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Direitos autorais
Aldrey Barbosa
Edilza Leite
Edição
Monique Gonçalves
Assistência editorial
Roteiro e ilustrações
Verônica Berta
Letras
Ana Parracho
Imagex Fonts
Paulo Cunha Jr.
Revisão
Jaqueline Kanashiro
Produção gráfica
Rafael Zemantauskas
Diagramação
Globaltec Editora
SESI-SP Editora
Tel. 11 3146-7308
editora@sesisenaisp.org.br
www.sesispeditora.com.br
Departamento Regional de São Paulo
Presidente
Paulo Skaf
Superintendente do SESI-SP
Igor Barenboim
Débora Viana
Berta, Verônica
ISBN 978-85-504-0748-7
CDD: 741.5
1. História em quadrinhos
Verônica Berta
Cito uma das VANTAGENS DE SER UMA ARTISTA MULHER, das Guerrilla
Girls:
Pois é, se você nunca tinha ouvido falar de Júlia Lopes de Almeida, é porque ela
é mais uma dessas autoras metade escondidas, metade recuperadas pela crítica
feminista.
Júlia teve grande importância na literatura brasileira e foi uma das idealizadoras
da Academia Brasileira de Letras... mas não pôde ser membro por ser mulher. O
veto à participação de mulheres na ABL acabou em 1977. Hoje, 5 das 40
cadeiras da Academia Brasileira de Letras são ocupadas por mulheres brancas.
Nenhuma delas é ocupada por pessoas negras.
Inclusive, poderíamos aproveitar para refletir também sobre como anda a cena
de quadrinhos no Brasil. Mas deixemos esse assunto para um outro momento.
Ao escrever os roteiros desta HQ, eu não pude deixar de pensar sobre a posição
social de Júlia em relação a suas personagens, já que a autora se propõe a
apresentar em sua obra o universo feminino e tudo que ela considerava
politicamente relevante dentro desse universo.
“...a história da Sancha: uma negrinha vinda aos sete anos da roça para a casa
das tias, com sentido no pão e no ensino. Era dos últimos rebentões dessa raça
que vai desaparecendo, como um bando de animais perseguidos.
– Sim, o coração dela deve ser da mesma cor que o meu, cismava Ruth, confusa,
com os olhos no altar.“
Esse sentimento de “tadinhos dos negros” não deixa de estar por trás da
construção das personagens Umbelina e a Caolha. É justamente nesse paradigma
que a Caolha se insere. A mulher cujo “aspecto infundia terror às crianças e
repulsão aos adultos” tem o cabelo crespo, “desses cabelos cujo contacto parece
dever ser áspero e espinhento”... mas é isenta de culpa ou maldade.
Laurent nem sabe, mas ele me deu coragem pra fazer um projeto pessoal. Deu no
que deu. E o produto final não seria nem um terço do que é sem Latorre, meu
mestre e companheiro de café da tarde. A pessoa mais envolvida, analisadora do
discurso, modelo vivo, cancionista e amante de bolo foi Matheus. Isa e Bebeto
me ouviram reclamar diariamente e me levaram pra passear de vez em quando
(ainda ouvem, ainda levam). Romão foi editor na época em que eu era apenas
uma artista incompreendida. Nami, Minari e Richard me ajudaram com o design
e com o moral. O capítulo Porcos não seria a mesma coisa sem a revisão do
Tainan e da Julia. Cida examinou o posfácio. Se não fosse a Mel e a terapia
cognitivo-comportamental esse quadrinho não ficaria pronto nunca na minha
vida.
Verônica Berta
Suspense, surpresa, grotesco e tragédia. Os elementos presentes em Ânsia Eterna
(1903) são transpostos por Verônica Berta como meio de se expressar em uma
organização da forma através das histórias em quadrinhos.