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Universidade de Lisboa

Faculdade de Letras
Mestrado em Estudos Brasileiros
Tópicos da Literatura no Brasil
Profª. Drª. Alva Martinez Teixeiro
Mestrando: Francisco Ribeiro Soares

Modulo I - Modernismo

LARANJA DA CHINA
Alcantara Machado

Laranja da China é um livro de 12 contos, cada um deles retrata um pouco da


sociedade e convergem para critica social em diversos detalhes. Uma das principais pode ser
notada em cada título que traz nomes famosos, certamente uma crítica a sociedade que adora,
até hoje, nomear os filhos seja com nomes bíblicos ou estrangeiros na esperança que a criança
se destaque de alguma forma, nem que seja por um nome já famoso, um deboche,
característica clara do modernismo.
Sua linguagem, vamos a assim dizer, dinâmica e prática dialoga com o leitor da
época e atualmente por conter críticas atemporais, isso porque mesmo a sociedade tendo
novas máquinas e mecanismos tecnológicos que poderiam, talvez, à época, serem
inimagináveis, o cotidiano no qual ele escreve seus contos são tão comuns, embora ele não
descreva características bem detalhadas de seus personagens nos títulos das histórias ele dá
adjetivos antes, mas no fim até disso os personagens tem mais características humanas-
cotidianas do que possa imaginar como o "O Revoltado Robespierre” o qual além disso, com
certeza, a crítica maior está na xenofobia que é deliberadamente exposta para confrontar o
leitor no âmbito da hipocrisia, afinal Robespierre não respeita o tempo dos outros, querendo
preferência em tudo, além de ser um tarado mal educado e descarado. Um nojento que palita
os dentes em público e come resíduos de comida que nem sabe de quando era, uma clara
crítica a higiene da sociedade à época.
E assim se desenvolve os demais contos, numa crítica social de toda a população
paulista que se passa ou por patriota, filosofa, apaixonada, entrementes se desenvolvia sem
organização, respeito algum pelo próximo, religião etc.
Alcântara Machado demonstrou seu amadurecimento literário neste obra atemporal
que num paralelo dos contos como o "O Inteligente Cícero” e "A Apaixonada Elena”
podemos ver a clara crítica a má educação dada aos filhos e de maneiras diferentes. Elena é
simplesmente negligenciada pela família, dita as vezes como um cômodo que ninguém ouve e
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quando ouve é para critica-la, a própria mãe a ignora sem se importar com seus sonhos,
vontades, desejos e aparência e, claramente, porque ela é mulher, pois para o irmão de Elena,
a mãe dá toda atenção respondendo as indagações de Elena quando bem entende.
E em todos os a mulher é colocada como um objeto a ser perseguido como em o
"Tímido José” que na verdade é um perseguidor de mulher e um covarde que vê a mulher ser
acredita e foge como se nada tivesse acontecido, ficando claro que cada personagem principal
do conto é mais comum do que se possa imaginar, é um ser social cheio de falhas,
preconceitos e defeitos.
E os demais contos seguem a mesma linha crítica de uma Insigne Cornélia que em
nada é insigne a não ser pelo fato d ter inúmeros filhos, "O Mártir Jesus” que não passa de
um avarento que debocha da religião no carnaval fingindo estar fantasiado de Cristo. E com
isso ele expõe uma sociedade falsamente moralista como no conto "O Tímido José” e outros
em que ele expõe agressão a mulher, assédio misoginia, temas estes que à época nem se
encontravam tão em debate como hoje e para isso ele usa o sacarmos como em "O Filósofo
Platão” que não filosofa em nada e é temeroso com a insegurança, além de Alcântara
Machado manter a crítica a sociedade sempre com pressa e continua com comparações a
outras etnias e a busca constante por status social pela aparência ou posses. Po isso, a obra é
atemporal na qual nos traz sua preocupação ao uso de alcaloide, estimulante, como a cocaína,
ao racismo que era algo comum e sem punição à época tanto que termo como “tição" era
comum, ou seja, tão obra sempre será fundamental para literatura do país por retratar uma
época de costumes bem controversos e a eterna hipocrisia da sociedade, não só paulista.

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