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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES

Preparação e Análise Microestrutural

Parte A - Determinação de tamanho de grão

Felipe Eduardo Vieira Machado 11201920937


Joana Carolina Assunção Chaves 11202020378

Santo André
2023
1. INTRODUÇÃO
O tamanho de grão de um material policristalino tem efeitos diretos sobre
seu comportamento mecânico. Em geral, para os metais, quanto menor o
tamanho de grão, mais altos serão os valores do limite de escoamento, limite de
resistência à tração e dureza. Do mesmo modo, metais com granulometria mais
grosseira terão maior ductilidade [1].
A determinação do tamanho do grão é uma medida microestrutural muito
comum. Normalmente, a metodologia empregada para esta finalidade é baseada
na norma ASTM E-112 [2]. O número de grão ASTM (G) é definido como:

(𝐺−1)
𝑛 = 2 (1)

Na equação (1), n é o número médio de grãos por polegada quadrada para


uma ampliação de 100 vezes. O método mais empregado para determinação do
tamanho de grão segundo a norma ASTM E-112 é conhecido como método do
interceptor. Neste método, linhas retas ou círculos são traçados sobre uma região
da microestrutura do material policristalino e faz-se a contagem do número de
intersecções com contornos de grão (P) ou do número de grãos interceptados pela
linha traçada (N). O número de intersecções por unidade de comprimento é, então,
determinado, dividindo-se o valor de P ou N pelo comprimento linear da reta ou
círculo traçados sobre a região da microestrutura do material. Obtém-se, assim, o
valor de PL ou NL. O valor inverso de PL ou NL é chamado de comprimento de
intercepto linear (ou intercepto linear médio), l, definido pela equação (2):

1 1
𝐼 = 𝑃𝐿
= 𝑁𝐿
(2)

O parâmetro l é relacionado ao número de tamanho de grão ASTM (G) por


meio da equação (3):

G = -6,644.(log l ) - 3,288 (3)


2. OBJETIVOS

Os objetivos desta aula prática são:

i) Compreender técnicas básicas de preparação de amostras para análise


microestrutural (também conhecida como preparação metalográfica);

ii) Analisar amostras em microscópio óptico de luz refletida;

iii) Determinar o tamanho de grão de uma amostra policristalina.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 Material

O material a ser utilizado é o aço carbono 1010 (aço de baixo teor de


carbono, 0,10%p, com microestrutura predominantemente ferrítica).

3.2 Preparação metalográfica

A preparação metalográfica de amostras pode consistir de quatro etapas:


a) corte; b) embutimento; c) lixamento, d) polimento e) ataque químico. Na aula
demonstrativa serão mostradas as seguintes etapas:

a) Corte de amostra em cortadeira do tipo cut-off;

b) Embutimento da amostra em baquelite em embutidora a quente;

c) Lixamento com lixas com abrasivo de carbeto de silício (SiC) de granas


220, 320, 400 e 600;
d) Polimento sobre disco giratório com pano de polimento de feltro e
suspensão de alumina com granulometria de 1 µm;
e) Ataque químico para revelação de microconstituintes: a superfície
polida da amostra será imersa em solução de Nital 3% (Álcool etílico +
Ácido nítrico).
3.3 Observação da microestrutura e determinação do tamanho de grão

Com o uso do microscópio óptico de luz refletida foi realizada a aquisição de


imagens da microestrutura da amostra polida em regiões onde os contornos dos
grãos estavam nítidos.

Inicialmente, imprima as fotos das 5 regiões fotografadas. Desenhe um


círculo com diâmetro de 100 mm em cada uma das regiões fotografadas. Você irá,
então, obter algo como mostrado na Figura 1.

Figura 1: Região 1 (microestrutura da amostra)


Figura 2: Região 2 (microestrutura da amostra)

Figura 3: Região 3 (microestrutura da amostra)


Figura 4: Região 4 (microestrutura da amostra)

Figura 5: Região 5 (microestrutura da amostra)

Em cada uma das imagens foram contados os números de grãos


interceptados e, em seguida, calculado o número de intersecções por mm (NL)
utilizando a equação (4) sendo M e D iguais em todos os casos e iguais a 200 e
100, respectivamente.

𝑁*𝑀
𝑁𝐿 = π*𝐷
(4) ,
4.RESULTADOS

Com base nos cálculos de intercepto linear e no método de determinação de


tamanho de grão ASTM, foi possível determinar o tamanho médio do grão em cinco
amostras. O tamanho médio das amostras foi calculado como 12,51, com um desvio
padrão de 0,20.

4.1 Quantidade de grãos em cada imagem e intersecções por mm

Na figura 1:

40*200
𝑁𝐿 = π * 100
= 25,4648

Na figura 2:

43*200
𝑁𝐿 = π * 100
= 27,3747

Na figura 3:

37*200
𝑁𝐿 = π * 100
= 23,5549

Na figura 4:

35*200
𝑁𝐿 = π * 100
= 22,2817

Na figura 5:

38*200
𝑁𝐿 = π * 100
= 24,1916

Tabela 1: Quantidade de grãos em cada imagem e intersecções por mm


Número da imagem Quantidade de grãos (N) Intersecções por mm (NL)
1 40 25,4648
2 43 27,3747
3 37 23,5549
4 35 22,2817
5 38 24,1916
Fonte: Elaborada pelos autores
Para calcular o comprimento de intercepto linear (l) utilizamos a equação
(2) obtendo resultados descritos na tabela 2

1
𝐼 = 𝑁𝐿
(2)

Na figura 1:

1 1
𝐼 = 𝑁𝐿
= 25,4648
= 0,0393

Na figura 2:

1 1
𝐼 = 𝑁𝐿
= 25,4648
= 0,0365

Na figura 3:

1 1
𝐼 = 𝑁𝐿
= 25,4648
= 0,0425

Na figura 4:

1 1
𝐼 = 𝑁𝐿
= 25,4648
=0,0449

Na figura 5:

1 1
𝐼 = 𝑁𝐿
= 25,4648
= 0,0413

Tabela 2: comprimento de intercepto linear (l)


Número da Quantidade de grãos
imagem (N) Intersecções por mm (NL) Intercepto linear (l)
1 40 25,4648 0,0393
2 43 27,3747 0,0365
3 37 23,5549 0,0425
4 35 22,2817 0,0449
5 38 24,1916 0,0413
Fonte: Elaborada pelos autores
Em seguida, calculamos o tamanho de grão ASTM (G) para cada região,
utilizando a equação (3). Os valores encontrados estão descritos na tabela 3.

𝐺 = − 6, 644 · (𝑙𝑜𝑔 𝐼 ) − 3, 288 (3)

Na figura 1:

𝐺 = − 6, 644 · (𝑙𝑜𝑔 (0, 0393) ) − 3, 288


𝐺 = 6, 0531
Na figura 2:

𝐺 = − 6, 644 · (𝑙𝑜𝑔 (0, 0365) ) − 3, 288


𝐺 = 6, 2623
Na figura 3:

𝐺 = − 6, 644 · (𝑙𝑜𝑔 (0, 0425) ) − 3, 288


𝐺 = 5, 8287
Na figura 4:

𝐺 = − 6, 644 · (𝑙𝑜𝑔 (0, 0449) ) − 3, 288


𝐺 = 5, 6683
Na figura 5:

𝐺 = − 6, 644 · (𝑙𝑜𝑔 (0, 0413) ) − 3, 288


𝐺 = 5, 9056
Na tabela abaixo exibimos o consolidado dos cálculos assim como suas
análises pertinentes.

Tabela 4: Resultados e números


Número da Quantidade de Intersecções por mm Intercepto Tamanho de grão
imagem grãos (N) (NL) linear (l) ASTM (G)
1 40 25,4648 0,0393 6,0531
2 43 27,3747 0,0365 6,2623
3 37 23,5549 0,0425 5,8287
4 35 22,2817 0,0449 5,6683
5 38 24,1916 0,0413 5,9056
Média 38,6000 24,5735 0,0409 5,9436
Variância 7,4400 3,0153 0,0000 0,0408
Desv. Pad 2,7276 1,7365 0,0028 0,2020
Desv.Pad.Méd. /
1,2198 0,7766 0,0013 0,0903
Incerteza tipo A
Fonte: Elaborada pelos autores

Por fim, calculamos a média de tamanho dos grãos e o Desvio Padrão

𝑆𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐺


𝑀É𝐷𝐼𝐴 = 5
29,7180
𝑀É𝐷𝐼𝐴 = 5
𝑀É𝐷𝐼𝐴 = 5, 9436

2
𝑆𝑜𝑚𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑎 (𝑇𝑎𝑚𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑑𝑜 𝑔𝑟ã𝑜 (𝐺) − 𝑚é𝑑𝑖𝑎)
Desvio Padrão = 𝑛

Desvio Padrão = 0,0903


5.CONCLUSÃO

Esses resultados indicam que as amostras apresentam um tamanho de


grão relativamente consistente, dado o desvio padrão baixo, sugerindo uma boa
uniformidade na estrutura cristalina do material. Isso pode ser um indicativo de
um processo de fabricação controlado ou de uma estrutura cristalina
intrinsecamente estável.

Deve-se enfatizar que o tamanho de grão desempenha um papel importante


nas propriedades físicas e mecânicas do material. Em geral, o tamanho de grão
menor está associado a maior resistência mecânica, enquanto o tamanho de grão
maior pode levar a maior tenacidade e ductilidade. No entanto, deve-se considerar
que o tamanho de grão ideal pode variar dependendo da aplicação específica do
material. Em alguns casos, pode ser desejável ter um tamanho de grão fino para
excelentes propriedades mecânicas, enquanto em outros casos um tamanho de
grão maior pode ser preferido para melhor processabilidade ou resistência à
corrosão.

Em resumo, de acordo com os cálculos efetuados, as cinco amostras


apresentaram granulometria média de 5, 9436 ± 0, 0903 com desvio padrão inferior
de 0,01. Esses resultados fornecem informações importantes sobre a microestrutura
do material estudado, no caso o aço 1010 auxiliando no entendimento de suas
propriedades e potencial de desempenho em diferentes aplicações. No entanto, é
fundamental realizar estudos mais aprofundados e considerar outros fatores
relevantes para uma análise completa e precisa do material em questão.

6.REFERÊNCIAS
[1] Callister, W. D. Jr, Ciência e Engenharia de Materiais: uma introdução;
Editora LTC, 7ª. Edição 2008.
[2] ASTM E112 – 96 (2004) Standard Test Methods for Determining Average
Grain Size, ASTM International, 2004.
[3] USP- METALOGRAFIA QUANTITATIVA - Determinação do tamanho de grão
e proporção de fases . Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/563619/mod_resource/content/1/Metalo
grafia%20quantitativa%20tamanho%20grao%20calculo.pdf>. Acesso em julho
2023.

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