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TÊMPERAS
&
TEMPEROS
LIVRO DE RECEITAS
ORGANIZADOR:
MIKE SAM CHAGAS
EBA A63
2020 - SLS
Universidade Federal da Bahia
Escola de Belas Artes
TÊMPERAS
&
TEMPEROS
LIVRO DE RECEITAS
Organizador:
Mike Sam Chagas
Reitor
João Carlos Salles Pires da Silva
Professores da Disciplina
Monitora
Ana Leticia Ferreira Nascimento
Alunos matriculados no SLS
Salvador,
Semestre Letivo Suplementar de 2020
Ficha Técnica
Contato: pintura-eba@hotmail.com
Sobre têmperas e temperos
A Escola de Belas Artes, mais que uma escola é um ponto de confluência para
artistas e amantes da arte na Bahia. Seu papel não se restringe à formação
acadêmica. É também peça importante na própria dinâmica do contexto cultural
da cidade, sendo um ponto de encontro para muitos.
Por isso foi tão difícil ficar longe dos seus jardins, das mangueiras, da resenha
no pátio entre uma aula e outra. Práticas e costumes de um cotidiano com
muitas dificuldades, porém prazeroso na mesma intensidade. Essa
impossibilidade do “estar juntos” nos revelou a condição de que a nossa casa, o
nosso espaço habitado, se converte em sala de aula, ateliê, galeria e finalmente
loja de materiais.
A ideia central deste curso foi de que olhássemos para os ingredientes que
permeiam nosso cotidiano, tentando transformar estes elementos prosaicos em
matéria cromática que nos permitiria através da pintura continuar expressando,
criando, agindo, existindo enfim. As receitas e práticas que compõe este
catálogo/livro de receitas foram pensadas para que pudéssemos criar e
produzir com elementos que estivessem à nossa mão em casa, na prateleira da
cozinha, no armário do banheiro, na geladeira.
Aos funcionários Anderson, Paula, Sinval, Joana e Ivânia pelo auxílio e proteção
à Escola de Belas Artes.
A Graça Moura e Débora Passos pela dedicação e carinho com os gatos da EBA.
À monitora Ana Letícia Luz da Alegria pelo apoio na disciplina e amparo aos
estudantes.
Lake Pigment
FILTRAGEM
Repolho Reagente
Há muitas formas de olhar algo tão comum quanto um item alimentício como o repolho.
Eu o encarei como um mistério. E como tal, investiguei seus caminhos e possibilidades.
Testei suas camadas e elas me testaram em retorno.
Ingredientes
Repolho inteiro
1 Colher de sopa de bicarbonato de
sódio
15ml de Vinagre
Meio litro de água
Modo de Fazer
OFERECER
O ATO QUE GERA O RECEBER
O suporte
Alguidar de Barro
Tinta a base de terra é uma opção econômica por ser um recurso natural, além
de serem usadas de diversas formas e em suporte diferentes como: papel,
parede, tecido entre outros. A vantagem de usar a terra como pigmento que
não tem custo e é sustentável. Pode ser encontrada em qualquer lugar de
cores variadas, seu pigmento é bem ativo que pode ser diluído em aglutinante
como: goma arábica e para deixar mais espessa a diluída, além de ser bastante
fluida.
Misture o pigmento da terra junto a goma arábica e mexa com uma espátula
até ficar uniforme, se quiser colocar água ela fica mas fluida, para isso coloque
com um contra gota se tiver, se não, use aos poucos e vá vendo a consistência
desejada, para deixar transparente coloque mais um pouco de água.
Importante:
quando for pegar a terra observe se a mesma solta a cor ao manuseá-la, pois,
quanto mais pigmento soltar melhor.
ANA doNascimento
Tinta Para Exu.
Materiais:
Despeje o pigmento sobre o vidro, abra um espaço quadrangular no meio para acrescentar
o óleo, misture bem com a espátula. Repita o processo quantas vezes for necessário até
obter uma textura pastosa, sempre acrescentando o óleo aos poucos.
Depois de obter uma pasta que se aproxime do que é uma tinta à óleo, passe a moleta (ou o
cristal, no caso) em movimentos circulares, com pressão e força para que pigmento e óleo
se fundam bem. Ao finalizar, basta colocar a tinta em uma embalagem própria para tintas à
óleo, ou em um pote de vidro, hermético de preferência, e utilize quando quiser.
Gisele Mara
Ovos e Ninhos
O alto, intenso e vibrante canto dos pássaros compõem a trilha sonora do meu
estar em casa. O lançar de sementes na terra curiosamente fértil do nosso
quintal fez germinar um pé de chuchu que agora trepa sobre o varal, abraçando
toda superfície que encontrar como apoio para seu constante crescer.
O cheirinho do melhor café feito por minha mãe, agora desperta a vontade de
pintar provocada pela descoberta deste como corante dono dos meus novos e
preferidos tons de marrom e sépia aquarelados.
Têmpera Acerola
Corante
400 g de acerola
Modo de preparo:
Para a extração do
corante, coloque a acerola
num recipiente e macere
até extrair todo o caldo da
fruta.
Tingimento
Modo de preparo:
Para uma cor mais vibrante, adicione o
alúmen de potássio, a água num
recipiente e misture até dissolver,
acrescente também o corante.
Em seguida, ponha o tecido da sua
preferencia e deixe por cerca de 1 hora.
Para uma cor mais clara, basta adicionar o
bicarbonato de sódio.
Têmpera
com Maltodextrina
Modo de Preparo:
Num recipiente pequeno,
adicione o corante, a maltodextrina e o
óleo de cravo e misture até ficar
homogêneo
Modo de Preparo:
Num recipiente, adicione a água, a goma
xantana e deixe hidratar por cerca de 2
horas ou até formar uma pasta
translúcida. Caso ainda possua grumos,
leve ao liquidificador até dissolvê-los.
Com a incorporação de ar, fica uma pasta
mais turva e cuidado para não danificar o
liquidificador, devido à espessura nesse
processo. Num recipiente pequeno,
adicione o corante, ½ colher de café da
pasta da goma e o óleo de cravo,
misturando até ficar homogêneo.
Max Victor
de Castro Argollo
Fazendo Nós
É bastante acessível tingir pequenos fios, tudo que precisa são os materiais que irá
usar como corante; um recipiente para a mistura (que suporte ser levado ao fogo);
água; mordente (utilizei ou sal ou bicarbonato de sódio); e o fio.
Têmpera Spirulina
- Misture o pó com uma parte igual de goma arábica e mexa com espátula até
ficar uniforme. Acrescente água aos poucos, variando a quantidade conforme a
fluidez desejada. Para torná-la opaca ou clarear acrescente pasta de dente ou
talco.
MACERAÇÃO E DECANTAÇÃO
Macerar a terra até que fique em grãos bem
finos. Colocar essa terra macerada e
peneirada em um pode de vidro com água e
deixar decantar por 48 horas, depois desse
tempo ir retirando a parte mais fina, a que
está por cima, a parte mais grossa pode ser
usada para o tingimento, colocar essa terra
decantada em pequenas bonecas de tecidos e deixar secar. No processo
realizado para maceração foi usado uma placa de vidro e um cristal.
MORDANÇAGEM
colocar o tecido na água fervente
com 1 colher (sobremesa) de
alúmen de potássio, deixar ferver
por 30 minutos. Aconselha-se
usar de 8 a 15% de alúmen sobre
o peso da fibra.
ÓXIDO DE FERRO - colocar uma
palha de aço de molho no vinagre
com um pouco de água, deixar
por no mínimo 72 horas.
IMPRESSÃO BOTÂNICA
Deixar em fogo médio por 1 hora e 30 minutos, desligar o fogo e deixar esfriar,
retirar da água e deixar secar ainda enrolado por umas 6 horas, desenrolar,
retirar as folhas, lavar e deixar secar a sombra.
PINTURAS E BORDADOS
CORTAR E TECER
a busca,
a construção,
o crescimento
e o desenvolvimento.
Bahia
ENCÁUSTICA COM PARAFINA DE CARNAÚBA
Munido da falta de dinheiro e revoltado com a quantidade insuficiente de
insumos para criação de pinturas a cera, eu fui atrás de opções mais baratas
porem teoricamente duradouras de encaustica, logo me deparei com uma
ideia que eu já vinha contemplando a algum tempo, uma tentativa de
encaustica com parafina então me inspirei e fui buscar criar um médium mais
acessível mas que também poderia se moldar muito melhor as minhas
necessidades enquanto artista.
Na imagem: EPI's, insumos para preparação, panela, fogareiro, tinta pronta em formas redondas, colheres
para mistura, bastões de cera encaustica pinceis e espatula para aplicação.
INSUMO %%%%%%
Carbonato de cálcio 11%
Verniz damar 5,6%
Óleo de linhaça 11%
Cera parafina 39%
Cera de carnaúba 33%
Orquídeas e Têmperas
Pegue uma pele de coelho fresca e limpe-a, raspando com faca os restos
de carne e gordura da parte interna. Em seguida, mergulhe a pele de
coelho em água quente (máximo 80ºC) e retire-a; ao puxar os pelos, eles
soltarão facilmente da pele. Corte a pele em pedaços bem pequenos e
deixe de molho por, no mínimo, 24 horas. A água deve cobrir os pedaços
de pele.
Leve a pele com água ao banho-
maria e, com termômetro,
mantenha a temperatura entre 60 e
70º C por uma hora, mexendo de vez
em quando. Coe o material ainda
quente e acrescente 10 gotas de óleo
de cravo. Guarde na geladeira e use
em até três dias. Ou deixe secar ao
sol. Após secagem guarde os
pedacinhos em local seco. Para
usar, adicione 100 mL de água para
cada 10g de cola e deixe de molho
por 24 horas.
Há magia nas olheiras debaixo de meus olhos. Há magia nas luas que gastei
entre orações e pesquisa, medindo água e sais, misturando ervas,
procurando incansavelmente a cura para as feridas de um povo que, assim
como eu, morre por existir e amar fora da norma.
Tomo duas mãos cheias de suas cascas, ponho em uma caçarola a fogo alto,
e as fervo por meia hora em um litro de água limpa.
Aplico direto sobre a ferida, cobrindo com duas camadas de gaze, e ponho o
pano tingido logo em seguida. Assim, fecham-se anos de culpa e autoflagelo.
O semestre suplementar da
UFBA de 2020 foi um
verdadeiro ritual de passagem
para mim – uma celebração!
Viga Gordilho
Prof.ª Titular aposentada da EBA/UFBA
duas palavras que sempre estiveram no nosso vocabulário, que não recordo
jamais tê-las pronunciado assim, uma na sequência da outra. Como pintor
sempre labutei com o mesclar das matérias em busca de tintas, corantes e
suportes capazes de revelar textura, cor, tom, fluidez e maleabilidade, possíveis
de resultar obra plástica a ser sorvida pelo olhar. Utilizando mesmo
movimento, mas esse de forma empírica como desafio pessoal, sempre que
posso passeio por fazeres culinários, lidando com ingredientes diversos,
objetivando alcançar outros sentidos a fim de despertar o prazer do alimentar
o corpo.
Assim, ao ouvir o Profº Mike Sam Chagas pronunciar as duas palavras como
título de um possível transito experimental do Atelier para a Cozinha, de
imediato, sem hesitar, aceitei o honroso convite. Recorrendo aos meus
guardados no Casatelier¹ , encontrei uma receita que escrevi em uma
publicação² , datada de 1999, para as Celebrações dos 450 Anos de Fundação
da Cidade de Salvador, que assim dizia:
Vinte e um anos depois, considerando que a ordem mundial para esse ano de
2020, em decorrência do Vírus Chinês, é “fique em casa”, transitar nesses
ambientes (Atelier/Cozinha), onde a alquimia suscita o prazer da descoberta, se
revelou antidoto contra o tedio decorrente do confinamento involuntário sem
“tornozeleira”. Pronto, juntamente com os Professores Viga Gordilho e Túlio
Vasconcelos a equipe estava formada e os preparativos metodológicos do
“Banquete Estético” a ser partilhado com outros “Comensais da Arte”,
começavam a se delinear.
sugestões de preparos
misturas e materiais para
produção de pigmentos,
corantes, aglutinantes, extratos
e tingimentos.
Receita básica de têmpera
Pigmento
(orgânico, sintético)
+
Aglutinante
(colas, gomas, resinas orgânicas ou acrílicas, óleos, gorduras, ceras)
+
Cargas
(carbonatos, gessos, talcos)
+
Preservantes
(fungicidas, óleos essenciais)
+
Aditivos
(espessantes, vernizes, solventes, secantes)
Gema
1 parte de gema de ovo sem pele
1 parte de água
3 gotas de óleo de cravo
1 parte de pigmento
Clara
1 clara de ovo
3 gotas de óleo de cravo
1 parte de pigmento
Bata a clara em neve, e deixe-a descansar num recipiente com tampa até que o
soro resultante da decantação escorra por completo. O soro funcionará como
o aglutinante para a tinta. Repita o mesmo procedimento da gema.
Ovo Inteiro
Repita o procedimento da gema e da clara misturando os dois líquidos. Esta
receita possuirá entretanto uma durabilidade menor que as anteriores.
Triture o tijolo e moa até obter um pó mais fino possível. Numa superfície
plana (vidro, pedra de mármore, azulejo) misture o pó obtido ao óleo
misturando com espátula até gerar uma mistura bem uniforme. Para variar a
fluidez adicione durante a pintura gotas de Terebentina (se mais rala) ou verniz
(se mais espessa). O pigmento terroso obtido a partir do tijolo pode ser
substituído por qualquer argila, por exemplo a conhecida areia para gatos.
Têmpera EBA
20 amoras maduras colhidas na Escola de Belas Artes
1 parte de verniz acrílico
300 ml de álcool
5 gotas de mel
Lave as amoras e deixe-as de molho no álcool por alguns dias. Macere bem até
obter uma espessura de uma geléia e mantenha refrigerado.
Este preparo servirá como um pigmento base para a produção da tinta que,
deve ser feita sempre na hora da pintura. Retire uma parte da base e vá
acrescentando o verniz acrílico.
Têmpera Gelatina
MAYER, Ralph. Manual do Artista. 5ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
MOTA, Edson. Iniciação à Pintura [por] Edson Mota e Maria Luiza Guimarães
Salgado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976.
VASARI, Giorgio. Vidas dos artistas. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
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