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Éramos um grupo. Éramos o tumulto. Éramos o aqui, o agora e o depois.

Éramos os maiores
que existiam, existiram e que existirão. Não me arrependo de nada.

Nos conhecemos nas ruas frias e coloridas da bela Londres, eu morava em um apartamento
perto da rua central que era rodeada de um lindo parque coberto de árvores que floresciam
em toda primavera, foi lá que inclusive, eu e meus amigos de banda compusemos as primeiras
musicas, entre as lindas árvores rosas e o ar fresco e frio da manhã, mas essa história fica mais
pra frente.

Eu levava uma vida pacata: Acordava cedo para caminhar e comprar o café da manhã na
padaria simpática do velho Bernado, que havia sido construída em frente ao lago Penny Lake,
que, sentado em um banco em sua orla, eu tomava meu café. Inesquecível. Depois do café,
corria para as aulas de teatro que tanto amava, sempre vestindo um sobretudo preto que
cobria a blusa de alguma banda estrangeira que combinavam sempre com minha calça jeans
preta e davam um ar melhor ao cigarro que eu sempre carregava em minha boca, mesmo não
fumando, gostava de carregar a morte em minha boca. Foi nas aulas de teatro que conheci
meus amigos de banda, vocês já o conhecem, não preciso apresenta-los.

Depois das aulas, sempre íamos para o parque (eu disse que falaria sobre ele) para beber,
fumar ou compor, foi lá que tudo começou. Certo dia enquanto tocávamos no parque, pessoas
se aproximaram e perguntaram por que nossas letras pareciam uma propaganda barata de um
comercial da ONU, estávamos bêbados, então rimos e continuamos a melodia que mais tarde
conquistaria o mundo.

Imagine um buraco em seu jardim

Imagine seus pensamentos em nuvem

Quando eles começarem a chover

Guarde-os

No buraco de seu jardim

O sucesso repentino e as turnês consecutivas chegaram como uma tempestade que foi
precocemente prevista, não sabíamos lidar com todo aquele e sucesso e, particularmente por
minha parte, odiava todo aquele tumulto, confusão e pessoas não me deixando ir ao bar
tomar um pouco de vinho no fim da tarde de domingo, assim como eu fazia nos dias de
invisibilidade. As tardes de domingo eram especiais para mim porque elas marcavam o fim da
liberdade e o começo da batalha, o céu era mais alaranjado, as águas eram mais escuras e as
luzes dos postes eram mais amarelas; todas as coisas sabiam e se preparavam para a batalha,
por isso eu precisava beber em paz!

Saí da banda no começo dos anos 80. Anunciei minha despedida em uma manhã de sábado e
nos dias seguintes, meus colegas de banda também anunciaram o fim de suas caminhadas
conjuntas. Hoje, vivo em um bairro tranquilo e que me lembra daquele humilde apartamento
em frente ao parque que eu tanto amava. Sinto que agora, com minha família, minha casa e
meus afazeres que não demanda tanto trabalho, consegui finalmente, alcançar o outro lado do
lago que eu tanto amava observar.

Um dia, eu fui sonhador.

Um dia, eu fui o sonho.

Um dia, eu fui a lembrança.

Gosto de ser a última parte.

-Benmoon

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