 225
3
Segundo informação disponibilizada pela Câmara da Amadora3, o concelho possui www.cm-amadora.pt/web/
67 ha de espaço verde. A observação da Carta de Ocupação de Solo (COS) de 1990, m05.html.
Figura 2.
Áreas de influência dos
principais espaços urbanos do
concelho.
Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 227
População total
População residente até
residente no
Área de 800 m de um espaço verde
Recomendado concelho da
influência urbano
(DGOT) Amadora
(metros)
(%) m2/hab. Déficit Deficit
m2/hab.
pop. Pop. m2/hab. m2/hab.
Por exemplo, os espaços verdes com recreio infantil são programados para res-
ponder, sobretudo, às necessidades de famílias com crianças entre os 0 e os 5 anos,
devendo localizar-se a menos de 100 metros da sua população-alvo. Com base nos
Censos 2001, verificou-se que apenas 4,9% dos núcleos familiares com crianças
nesta faixa etária residem na área de influência de parques verdes com recreio
infantil. Considerando apenas as subsecções que possuem mais de 100 núcleos
familiares com crianças até aos 6 anos, verificou-se que as três subsecções existen-
tes nestas condições se localizam a uma distância superior a 756 m do espaço verde
com recreio infantil mais próximo.
Considerando a totalidade do espaço verde referenciado na cartografia cedida
pela Câmara Municipal da Amadora (um total de 133 772 m2) e definindo uma
área de influência de 400 m, referida pela DGOT como área verde na proximidade
da habitação, verifica-se que a população residente nessa área de maior proximi-
5
dade é de 89 459 habitantes. Considerando os critérios da DGOT5 , conclui-se que DGOT (1992)- Quadro 1,
a população da Amadora tem à sua disposição apenas 15% do espaço verde que pp. 65; Quadro 2, pp. 66.
seria desejável. Verifica-se também que dos treze espaços verdes identificados na
Amadora, apenas dois cumprem os requisitos da DGOT (1992) para serem consi-
derados parques verdes da estrutura verde principal (área mínima de 3 ha): o Par-
que Aventura (4,7 ha) e o Parque Central (4,4 ha).
Para estudar os espaços verdes da Amadora, escolheram-se cinco parques, dos
treze inicialmente identificados, tendo em conta a sua dimensão.
No estudo dos espaços verdes urbanos da Amadora foram considerados cinco
grupos de variáveis: i. acessibilidade ao espaço verde, ii. existência e qualidade das
infra-estruturas de recreio, iii. qualidade do espaço verde, iv. existência e qualidade
da sinalética, v. percepção da segurança.
Relativamente à dimensão, destacam-se o Parque Central e o Parque Aventura.
O Parque Central, pela sua divisão, apresenta três espaços distintos: um quase sem
árvores, mas com áreas relvadas livres; uma parte central, composta por um lago
228 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C.
e grande cobertura arbórea; uma área com algumas árvores, mas reservada funda-
mentalmente para jogos. O Parque Aventura é um jardim de árvores jovens, ainda
incapazes de produzir sombra, e apresenta várias zonas de jogos, sendo vocacio-
nado para uso de crianças. O Parque Delfim Guimarães é um espaço verde locali-
zado junto à estação de comboios, sendo o mais movimentado de todos os estuda-
dos, por ser local de passagem (pedestre) no centro da cidade. O Parque Urbano
da Buraca é composto por dois campos de futebol (de cinco) e uma pequena área
com árvores. Por fim, o Parque Dr. Armando Romão é um pequeno jardim interior
que serve fundamentalmente a população que habita nos edifícios coalescentes a
este; está equipado com um pequeno espaço infantil e poucas árvores, com predo-
mínio de pequenos espaços relvados.
Dr. Armando
P. Aventura
Guimarães
Urbano da
P. Central
P. Central
P. Central
- Lifetrail
- infantil
Romão
Buraca
Delfim
- Lago
Pode-se estacionar no local ou em volta deste? x x x x x x x
Acessibilidade ao
Sinalização de actividades? x x x
Sinalização de restrições? x x x
Sinalização de segurança? x x
sinalização
Praticar desportos
fazer piqueniques
praticar exercício
Observar a fauna
Serve como local
para relaxar ou
entre 2 pontos
Dar uma volta
Para relaxar e
Passear o cão
de passagem
Apanhar sol
Características dos
Espaços Verdes
Bom estado de
conservação dos 0,082 0,194* -0,343 0,063 0,167* 0,032 0,334
percursos
Presença significativa de
-0,014 -0,084 0,317 0,073 -0,118 -0,063 -0,437*
árvores
Existência de painéis de
0,138 0,257* -0,229 0,023 0,160 0,024 0,052
sinalização
Existência de outras
-0,118 0,242* -0,305 0,045 0,175* -0,003 0,203*
atracções (não naturais)
6. Discussão e conclusão
Até agora, os trabalhos que relacionam o ambiente físico e social com a prática de
actividade física, argumentam que a segurança das infra-estruturas do bairro (pre-
sença de passeios, passadeiras, tráfego seguro, manutenção e limpeza do espaço
público, etc.) e a acessibilidade a espaços verdes urbanos, estão positivamente asso-
ciados com diferentes níveis de actividade física, particularmente caminhar, sendo
esse um dos desígnios da Organização Mundial de Saúde (2002), que recomenda
30 minutos diários de actividade física moderada, tal como a proporcionada por
andar a pé ou de bicicleta, como parte de uma rotina diária saudável. Todavia,
alguns autores avaliam essa associação baseada na percepção do ambiente, mais
do que em medidas objectivas do próprio ambiente, o que poderá fragilizar os
resultados; outros incluem medidas que avaliam características ambientais agru-
padas em “dimensões” ou conjuntos de variáveis, nem todas relativas aos espaços
verdes urbanos (exemplo: ginásios, piscinas, pistas de atletismo, lagos naturais,
etc.) e analisam a relação com a actividade física (Giles-Corti e Donovan, 2002).
Claro que a falta de discriminação das variáveis (tipologia: jardins urbanos, por
exemplo) e de avaliação da qualidade ambiental (acessibilidade, limpeza, segurança,
etc.) não permitem clarificar quais as influências, e seu peso, na prática de exercí-
cio, incluindo caminhar.
Este estudo procurou clarificar que factores influenciam diferentes modos de
utilização dos parques urbanos, evidenciando possíveis relações com a saúde da
população. Concluiu-se que a acessibilidade aos espaços verdes, os seus equipa-
mentos de desporto e recreio, a estética e manutenção, a existência de sinalética e
iluminação, são factores determinantes da utilização destas infra-estruturas. Para
além destes aspectos, a utilização dos espaços verdes é influenciada pela percepção
da segurança.
A identificação dos aspectos mais relevantes para a utilização dos espaços ver-
des permite dirigir as intervenções no sentido de potenciar a sua utilização. O que
se espera, no futuro, é que a atenção se dirija, fundamentalmente, para a medição
de impactes das alterações do ambiente urbano na actividade física. Mais do que
saber a área de espaço verde existente por habitante é importante conhecer as
características ambientais, dimensões e acessibilidades. Mas também identificar
quem os utiliza, e o que aí procura, as interacções que aí se estabelecem entre os
grupos (pais e filhos, avós e netos, entre vizinhos, etc.) e as consequências para a
saúde e bem-estar das populações.
A Amadora tem uma estrutura verde de pequena dimensão e, genericamente,
de fraca cobertura arbórea, o que se reflecte em índices baixos de espaço verde
urbano por habitante, sugerindo que os espaços verdes na Amadora podem ter
impactes reduzidos na qualidade de vida e saúde da população. Cerca de 47,5% da
população está a menos de 400 metros de um parque verde da estrutura verde
Avaliação da Qualidade Ambiental dos Espaços Verdes no Bem-estar e na Saúde 235
Agradecimento
À Fundação para a Ciência e Tecnologia pelo apoio financeiro ao projecto Planeamento Urbano Sau-
dável. Desenvolvimento e aplicação de um modelo ao caso da Amadora (POCTI/GEO/45730/2002).
Especial agradecimento para Luísa Couceiro, Ana Albuquerque, Ana Rita Pires, Carolina Gaspar,
Susana Freitas, Nuno Roque, Adnilo Chande e à Raquel Costa pelo levantamento de campo e apoio
prestado no âmbito deste artigo; para Ana Rita Pires, Ângela Freitas, Ernesto Morgado, Henrique Alves,
Margarida Pereira e Regina Babo, que realizaram os questionários no âmbito do Seminário Construir
Cidade no Século XXI (2006-2007); para Isabel Alves, pela colaboração na revisão do texto. Ao Artuz
Vaz, em particular, pela sugestão de alterações e correcção do texto.
236 Santana, P.; Nogueira, H.; Santos, R. & Costa, C.
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Paula Santana
Helena Nogueira
Rita Santos
O início do Século XXI é, simultaneamente, o início de um The beginning of the 21st century saw the start not only
novo milénio e o início de uma nova era no estudo das of a new millennium, but also of a new era in the study
desigualdades em saúde: o retomar do papel do contexto, of health inequalities, with attention turning once more
entendido nos aspectos geográficos, sociais e culturais. to the role of context (geographical, social and cultural).
Alguns autores sugerem que as características do lugar de Some authors have suggested that characteristics of place
residência têm um papel significativo como mediadores of residence may play a significant role in mediating the
das relações socio-demográficas individuais, que percorrem social and demographic relationships that affect people’s
a vida dos indivíduos desde a gestação à idade adulta, com lives from infancy through to adulthood, with an impact
impactes na saúde do indivíduo e da comunidade. upon individual and community health.
O objectivo deste texto é colocar em destaque a influência This paper examines the influence of residential area
das características da área de residência nos resultados em characteristics upon the health of the population of
saúde da população da Amadora. Conclui-se, por exemplo, Amadora. It concludes, for example, that there is a strong
que existe uma associação forte e positiva entre áreas e positive association between deprived areas with vulnerable
populações desfavorecidas/vulneráveis e a auto-avaliação populations and negative self-assessed health status, mental
negativa do estado de saúde, estados psíquicos reveladores ill-health, excess weight and obesity, and risk behaviours
de perturbação emocional, excesso de peso e obesidade (such as physical inactivity). However, the association
e, ainda, com comportamentos de risco (inactividade between self-assessed health status and vulnerability of
física). Verificou-se, todavia, que a associação entre estado area of residence is greater in women than in men, which
de saúde auto-avaliado e a vulnerabilidade da área de would seem to suggest that women are more exposed,
residência é maior para as mulheres. Este resultado sugere perhaps for longer periods, to factors that pose a health risk
que as mulheres estão mais expostas, talvez durante um in their area of residence.
maior período de tempo, a factores de risco para a saúde
na sua área de residência.
1. Introdução
Nas últimos anos as variações em saúde têm vindo a ser explicadas com base nas
características individuais (comportamentos, factores psicossociais e biológicos)
e/ou em características micro ou meso-sociais do ambiente (suporte social ou con-
dições de trabalho, por exemplo), incluindo o grau de coesão social entre os mem-
bros de uma sociedade e a sua participação nas vantagens do capital social e nas
dinâmicas do mercado de trabalho (Putnam, 1993). Genericamente, os autores cha-
mam a estes conjuntos de factores ou condições, que se presume tenham uma
influência no nível geral de saúde das pessoas, as “determinantes” em saúde. As
explicações das variações sociais em saúde podem dividir-se em materialistas/estru-
turalistas, comportamentais/estilos de vida e psicossociais. No entanto, elas com-
plementam-se e interagem, numa tendência para a integração das explicações.
Recentemente, a evidência da manutenção ou até agravamento das variações
em saúde, faz relevar as influências estruturalistas e ambientais nos resultados
em saúde e nos comportamentos relativos à saúde, em vez de se basearem as
explicações exclusivamente nos comportamentos individuais e respectivas doenças
(Macintyre et al., 2002). Esta conclusão vem dar força a uma “nova era” na inves-
tigação em saúde, anunciada como o retomar da importância do lugar no estudo
causativo das doenças. Ou seja, é o retomar de algumas práticas iniciadas por Hipó-
crates e retomadas no século XIX e princípio do século XX. O enfoque é dirigido
ao papel potencial que os conjuntos de factores podem vir a ter na saúde, ou seja,
a relevância do TODO (Gadamer, 1993).
O lugar onde as pessoas se encontram (residência, trabalho, recreio, etc.), a sua
localização relativa no espaço geográfico, reveste-se de uma renovada importân-
cia, consolidando a importância das características dos lugares na compreensão
da saúde e dos estilos de vida relacionados com a saúde. Vários autores identifi-
Melhorar a Saúde na Amadora Intervindo no Ambiente Físico e Social 241
3. A Saúde/Doença na Amadora
3.1. Clusters de privação sociomaterial
Cluster de menor
Cluster de transição Cluster de maior
vulnerabilidade
(2) vulnerabilidade (3)
(1)
Como referido, o IMC revela valores mais elevados para os indivíduos residentes
em áreas de maior privação sociomaterial (46,3% vs 43,3%), diferença que, con-
tudo, não é estatisticamente significativa. Verificam-se diferenças significativas
entre os géneros, reportando os homens mais excesso de peso e obesidade, o que
acontece também com a população de menor escolaridade (probabilidade de regis-
tar excesso de peso/obesidade diminuiu 56% para indivíduos com ensino superior).
A condição perante o trabalho influencia também o IMC: indivíduos profissional-
mente activos registam mais excesso de peso e os reformados mais obesidade, com
diferenças significativas. Verifica-se que a idade aumenta a probabilidade de repor-
tar peso excessivo (probabilidade 5 vezes maior para um aumento de 10 anos,
Melhorar a Saúde na Amadora Intervindo no Ambiente Físico e Social 245
embora este gradiente diminua com o aumento da idade); por outro lado, à medida
que a idade aumenta, o excesso de peso dá lugar à obesidade; no grupo dos 25 a
64 anos o excesso de peso é significativo; nos maiores de 65 é a obesidade. Explica-
-se assim que os solteiros revelem valores percentuais mais elevados de IMC nor-
mal e que os casados tenham significativamente mais IMC indicativo de excesso
de peso e obesidade.
Verificou-se associação forte e positiva entre alguns comportamentos e o IMC.
Indivíduos sedentários registam valores percentuais mais elevados de excesso de
peso e obesidade. Conclui-se também que quem não se relaciona com pessoas de
outras etnias, ou que não se relaciona com pessoas de outros bairros, apresenta
significativamente mais excesso de peso e obesidade. A nacionalidade parece
também influenciar o IMC, uma vez que indivíduos africanos apresentam uma
probabilidade 60% maior de possuir excesso de peso.
A auto-avaliação negativa do estado de saúde aumenta em 51% a probabilidade
de possuir excesso de peso; de forma semelhante, a probabilidade de possuir excesso
de peso e obesidade aumenta para indivíduos que reportam alterações do estado
emocional (muito nervoso, deprimido, triste), sendo o inverso verdadeiro: os que
se sentem calmos, tranquilos e felizes apresentam significativamente valores mais
elevados de peso normal.
Figura 1.
Resultados do modelo logístico
binomial para IMC de excesso
de peso e obesidade.
246 Santana, P; Nogueira, H. & Santos, R.